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História Pra Frente Brasil - Faz parte do meu show, meu amor.


Escrita por: harket

Notas do Autor


Eu estranhamente voltei, eu sei. Decidi voltar, mais por minha pessoa mesmo, mas enfim, devo explicações. A história meio que mudou na minha cabeça e está passando por uma reestruturação, nada chocante e nem mesmo perceptível se alguém estiver lendo aí. Pretendo fazer capítulos maiores (um pouco maiores que esse). Por mais é isso e finalmente voltei a ficar animada pra escrever. Espero que dure.

Capítulo 5 - Faz parte do meu show, meu amor.


Fanfic / Fanfiction Pra Frente Brasil - Faz parte do meu show, meu amor.

[12 dezembro de 1979]

 

-Não está apertado não? - nego com a cabeça enquanto minha mãe termina de ajeitar o vestido - Prontinho, agora só esperar a hora. Ele vem te buscar?

 

 Continuei em silêncio e minha mãe saiu da sala. Me encosto na parede, espero ela chegar na área de serviço e vou saindo de casa para ir até o orelhão do outro lado da rua.

 

-Marcelo você sabe cadê o Juca? - falo meio desesperada assim que ele atende - Ele não me atende!

-Bom dia pra você também - ele resmunga com a voz meio sonolenta - a última vez que nos vimos foi na….festa do cachorro dos irmãos Pessoa.

-Tínhamos combinado de ir juntos para a formatura - minha voz dá uma falhada e respiro fundo antes de continuar - ele viria me buscar aqui em casa e iríamos pra formatura. Desde aquele dia ele não atende o telefone. Merda, Marcelo.

-Ele não falou comigo nesses últimos dias - do outro lado da linha escuto ele suspirando - Eu posso ir te buscar, ok? Eu vou levar a Ana, posso ir aí te buscar.

 

 Assim que ele desliga o telefone atravesso a rua tomando cuidado para não sujar meu vestido. Guardo minha roupa num canto e sento no quarto, onde passaria praticamente o resto do dia inteiro.

 Depois do almoço minha mãe começou a arrumar meu cabelo, dando uma ajudinha na hora de me arrumar.

 

-O Marcelo vai me levar - comento baixinho enquanto ela puxa a parte da frente do meu cabelo e coloca num bobe.

-Não era o João?

-Joaquim - corrijo ela e continuo - ele não vai poder vir me buscar.

 

 O nosso silêncio volta até ela terminar de arrumar meu cabelo. Não éramos pessoas de muitas palavras lá em casa. O diálogo era só o necessário e indispensável.

 Umas horas depois me senti estupidamente estranha enquanto ajeitava a saia rodada do meu vestido azul claro. Eu não queria ir.

 Os alunos iriam umas horas mais cedo para ensaiar e garantir que tudo ocorra bem. Meus pais iriam assim que meu pai saísse do trabalho.

 Sentada no banco de trás do carro do pai do Marcelo eu ouvia a música desconhecida no rádio enquanto me espremia entre a Ana e a mãe dele. Um tempo depois lá estávamos nós na porta do ginásio. Lá dentro um lado das arquibancadas estava todo ajeitado, logo na frente um palco com uma mesa onde provavelmente ficariam os professores e outros funcionários

 

 

-Elis - o Marcelo me cutuca assim que a cerimônia termina e acordo do transe que tinha entrado desde o momento que peguei o diploma até agora - Tem como você ir falar com o Juca? A galera vai se reunir pra discutir um projeto novo e comemorar nossa formatura - ele dá ombros e fica olhando minha cara de surpresa - Vocês têm que tá lá.

 

 Pensei em questionar, mas só balancei a cabeça. Ele explicou que todo mundo se encontraria no estacionamento do colégio e segui atrás do Branco Mello.

 

-Ei Juca - o chamei em bom tom assim que sua mãe parou de falar com ele para falar com o pai dele. Ele claramente fingiu que não ouviu e só se virou quando o chamei de novo - Posso falar contigo? - ele resmungou e acenou com a cabeça, assim que percebi que seus pais estavam entretidos demais o puxei para um canto - Dá pra falar direito comigo?

-Eu estou falando direito.

-Não, você não está - cruzo os braços e fico parada na frente dele. Talvez ele esteja com vontade de rir, mas era séria a situação - Olha Joaquim, tem como você explicar o que tá rolando? Você não atende minhas ligações, nem ao menos retornou uma, me largou sozinha sendo que me prometeu desde nosso primeiro ano que iríamos vir juntos para formatura, além disso não está falando nem com o Marcelo. O que a gente te fez?

 

 Ele dá uma risada sarcástica. Eu odiava aquilo, ele tava agindo como se eu soubesse o que tava acontecendo. Eu não fazia ideia do que tava acontecendo.

 

-Você não sabe? Ah me poupe… - fecho a cara quando ele diz isso e o seu sorriso começa a se desfazer. Ele respira fundo e fica em silêncio por um tempo. - Olha Elis...Não é possível que você não perceba, tá tão na cara que...Você nunca percebeu? - continuo com minha cara de paisagem e ele revira os olhos - Elis eu gosto de você...Não como amiga...quer dizer como amiga também, mas como...com algo a mais também. Eu fiquei acho que...magoado naquele dia na casa da sua amiga sabe? A festa do cachorro. Vocês se…

-Como assim, Juca? - fiquei esperando ele começa a rir e admitir a piada, mas não aconteceu. - Isso não faz sentido.

-Faz sim, claro que faz, o que você não entende?

-E aquela menina que você fez eu virar amiga só pra você ficar com ela, hum? Todas as meninas que você sentava do meu lado e ficava desabafando sobre como elas eram lindas?

-A menina que se apaixonou por você? - De fato aconteceu e isso acabou me afastando dela, que era uma boa pessoa, mas tentou me beijar a força. Ele dá mais uma daquelas risadas dele e fica em silêncio.

-A gente pode falar sobre isso depois? - olho para os meus pais, que acenavam para mim, logo depois olho pra ele meio sem graça - O Marcelo tá chamando a gente pra sair com o pessoal depois daqui. É sobre um novo projeto, acho que envolve música...Só vou ali falar com meus pais e nos encontramos lá no estacionamento?

-Promete que vamos conversar sobre isso assim que chegarmos lá?

 

 Balanço a cabeça e ele fica me olhando com cara de nada, como se estivesse perdido em pensamentos. Vou caminhando até meus pais e eles me parabenizam timidamente, faço uma pose qualquer segurando meu diploma para o fotógrafo que passa por nós tentando vender uma foto e começo a explicar a comemoração. Aviso para eles que iria de ônibus para a casa de uns amigos, assim como tinha avisado para os meus amigos que iria com meus pais para a tal reunião. No meio do caminho pego um ônibus para o lado oposto da cidade para ficar um tempo sozinha com meus pensamentos. Não estava no clima para a animação da galera e não queria estragar tudo, assim como não queria falar com o Juca. Era um momento esquisito e quem iria sumir dessa vez era eu.

 Sentada no banco do ônibus mais vazio que consegui pegar no terminal perto da escola fico olhando a paisagem. Na verdade minha mente estava tão longe que nem sei. Recebo alguns olhares, provavelmente pelo vestido mais chique, mas os ignoro e continuo olhando a paisagem. A minha mente estava uma confusão, eu mal conseguia gostar de mim, imagina então tentar  entender alguém gostando de mim.

 Olho para as luzes de Natal sendo colocadas em uma das várias lojas do comércio e logo me distraio esquecendo que estava preocupada.

 

"Faço promessas malucas

Tão curtas quanto um sonho bom

Se eu te escondo a verdade, baby

É pra te proteger da solidão"

Faz parte do meu show - Cazuza



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