História Predestinados - Capítulo XXXIII

O pequeno ômega dormia serenamente em sua cama, envolto pelos lençóis brancos e macios que acariciavam a pele exposta, enquanto Yoongi o observava e fazia um singelo cafuné, entrelaçando os dedos finos nas madeixas douradas em meio às carícias.

Ao ouvir batidas na porta, o platinado levou o olhar para a abertura e sorriu de leve ao ver Yuna encostada no batente com um sorriso no rosto. O ômega sentiu as bochechas começarem a corar e desviou o olhar, voltando a fitar o pequeno, que ressonava baixo.

— Eu sempre me encantei pela forma com que vocês tratam um ao outro. — A ômega se aproximou devagar e se sentou ao lado de Yoongi, levando o olhar para o loirinho. — Eu sempre serei eternamente grata por eles terem você na vida deles, Yoon.

— Não precisas me agradecer, Sra. Kim. — O platinado sentiu as suas maçãs do rosto esquentarem e mordiscou o lábio inferior de leve, fitando os dedos na mão em meio a vergonha. — Eu apenas agi como um bom amigo deveria fazer.

— Tu fostes bem mais do que apenas um amigo para eles, anjo. — Yuna sorriu meigamente e tocou o ombro de Yoongi, que volta a fitar a ômega. — Você sempre foi como um irmão mais velho, os protegeu, deu atenção, carinho e cuidado... você deu a eles uma relação construída a base de confiança e amor, e eu tenho certeza absoluta de que isso moldou a personalidade e o jeito de cada um deles.

O coração do platinado batia forte e rápido no seu peito, as palavras da acastanhada ecoavam em sua mente e diversos sentimentos diferentes preenchiam o seu ser. O ômega se sentia contente por saber que Yuna apreciava a sua amizade com os dois mais novos.

— Eu sempre te considerei como sendo parte dessa família, e saber que logo você estará oficialmente presente nela me deixa tão contente. — A ômega balançou as mãos e deu um pulinho na cama, arrancando um riso baixo do mais novo pela animação da acastanhada consigo. — Obrigada por fazer os meus meninos felizes, Yoon.

Yuna segurou as duas mãos do mais novo e sorriu largo, fazendo o lado tímido de Yoongi aflorar e a vergonha exalar pelos seus poros. A ômega riu de leve e mordiscou o lábio inferior, soltando um suspiro baixo.

— Eu gostaria de conversar sobre o aniversário do Tae contigo, mas podemos deixar isso para amanhã. Já está tarde e eu acredito que estejas cansado, não? — Yuna arqueou a sobrancelha direita de leve e o ômega sorriu tímido, assentindo em concordância devagar. — Fique aqui conosco esta noite, e eu não aceito um não como resposta.

— Obrigado, Sra. Kim. — Yoongi apertou de leve as mãos pequenas e delicadas e Yuna soltou um breve riso.

— Podes me chamar de Yuna, sem formalidades. — A ômega sorriu meigamente e se levantou, respirando fundo. — Bem, eu irei me retirar... durmam bem, queridos. — Yuna se inclinou e depositou um selar na testa do loirinho, que soltou um muxoxo, e se virou para o platinado, tocando a face alva brevemente e fazendo singelo carinho na bochecha avermelhada antes de sair do cômodo.

Yoongi soltou um suspiro baixo e se jogou na cama, fitando o teto enquanto processava tudo o que tinha acabado de acontecer. O ômega se sentia extremamente sortudo por ter conhecido Taehyung e Jimin quando eram crianças e ter podido crescer ao lado de pessoas tão boas. O platinado agradecia mentalmente à a sua avó por ter o feito ir ao parque naquele dia e iria se lembrar de deixar o mais belo dos buquês sobre o túmulo da falecida Min Lee.

O ômega estava imergindo em seus pensamentos e memórias quando fora puxado de volta à superfície pelos resmungos do loirinho. Yoon balançou a cabeça e se virou de frente para o mais novo, ajeitando a coberta sobre o corpo pequeno antes de se aninhar no calor e aconchego e se entregar pôr fim ao sono.

[...]

Taehyung caminhava pelo campo de treinamento enquanto passava os mirantes pelo entorno procurando pelo arruivado. O jovem alfa estava ansioso e levemente receoso quanto a reação do mais velho, mas o acastanhado torcia veemente para que ela fosse boa.

Quando avistou as madeixas ruivas, o alfa apressou os passos até estar ao lado de Hoseok, que sorriu levemente de canto ao ver o mais novo com as bochechas rosadas e a respiração desregulada, levemente ofegante.

—_ Gatinho, precisas de algo?

— Na verdade eu queria apenas conversar... se você não se importar, é claro. — Taehyung engoliu em seco e desviou o olhar, mordiscando o lábio inferior em nervosismo.

— Eu sempre terei tempo para você. — O arruivado piscou brevemente o olho direito e apoiou as mãos na cintura, fitando atentamente o mais novo. — Sobre o que você gostaria de conversar? Você parece estar bem nervoso... aconteceu algo? — Ao ver a expressão do maior se tornar preocupada, Taehyung arregalou de leve os olhos e negou com a cabeça.

— Não, não. Está tudo bem. — O alfa mais novo soltou um suspiro baixo e levou o olhar para o maior, fixando as írises chocolate nas castanhas avermelhadas e engolindo em seco. — O meu aniversário está chegando e... eu gostaria que você estivesse presente.

Hoseok arregalou os olhos e entreabriu os lábios em surpresa, sorrindo largo. Taehyung havia mesmo o convidado?

— Eu irei. — O arruivado mordiscou o lábio inferior, contendo um sorriso de canto. — O que você acha do nosso primeiro encontro ser no seu dia? Agora que toda essa confusão de casamento passou... eu estava pensando em focar, sabe... em nós.

— Claro. — Taehyung juntou as mãos em frente ao corpo e desviou o olhar brevemente ao sentir as bochechas esquentarem. Por que ficava tão tímido perto do maior? Era um alfa afinal de contas! — Eu vou conversar com o Yoon sobre o nosso encontro, mas eu tenho certeza de que ele vai ficar animado. — O alfa soltou um riso e voltou a fitar o maior.

— Eu fico honrado em saber disso, gatinho. — Hoseok aproximou o rosto da face corada do menor e fitou brevemente os lábios rosados, engolindo em seco e desviando o olhar para as írises chocolate. — O nosso encontro será no último dia do ano... um ótimo jeito de se preparar para passar o ano novo, não acha?

Taehyung assentiu em concordância, concentrado de mais em fitar os lábios em formato de coração a centímetros do seus. O alfa sentiu a garganta secar e uma vontade imensa de quebrar a pouca distância que ainda havia entre os dois começar a preencher o seu corpo, mas o acastanhado se controlou, desviando o olhar e engolindo em seco.

Hoseok sorriu levemente de canto, claramente notando os olhares e reações do menor, e tocou a face bela do mais novo, roçando o polegar sobre os lábios finos de leve enquanto sentia um arrepio percorrer o seu corpo. O coração do menor se acelerou e ao sentir a ponta do nariz do arruivado roçar em sua bochecha, o alfa jogou tudo para o ar e selou os lábios alheios.

Ignorando qualquer um que passasse ou que os observasse, o arruivado retribuiu ao selar e o aprofundou, segurando o menor pela nuca e o puxando de encontro a si. O jovem alfa firmou os dedos na blusa de linho e apertou o tecido macio, enquanto sentia o calor e a textura do músculo molhado explorar o interior de sua boca.

Ao sentir que seu corpo começava a esquentar, Taehyung soltou um muxoxo e separou o ósculo, respirando ofegante com a face tomada pela vergonha e pelo calor. Os lábios avermelhados eram tão atrativos e chamativos, mas Hoseok sabia que não podia ultrapassar os limites.

— Me desculpe. — Taehyung mirou as írises castanhas e o arruivado sorriu, fazendo um carinho singelo na bochecha direita do mais novo.

— Está tudo bem, gatinho. Não há porque se desculpar, sim? — O acastanhado mordiscou o lábio e desviou o olhar, assentindo. — Embora eu quisesse passar a manhã toda sentindo os teus lábios nos meus, nós temos um treinamento para cumprir... é melhor nós irmos.

— Sim, senhor. — O jovem alfa soltou um breve riso e sorriu levemente de canto, roubando um selar do arruivado antes de se soltar das mãos que o mantinham firme por perto e seguir até a área de treinamento, deixando um Hoseok com um sorriso bobo negando com a cabeça.

[...]

O ômega loiro caminhava saltitante e cantarolando até os estábulos. Desde que havia acordado, o bom humor preenchia todo o seu pequeno ser e a animação exalava por seus poros, contagiando a todos ao seu redor, principalmente a Yoongi, que seguia caminhando ao lado do menor.

— O que nós iremos dar de presente para o TaeTae? — Jimin levou o olhar para o ômega mais velho e fitou as írises acinzentadas com curiosidade.

— Por que não tricota algo para ele? Você tem mãos mágicas para fazer as coisas, Chim. — Yoongi abriu um sorriso e o loirinho tocou o queixo com o indicador, formando um biquinho nos lábios cheios e rosados enquanto exibia uma expressão pensativa.

— Algo como um acessório ou uma peça de traje? — Jimin inclinou de leve a cabeça e o platinado assentiu em concordância, entrando nos estábulos e seguindo até o pequeno depósito. — O que acha de um suéter? Eu sei que nós acabamos de entrar no verão, mas o outono sempre é mais frio a cada ano que se passa...

Jimin seguiu o mais velho e pegou um balde grande de metal, o enchendo com uma ração nutritiva e um pouco de feno e abrindo um sorriso largo ao se aproximar de sua égua. O pequeno ômega acariciou o focinho do equino e despejou o conteúdo no cocho, aproveitando para escovar o pelo enquanto o animal comia.

Enquanto tratavam todos os cavalos dos estábulos, Jimin e Yoongi trocavam ideias sobre o aniversário de Taehyung, que seria em exatos sete dias. O pequeno ômega estava radiante, completa e totalmente ansioso para começar o projeto do traje, mas antes precisavam comprar algumas coisas.

Depois de tudo pronto, Jimin pegou a sua montaria e retirou Estrela D’Alva da baia, ajustando os equipamentos com maestria. O loirinho levou o olhar para o mais velho e estendeu a destra para o ômega, que suspirou baixo e aceitou a ajuda, montando e se posicionando atrás do menor.

Partindo a galope do estábulo, os dois amigos seguiram até o vilarejo pela estrada batida de terra e pedra. Os cascos da égua batiam de encontro contra a superfície dura e o som ecoava por onde passava.

O pequeno ômega mantinha um sorriso largo nos lábios, sentir o vento passar contra o seu rosto, acariciando as madeixas loiras e as bagunçando, sentir a adrenalina percorrer as suas veias e a emoção que acelerava o seu coração e desregulava a sua respiração trazia uma sensação de liberdade e o loirinho amava isso.

Ao se aproximarem do centro, o ômega puxou as rédeas e incitou a égua a diminuir os passos, passando do galope para o trote. O platinado apertava a cintura fina do menor, envolvendo o tecido da blusa de linho entre os dedos enquanto olhava ao redor.

Passaram em algumas barracas e comércios e encheram duas cestas de vime com vários mantimentos, tecidos, rolos de linhas de diversas cores, artigos de decoração e mais algumas coisas, optando por voltar para casa caminhando, já que ficaria complicado levar tanta coisa em apenas um cavalo.

— Achas que o TaeTae vai gostar? — O loirinho levou o olhar para o mais velho, mordiscando o lábio inferior em nervosismo enquanto apertava as rédeas da égua entre os dedos curtos e gordinhos.

— Eu tenho total e absoluta certeza, Chim. — Yoongi fitou o menor e sorriu largo, ajeitando a cesta de vime próxima ao peito. — Taehyung te ama e eu sei que qualquer coisa que você fizer vai agradar aquele alfa bobão.

— Eu mal posso esperar para poder começar a tricotar. Eu tenho tantas ideias! — Jimin sorriu largo e deu um pulinho, caminhando saltitante e cantarolando enquanto um platinado observava um loirinho soltando risos baixos com um sorriso bobo nos lábios.

[...]

Cinco dias. Já haviam se passado cinco dias desde que Jimin começara a tecer o suéter. O pequeno ômega trabalhava concentrado, cruzando pontos, puxando linhas e movendo as agulhas com maestria.

Vez ou outra, Yuna aparecia no quarto e dava algumas dicas para o menor, sorrindo radiante ao ver como o loirinho era habilidoso e aprendia rápido o que ela ensinava. A ômega passava horas observando o mais novo e podia dizer aos quatro cantos do mundo como se sentia orgulhosa e grata por ter o pequeno em sua vida.

Como parte da surpresa, Yoongi passava grande parte do tempo livre do alfa com ele, o levando para passear ou inventando qualquer desculpa plausível para distrair o mais novo, o que não precisava ser muito, já que o acastanhado adorava passar um tempo com o platinado e namorar um pouco.

Ao finalmente terminar o suéter, Jimin soltou um suspiro e abriu um sorriso satisfeito, esticando a peça de roupa a sua frente e a olhando de cima a baixo. O loirinho a dobrou com cuidado e guardou o tecido dentro da cesta de vime, ajeitando as decorações e a boina preta, que tinha comprado no dia anterior, deixando tudo pronto para ser entregue ao alfa.

O pequeno ômega soltou um longo suspiro e se espreguiçou, esticando os músculos doloridos. Ao se sentir mais relaxado, selecionou um papel e pegou uma pena e o tinteiro, respirando fundo enquanto pensava no que iria escrever na carta.

Jimin passou minutos apenas olhando para o papel amendoado, mordiscando o lábio inferior e franzindo o cenho, até que decidiu deixar o seu coração o guiar. O pequeno levou a pena ao tinteiro e começou a escrever, colocando tudo o que sentia no papel.

Quando estava pronta, o loirinho segurou a carta nas mãos pequenas e sorriu largo, a deixando guardada para finalizar a decoração no dia seguinte. Ao sentir o cansaço começar a preencher o seu corpo, o pequeno levantou e caminhou até o banheiro, tomando um banho quente e relaxante e escovando os dentes.

Minutos mais tarde o pequeno ômega saiu do banheiro já vestido com o pijama de estampa de pintinho que ganhara de sua mãe há dois anos, bocejando e se espreguiçando lentamente, sentando no colchão macio e se enrolando nos lençóis antes de apagar o candelabro e fechar os olhos, se entregando ao sono.

[...]

O sol saía lentamente de trás das montanhas e o dia amanhecia quente, a brisa soprava e balançava as folhas verdes das árvores, os pássaros despertavam e preenchiam o ambiente com uma melodia calma e agradável, cantarolando alegres pelo dia que se iniciava.

O pequeno ômega terminava de ajeitar o seu presente com pressa. O loirinho havia acordado extremamente cedo para colher algumas Chimonanthus praecox e alguns morangos da estufa para finalizar os arranjos e preencher os potes de vidro.

Como tudo pronto, Jimin tirou um ramo da flor amarela e a colocou na carta, colando as pétalas cuidadosamente e a selando, guardando o envelope no meio da cesta. Ao ouvir batidas na porta, o loirinho levou o olhar para a abertura e sorriu ao ver Yoongi.

Os dois ômegas seguiram até a cozinha e ajudaram Yuna a finalizar os preparativos. Não demorou para que Taehyung aparecesse na porta esfregando os olhos e bocejando, com Min-jun abraçando os seus ombros enquanto exibia um sorriso largo.

— Feliz aniversário, meu amor. — A ômega se aproximou do acastanhado e o envolveu nos braços, selando a testa levemente bronzeada e sorrindo meiga.

— Obrigado, mãe. — Taehyung mordiscou o lábio e sorriu, recebendo o abraço e o retribuindo brevemente.

— Nós temos um presente para você, filho. — Min-jun segurou um embrulho de papel pardo com as duas mãos e olhou para o mais novo. — Nós esperamos que você goste...

Taehyung olhou curioso para o embrulho e sorriu, segurando e o abrindo rapidamente, os olhos do jovem alfa se arregalaram ao mirar o objeto e o acastanhado levou o olhar para os pais, entreabrindo os lábios em surpresa.

— Como o seu já estava meio desgastado, nós achamos que era a hora de lhe dar um novo. — Yuna passou o braço pela cintura de Min-jun em um abraço e sorriu. — Você gostou, meu bem?

— Eu amei. Obrigado. — O alfa envolveu os progenitores nos braços e os apertou, sorrindo largo ao fitar o arco entalhado a mão novinho em folha. O tamanho era perfeito e se encaixava em suas mãos, o peso era ideal e os detalhes eram fascinantes, fazendo as írises chocolate brilharem.

— Minha vez. — Jimin correu até o acastanhado e pulou sobre o corpo maior, envolvendo o alfa como se fosse um coalha e arrancando um riso do mais novo. — Feliz aniversário, TaeTae.

Taehyung apertou os braços ao redor do loirinho e enterrou o rosto na curvatura do pescoço alvo, inspirando o cheiro doce de flor de cerejeira e laranja e sorrindo largo, afastando brevemente o rosto para fitar as írises caramelo.

— Obrigado, meu anjo. — Jimin sorriu largo e roçou a pontinha do nariz na do maior, soltando uma gargalhada gostosa ao que o sorriso de Taehyung aumentava.

— Ah, o seu presente. — O loirinho desceu do colo do alfa e caminhou até Yoongi, segurando a cesta de vime com cuidado e a entregando ao mais novo, que arregalou os olhos em surpresa.

Taehyung segurou a cesta e mordiscou o lábio, a colocando sobre a mesa enquanto segurava cada item que havia dentro e o observava atentamente. Um sorriso largo se formou nos lábios finos ao ver o suéter com formas coloridas e padronizadas e o alfa rapidamente vestiu a peça, dando uma voltinha no lugar.

O acastanhado voltou a olhar para a cesta e segurou a boina, a vestindo e ajeitando o cabelo, se virando de frente para a sua família com um sorriso ladino.

— Que alfa elegante. — O platinado mordiscou de leve o lábio e sorriu, soltando um riso baixo. — ChimChim realmente tem mãos de ouro.

— Ele tem. — Taehyung sorriu e levou o olhar para a carta, arqueando brevemente a sobrancelha direita antes de pegar o papel e o desdobrar. — Escreveu uma carta para mim?

— Apenas leia. — O loirinho desviou o olhar ao sentir as bochechas esquentarem e se sentou em uma das cadeiras, brincando com os dedos das mãos.

O jovem alfa engoliu em seco e respirou fundo, começando a ler o conteúdo escrito com uma caligrafia perfeita. Conforte as palavras eram proferidas, mais os presentes se surpreendiam e lágrimas se acumulavam nos cantos dos mirantes.

“[...]

Uma vez, quando nós éramos crianças, você me disse que nós dois éramos soulmates, e eu me lembro que eu não compreendia o significado da palavra naquela época..., mas hoje eu sei. Eu entendi que, ter uma alma gêmea, mesmo que ela não seja a sua outra metade, é como ter um melhor amigo, só que muito mais.

Ter uma alma gêmea é ter uma pessoa que te conhece melhor do que qualquer outra, é alguém que te inspira e que te apoia, independentemente da situação. Uma alma gêmea é alguém que você vai levar dentro do seu coração para todo sempre, é uma pessoa que te conheceu por inteiro, te aceitou como você realmente é e acreditou em você quando ninguém mais o fez.

Você é o meu soulmate, TaeTae... E eu sei que, não importa o que aconteça, eu sempre vou te amar e nada e nem ninguém no mundo vai poder mudar isso. Eu tenho muita sorte de ter podido te ter na minha vida e de ter o privilégio de te chamar de irmão.

Feliz aniversário, minha pequena wintersweet.

Com amor, Jimin.” 

Jimin sequer teve tempo de piscar quando sentiu braços fortes o envolverem e o cheiro de eucalipto preencher as suas narinas. O acastanhado se permitiu chorar, colocando para fora tudo o que estava sentindo, Jimin era um anjo enviado pelos deuses e Taehyung agradecia de joelhos por ter um ser com um coração tão puro e bondoso como irmão.

O pequeno ômega levou a destra as madeixas castanhas e sorriu, fazendo um singelo carinho enquanto fitava a face chorosa de Taehyung, acariciando a bochecha rosada e limpando as lágrimas que escorriam.

— Não era para te fazer chorar. — O loirinho formou um biquinho com os lábios cheios e rosados e mordiscou o inferior, engolindo em seco ao que segurava o choro.

— Obrigado por existir, meu anjo. — O acastanhado apertou o menor nos braços e o pequeno ômega aninhou o alfa no peito, fazendo um cafuné nas madeixas cor de chocolate.

O dia mal tinha começado e já havia sido repleto de emoções.

[...]

Hoseok terminava de ajeitar a cela em seu corcel quando sentiu uma mão em seu ombro direito, o arruivado inspirou brevemente o ar e se virou de frente para Jungkook, levando a destra ao peito e o reverenciando.

— Poderia me fazer um favor, Hobi? — O moreno sorriu e estendeu um envelope para o mais velho, que soltou um riso e sorriu ladino. — Eu mesmo entregaria, mas não posso sair daqui no momento...

— Tudo bem, o seu desejo é uma ordem, Vossa Majestade. — Hoseok guardou a carta no bolso da calça e montou no garanhão, puxando as rédeas firmemente. — Quer passar algum recado para o Jimin?

— Diga a ele que aguardarei ansiosamente para revê-lo novamente. — Jungkook sorriu e mordiscou o lábio inferior, levando as mãos para trás do corpo ao que Hoseok assentiu em concordância e atiçou o corcel a galopar. — Eu preciso contar a ele... — O moreno suspirou baixo e voltou para dentro do palácio em silêncio, deixando a mente viajar.

Galopando pelas estradas de pedra, o arruivado sorria largo e viajava em pensamentos ao que imaginava diversas possibilidades para o que poderia acontecer. O alfa estava extremamente ansioso para ver os dois mais novos e o seu coração batia desenfreado no peito.

Minutos depois, ao avistar a casa de madeira, o jovem alfa guiou o corcel até as terras da família Kim e sorriu levemente de canto ao ver Taehyung e Yoongi conversando. O sol começava a se pôr no horizonte, criando um crepúsculo espetacular, mesclando os tons amarelo, laranja, rosa e azul em uma paleta intensa e quente.

Ao avistar o arruivado, o alfa mais novo mordiscou o lábio inferior e engoliu em seco, humedecendo os lábios brevemente enquanto levava o olhar para o platinado, que sentira as suas bochechas esquentarem ainda mais.

O guarda real parou o corcel próximo aos dois mais novos e os reverenciou, colocando um sorriso galanteador nos lábios.

— Feliz aniversário, gatinho. — O alfa segurou a destra do acastanhado e selou as costas levemente bronzeadas, fitando as írises chocolate fixamente.

— Obrigado. — Taehyung desviou o olhar, começando a corar, e mordiscou o lábio inferior, apertando o tecido da calça entre os dedos da mão livre. — Eu estava achando que não virias mais.

— Perdão pela demora, mas precisaram de mim no palácio. — Hoseok soltou um leve riso e olhou para o platinado, segurando a canhota pequena e selando a palma. — Encantador como sempre, docinho.

— O que achas de irmos lá em casa? Já está escurecendo e eu creio que nós poderemos conversar melhor lá. — Yoongi sorriu e intercalou o olhar entre os dois alfas, formando um biquinho de leve com a demora por uma resposta.

— Tudo bem, eu adoraria conhecer a casa do ômega mais belo de todos os reinos. — Hoseok sorriu levemente de canto e o platinado corou, desviando o olhar. — Perdoe a ousadia, mas você fica tão fofo corado, sabia?

Yoongi soltou um muxoxo e respirou fundo, mordiscando o lábio inferior enquanto tomava coragem para voltar a fitar o arruivado. Ao olhar para as írises castanhas avermelhadas, o coração do ômega falhou uma batida e a respiração, antes calma e regular, se tornou acelerada e ofegante.

Tomando a coragem que precisava, o ômega segurou as faces do arruivado e o puxou para si, tomando os lábios finos nos seus em um ósculo tímido, mas desejoso. Hoseok arregalou brevemente os olhos e correspondeu ao beijo, segurando o menor pela cintura em um aperto firme e forte.

Taehyung observava a cena com um sorriso ladino, fitando o platinado lentamente ir se soltando e se permitindo explorar o interior quente e acolhedor da boca do alfa. As línguas travavam uma batalha por espaço e um calor preenchia os corpos sedentos por contato.

O acastanhado se aproximou em silêncio de Hoseok e roçou os lábios no pescoço alvo, inspirando o cheiro forte e marcante, que arrepiava o seu corpo por completo e o deixava desnorteado, e aproveitando para depositar selares pela região.

O ômega separou os lábios dos do maior e mordiscou o inferior rosado, arrancando um suspiro do alfa, que instintivamente inclinou o pescoço para o lado e deu mais acesso ao mais novo, que sorriu ladino entre os selares, antes de depositar uma lambida e mordiscar a pele intocada.

Assim que afastou o rosto, Taehyung vislumbrou as írises castanhas brilharem em deleite e luxúria. O menor sabia pela essência do mais velho que ele estava excitado, e isso apenas aflorava o ego do acastanhado.

— Vamos indo, sim? A noite ainda é uma criança. — O alfa mais novo lambeu os lábios e sorriu levemente de canto, selando os lábios de Yoongi antes de piscar para o arruivado e caminhar em direção a casa do ômega.

A noite havia acabado de começar e o ano novo se iniciaria em poucas horas. Se Hoseok possuía algum desejo era que esse momento durasse para sempre.