História Presente de nove meses:: Spaul - Capítulo 1;; Quando ia me contar que sou o pai?

Jean Paul estava se sentindo estranho nos últimos dias, não sabia exatamente o que era; mas as tonturas, os enjoos e a falta de apetite não eram comuns para si. Nunca tinha sido normal sentir essas coisas, nem quando pulava as refeições e  foi por isso que resolveu ir ao hospital. 

A pedido do médico, fez uma bateria de exame e agora espera o resultado do exame de sangue. Se desesperou quando foi chamado para ver o médico.

 As mãos trêmulas abriram a porta e fecharam devagar, Jean sentia o suor escorrendo pela testa. Sentou na cadeira de frente pro médico, este que tinha um belo sorriso nos lábios. 

— Sou o Matthew, muito prazer Seonghwan… 

— Jean Paul. — interrompeu. 

— O que? 

— Me chame de Jean.

— Hm, okay, então senhor Jean poderia me dizer o que te traz aqui? — perguntou.

— Não é óbvio? Não te disseram? 

— Sim, mas desejo escutar de você. — o médico cruzou as pernas. 

— Tudo bem então…   — suspirou. — Há alguns dias venho tendo enjôos, tonturas e desmaios. De início pensei que era porque não comia direto, mas continuei tendo e vir ver o que era. 

O Kim viu o médico escrever no papel e se assustou quando ele levantou. 

— Venha, apesar de ter o resultado do exame nas mãos, quero ter a certeza do meu palpite. Mas me diga, não suspeita de nada? — Jean negou. — Hm… pode deixar no maca e levantar a blusa. 

Enquanto Paul fazia o que foi pedido, o mais velho ligava a máquina de ultrassom, tudo isso à vista do Kim. Ele estranhou quando Matthew passou gel na sua barriga e o aparelho em seguida. 

Na tela apareceu alguns pontos borrados que Paul não sabia dizer o que era, mas o médico sim. Com um belo sorriso nos lábios,  Matthew disse: 

— Parabéns, estás esperando um filho! 

Ali, na maca, desmaiou de surpresa. 

[...]

Jean já tinha saído do hospital, recebeu todas as orientações e marcou uma consulta — apesar de não saber se iria continuar com a gravidez. E pegou um panfleto  de clínicas de aborto também, tinha que ter em mente todas as opções. 

 A primeira coisa que pensou assim que saiu de lá foi contar a Spax, mas depois de sentir enjoado na rua preferiu ir para casa. 

No banheiro de casa, colocou tudo para fora que tinha comido, ou seja, nada. Apenas expeliu  água. 

Tomou banho e um remédio para passar o mal estar. Pôs uma roupa levinha e preparou um copo de leite, o médico recomendou comer e beber coisas leves. Nada mais justo que leite, apesar do horário, teria um tempo pra pensar melhor. 

— Oii Gege, cheguei. — a voz baixinha do seu amigo soou por toda a sala. Resmungando, Jean pode escutar  o outro continuar. — Vi suas mensagens. Hum, é sério? Estás mesmo esperando um filho? 

— Sim Jimin-ssi. — respondeu num choramingo. 

— E  quem é o outro pai? — curioso, sentou-se de frente pro seu hyung. 

— Possivelmente o Spax… mas pode ser que eu esteja errado. 

— Já contou a ele? 

— Não e nem vou contar, por ora. 

— Mas ele precisa saber, hyung! Se ele for realmente o pai, é o direito dele! 

— Eu sei tá legal! Mas eu não vou contar. E você tem que prometer que vai ficar quieto.

— É claro que vou, hyung. Da minha boca não passa nada. — suspirando, Jimin segurou na mão do amigo. — Mas como isso é humanamente possível? Porque você é um homem… 

— Parece que existe uma porcentagem de homens que nasce com útero e por incrível que pareça, herdei essa característica do meu pai. — confessou, desviando o olhar do Park. — É estranho, eu sei, mas não tem muito o que fazer. 

— Você irá continuar com a gravidez? 

— Não sei, ainda tenho nove meses para decidir. 

[...]

Contar a Spax que aquele filho possivelmente seria dele, estava fora da lista de Jean. Não queria nem pensar na reação do amigo. Falaria apenas no terceiro mês, até lá inventaria uma desculpa. Mas não mentiria sobre a gravidez. 

Quando Jimin, meio-irmão de Spax, deixou o apartamento, Jean foi fazer suas tarefas. 

Como não trabalhava, havia combinado com o amigo de cuidar do apartamento, enquanto Spax trazia dinheiro. Claro, arranjava uns bicos em alguns comércios, mas eram apenas de um dia. Só que naquele mês, não conseguiu trabalho. Mandou seu currículo para todas as lojas que estavam com anúncio de contratação. 

Suspirou largando a vassoura encostando-a na parede. Tinha varrido cada canto daquela casa, apenas faltava passar pano, deixaria isso para o outro dia; conhecendo bem o amigo que tinha, em apenas uma hora tudo estaria sujo. Ou com alguma coisa fora do lugar. 

Da cozinha, escutou a porta da sala se abrindo e fechando. Esperava que, pelo menos, o mais velho tivesse trago a janta deles. 

— Nana, cheguei! 

O aroma da comida invadiu a cozinha e Jean fechou os olhos, aproveitando aquele cheirinho gostoso. 

— Como foi o dia? — Spax perguntou. Já era costume para os amigos falarem dos acontecimento  que viveram durante o jantar, Jean nem ligava mais em vê-lo falar enquanto comia. 

— Normal, fui ao hospital mais cedo e arrumei a casa. — deu os ombros. 

— Hospital? — se engasgou com a comida e olhou incrédulo pro outro. 

— Sim, mas estou melhor.

— E o que aconteceu pra você ir pro hospital?

— Passei mal, desmaiei e tudo. — respirou fundo e baixou a cabeça. — Es-estou esperando um filho.

— Oh, entendi…. Pera, que? Um filho? 

— Sim.

— quem você engravidou? — arqueou a sobrancelha. Até que abriu a boca lembrando de algo. — Esqueci que além de você ser pansexual, você dá. Então não faz sentido e isso significa que só pode ser uma coisa… Você está esperando um filho? 

— Uhum… 

— Uau. — ele arregalou os olhos e sorriu. — E quem é o pai? 

Apesar de terem uma amizade com benefícios, cada um seguia sua vida, seja romântica e sexual. Tinham consciência que cada um tinha sua vida particular e com quem ficavam ou deixavam de ficar, não era da sua conta. A não ser que resolvessem falar sobre. Aí eles dois viraram duas velhas fofoqueiras. 

— Eu não quero falar sobre isso. 

Foi tudo que Paul falou antes de deixar a cozinha. 

[...] 

— Como você acha que ele está? 

— Sinceramente? Mal. Já faz dois meses e até agora ele não contou para o Kim. — Jimin deixou seus ombros caírem, enquanto olhava para o gestante adormecido. O primeiro mês foi bastante difícil para Paul, sentia enjoos a maior parte do dia e até parou no hospital por pressão baixa. Até que aquele início do segundo, estava sendo melhor. 

— Por que? Medo? 

— Não sei muito bem, o hyung quer esconder até estar preparado psicologicamente. Acha que o Chang hyung não vai aceitar, só que desde o começo ele está animado, chegou a comentar com o pai e a mãe sobre isso. 

— Quanto antes ele contar ao Spax, melhor vai ser… ele não pode esconder isso dele. — falou por fim. 

— Contar o que pra mim? — a voz baixa assustou os dois. — Vou repetir: contar o que pra mim, Yoongi? 

— H-hyung… — Jimin chamou. — Não é nada! O Yoongi só estava brincando! 

— Eu não sou idiota, Jimin, e muito menos surdo. Escutei muito bem o que ele disse. — largou a mochila no sofá e negou com a cabeça. — Agora que cheguei, vocês podem ir. Obrigado por passarem a tarde com ele. 

— Sempre que precisar estamos aí, Kim. — Yoongi, namorado do Park, sorriu pro cunhado. — Pode contar com a gente. 

— Tá vendo o que você quase fez? Ia estragar o plano do Gege. —  o Park bateu na cabeça do namorado ao saírem do apartamento. 

Estando sozinho com o melhor amigo, Spax questionou mesmo sabendo que não seria respondido. 

— Quando ia me contar que sou pai dessa criança, Nana?