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História Predestination - Quando seus olhos de cachorro sem dono o fazem ceder


Escrita por: Marimachan

Notas do Autor


...
VOLTAY~
Olha quem ressuscitou dos mortos! o/
Então, né... nem vou pedir desculpas, porque sei que não mereço. Mas não, não abandonei a fic, gente! Eu estava com um bloqueio completo pra continuar e finalizar ela, então a deixei em hiatus pra me concentrar em outros trabalhos. Mas eu peguei Fairy Tail pra rever e finalmente o bloqueio foi embora. <3
Agora estou aqui para finalizar esse poço de drama e romance! XD
Como recompensa, um capítulo gorduchinho! <3
Espero que ainda exista alguém que queira ler essa fic. XD

Boa leitura! ;)

Capítulo 29 - Quando seus olhos de cachorro sem dono o fazem ceder


Se alguém tinha alguma dúvida de que um grupo de magos pudesse ser tão barulhento quanto um bando de dragões em um campo de batalha, essa pessoa com certeza não conhecia sua guilda.

Esse foi o pensamento que surgiu na mente da maga celestial enquanto assistia a zorra que acontecia no Bar Sun, em Crocus, onde estava a Fairy Tail naquela noite de julho.

Os jogos mágicos daquele ano tinham se encerrado há mais de 20 horas, mas aquilo não parecia fazer diferença para as fadas, que por mais um ano levaram o título de guilda mais forte de Fiore.

Eles passaram a noite do dia anterior inteira comemorando a vitória, até não aguentarem mais e adormecerem pelas mesas mesmo. Assim que os primeiros companheiros começaram a acordar, porém, umas duas horas atrás, a festa foi retomada e lá estavam eles novamente: bebendo, rindo, gritando e brigando, como adoravam fazer sempre que tinham a oportunidade.

Sentada num canto mais afastado – por simples e não tão eficaz proteção de si mesma – Lucy observava seus companheiros farreando, enquanto ela própria sugava seu shake de baunilha.

Riu contidamente ao ver alguns deles voando pelo salão, quando Erza enfureceu-se por terem destruído o bolo de morango que saboreava, no passo em que Jellal escapava para o outro lado, saindo da mira da esposa.

— Eles não aprendem nunca — comentou consigo mesma, baixinho, ainda rindo.

— Vocês têm realmente uma guilda bem animada, não é? — Deu um pequeno pulinho no banco ao sobressaltar-se com a voz do loiro que se aproximara dela por trás, surpreendendo-a.

— Às vezes eu acho que até demais — concordou com Sting, que agora sentava à sua frente, enquanto via Gray ser nocauteado por uma Erza ainda irada e Juvia indo acudi-lo desesperada.

O mestre da Sabertooth riu com vontade.

— Vim me despedir de vocês. Voltamos pra casa hoje ainda —­ explicou sua presença ali. — Parabéns por ganharem mais essa! — parabenizou animado. — Mas podem apostar que não vamos deixar barato na próxima! — avisou ainda no mesmo tom.

— Podem vir com tudo! — respondeu ela ao mesmo nível, sorrindo e recebendo o sorriso de volta.

Pelos minutos seguintes, os dois apenas discutiram animadamente sobre os jogos, desviando de um objeto ou outro que voava pelo estabelecimento e os alcançava.

— Né — Lucy atentou-se a mudança de tom do homem, que agora parecia misturar desapontamento com curiosidade. — Não vi o Natsu-san em lugar nenhum. Por que ele não participou?

Tinha de confessar que seu ânimo minara um pouquinho mais do que gostaria de admitir. Suspirou sugando o último gole de seu shake.

— Ele está em missão... — Abandonou o copo sobre a mesa. — De acordo com a Primeira e Zeref, não deveria haver muita dificuldade pra resolver, mas já faz mais de um mês que ele saiu...

— Mas vocês não estão preocupados com isso? — Franziu as sobrancelhas, ele mesmo não conseguindo evitar certa preocupação.

— Iie. — Ela apenas negou num gesto com as mãos, não dando muita importância ao comentário, suspirando mais uma vez. — Ele está bem. Algo me diz que isso apenas tem a ver com o fato do Mestre dizer a ele que se voltasse da missão antes dos jogos seria obrigado a participar. Ele está apenas enrolando. — Uma gota de suor escorrera por sua testa, num sorriso estranho.

— Mooh, que maldade, Luce. — Pela segunda vez ela sobressaltou-se ao ser surpreendida pela voz atrás de si. — E se eu estivesse com sérios problemas e por isso não aparecia?

Rapidamente a loira virou-se para encarar o mago, em surpresa, mas sentindo sua animação gradativamente voltar.

— Natsu!

— Yo! — cumprimentou em meio a um sorriso do qual ela tinha de confessar que sentira muita falta naquelas últimas semanas.

— Desde quando você está na cidade? — Seu tom ainda carregava admiração pela presença do Slayer.

— Cheguei agora mesmo — respondeu tranquilo largando a mochila sobre o banco vazio. — Yo, Sting — cumprimentou o outro Dragon Slayer. — Lamentando o segundo lugar pelo segundo ano seguido? — debochou com zombaria.

— Isso sim é maldade, Natsu-san! — o outro retrucou com indignação, mas logo sorriu animado. — Apenas espere pra ver! Não se esqueça que três anos atrás quem ficou no segundo lugar foram vocês. Esse ano venceram por muito pouco! Vai ter revanche!

— Heeh? Estou ansioso pra ver isso — devolveu ainda no mesmo tom que usara antes.

— Garotos, vocês poderiam par-

— NATSU.

A voz estridente e furiosa de Makarov, no entanto, interrompeu a fala da loira, que imediatamente sentiu o arrepio assombroso em sua espinha.

O mago do fogo congelou brevemente ao seu lado, sabendo o que o esperava. Mas não pareceu durar muito, pois logo os músculos rígidos relaxaram e ele encarou com tédio o velhinho que se aproximava em sua cadeira de rodas, empurrado por Mira.

— POR QUE VOCÊ NÃO VOLTOU ANTES DO PRAZO?!

­— Tsc — estralou a língua após a careta de quem tinha seus tímpanos incomodados com a gritaria. — Eu não sou surdo, Jijii — reclamou enquanto rodava os dedos nos ouvidos, como se estivesse “desentupindo” a via auditiva.

— Não se atreva a reclamar disso, seu moleque insolente! Eu te disse pra voltar antes dos jogos começarem! — rugiu com o dedo em riste.

Por alguns minutos só eram ouvidos os berros do mestre pelo salão. Claramente ninguém queria se meter na discussão pra não sobrar pro seu lado.

— Eu tive alguns problemas pra resolver e não terminei a tempo, e é isso. ­­— Sentou-se na mesa que antes era compartilhada entre Lucy e Sting, dando de ombros.

O mais velho sentiu o sangue subir um pouco mais pela cabeça.

— Você esteve enrolando para não chegar! Isso sim! — Acusou, continuando a externar sua fúria.

— Não saia acusando as pessoas sem provas, velhote! ­— O rosado levantou-se raivoso, agora também com o dedo em riste. — E se eu tivesse morrido?! Você agora se arrependeria amargamente disso! — dramatizou.

— Não me venha com essa, seu moleque!

— Hai, hai. — Finalmente alguém teve coragem o suficiente de interromper a gritaria. — Mestre — Mirajane chamou sorrindo. — Nós ganhamos os jogos, então não há com o que se preocupar, certo? — Fechou os olhos em meio ao sorriso.

— É isso aí, velhote! Nós ganhamos sem precisar desse pateta de fogo! Ge-he! — provocou Gajeel, com os braços cruzados.

— Como é que é, seu cabeça de prego enferrujado?!

— Haam?! Quer que eu repita pra ouvir melhor, cabeça de vela?!

Não demorou muito pra que os magos ao redor tivessem que se afastar pra não serem pegos no meio da confusão que começou, o que não pôde ser evitado por muito tempo, já que em poucos segundos, emaranhados numa batalha confusa e desconexa, vários outros já estavam no meio da briga.

Lucy escondera-se atrás de Sting, que observava a confusão com algumas gotas de suor escorrendo pelo resto.

— Realmente uma guilda muito animada...

Makarov, por sua vez, resmungou contrariado enquanto era afastado por Mirajane do centro da confusão, desistindo da bronca que queria dar no Dragneel mais novo, mas ainda inconformado com a ausência do rosado nos jogos mágicos.

A garçonete riu contidamente.

— Olhe pelo lado bom, Mestre. — Sorriu mais uma vez. — Nós achávamos que nunca mais veríamos essa cena, — Observava Natsu no centro da confusão, rindo maleficamente após nocautear Max, mas em seguida sendo acertado pelo soco de Gray, para onde mudou seu foco de briga. — mas lá está ele agindo do mesmo jeito que a gente se lembra de alguns anos atrás.

O velhinho suspirou resignado, mas concordando intimamente com as palavras da albina. Não tinha como negar que sentia certo alívio ao ver o mago do fogo enfiado na costumeira confusão da guilda, coisa que ele não lembrava de ter visto desde que ele a deixara, quase cinco anos antes.

— Agora já chega! — Ouviu-se finalmente o rugido da Titânia, que mais uma vez tivera seu precioso pedaço de bolo destruído.

No instante que a ouviram, aqueles que ainda restavam de pé paralisaram seus membros, engolindo em seco. Os únicos que permaneceram embrenhados em golpes sem sentido foram Natsu e Gajeel, que voltavam a focar-se um no outro.

A áurea que a ruiva emanava não poderia ser mais perigosa, o que fez os outros magos afastarem-se dos dois subitamente, saindo de seu alcance. Erza deu dois passos à frente, mas antes de chegar aos encrenqueiros, foi surpreendida por algo que nenhum deles esperava.

Fora tudo tão rápido que eles sequer conseguiram acompanhar o que aconteceu. Depois da magia se dispersar, segurando pelo colarinho um Natsu derrotado na mão direita e um Gajeel da mesma forma na esquerda, Zeref continha a veia pulsante em sua testa, enquanto uma Mavis chorosa estava caída no chão, atrás dele, com a mão sobre um galo que surgira na cabeça aloirada.

— O que pensam que estão fazendo? Vocês querem morrer? — A áurea, agora já inexistente, da titânia não chegava nem perto da negra que circundava o Dragneel mais velho.

— Su-sumimasen! — Ambos os slayers pediram, já sentindo as almas deixando seus corpos após o golpe único que levaram do mago negro.

Zeref, por seu turno, soltou o ar ainda irritadiço, largando os dois no chão – que não conseguiram evitar o encontro direto desse com suas caras – e virou-se para a companheira que ainda estava caída na madeira, ajudando-a a levantar-se. Eles tinham acabado de chegar no bar quando uma das cadeiras voara na direção deles e acertara a menor antes que ele pudesse fazer algo para protegê-la.

— Acho que agora existe na guilda alguém mais assustador que a Erza — Lucy fora quem comentara, sentindo todos os seus ossos arrepiarem-se após assistir a cena, reação que se seguiu por muitos outros companheiros ao constatarem a mesma coisa.

Talvez a partir daquele dia eles devessem tomar mais cuidado para não acertarem ninguém que não deveriam, no meio das costumeiras confusões da guilda.

(...)

— Erza, — Ouviram a voz suave de Mira chamar a ruiva em meio a conversa na mesa. — o Mestre está te chamando — informou a albina, com seu costumeiro sorriso.

A titânia levantou-se do banco que compartilhava com Wendy e o marido, perguntando-se, assim como todo o resto de seu time, o que poderia ser.

Pouco mais de duas horas havia se passado desde que Natsu chegara e as coisas agora estavam um pouco mais calmas no bar; fosse porque metade do grupo se encontrava dormindo ou fosse porque a maior parte da outra metade estava bêbada demais para conseguir brigar, o fato é que não tinha mais ninguém voando pelo salão. Os amigos de outras guildas também já haviam partido, fazendo com que somente a Fairy Tail permanecesse no local.

O time da Scarlet e mais alguns outros membros como Jellal e Levy estavam papeando amenidades quando Mirajane a chamou, aproveitando o último dia que tinham em Crocus, já que na manhã seguinte todos voltariam a Magnólia.

— Mestre, aconteceu alguma coisa? — Aproximou-se do senhor, sentado sobre o balcão, onde Laxus o colocara mais cedo, a pedido dele mesmo.

— Recebi essa carta. — Estendeu o envelope para a maga, mas não parecia preocupado o suficiente para ser algo muito sério, o que a deixava mais aliviada. — É um pedido de missão direcionada.

— Para mim? — surpreendeu-se ao mesmo tempo em que abria o envelope e começava a ler as breves palavras escritas no pincel branco.

— Não só para você, como pode ver — respondeu com tranquilidade.

— Um pedido para o time... — constatou após concluir a leitura. — Mas... — Olhou receosa para o mais velho, que sorria com pesar, numa reconhecida expressão de “boa sorte”.

A ruiva suspirou, acenando positivamente para o senhor antes de voltar para sua mesa, carregando uma expressão séria, porém determinada.

— O que ele queria, Erza? — Gray foi o primeiro a questionar, curioso com a expressão facial da amiga.

— Lucy, precisamos da sua ajuda — declarou encarando-a firmemente, que não conseguiu esconder a surpresa ao ouvi-la.

— O que aconteceu, Erza? — Dessa vez fora Atsushi quem pergunta, agora sendo acompanhado por todos com a leve preocupação que surgira.

Erza entregou a carta para a mais nova antes de continuar. A loira tomou o papel em mãos e passou a ler.

O pedido vinha do Conde Higaror, o atual prefeito da cidade de Onibus. Aparentemente ele precisava que encontrassem o neto dele, que estava desaparecido há quase uma semana. Ela lembrava-se do senhor e também de seu neto, muito vagamente, uma lembrança de muitos anos atrás, antes de irem para Tenroujima.

Parou sua leitura no início do último parágrafo, finalmente compreendendo o que Erza quis dizer com “precisar de sua ajuda”.

Por isso, quero direcionar essa missão ao time que o salvou 16 anos atrás, com a esperança de que o salvem mais uma vez.

— Nosso time tem uma missão direcionada, — Erza voltou a falar quando viu que a loira chegara até ali. — mas o contratante pediu pela formação antiga...

— Formação antiga? — Gray franziu a testa, mas logo compreendeu a preocupação da ruiva.

— Isso que dizer... — Wendy fora a próxima, automaticamente direcionando seu olhar para o outro lado do salão, onde Mavis conversava alegremente com os irmãos Dragneel e Happy.

Todos acompanharam o olhar da Slayer do Céu, Lucy sentindo o suor escorrer-lhe pela face.

— Sim, isso quer dizer que precisamos do Natsu — Erza confirmou com seriedade.

— Erza, você será muito mais eficiente nessa tarefa. — Lucy riu sem humor, com certo nervosismo.

Sem dúvidas a “influência” de Erza seria muito mais eficaz naquela situação. Era óbvio que Natsu se negaria a ir naquela missão, mas a ruiva com sua “suave persuasão” poderia convencê-lo.

A titânia suspirou, sentando-se de volta ao seu lugar.

— Lucy, você é a única que pode convencê-lo sem precisar de outras maneiras de persuasão mais calorosas — retrucou tranquila, como se não estivesse falando nada de mais. — Enquanto isso ficamos aqui discutindo quem serão os dois outros membros que irão conosco.

­— Dois outros membros? — Teru perguntou levemente confusa.

— O contratante disse que por razões que só conheceremos quando chegarmos até ele, não pode aceitar que mais ninguém além de nós vá nessa missão, mas disse que poderia abrir uma exceção para apenas mais dois membros da guilda, porque aparentemente são necessários sete magos. Mas não explicou o porquê na carta. E ele disse que a missão provavelmente irá durar mais que uma semana.

— Então além de nós cinco, vão mais dois.

A ruiva apenas confirmou a afirmação de Gray com um meneio de cabeça.

— Juvia irá — a maga d’água se pronunciou primeiro. — Juvia não quer ficar tantos dias sem ver o Gray-sama. — Abraçou pelo braço o marido, que esmerou um sorriso envergonhado.

— Se os outros não se importarem, não vejo problemas. — A fada de armadura concordou.

— Tudo bem por nós. — Erick deu ombros. — Mas o segundo nós decidiremos no Jo-ken-po — anunciou empolgado, já se preparando para colocar pedra, papel ou tesoura.

Foi uma partida rápida, onde Erick venceu Teru, mas foi vencido por Atsushi.

Erza franziu levemente a testa com o resultado, talvez devesse começar a realmente se preocupar, aqueles dois trabalhando juntos poderia trazer certa dor de cabeça. Ela virou-se para a loira, que ainda encarava a carta de maneira pensativa.

— Lucy — chamou-a gentil, preferindo deixar pra pensar naquilo depois. — Você foi a única que conseguiu reaproximar-se dele da maneira que conseguiu — comentou, fazendo-a ruborizar levemente. Suspirou, de certa forma pesarosa. — Qualquer um de nós que vá falar com ele agora receberá uma negativa categórica, mas tenho certeza de que ele não será capaz de te negar qualquer coisa — afirmou com convicção, sorrindo.

— Não tenha tanta certeza disso — ela choramingou baixinho, mas por fim suspirando resignada.

Levantando-se sob os olhares atentos dos companheiros, a loira tentou ignorar o nervosismo que sentia. Parecia até que iria falar sobre algo de vida ou morte com o rosado. Embora pra ela fosse algo muito parecido com isso.

Era verdade que a relação entre ela e Natsu evoluíra muito nos meses que se sucederam àquele dia em que descobriu ser sua parceira. Algo havia sido o suficiente para que a imensa muralha que ela enxergava entre eles tivesse sido derrubada.

Natsu finalmente passara a permitir sua aproximação e admiravelmente, após poucos dias, eles pareciam ter tornado-se quase tão íntimos quanto eram antes dele ir embora; a diferença é que – feliz ou infelizmente – ela não precisava mais se preocupar com ele invadindo sua casa, na qual, aliás, ele raramente colocava os pés. Além disso, também tinha o fato de que sempre que algo os levava a alguma situação “perigosa”, ele mudava de assunto bruscamente ou apenas se afastava o suficiente para que nada além daquilo acontecesse. Ela confessava que essa parte em especial era frustrante, mas se recuperava ao sentir-se infinitamente grata apenas por tê-lo de volta em sua vida.

Mesmo com tudo aquilo, no entanto, ela não achava que fosse o suficiente para ir àquele ponto. Convencer Natsu de ir naquela missão seria um imenso desafio, e ela sinceramente se sentia incerta se deveria aceitá-lo ou não. A última coisa que queria, depois de tantos meses lutando pra aquilo dar certo, era que surgisse um clima ruim entre os dois ou que ele se irritasse o suficiente para afastá-la novamente, caso insistisse muito.

Inspirou buscando coragem no fôlego e então caminhou até a mesa em que a família sentava-se, não conseguindo conter o sorriso que sempre lhe vinha quando observava os quatro juntos. Natsu vivera os últimos anos para aquilo tornar-se realidade e ver que havia alcançado tal meta acalentava seu coração de uma maneira que ela era incapaz de descrever.

— Minna — cumprimentou quando finalmente chegou até eles, fazendo-os voltar a atenção para si.

— Lushiii — Happy voara até ela, sendo abraçado de volta.

Ela sorriu para o gatinho em seu colo. Passaram o dia todo sem se falarem direito, já que antes ele estava passeando pela cidade com Wendy e Charle, e quando chegara fora correndo até Natsu, o qual não via há mais de um mês. Talvez aquela fosse a forma dele lhe dizer que sentira sua falta durante o dia.

— Tudo bem?

— Hm!

— Sente conosco, Lucy. — Mavis convidou sorrindo.

Convite que ela aceitou, sentando-se ao lado do mago de fogo, de frente para o casal do outro lado da mesa, colocando Happy sobre a madeira do tampo.

— O que você quer? — Natsu surpreendeu-a, encarando-a perspicaz enquanto abaixava a caneca que continha a bebida que bebia.

— O que quer dizer? — Tentou disfarçar o nervosismo.

— Você tá com cara de quem vai me pedir alguma coisa — declarou apertando os olhos, visivelmente desconfiado.

— Você fala como se eu não pudesse vir até vocês só porque quero. — Inflou as bochechas, zangada, cruzando os braços.

Embora fosse verdade, ela não gostou da insinuação implícita.

— Não adianta fugir do assunto. — Sem afetar-se pela acusação, o rosado levou um dedo em cada lado da face da loira, pressionando-os e fazendo com que as bochechas rosadas se esvaziassem.

— Mooh, não faz isso — reclamou apertando as faces cutucadas sem delicadeza.

Vendo que não adiantava mais fingir, soltou o ar com conformação.

— Nós temos trabalho — explicou de uma vez, sem dar mais voltas.

Ele estralou a língua, entediado.

— Eu acabei de voltar e nem coloquei os pés em casa ainda, não dá pra esperar uns dias, Luce?

— Quando eu digo que nós temos trabalho, não quero dizer apenas nós três... — começou cautelosa, o que pareceu aguçar os sentidos do slayer.

— O que quer dizer com isso?

— Nosso time recebeu uma missão direcionada... — concluiu com hesitação.

Levou apenas alguns segundos para ele compreender o que ela dissera. “Nosso time” não era apenas Lucy, ele e Happy, era o antigo time que formavam com Erza, Gray, Wendy e Charle. A expressão antes despreocupada e tranquila automaticamente endureceu-se, ficando séria.

— Não — respondeu monossilabicamente, mas a firmeza com que falara quase a fizera desistir.

— Natsu... por favor... — iniciou o processo de convencimento que ela não tinha muita certeza se daria certo. — É um contratante que já nos contratou antes... aqui. — Estendeu a carta para o companheiro, que depois de algum tempo com ela insistindo com o braço erguido aceitou de má vontade. — Lembra do Ryan? Aquele garotinho que salvamos na montanha? É do avô dele, parece que ele está desaparecido...

A lembrança do menino de cabelos laranjas arrepiados veio vagamente em sua memória. Eles tinham saído em uma missão para matar monstros da montanha, mas acabaram por libertar dezenas de crianças que estavam presas como reféns de uma guilda das trevas. Ryan era um deles.

— Não podemos deixar de atender ao pedido...

— Vocês têm gente o suficiente pra ir lá e resolver isso, Lucy. — Ela gravou o nome usado corretamente, o que aumentou sua preocupação. — Eu não vou.

— M-mas... — Controlou a voz. — Mas Natsu... o senhor Higaror pediu que fossem apenas nós cinco mais dois companheiros... ninguém diferente disso...

— Natsu, não vejo motivos para não ir. — Zeref interveio em favor da maga celestial. — Mesmo que você não faça mais parte do time, ainda são todos companheiros de guilda, não? — questionou tranquilamente, com Mavis concordando ao seu lado, o que deixara Lucy agradecida, embora soubesse que aquilo não seria o bastante.

— Mas por que diabos insistem tanto pra eu ir?! — Devolveu irritadiço. — É só levar outro no meu lugar.

— Mas o contratante pediu por todos nós! — ela retrucou, quase desistindo. — E você é o mais essencial, pela ênfase que o Higaror-san colocou aí, embora ainda não saibamos o porquê. — Apontou pra carta agora em cima da mesa.

Natsu bufou, com insatisfação, negando mais uma vez.

— Natsu... — chamou enfatizando a última vogal; agora só lhe restava apelar. — Por favor... — Aproximou-se involuntariamente, com olhos de cachorro pidão. — Vamos para missão com todo mundo... — Uniu as mãos num gesto de súplica. — Por mim, por favor...

Por alguns segundos aguardou ansiosamente pela resposta final, com os olhos brilhando, ainda de mãos juntas. Ela observou a veia saltar na testa bronzeada, mas o conflito interno decididamente acontecendo. Ele desviou os olhos, fechando-os da mesma forma que os punhos. Ele ia responder malcriadamente a qualquer momento, ela pressentia...

— Está bem! Eu vou! — respondeu ele finalmente abrindo os olhos, mal humorado, com cara de quem queria explodir alguma coisa.

— Yatta! — Ela comemorou pulando sobre ele, o abraçando. Nem acreditava que tinha realmente conseguido.

— Tá, tá. Para com isso, Luce! — Afastou-a pelos ombros, parecendo desesperado em livrar-se dos braços femininos.

— G-gomene — ela pediu, agora enrubescendo pelo ato impensado.

Ele, por sua vez, apenas bufou mais uma vez, voltando-se para sua bebida, concentrado em manter sua atenção longe da loira, completamente contrariado.

— Eles se goxxxxtam. — Ouviram Happy debochar com as patinhas na boca.

— Urusai, neko! — Tanto um quanto o outro gritou, puxando os bigodes do pequeno um de cada lado.

Zeref e Mavis riram. Eles estavam ansiosos para ver o resultado daquela missão.


Notas Finais


Vemos que dona Lucy finalmente conseguiu seu dragãozinho de volta, mesmo que não como queria XD
Essa missão vai ser o gatilho para o fim da fic, pessoal. Então não esperem mais tantos capítulos pela frente. Ainda assim, ainda estou pensando com carinho na ideia da continuação. :3

Não vou prometer prazos, mas prometo que trago o próximo o mais rápido possível. ^^
Espero que ainda tenha alguém aí e que tenham gostado desse capítulo mais leve. Daqui a pouco a gente volta pro drama hehe'
Até mais! <3


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