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História Posso fazer sua trança? - Único


Escrita por: MarotoPontas

Capítulo 1 - Único


Fanfic / Fanfiction Posso fazer sua trança? - Único

Os sons de tiros ecoavam. Mas não do lado de fora do apartamento perto do prédio do Comando.

Dentro da cabeça de Edward.

Depois, os disparos de canhão. A dor de ter seu automail estraçalhado pelo Pai, ver Greed se sacrificando de novo.

Ver Al morrer. Ouviu o choro de May enquanto a garotinha de desculpava.

-Nii-san! – seu ombro foi balançando e Ed acordou, longe do campo de batalha. Alphonse o olhava com seus olhos um tom mais escuros, a testa franzida. – Você estava tendo outro pesadelo.

Confuso, o mais velho pisca os olhos. Pela cortina ainda fechada, percebe que já é de manhã.

-Desculpa, te acordei? – se espreguiça, fazendo o irmão solta-lo.

Al fecha a expressão, cruzando os braços.

-Na verdade você já deveria estar saindo. E eu sei que só está tentando mudar de assunto, nii-san.

Ed sorri de leve, os cabelos soltos e muito dourados lhe caindo sobre o rosto.

-Eu estou bem, Al. Você fez café? – olha com um sorriso maior para o mais novo.

Alphonse observou o irmão. Ele sorria, e parecia animado... mas não era como se Ed pudesse enganar alguém com quem passou a vida inteira junto.

O mais novo suspira novamente, relaxando a postura e se sentando ao lado do irmão na cama. Para a surpresa de Ed, Al o puxa para um abraço.

-Sabe que pode me contar tudo, não é, nii-san? – sussurra baixinho.

Edward aperta o mais novo por um segundo, o soltando logo depois.

- Sei disso, maninho. Café?

-Tem café. Anda logo, vai se atrasar. – Al sorri de leve quando Ed bagunça seus cabelos e se põe de pé, saindo do quarto em direção à cozinha. - Nii-san... você sabe que não é sua culpa, né? – fala baixinho, ouvindo o barulho do irmão procurando uma caneca.

Suspira antes de ir ajudá-lo. O pensamento de ficar por ali mais um pouco lhe veio. Estava com planos de viajar novamente até Xing, tanto para sua pesquisa quanto para rever May. Mas Ed não estava no seu melhor e Al se preocupava com o irmão.

-/-

Não seria seu irmão se não estivesse atrasado. Depois de tomar o café, Ed saiu andando de um lado pro outro, pegando materiais, seu relógio, trocando de roupa, fazendo uma breve checagem no automail... nisso tudo, esqueceu de prender os cabelos.

-Nii-san, senta aqui. Precisa fazer uma trança. – o mais novo pega uma cadeira da mesinha de jantar.

Ed levanta o rosto de sua pasta, a meio caminho de enfiar seus relatórios atrasados lá dentro.

- Eu faço um rabo, não tem problema.

-Você fica melhor de trança, é sua marca. Vem! – o mais novo exige, batendo na cadeira.

-Tá bem! Credo... – resmunga, indo se sentar. – Você ao menos sabe fazer trança?

-May me ensinou na última vez que estive em Xing. – responde, catando um dos muitos elásticos que o mais velho deixava espalhado pela casa. Começou a separar com cuidado, mas rapidamente, os fios loiros. – Seu cabelo é bem liso, nii-san.

-Por isso que deixo ele preso, é um saco ter que ficar limpando sempre.

-Nii-san!

- Brincadeira. Mas então, quando você vai voltar para Xing? – Ed estica o braço para pegar sua maleta e continuar organizando seus relatórios enquanto sua trança era feita.

-Estava pensando em ir no fim do mês... mas posso adiar. – comenta, puxando alguns fios soltos. Al considerou, depois que recuperou seu corpo, a manter os cabelos longos e ficou assim por duas semanas antes de cortar. Não tinha paciência, mas gostava de cuidar dos cabelos de May e do seu irmão.

-Por que quer adiar? May deve estar com saudade, otouto. – fala sugestivamente e ganha um puxão nos cabelos. – Ai!

-Não é só pra ver ela que eu vou. E... bem, acho que quero ficar mais tempo com você. – dita, terminando de enrolar os fios no elástico. – Pronto.

-Al, pode ir. – Ed se vira na cadeira, encarando seu irmão seriamente. – Eu já disse que estou bem.

-Mas, nii-san, é a quarta vez essa semana que você tem pesadelos...

-Eu sempre tive pesadelos, Alphonse. Não é novidade. – o tom de voz não combinava em nada com um rosto tão jovem. Ed vivia falando daquele jeito desde o dia que derrotou o Pai. Como se já tivesse vivido décadas, ao invés de mal ter duas de vida. – E não quero atrapalhar sua pesquisa, beleza? Tenho que ir. – se levanta, tentando sorrir de leve para aliviar o rosto preocupado de seu irmão. – Até mais, maninho.

-Itterashai, nii-san. – Al volta a cruzar os braços. Ed acena antes de fechar a porta do apartamento atrás de si. Suspirando, o Elric mais novo decide que vai para Xing. Mas que manteria seu irmão sob vigilância mesmo assim.

-/-

Dentro do Comando, as coisas eram bem pacatas. Mesmo se você for o alquimista mais novo da história.

No momento, Ed não tinha nenhuma busca irrefreável atrás de seus objetivos, então era mandado em missões normais. Desde que King Bradley havia morrido, as guerras diminuíram até se acabarem de vez. Toda Amestris vivia em um estado de paz à quase um ano, muito em parte por conta da iniciativa do General Mustang em se redimirem com os ishvalanos. Então o Elric geralmente se mantinha na Cidade Central, fazendo missões simples e bem tranquilas. No momento, terminava de relatar o concerto de um prédio no final da rua principal que havia sido parcialmente destruído por conta de uma explosão de gás.

“Bati minhas palmas, coloquei-as no chão e consertei o prédio em três segundos”*

Seus relatórios... sempre tão detalhados.

-/-

Já passava da hora do almoço quando Ed finalmente saiu de sua salinha. Estava faminto, mas havia encontrado por acaso um livro sobre Ervas Alquímicas que lhe chamou atenção. Não sabia de onde aquilo surgiu – não era dele nem de Al, tinha certeza – mas estava repousado na poltrona de sua sala, então o pegou.

Um capítulo em específico sobre plantas que aliviavam dores de cabeça e corporais lhe chamou atenção. Depois de seus pesadelos, seus olhos pesavam e as têmporas ardiam em dor. Sem contar que ainda sentia dores na perna metálica quando chovia.

Por isso acabou se esquecendo que estava com fome, até terminar o tal capítulo. Iria pesquisar aquela planta em específico para ver se existia na Central ou em alguma cidade próxima.

Estava tão distraído em seus pensamentos que topou com uma muralha humana – digo, o Major Armstrong.

-Edward Elric! – saudou o homem gigante, iluminado como sempre. – Como vai?

-Tudo bem, Major. Desculpa a trombada. – sorri sem graça, elevando a mão para tocar sua trança... que não estava ali. – Ué...

-Algum problema, Edward?

-É, meu cabelo soltou... – comenta, virando para trás e achando seu elástico no chão. – O Al inventou de fazer minha trança, sabia que iria soltar...

-Quer que eu refaça? – o Major se postou ao lado de Ed, estranhamente animado. – Minha irmãzinha sempre me deixava fazer tranças no cabelo dela.

Ed arregalou os olhos. A General Armstrong deixava que fizessem tranças nela? Não, impossível... devia ser a mais nova.

-Não precisa se incomodar, Major...

-Eu insisto, Edward Elric! Fazer tranças é algo que pretendo ensinar meus filhos para que vire uma nova tradição na família Armstrong! – o homem fechou o punho, mais brilhante que nunca, lágrimas de emoção descendo em seu rosto.

Ed suspira, mas dá de ombros.

-Por mim tudo bem. – estende seu elástico para o Major que ri satisfeito.

Ed passa os próximos minutos ouvindo sobre as tradições loucas e exageradamente específicas da família Armstrong.

-/-

A comida do refeitório não era lá... muito comestível. Se não estivesse faminto, Ed provavelmente iria sair e achar um restaurante, mas seu estômago roncava tão alto que as demais pessoas por perto lhe lançavam olhares estranhos.

Então se contentou com o que achava ser um ensopado. Não estava tão ruim.

Observava os demais oficiais – soldados, em sua maioria – andando pelo refeitório. Estava sozinho em sua mesa, como sempre. Não era que fosse anti-social, só... É meio difícil para um garoto que acabou de fazer 18 anos conversar com os soldados de 25 que se achavam superiores por serem mais velhos, sendo que a maioria ali não viveu metade das experiências que Edward e Al passaram.

Pensar nisso fez sua perna doer. Remexeu, ouvindo o metal chiar. Precisaria ir logo para Rush Valley e pedir a Winry que checasse o automail... se é que ainda podiam ser amigos depois do Elric tê-la rejeitado romanticamente falando. 

Resmungou de leve, remexendo seu pseudo ensopado.

-Você não me parece muito bem, de aço. – a voz retumbante de quem gosta de dar ordens dramáticas lhe assustou.

Subiu os olhos, encontrando Roy Mustang com um prato em mãos, terminando de se sentar à sua frente. Hawkeye estava ao seu lado e Havoc acenou para Ed, cigarro nos lábios, enquanto se sentava sobre a mesa.

-O que vocês estão fazendo aqui? – a surpresa era verdadeira. Desde quando o general e seus segundo e terceiro tenentes comiam no refeitório?

-Por acaso é meu local de trabalho, Garoto de Aço. – Mustang, agradável como sempre.

Ed ignora, voltando sua atenção para o prato.

-Você está bem, Edward-kun? – Riza pergunta, amigável.

O pequeno alquimista lhe lança um olhar meio nervoso.

-Estou ótimo. – a sensação do olhar da mulher em si começou a lhe incomodar. – Já deu desse ensopado, vou voltar pros meus relatórios! – diz falsamente animado, se pondo de pé. Sua perna doí, mas ignora. – Até mais!

Sai andando, o metal rangendo mais alto que o normal por sua pressa. Desde quando a tenente lhe olhava daquele jeito? E eles terem ido almoçar consigo? O que estava acontecendo?

Em sua pressa, mal notou que sua trança começava a desmanchar.

-/-

Edward suspira longamente, enterrando o rosto nos braços. Sua testa estava levemente suada, então se levanta para pegar um vento na janela. Estava ficando mais quente a medida que o sol começava a bater em sua salinha.

Já havia terminado seus relatórios, então tecnicamente poderia ir embora. Mas sabia que Al não estaria no apartamento, ocupado em se preparar para recomeçar suas viagens. Não queria ficar sozinho, por mais infantil que esse pensamento fosse. Pelo menos ali estava cercado de gente, além do fato de que um milagre poderia acontecer e ele ser mandado para outra missão emocionante.

Tira o casaco, acabando por ficar somente com sua camiseta preta. Toca com a mão esquerda seu ombro direito. A carne macia, os músculos bem estruturados depois de quase três anos. Se lembrava de como foi receber seu braço de volta. Não estava em posição de apreciar o momento, mas depois da batalha ele tirou um tempo para observar. Suas unhas enormes, a pele rachada e pálida. Mal podia levantar pesos com aquilo. Demorou para que equivalesse o braço direito com o esquerdo, mas hoje ninguém que não o conhecia antes diria que viveu quatro anos com um automail no lugar daquele braço.

Alguém bateu de leve na porta, lhe tirando de seus devaneios.

-/-

Roy Mustang estava particularmente... ansioso naquele dia. Surpreendendo todos no prédio do Comando, o General havia chegado cedo, e parecia estar de bom humor.

Claro, ele não fez progresso nenhum com sua papelada durante a manhã inteira, então nada havia mudado muito. Mas sua equipe o conhecia perfeitamente bem, e Hawkeye tinha uma teoria muito boa sobre por que do homem estar naquele estado animado demais para seu estilo.

Roy nunca falou verbalmente para nenhum de seus subordinados, mas todos eles tinham a mesma teoria. E estavam certos. Era tudo por causa de certo alquimista baixinho.

Mustang tinha fama de mulherengo, mas a única mulher que ele apreciava era sua mãe adotiva, Madame Christmas, e a única mulher que ele já considerou... foi Riza. Quando eram mais jovens, depois da Guerra de Extermínio e de ter queimado as costas da mulher, Roy pensou que teria achado a escolhida. A mulher para quem daria seu coração em chamas...

Mas então Edward Elric apareceu, baixinho e genial. Na época, o coronel não entendia a si mesmo quando fazia questão de irritar o jovem alquimista. Não entendia seu julgamento errôneo em certos casos que envolviam os irmãos. Não entendia sua emoção e seu orgulho quando Ed o surpreendia cada vez mais, não deixando nada nem ninguém lhe impedir de restaurar o corpo de seu irmão mais novo.

Aquele garoto, tão mais novo que si, tinha os olhos de quem viveu o inferno e voltou para contar. Era isso, Roy descobriu depois, que mais o fascinava no jovem. Aqueles olhos dourados o sugariam em um turbilhão de emoções se deixasse. Se quisesse, e Mustang queria.

Se sentiu meio pasmo na primeira vez que notou. O jeito como gostava de irritar o mais novo, para que ele lhe olhasse com bochechas vermelhas e olhos assassinos. Como gostava de trocar farpas com o menor porque Edward Elric sempre tinha uma resposta na ponta da língua.

Não percebeu onde seus pensamentos e seu coração o estavam levando... até que ficou cego. O que era irônico, na verdade.

Durante o período traiçoeiro em que perdeu sua visão, ele enxergou dentro de si. Porque a única coisa que queria ver naquele escuro eterno, eram aqueles olhos. Dourados, ardentes. Queria ver aquele rubor irritado nas bochechas de Edward, ver aqueles cabelos de ouro sob sua testa.

Queria Edward Elric mais do que queria sua visão de volta.

Perceber isso o fez se sentir um monstro. O menino era tão novo, havia sofrido tanto. Que direito tinha de deseja-lo daquela forma? Ele mesmo foi o responsável por parte do sofrimento dos irmãos ao fazer de Ed um cão do exército. Além disso, não podia pedir algo desse magnitude à uma criança.

Mas Ed não era criança, não é? Ele odiava quando o tratavam dessa forma. Nada em Elric – tirando sua altura – deixava transparecer infantilidade. Hoje em dia, nem sequer era tão pequeno assim. Ele havia crescido, e com ele o sentimento de Roy. Se odiava e se culpava por sentir tudo que sentia. Queria poder escolher, e então já até teria se casado com Riza. Pensou em seguir esse caminho mesmo que fosse outro ser loiro a ocupar seu coração, mas a tenente nunca permitiria. Ela o amava, ele sabia. E ele a amava... Mas não o bastante.

-/-

O general batucava seus dedos na mesa, ignorando solenemente a pilha de papéis à sua frente. Sorte que estava sozinho em sua sala, senão estaria enfrentado o ódio mortal de seus subordinados.

Suspira, pensando no fiasco que foi a cena no refeitório. Era de conhecimento do General e de sua equipe os pesadelos que o de aço estava tendo. Alphonse não tinha motivos para medir esforços em prol do irmão, mesmo que tivesse de expor Edward ao general.

Roy tinha uma boa ideia do conteúdo dos pesadelos do jovem alquimista. Ele próprio já havia enfrentado sua cota de culpa nas noites em claro depois da Guerra.

E perder o pai daquela forma...**

Decidido, Roy se ergueu e saiu de seu escritório, marchando como se estivesse no treinamento de soldado.

Parou em frente à salinha de seu pequeno sol enfurecido. Sorriu com tal pensamento e bateu na madeira.

-/-

Ed se surpreendeu ao ver o general com aquele sorrisinho estranho no rosto.

-Incomodo? – o mais velho questiona.

Era o que? Desde quando Mustang se importava se estava incomodando?

-Ah... Não? – Ed cruza os braços, se encostando na janela. – Precisa de alguma coisa, general?

Roy sabia que não era a intenção do garoto, mas como estava apenas de camiseta e os braços cruzados... como pode aquele pirralho ter se transformado nessa masculinidade toda? E aquele cabelo solto... solto?

-Estava só com o horário vago. – Edward ergueu uma sobrancelha. Se conhecia Mustang, o mais velho estava era enrolando. – Seu cabelo está solto. Não está pensando em cortar, não é?

Ed toca o que havia sido uma trança. Sério isso? Já era a terceira vez! Chega de tranças, iria fazer um rabo.

-Não, ele só não parou quieto hoje. – suspira, desfazendo o resto do penteado. – Se está aqui para ficar de enrolação, general, só espero que a tenente não descubra.

Roy sorri de lado novamente. Esse sorriso era estranho. Ele parecia contente demais. Ed sentiu aquele nervoso novamente, como quando Hawkeye o encarou no refeitório... Mas não. Era um pouco diferente agora. Suas bochechas estavam quentes. Por que?

-Ela não descobrirá. Provavelmente esse é o último lugar em que alguém iria me procurar. – o mais velho contorna a salinha, indo parar perto do loiro. – Quer que eu refaça seu penteado?

Trava, olhando abismado para o general. É o que?!

Okay, algo estava acontecendo. Primeiro, Mustang vai comer no refeitório com Ed. Depois, aparece do nada na sua sala com um sorrisinho estranho, e agora quer lhe fazer uma trança?

Além disso, por que seu coração estava batendo rápido e ficava mais nervoso a cada instante?

-N-não precisa. – e desde quando gaguejava? Ed respirou fundo, pegando um elástico da mesa já que o seu havia sumido de novo. – Eu prendo num rabo.

-Não seja teimoso, Garoto de Aço. – Mustang cata o elástico, virando o mais novo pelo ombro. – Achei que já tivesse parado com essa mania.

- Eu não sou teimoso! – exclama, meio agradecido por Roy não ver seu rosto muito vermelho – E além do mais, desde quando se importa com meu penteado, general?

Mustang suprime um riso. Se ele soubesse...

-Não quero pessoas falando que meus subordinados andam por aí mal vestidos. A tenente prende o cabelo, você também precisa já que não deixarei que corte. – dita, como uma ordem. Seus dedos traçam os fios dourados, e Roy sente o peito acelerar. Se sentia como um maldito colegial, mas nada que pudesse evitar a essa altura.

Ed fica travado enquanto sente os dedos ágeis e surpreendentemente gentis do general separarem suas mechas. Estava muito encabulado, então ficou quieto. O que aquele homem queria consigo? Impossível que tivesse ido ali só para acabar bancando o cabelereiro... Não é?

-Por que está tão travado? Vai acabar tendo problemas na coluna, de aço. – resmunga o general, tocando entre suas omoplatas. – Não precisa ficar nervoso comigo, Edward.

Okay... agora sim teria um infarto.

Ed se vira de lado, vermelho e envergonhado, mas tinha que ter certeza se não era um Envy ressuscitado lhe pregando uma peça. Que tom... doce foi esse?

Os dedos de Mustang ainda estavam em seu cabelo. Mexeram, fazendo carinho.

-General, o que... – Edward respira fundo. Pense, droga de alquimista genial! – Que brincadeira é essa? Você não é de ser carinhoso com ninguém. – sorri sarcástico. A melhor defesa é o ataque, não? – Se está ficando carente, velhote, creio que não é a mim que precise importunar.

Roy teria se irritado antes. Ou agora também, mas é que não estava prestando muito atenção. Os cabelos de Ed eram tão lisos! E aquele rostinho corado... pela primeira vez, não era de raiva. Edward Elric estava com vergonha em sua presença! Não poderia ser presenteado de melhor forma.

Odiava como seu coração acelerou, mas ah... Não dava mais para parar a si mesmo nesse ponto.

-Está errado, de aço. – suspira, e Ed engole em seco quando os dedos em seu cabelo o puxam para perto do general. O que estava acontecendo? – Quando estou carente, você é o único que quero importunar.

É... o que?

Que? Não. Não podia. Sério? Sim, era sério. O olhar de pedra do general, o aperto em seus cabelos, as palavras, a proximidade... tudo era sério.

O que faria? Quer dizer, não estava preso. Só travado. Poderia sair do alcance daquele bastardo quando quisesse! Então... Por que não se mexia?

Ed teve vontade de gritar quando descobriu. Não queria se mexer. Queria ver... o que viria agora. Queria mesmo, do fundo de sua alma pecaminosa e assombrada.

Roy percebeu quando o garoto se decidiu. Aqueles olhos dourados, seus olhos dourados, brilhavam em determinação e espera. O mais novo estava esperando que fizesse algo.

Iria fazer, então. Mesmo que no fim se arrependesse e queimasse pela eternidade com seu próprio fogo.

Puxa a nuca do menor, e sente aqueles lábios. Esperava que fossem macios, e são, mas também são travados. Nunca beijaram antes. O pensamento lhe fez suspirar, puxando o alquimista de aço para mais perto.

Ed tinha fechado os olhos, mas teve que os arregalar quando sentiu o toque em seu braço direito. Sentiu. Mustang tremia de leve, mas apertou o braço de Edward. Ele estava quente, nervoso e desejoso... assim como o Elric.

Não sabia beijar, era um fato. E estava beijando um baita mulherengo se os rumores fossem verdade. Precisava compensar, não? Troca Equivalente e essas coisas.

Puxou a farda de seu superior, forçando o maior a se colar em seu corpo. Subiu as mãos e segurou a nuca de Roy, abrindo a boca. Precisava abrir, não?

Sim, sim, precisava. Lá estava aquela dança de línguas que Ed nunca se preocupou em experimentar antes. Era bom, estranho, daí muito bom. Suspirou, sem saber por que. O de aço estava ficando sem ar enquanto o de chamas queria mais. Mais daqueles lábios, daqueles cabelos entre seus dedos, daquele corpo... de Edward. Queria muito mais.

O fullmetal se soltou primeiro, sem ar. Mordeu os lábios, agora úmidos, e a visão fez Roy pensar coisas que lhe deu a certeza que o inferno estaria particularmente quente quando chegasse lá.

-Gene...

-Desculpe os modos do velhote. Estava meio carente. – brinca, suspirando em meio a um sorriso. Seu coração disparava tão rápido que até sentia na ponta dos dedos. – Vamos terminar essa trança. – sem dar tempo pro pobre coitado se recuperar, Mustang o vira e volta a mexer nos cabelos loiros.

Ed consegue ficar quatro segundos no lugar antes de dar um passo a frente, tapando a boca.

-O que acabou de acontecer?! – seus olhos arregalados, a voz abafada pelas mãos.

Roy suspira. Sim, era pedir demais para o garoto não surtar.

-Nos beijamos, de aço.

-Por que?! – estava sendo um idiota, afinal Edward sabia muito bem o porquê, mas parte de si ainda não acreditava no que estava acontecendo.

Mustang o olha de lado, erguendo uma sobrancelha.

-Duas pessoas que se gostam costumam se beijar.

-Se gost... – para. Ed havia acabado de entender.

Duas pessoas que se gostam.

Duas pessoas. Ele. E o general.

Ou seja, o general gostava dele.

Edward encara o mais velho, fundo nos olhos. Sua franja cai sob um dos olhos e o alquimista de chamas se controla para não tocar o rosto do de aço. Se mantém firme sob aquele olhar penetrante.

-Então gosta de mim, velhote. – provoca. Não seria ele se não provocasse.

-E você de mim, pirralho. – devolve, a costumeira satisfação de trocar farpas com o menor lhe possuindo. Mustang não tinha jeito.

-Quem disse que gosto de você? – Ed, vermelho, cruza os braços de novo. Está só sendo teimoso, como no fundo sabia que era.

Roy sorri de lado novamente, indo até o mais novo. Toca por fim seu rosto, tirando a franja daqueles olhos ardentes.

- Você disse, com esse beijo. – sorri vitorioso pelo rubor nas bochechas do Elric. Adorável, realmente. Mustang já não mais pensava no inferno que enfrentaria depois, pensava apenas no paraíso que vivia agora. – E só pra confirmar...

Desce seus dedos ao queixo do menor, lhe possuindo a boca novamente. Beijava com tanta vontade que Ed se sentiu desarmado.

Só podia retribuir, com toda sua determinação.

-/-

Alphonse sabia.

Não sobre ele e o general, mas o irmão mais novo sabia que algo estava acontecendo. Mas não parecia preocupado, o que era uma surpresa.

-Sabe que tem me ligar quando chegar lá. E me mantenha informado de onde estiver, caso precise de mim. – Edward ia dizendo enquanto ajudava seu otouto a carregar o carro que lhe pertencia a poucos messes.

-Pode deixar, nii-san. – sorriu, esticando os braços e puxando o mais velho. Ed revira os olhos, mas abraça seu irmãozinho. – E quando eu voltar, quero saber de tudo.

O alquimista federal suspira.

-Tá bem, se algo acontecer até lá. Ai! – reclama quando Al lhe bate no ombro. – Olha o respeito com seu irmão!

Alphonse apenas ri e sobe no carro. Acena pro irmão uma última vez, dirigindo para longe. Estava contente, por que sentia que Ed estava em boas mãos... só não sabia de quem eram as mãos, mas definitivamente tinha alguém.

Por um momento, considerou Winry. Mas não, não era. Aqueles dois iram iguais demais para darem certo, apesar de que ambos nutriam certos graus de romance entre si.

Mas se Edward estava feliz, Al também estava e podia viajar tranquilo.

-/-

Ir ao Comando agora fazia seu coração disparar. Especialmente hoje, quase um mês inteiro desde... desde o primeiro beijo.

Andava meio atento demais ao seu redor. Precisava terminar um relatório e sabia que não iria fazer nada caso encontrasse Roy, porque aquele homem não o deixava ir embora depois que lhe arrebatava.

Ed corou com esse pensamento, mas seu coração bateu forte. Feliz, se é que pudesse ser assim de novo.

Seus esforços, no entanto, foram em vão. Sentado à sua cadeira, Mustang dobrava papéis em formatos abstratos, parecendo entediado. Isso até ver seu alquimista entrar na sala.

-O que está fazendo aqui, general? – resmunga, indo até sua mesa e depositando a pasta. – Preciso trabalhar e sei que está procrastinando.

-Olha que vocabular amplo. – Roy provoca, ganhando um olhar feio. – Calma, querido, já vou te deixar em paz.

Querido. Era um bastardo mesmo.

Ed suspira antes de contornar sua mesa, puxando o idiota que era seu superior e o beijando. Solta rápido demais, querendo irritar o mais velho.

Estava sendo beijado diariamente pela mesma pessoa. Depois de alguns dias, aprendeu uns truques.

Roy gostava de beijos demorados e profundos. Não era do tipo que se contentava em selinhos. Também gostava que lhe puxassem os cabelos, de leve, ou acariciassem sua nuca. Gostava de segurar a cintura de Ed, e gostava quando o alquimista de aço lhe abraçava os ombros.

Então, se fizesse exatamente o contrário disso, iria irrita-lo.

Roy lhe olhou feio dessa vez, pelo beijo rápido.

-Acho que já pode ir, general. – Edward sorri inocente, saindo do alcance do maior.

Mustang reprime uma careta e se põe de pé. Por um momento, Ed acha que ele vai mesmo sair, mas então sua trança é puxada.

-Sabe que não deve me provocar, Garoto de Aço. – sussurra no ouvido do Elric. Algo que sempre fazia o menor se arrepiar. – Eu sei provoca-lo muito melhor.

Ed reprime um exclamar de surpresa ao sentir aqueles lábios quentes lhe beijando na nuca. Desgraçado...

Roy o segurou pelos braços, descendo os beijos para a clavícula. Merda, por que havia saído sem casaco?

Edward suspira quando sente o beijo chegar a seu ombro direito. E pensar que houve época que poderiam atirar ali e ele não sentiria nada... agora, se arrepiava com um simples toque.

Não aguentava. Dane-se a parte de provocação e seu orgulho, queria Mustang.

Se virou, pegando o mais velho de surpresa. O puxou de novo, dessa vez para um beijo longo como ambos gostavam. Teve sua cintura segurada, e bagunçou os cabelos do general.

Credo, quando havia ficado tão viciado?

-/-

-Soube que Alphonse saiu em viagem. – a voz ressoa pelo pátio. Roy surge entre as sombras, um sorriso maroto lhe acompanhando.

-Saiu, hoje de manhã. Por que o interesse? – indaga o alquimista de aço, observando ao redor. Estava escuro mas a lua iluminava bem onde estavam.

-Porque queria lhe acompanhar até em casa, e seria estranho se seu irmão estivesse lá, não?

Ed sentiu seu estômago contorcer. Mustang queria leva-lo pra casa? Nada de bom sairia desse passeio.

-Não precisa me acompanhar, general, sei me cuidar. – diz, evasivo, surpreendendo o alquimista de chamas. – Até amanhã. – escondendo o rosto quente sob sua franja, Ed apressa o passo.

Roy o alcança em dois segundos. Segura seu pulso, lhe puxando para perto.

-Não queria lhe intimidar, Edward. – fala, sincero.

Ed suspira. Droga, que criancinha que era! Agora Mustang devia achar que era um moleque assustado.

Não era. Nunca teve oportunidade de ser.

-Não me intimidou. Só me pegou de surpresa. – sorri lentamente, apreciando como seu general ficava bonito sob a luz da lua. – Se acha que aguenta andar até lá, pode vir Roy.

Roy. Seu nome havia mesmo saído daqueles lábios? Deus, como queria beija-lo... mas não.

-Mostre o caminho, de aço. – o solta e vê uma chama de determinação brilhar nos olhos do menor antes de Ed começar a andar.

-/-

O apartamento dos irmãos Elric realmente ficava meio longe do Comando, parte da razão pela qual Edward sempre estava atrasado. Mas era grande, com dois quartos, cozinha e sala, além do banheiro.

Roy se sentiu nervoso pela primeira vez na noite. Estava decidido consigo mesmo que iria até o fim e mais um pouco com seu alquimista de aço, mas no momento não sabia o que se passava na cabeça de Ed.

-De aço, se quiser podemos só... – se interrompeu.

Edward suspira, de costas para o maior, antes de tirar a camisa. Não havia levado seu casaco e usava uma blusa de mangas cumpridas. Mesmo com sua camiseta, Roy nunca havia visto... tanto de seu alquimista.

As costas eram bem emolduradas, assim como os ombros. Largos, fortes. Membros de um soldado, realmente.

Ainda de costas, Ed soltou a ponta de sua trança. Foi a desfazendo devagar, tentando se acalmar. Queria. Mesmo que fosse errado, ele era o mestre em quebrar regras, não?

Suspira quando seu cabelo cai solto e finalmente olha para trás. Roy parecia que havia sido petrificado, porque estava parado no mesmo lugar com a boca entreaberta.

- Calma aí, velhote. Não vá ter um treco. – sua voz sai mansa. Ed não sabia que tinha essa capacidade de soar tão provocador, mas não era nada mal. – Venha. – chama, indo em direção ao seu quarto.

Mustang sai do transe. Tira o casaco pesado e os sapatos. Segue o loiro, desabotoando sua camisa no processo.

Ed está tirando o cinto quando chega no quarto. A visão o faz se assustar com o quanto... quer. O quanto deseja.

Se aproxima do menor, segurando a fivela por si mesmo. Tira o cinto com os olhos grudados nos de aço. Ed ainda está com determinação no olhar, mas também há desejo.

-Gostaria que parasse de me subestimar, Ed. Eu não sou do tipo que amarela na hora h. – responde, sua respiração contra o rosto do menor. Toca por fim o peito de seu alquimista, vendo o mesmo se arrepiar.

Queria devolver a farpa, mas não conseguia pensar. Aqueles dedos lhe tocando onde ninguém tocou... era demais.

Observou quando o general tirou a blusa já aberta e depois o cinto. O físico de Mustang não ficava para trás do seu nem de longe.

Suspira quando Roy volta a lhe tocar, com os lábios. Beija seu queixo, seu pescoço. Morde. Ed solta algo que poderia ser um gemido.

Queria mesmo aquilo. Tinha certeza agora.

Puxou o general contra si, andando para trás até cair sentado na cama. Mustang não acreditava na visão que tinha, mas Ed não lhe deu tempo de apreciar. O puxou, beijando-o com mais desejo do que jamais fez.

Roy se põe por cima do loiro, que geme de novo quando suas virilhas de encontram sobre as calças.

Se solta do beijo, descendo os lábios. Ed não sabe o que fazer quando sente seu mamilo ser sugado entre aqueles dentes e depois beijado e lambido. Sabe que quer gemer, mas suprime isso. Olha enquanto os lábios de Mustang lhe provocam, descendo mais e mais até morderem seu umbigo.

O Elric está tremendo quando começa a abrir sua calça. Não quer parar nem falar nada, só sabe que quer continuar. Agora.

Roy se levanta e tira as próprias peças. A visão de Ed fica borrada por um instante, quando vê... Mustang era bem dotado, como os rumores diziam.

Não que ficasse para trás. Todas as vezes que era chama de baixinho, dava vontade de dizer só de altura. Mas claro que não, seu otouto sempre estava por perto e Al era uma alma pura demais.

Porém agora, só ele estava ali com uma alma mais pecaminosa que a sua própria. Podia muito bem se gabar.

Roy suspira quando volta para cima do menor, meio surpreso, mas contente. Beija aqueles lábios de novo enquanto sua mão desce para o sexo de Ed, lhe masturbando devagar.

Edward não consegue mais disfarçar seus gemidos.

-/-

Mustang acorda com a luz do sol, o que lhe surpreende já que na sua casa, a janela ficava atrás de si...

Mas não estava em casa.

Abre os olhos, vendo que ainda estava no apartamento dos irmãos Elric. Se senta, espreguiçando-se e sai de debaixo das cobertas. Sua nudez lhe faz dar um sorrisinho ao lembrar da noite anterior.

Bota sua cueca de volta e deixa a blusa aberta sob os ombros enquanto vai para a cozinha.

Ed está ali, sentado na cadeira da mesinha com uma caixa de ferramentas a seu lado e um galão de óleo nas mãos, fazendo uma manutenção mais demorada em sua perna metálica.

-Tudo bem, Ed? – pergunta, se pondo à frente do menor.

Edward levanta o olhar, meio surpreso. Estava tão concentrado que nem notou seu general saindo do quarto. Sorriu de lado, a franja lhe caindo no rosto.

-Claro, é só manutenção. – da de ombros, como se não fosse nada. – Tem café ali, se quiser. – aponta para uma chaleira.

Roy pega uma xícara e se serve enquanto observa o menor concentrado em seu joelho. Ed está com shorts de pijama para deixar as pernas descobertas, mas é só. O cabelo dourado caia solto em suas costas bem definidas. Se olhasse bem, Mustang podia notar as marcas que deixara no menor na noite anterior.

Sorriu contente antes de se colocar atrás do garoto, pegando os fios loiros em uma mão, os afastando para que pudesse beijar a nuca do fullmetal. Acabou por abraça-lo enquanto o beijava, imobilizando o menor.

-Roy, preciso terminar isso aqui! – resmunga, mas já estava largando o óleo. Joga a cabeça para trás, vendo o sorriso satisfeito de seu general. Não evita de sorrir da mesma forma. – O que você quer?

Você, era o que se passava na mente do alquimista das chamas. Mas Ed, ele já tinha. Sabia disso depois da noite passada. Então, beijou a testa do menor e com um sorriso de lado que nunca seria capaz de mostrar o quão realizado estava por dentro, puxou uma cadeira para se sentar atrás do loiro.

-Posso fazer sua trança?


Notas Finais


*Nessa história, o Ed não perde a capacidade de usar alquimia, porque...
**... ele acabou aceitando o sacrifício do pai dele como preço para pegar o corpo do Al de volta.

É isso, beijos


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