História Preencha o vazio ( Reescrevendo) - Fome

Encarei a Sakura com medo, temendo que ela começasse outro interrogatório.

– Será que a gente podia conversar – ela pediu em um quase sussurro, acenei com a cabeça em um gesto positivo e segui ela até as arquibancadas do ginásio, ela me levou para um canto mais discreto onde já se encontrava a Ino sentada, percebi que a sala toda observava nosso trajeto mas fingi não me importar, provavelmente eles só estavam querendo ver a gente brigar.

– Naruto eu e a Ino gostaríamos de nos desculpar pelo ataque que nós tivemos na sala de aula mais cedo – começou a Sakura me encarando quase que ansiosa, eu não sou uma pessoa de guardar rancor, na verdade eu já tinha meio que esquecido aquilo.

– Não, está tudo bem eu não fiquei irritado com vocês não precisam se desculpar, eu só não entendi porque tudo aquilo- falei curioso pela resposta, não é todo dia que eu sou ameaçado por duas garotas lindas .

Devo dizer que fiquei surpreso com a atitude delas, na verdade eu achei que elas tinham me chamando ali para começa mais um interrogatório, mas pelo jeito eu estava errado.

– Serio que você não ficou bravo? , ufa me preocupei a toa – Ela riu aliviada se escorando na Ino que me deu um pequeno sorriso – e sobre o porquê dá briga é que... Fala você Ino – Ela disse empurrando levemente o ombro da namorada, elas de repente ficaram envergonhadas e desviaram o olhar, cena extremamente fofa, divo dizer, estranha mas fofa.  

A Ino limpou a garganta num ato nervoso e então soltou de maneira perturbadoramente rápida e direta. 

– Nós ficamos com inveja de você, porque você chegou não faz nem dois dias e já é bem próximo do Sasuke, além do fato dele falar com você, coisa que ele só faz com nós se for necessário, porque nós estudamos aqui desde que nascemos e ele ignora a gente e nos trata como se fossemos nada mas com você ele é diferente e isso é muito injusto – Na última parte a indignação dela é bem clara coisa que quebra totalmente a imagem de durona que ela tinha na minha cabeça.

Fiquei alguns segundos tentando digerir a informação, após entender o que ela disse eu não consegui conter a minha gargalhada, me dobrei segurando a barriga. Entre as minhas risadas eu soltava palavras desconexas como "o Teme e eu " ou " próximos", percebi que elas me encaravam raivosas provavelmente achando que eu estava debochando delas, ao perceber isso levantei minha mão com o dedo indicador em riste, pedindo um minuto para me recuperar e tentar controlar as minhas risadas, após conseguir tal feito decidi explicar tudo antes que elas decidissem me matar.

– Desculpa, eu não queria rir mas o que vocês falaram é um completo absurdo, eu e o Teme só conversamos hoje porque, infelizmente, ontem eu descobri que ele é meu vizinho quando fui jantar na casa dele por pura coincidência, e eu acabei esquecendo o meu celular lá, só isso, nós não somos próximos nem nada assim – expliquei ainda segurando a minha barriga, que doía pelas risadas enquanto secava as gotículas de água que se acumularam no canto dos meus olhos.

– Então porque ele te defendeu hoje – pediu a Sakura desconfiada.

– Sinceramente eu não sei, na verdade eu também me surpreendi quando ele me defendeu, mas eu acho que ele estava mais se defendendo do que a mim – falei pensativo procurando por ele entre os alunos que se encontravam no ginásio avistei ele em um canto escorado na parede me observando de longe, mas não conseguia decifrar sua expressão por causa da distância.

– Para mim pareceu que ele estava te defendendo, mas isso não é do feitio dele, a não ser... – Sakura parou na metade da frase.

A alguns minutos atrás eu tinha certeza de que eu nunca encontraria algo mais assustador do que a Sakura com raiva, bem, eu estava errado.

Eu posso dizer passo a passo e evolução que a expressão dela teve, primeiro ela estava pensativa, logo após ela arregalou os olhos em espanto e então ela lentamente foi esticando os lábios em um sorriso cada vez maior, seus olhos ganharam um brilho desconhecido e o seu sorriso não parava de crescer, em meu cérebro uma luz vermelha de perigo piscava de modo insistente dizendo para eu correr, e eu estava pensando seriamente em seguir o seu aviso, enquanto isso o sorriso da Sakura continuava aumentando era tão grande que o gato de Alice do país das maravilhas ficava no chinelo, até o próprio coringa se assustaria com ele, quem me dera poder chamar o Batman agora.

E então finalmente chegou o Gran-finale, ela soltou um grito histérico tão alto que eu tenho quase certeza que ouvi os vidros tremerem e toda a atenção da sala se voltou para nós.

Mas isso nem é o pior, o pior foi quando ela cochichou algo no ouvido da Ino, daí sim, foi grito em dose dupla e então após o fim da histeria ela viraram a cabeça em minha direção ao mesmo tempo, ainda com o sorriso no rosto e os olhos brilhando, eu dei discretamente um passo para trás e comecei a calcular a distância entre mim e a porta,

Mas fui salvo pelo som alto de um apito, o professor chegou.

Gaguejei um "tenho que ir" e sai correndo em direção aos outros alunos sem olhar para trás, estou com medo de perguntar o que a Sakura descobriu, acho melhor tentar apagar isso da minha mente e fingir que nunca aconteceu.

– Olá jovens, está na hora de botar o seu poder da juventude para funcionar – ouvi uma voz falar de modo muito animado, muito mesmo.

É ai que percebo que as minhas preces não foram atendidas, porquê? Por que o meu professor de educação física está usando um macacão verde extremamente apertado e tem duas taturanas no lugar das sobrancelhas, na verdade ele me lembra alguém.

– Aaaaaaaa – dou um pulo com o rugido súbito – É isso ai professor Gai já estou á todo vapor pronto para usar a minha chama de juventude – agora sei de quem ele me lembra, como é o nome dele mesmo, Neji? não, Kiba? não esse é o dos cachorros, tem o nome que me lembra música, como é mesmo, Rita Lee não, é Rock Lee tenho certeza. Sorrio orgulhoso de mim mesmo por lembrar o nome do garoto.

– Certo jovens, vamos começar com cinco voltas ao redor da quadra.

Escuto o som agudo do apito e sorrio animado, hora de mostrar as minhas habilidades.

Eu definitivamente odeio educação física não, eu definitivamente odeio o Sasuke.

– Como pode o Sasuke ser mais rápido que eu, aposto que ele roubou, deve ser porque eu comi pouco hoje, ele só conseguiu fazer aquela cesta por pura sorte, se eu tivesse comido mais que uma maçã de café é óbvio que eu teria ganhado – saio resmungando e bufando do ginásio, mas porque tanto mau humor? Simples, eu perdi. Eu Naruto Namikaze Uzumaki perdi no basquete e na corrida, para ninguém mais ninguém menos que o próprio filho do capiroto vulgo, Sasuke e agora além deu estar com raiva, cansado, suado e com dor na bunda por causa dos tombos ( novidade) eu estou com fome.

Sigo para o vestiário pego uma toalha e sabonete e dirijo-me para um box para tomar banho, após a água quente levar todo a sujeira e cansaço eu saio do banho com fome e uma toalha enrolada na cintura, ando em direção ao meu armário e pego uma cueca limpa, solto a toalha e jogo ela por cima do meu ombro enquanto coloco a cueca, visto o uniforme novamente e ouço a minha barriga roncar, definitivamente eu estou morrendo de fome, bato a porta do armário e me viro dando de cara com a última pessoa que eu queria ver no momento.

– Não está me vendo aqui não Teme – falo me afastando um pouco e dando de costas com o armário, ele está muito perto.

– Ei Teme eu tô falando com você – estralo os dedos na frente dos seus olhos, ele está me olhando daquele jeito estranho de novo, pupilas dilatadas e respiração ofegante.

Ao encarar ele tão perto meu coração acelera e sinto minhas pernas bambearem, talvez seja o cansaço em conjunto com a fome, é deve ser isso.

Sinto seu hálito quente bater em meu rosto, muito perto, encaro os seus olhos novamente e sou sugado, atraído por aquelas duas pérolas negras e turbulentas que parecem esconder tantas coisas, como seria desbravar esses olhos?

O oxigênio ao meu redor parece ter sido tomado pelo seu cheiro de Sabonete, é impressão minha ou ele está mais perto? Me sinto tão estranho.

Sou tirado do meu transe e pensamentos com o barulho do sinal, a quanto tempo estou encarando ele?

– Perdeu alguma coisa aqui? Eu quero passar se não percebeu – falo novamente meio nervoso.

Achei que ele ia falar algo já que havia aberto a boca, seu lábios estavam úmidos, porém a única coisa que ele fez foi abrir caminho me deixando passar.

Quando eu acho que o dia não pode ficar mais estranho me acontece isso.

Sigo rapidamente em direção a sala de aula já pensando no almoço, adentro na mesma e me jogo na cadeira, que merda foi aquela, sério até agora eu não consegui digerir o que ocorreu no vestiário, porque ele causa essas reações em mim, em meu corpo? Porque ele ficou tão perto? Porque ele me intriga, irrita e atrai tanto? Espera, oquê?

– Tá tudo bem Naruto?- Sakura pergunta preocupada.

– Eu estou bem – Respondo saindo dos meus pensamentos ainda meio confuso.

– É que você estava fazendo umas caretas estranhas daí achei que estava passando mal.

– Há, eu só estava pensando mesmo.

– Pensando no que? – Vi um traço daquele brilho estranho nos olhos da Sakura e senti um frio na espinha.

– Em nada não – falei tentando acabar com o assunto

– Hum, você viu o Sasuke ? Você foi o último a sair do vestiário e ele não voltou até agora- ela me olhou insinuando algo pelas entrelinhas.

– O Sasuke – Senti meu rosto esquentar com a lembrança do ocorrido no vestiário – Não vi não – percebi minha voz afinar e quis me bater.

Ela estreitou os olhos em minhas direção com uma carreta desconfiada – Porque você está vermelho Naruto, o que aconteceu no vestiário?- ela perguntou me encarando bem de perto, qual é o problema dessas pessoas com o espaço pessoal dos outros, para que chegar tão perto.

– N-nã-o aconteceu n-nada - Acabo de descobrir que eu sou o pior mentiroso do mundo, nem eu acreditei no que eu disse. Mesmo sendo verdade de que não aconteceu nada de mais no vestiário porquê eu estou com tanta vergonha?

– Sei, não aconteceu nada - ela falou em tom sínico.

Logo após ela se virou para a Ino sussurrando algo em seu ouvido e dando risadinhas, elas me assustam.

– Bom dia alunos, abram o livro na página 73 hoje vamos começar um assunto novo – Uma voz rouca e fraca fala fazendo a sala ficar em silêncio.

Na frente da sala, andando lentamente em direção a mesa se encontra um homem velho de cabelos brancos e corpo magro andando com uma bengala, ele mantinha um expressão calma e gentil e falava devagar porém de modo claro, um legítimo professor de história.