1. Spirit Fanfics >
  2. Preternatural >
  3. O Sangue do Morto

História Preternatural - O Sangue do Morto


Escrita por: BuutNath

Notas do Autor


Oiiie amores!
Como vocês estão? Morrendo de calor tanto quanto eu? kkkkkkkk

Vamos a mais um capítulo? Espero que gostem.

Boa leitura!
Cuidem-se e hidratem-se!

Capítulo 17 - O Sangue do Morto


Fanfic / Fanfiction Preternatural - O Sangue do Morto

Camila li ao jornal enquanto Dinah e Chris conversavam sobre esportes. Lauren pesquisava coisas na internet completamente alheia ao que acontecia ao redor. O quarteto estava tomando café da manhã em uma cafeteria local. Depois da última caçada, um espírito vingador que por pouco não arrancou o pescoço de Chris, Camila praticamente implorou para que eles dessem uma pausa. Mas após duas semanas, os quatro já estavam completamente desesperados atrás de casos. Chris passou a perguntar demais, Dinah e Lauren a brigar demais e Camila a surtar com as ideias que passavam por sua cabeça. Lauren então resolveu que era hora de os quatro voltarem a trabalhar e era exatamente o que eles estavam fazendo, ou melhor, o que ela e a latina estavam fazendo.

Após um suspiro e uma olhada rápida nos outros dois caçadores que ao invés de estarem procurando por sinais sobrenaturais estavam era conversando sobre esportes, Camila fechou o jornal e olhou para a namorada.

– Nenhuma pista descente em Nebraska. O que achou? – Perguntou para Lauren já pegando sua xícara de café.

– Bom, eu procurei em Wyoming, Colorado e Dakota do Sul. Mulher em Iowa cai três mil metros de um avião e sobrevive.

– É sensacionalismo, não algo sobrenatural. – Camila respondeu fazendo Lauren menear a cabeça. – O que mais achou? – A latina tomou um gole de seu café e fez careta ao perceber que estava frio. – Vocês dois não querem voltar ao real motivo de estarmos aqui, não? – E assim atraiu atenção dos mais novos.

– Nós já tomamos café. Obrigada! – Dinah murmurou fazendo Camila revirar os olhos.

– Estou falando de procurarmos casos. O que acharam antes de entrarem nessa conversa sem fim? – Uma garçonete apareceu e serviu mais café para Camila e Lauren que já tinha esvaziado a sua.

– Bom, antes de entrarmos nessa conversa sem fim nós achamos algo interessante. – Chris pegou seu celular e leu o que havia anotado sobre o artigo que leu. – Manning, Colorado. Um morador local chamado Daniel Elkins foi massacrado na própria casa. – Lauren franziu o cenho. Ela já havia escutado aquele nome, assim como Dinah.

– Elkins? Eu conheço esse nome. – Dinah murmurou olhando para Lauren que assentiu.

As duas ficaram se encarando enquanto pensavam no sobrenome lido por Chris até que Lauren pegou o diário de Simon. Ela sabia que tinha algo lá com esse nome.

– Parece que a polícia não sabe o que pensar. A princípio disseram que foi um ataque de urso, mas agora encontraram sinais de roubo. – Chris continuou lendo enquanto Dinah pensava e pensava no nome, e Lauren folheava o diário.

– Aqui! – Lauren virou o diário para Chris e Dinah do outro lado da mesa.

– Você acha que é o mesmo Elkiins? – Chris perguntou.

– É o mesmo código de área do Colorado. – Dinah respondeu lendo as informações que Simon havia anotado. – Sabia que esse nome não me era estranho. E ai, o que faremos? – Lauren olhou para Camila como se perguntasse a ela.

– Vamos atrás de informações. – A latina respondeu já se levantando. Jogou algumas notas sobre a mesa e esperou pelos outros três que estavam petrificados olhando para ela. – O que foi? Eu não aguento mais ficar no ócio e também não aguento mais ver vocês duas brigando. – Apontou para Lauren e Dinah que deram de ombros. – Vamos logo! – Camila virou as costas e seguiu para o carro onde se acomodou no banco do passageiro. Lauren olhou para Dinah que gargalhou.

– Ela é bipolar. Só isso explica essas reações dela. – A loira comentou acompanhando a irmã e Chris até o carro.

Lauren apenas sorriu e entrou no carro também. Dessa vez ela deixaria que Chris dirigisse um pouco, com ela guiando, é claro. No meio do caminho os Jauregui trocaram de lugar e Lauren terminou de chegar a Manning. Eles estacionaram o carro na porta de Elkins após uma rápida passagem na cidade para descobrir onde o cara morava. Com toda técnica de arrombar portas, Dinah conseguiu abrir a fechadura. Os quatro entraram e a primeira coisa que Chris reparou foi o fato de tudo estar bagunçado. Camila se abaixou na entrada e franziu o cenho ao ver sal espalhado no carpete.

– Tem sal aqui, do lado de dentro da porta. – Camila comentou.

– Qual sal? O de proteção contra demônios ou o sal que a gente usa na pipoca? – Lauren perguntou indo até a escrivaninha do homem. Havia diversos papéis espalhados por ali.

– Um círculo claro. – Camila respondeu estranhando o fato.

Lauren lia um dos diários abertos sobre a mesa enquanto Chris e Dinah davam uma geral na casa.

– Será que esse Elkins era do nosso time? – A latina perguntou.

– Com certeza. – Lauren respondeu e olhou para Camila quando ela se aproximou.

– Parece até o do Simon. – A latina observou.

– Só que vem desde os anos 60. – Lauren folheou mais o diário.

– O que é isso ai? – Chris chegou por trás de Lauren que o repreendeu por assustá-la daquela maneira. – Desculpa. – Ele se encolheu e fitou Lauren.

– Um diário. Parece um diário de caçador. – Lauren mostrou o diário ao garoto que assentiu.

– Interessante. Enfim, vocês precisam ver isso.

Chris puxou delicadamente o braço de Lauren e os três seguiram para o cômodo da casa onde Dinah averiguava. Era um escritório e estava completamente revirado. As janelas no teto tinham os vidros estourados como se alguém tivesse pulado neles para entrar ali. A porta estava arrombada o que deixou Lauren intrigada.

– Seja o que for que atacou ele, havia mais de um. – Dinah observou passando a lanterna por todos os cantos do escritório.

– É e ele deve ter lutado muito. – Lauren afirmou após ver tudo revirado.

Camila e Chris continuaram na porta enquanto Lauren e Dinah se dividiram pelo ambiente. A morena ficou com a parte da frente da mesa enquanto a loira olhava a parte de trás. Entre os pertences espalhados pelo chão, Lauren encontrou um estojo de arma de madeira estranha. Estava vazio, por isso Lauren não deu muita importância e seguiu analisando as demais coisas espalhadas pelo chão e franziu o cenho ao ver marcas no chão.

– Achou alguma coisa? – Dinah perguntou.

– Achei. O chão está todo arranhado. – A loira franziu o cenho e foi até a irmã ver o que ela havia achado.

– Estertores da morte? – Dinah perguntou se aproximando.

– Talvez. – Lauren pegou uma folha de papel e um lápis que ainda estavam sobre a mesa e colocou sobre as marcas no piso. A morena passou o lápis sobre o papel marcando nele os arranhões. Após terminar o que fazia Lauren franziu o cenho enquanto encarava o que havia conseguido. – Pode ser uma mensagem. – Sussurrou olhando o papel. – Parece familiar? – E assim a morena passou o papel para Dinah que o encarou com atenção.

– Três letras, seis dígitos. O local e a combinação de uma caixa postal. Isso é uma remessa. – Dinah constatou.

– Como Simon faz. – Lauren concluiu ficando de pé novamente. – Vamos ver o que é isso. – Os outros dois aspirantes a caçadores se entreolharam e apenas seguiram a morena e a loira de volta para o carro.

Lauren dirigiu até a cidade e foram atrás do correio. Encontraram a caixa postal indicada no chão arranhado e usaram da combinação para abri-la. Chris estava empolgado, pois aquilo parecia coisa de filme e ele estava vivendo na vida real. Lauren retirou de dentro da caixa postal um envelope com as iniciais SC. O quarteto voltou ao carro e Dinah e Lauren ficaram encarando o envelope.

– SC. O que acha? Simon Cowell? – A voz de Dinah invadiu o ambiente silencioso.

– Eu não sei. – Lauren disse duvidosa, encarando o envelope em sua mão direita. – Vamos abrir! – Determinou, mas tomou um dos maiores sustos de sua vida quando uma mão branca bateu no vidro ao seu lado.

– Simon? – Dinah estava surpresa ao ver o homem ali. Simon sorriu e abriu a porta de trás empurrando Chris para o meio. – Simon o que está fazendo aqui? Está tudo bem? – Lauren e Dinah se viraram para trás.

– É, tudo bem. Li as notícias sobre o Daniel e vim o mais rápido que pude. – Simon olhou para cada um presente no carro. Chris estava feliz por ver Simon novamente, já Camila nem tanto. Ela ainda estava brava com ele por não tê-la deixado ir com ele e por não ter protegido Sofia do demônio que a sequestrou. – Vi vocês no local. – Lauren arqueou as sobrancelhas.

– Por que não entrou? – A morena perguntou.

– Você sabe por quê. Eu tinha que verificar se vocês não foram seguidos… – Simon olhou para Dinah e depois para Lauren. – Por alguém ou por alguma coisa. – A morena deu de ombros. – Aliás, bom trabalho no disfarce das trilhas. – Dinah olhou para Lauren sorrindo triunfante.

– Nós tivemos um bom professor. – A loira respondeu feliz.

– Espera ai! Você fez essa viagem toda até aqui por causa desse tal de Elkins? – Camila perguntou séria. Simon suspirou antes de encarar a “nora”.

– É. Ele era um bom homem. – Camila cerrou os olhos notando que Simon claramente escondia algo. – Ele me ensinou muita coisa sobre caçadas. – Simon fitou as “filhas” nos bancos da frente.

– Você nunca falou dele conosco. – Lauren disse com magoa.

– Nós… – Simon suspirou. – Nós nos desentendemos. Eu não o via há anos. – Lauren o encarou com desconfiança e interesse. – Eu tenho que ler isso. – Simon apontou para a mão da morena e rapidamente o passou o envelope. Simon o abriu rapidamente e iniciou a leitura em voz alta. – Se você está lendo isso, eu já estou morto. – Simon se calou e começou a ler em silêncio deixando todos curiosos. – Aquele desgraçado! – Lauren franziu o cenho. – Estava com ele o tempo todo. – Dinah não se conteve. A curiosidade a estava matando.

– Simon, o que é?

– Quando revistaram o local vocês viram uma arma? Antiga. Um revolver colt? Vocês viram? – Simon perguntou olhando para os quatro ao mesmo tempo. Lauren forçou a memória e lembrou-se da caixa vazia. Ela era uma caixa para guardar uma arma, ela tinha certeza. Mas a caixa estava vazia. Onde fora parar a arma que havia dentro dela?

– Err… Tinha um estojo velho lá. Só que estava vazio. – Lauren respondeu e Simon grunhiu.

– Pegaram!

– A coisa que matou Elkins? – Lauren perguntou, mas a resposta foi apenas Simon saindo do carro.

– Temos que pegar a trilha deles. – O homem resmungou batendo a porta do carro.

– Espere! – Dinah gritou e olhou pela janela. Simon se aproximou debruçando-se sobre ela. – Quer que a gente vá com você? – Perguntou. Chris implorava silenciosamente que Simon dissesse sim. Ele queria uma grande e bela aventura ao lado do mentor de sua irmã mais velha.

– Se Elkins falou a verdade, nós temos que achar a arma. – As duas caçadoras ocupantes dos bancos da frente do Impala franziram o cenho.

– A arma? Por quê? – Dinah perguntou confusa.

– Porque é importante. Só isso. – Simon se limitou a dizer.

– Simon, nós nem sabemos o que é esse negócio ainda. – Camila murmurou do banco de trás.

– Eles eram o que Daniel Elkins matava melhor. – Simon respondeu deixando todos confusos.

– O que? – Chris perguntou enfiando a cabeça entre as de Lauren e Dinah.

– Vampiros. – A resposta veio curta e grossa. Chris vibrou internamente.

– Vampiros? – Lauren franziu o cenho. – Eu achei que isso não existia. – A morena nunca em todos os seus oito anos como caçadora havia caçado um ou ouvido falar da existência dos mesmos.

– Você nunca falou deles para gente. – Dinah resmungou. Simon respirou fundo e encarou as filhas.

– Eu achei que estavam extintos. Que Elkins e os outros acabaram com eles. – Dinah e Lauren se entreolharam. – Eu me enganei. – Lauren voltou seu olhar para Simon.

– Tá! Vamos. – Lauren ligou o carro e seguiu a caminhonete de Simon.

Durante o caminho, Simon explicou as filhas, a Camila e Chris tudo o que sabia sobre vampiros. As perguntas de Chris eram respondidas a cada palavra proferida por Simon. Era como estar vivendo em um filme e o garoto estava achando um máximo.

A maioria do que falam sobre vampiros é besteira. A cruz não os repele. A luz do sol não os mata e nem uma estaca no coração. – Simon contava por via de uma ligação. Ele dirigia sua caminhonete e era seguido de perto pelo Impala de Lauren. – Mas a sede de sangue em partes é verdade. Eles precisam de sangue humana fresco para sobreviver. Eles já foram pessoas. Você não percebe que são vampiros até ser tarde demais. – Simon contou.

Chris estava empolgado. Ele queria mais do que nunca encontrar com um vampiro e torcia para que nem Lauren, nem Dinah e muito menos Simon o impedisse disso.

~~~~

Enquanto isso na estrada, o grupo de vampiros que havia matado Elkins se embebedava enquanto esperavam pela próxima vitima. O que não demorou a acontecer. A líder do bando sorriu ao ver um carro se aproximando e olhou para o seu fiel escudeiro.

– Ele é todo seu. – O vampiro sorriu e seguiu para a estrada.

Dentro do carro um casal conversava distraidamente e por pouco não “atropelaram” um corpo caído na estrada. O motorista freou o carro e desceu para verificar a vítima deitada no asfalto. Um grande erro. O homem pegou o celular para ligar para a emergência, mas se surpreendeu quando os olhos do homem, que até então parecia morto, se abriram. Ele sorriu e seus dentes se transformaram em presas. O motorista do carro arregalou os olhos nem teve tempo de fugir. O vampiro se ergueu em um pulo e estraçalhou o casal de viajantes.

~~~~

As garotas estavam dormindo no quarto do hotelzinho onde pararam para descansar. Dinah estava apagada na cama de solteiro ao lado direito, Camila e Lauren estavam de conchinha na cama da esquerda e Chris jogado sobre o sofá velho que havia ali. Simon estava sentado na mesa escutando um rádio com a frequência da polícia. Ele estava atrás dos vampiros e aquela chamada era suspeita. O homem se levantou, vestiu seu casaco e acordou as filhas, Chris e Camila. Lauren era a mais resistente em acordar. Camila já estava sentada na cama, coçando os olhos enquanto acompanhava o borrão que Simon era andando de um lado para o outro. Chris calçou o tênis e fitou Simon que respondia a pergunta de Dinah sobre o que havia acontecido.

– Eu peguei uma chamada da polícia. O casal chamou a emergência, acharam um corpo na estrada. Quando os policiais chegaram não tinha ninguém. São os vampiros. – Simon respondeu já se encaminhando para a porta. Camila se pôs de pé e puxou a perna de Lauren para que ela também se levantasse.

– Como é que você sabe? – A morena sonolenta perguntou.

– Venham comigo, está bem? – A voz potente de Simon soou no quarto e rapidamente Chris, Dinah e Camila foram atrás dele deixando Lauren para trás.

– Vampiros. – Lauren soltou uma risadinha irônica. – Não consigo acreditar. – A morena se levantou e seguiu os demais.

Simon dirigiu até o ponto da estrada que havia escutado e instruiu a todos a ficarem no carro enquanto ele ia falar com os policiais. Havia um carro abandonado no meio da estrada e ao redor dele havia milhares de viaturas e policiais andando de um lado para o outro atrás dos ocupantes do carro.

– Não sei por que ele não nos levou junto? – Lauren murmurou quando viu Simon voltando.

– Já vai começar? – Dinah olhou séria para a irmã.

– Começar o que? – A morena estava confusa. Do que Dinah estava falando? Simon se aproximou e logo Dinah se virou para ele.

– O que achou? – A loira questionou.

– Eram eles, com certeza. Parece que foram na direção oeste. Vamos voltar e passar por fora. – Lauren franziu o cenho.

– Como pode saber? – A voz da morena soou.

– Laur! – Dinah chamou a atenção da morena que a olhou furiosa.

– Quero saber se estamos na direção certa. – Lauren respondeu. Simon olhou para Lauren e suspirou balançando a cabeça.

Lauren nunca iria mudar. Ela sempre seria desconfiada e a culpa era dele, ele sabia. O passado ainda rondava a cabeça de Lauren e era esse o motivo de ela ser tão arisca com ele.

– Estamos! – Simon se limitou a responder, mas isso não dissipou a desconfiança de Lauren.

– E como sabe?

Camila e Chris perceberam que o ambiente estava ficando tenso. Simon e Lauren se encaravam como se tivessem saindo raios de seus olhos. Era impressionante a semelhança de personalidade e olha que eles nem pai e filha eram de verdade. Lauren continuava encarando Simon esperando a resposta. O homem suspirou e tirou do bolso o que parecia ser um dente.

– Eu achei isto. – Dinah pegou o que o “pai” mostrava.

– É uma presa de vampiro? – Chris perguntou se aproximando para ver o que Simon havia achado.

– Presa não, dente. Uma fila extra desce quando eles atacam. – Simon respondeu e voltou a encarar Lauren. – Mais alguma pergunta? – A morena manteve-se calada. – Tá! Vamos embora. Estamos perdendo a luz do dia. – Simon caminhou até sua caminhonete estacionada bem atrás do Impala de Lauren. – Oh Lauren? – A morena encarou o “pai”. – Por que não cuida do seu carro, hein? Antes que enferruje. Mike não o deixaria para você se soubesse que isso aconteceria. – Lauren franziu o cenho e fitou o próprio carro. Ele estava apenas um pouco empoeirado, mas era só. Lauren fez cara de choro quando viu Chris entrar e colocar o pé sujo no banco de couro.

– Christopher! – A voz furiosa da morena assustou o jovem Jauregui que rapidamente tirou o pé.

Simon entrou em sua caminhonete e arrancou em direção a estrada com Lauren o seguindo de perto com o Impala. Camila estava pensativa sobre o que eles estavam para caçar. Vampiros pareciam um ser tão irreal que era engraçado eles estarem indo atrás de um bando inteiro. Dinah e Chris pesquisavam na internet coisas sobre os vampiros.

– Vampiros vivem em um grupo de oito ou dez. Grupos menores saem em busca de comida. As vítimas são levadas para o ninho onde o bando as mantém vivas e sangrando por dias ou semanas. – Chris leu a informação que encontrou em um site de busca sobrenatural.

– Será que foi isso que aconteceu com o casal que chamou a polícia? – Camila perguntou olhando atentamente para Lauren que absorvia as informações proferidas por Chris.

– Simon deve estar pensando a mesma coisa. – Dinah murmurou em resposta.

– Claro que seria legal se ele falasse para gente o que pensa. – Lauren murmurou atraindo os olhos atentos de Camila e os furiosos de Dinah.

– Já vai começar? – Lauren olhou para Dinah através do retrovisor. – Lauren, nós procuramos Simon esse todo. Nós estamos com ele há poucas horas e você está querendo briga? – Lauren apertou o volante com força e fitou a direção.

– Não. Olha, eu estou feliz porque ele está bem, tá? E feliz porque estamos trabalhando juntos. – Lauren respondeu, mas o olhar sério de Dinah a irritou. – Eu não gosto desse jeito dele de nos tratar como crianças. – Dinah suspirou entediada. Lauren ia começar com a mesma ladainha de anos atrás. – Ele fica dando essas ordens para gente, Dinah. Ele espera que a gente obedeça sem questionar…

– Lauren… – Dinah até tentou interrompê-la, mas Lauren pouco se importou e prosseguiu com seu discurso.

– Ele deve ficar pensando “Elas não precisam saber”.

– Ele faz o que faz por uma razão. – Dinah rebateu.

– Que razão? – A voz de Lauren era de uma pessoa completamente indignada.

– O trabalho. Não há tempo para discutir, não há margem de erro. É o jeito que o velho faz as coisas. – Dinah respondeu.

– Isso funcionava quando a gente era criança, mas agora não, sacou? Não depois de tudo que nós passamos. Vai dizer que para você está tudo bem ele assumir a liderança e deixar a gente de lado? – Lauren perguntou olhando fixamente nos olhos de Dinah através do retrovisor.

– Ué… Se for preciso. – Lauren a olhou em choque.

A morena trincou o maxilar e passou a marcha com força. Camila percebeu que a conversa havia deixado Lauren super irritada. Depois daquela discussão, o caminho até o suposto ninho de vampiros foi realizado em um silêncio absoluto. O único som presente no impala era o da respiração de cada ocupante e do motor potente do veículo.

~~~~

Em uma espécie de celeiro, o grupo de vampiros parecia dar uma festa. Bebida, música, dança e, principalmente, comida. O casal que havia ligado para a polícia estava amarrado a uma das pilastras enquanto o bando de vampiros se divertia. Um dos vampiros se aproximou e ofereceu uma cerveja ao homem que negou. O vampiro então se voltou para a mulher que tomou um gole da bebida, mas ao invés de engolir a mulher cuspiu tudo sobre o vampiro que grunhiu furioso. Ele estava pronto para bater na mulher quando a que parecia ser líder do grupo o impediu. A porta do celeiro se abriu e um homem com pose de comandante entrou. A suposta líder abriu um sorriso ao vê-lo caminhar até ela. Ela saltou sobre o homem e o beijou. A vampira mostrou ao mais novo membro do bando o que eles haviam conseguido na estrada. Ele analisou as vítimas e após fitar bem a cara do homem o eliminou da lista. Enquanto os vampiros do grupo de vampiros de deliciavam com a refeição do dia, o recém-chegado dedicou sua atenção a sua “namorada-vampira”.

– Tem mais uma coisa. – A vampira que até então era a líder guiou o vampiro até a mesa de bebidas. – Olha! – Além de diversas garrafas de cerveja havia também sobre a mesa a arma que o grupo roubou do caçador que eles haviam matado.

– Estava com eles? – O vampiro pegou a arma para analisá-la.

– Não. Estava com um velho amigo seu… – A vampira se virou para o namorado. – Daniel Elkins. – O vampiro a encarou surpreso. – Eu senti o cheiro dele. Pensei numa surpresa para você. – O vampiro franziu o cenho.

– Katie, o que você fez? – Perguntou colocando a mão sobre o ombro da garota.

– Fiz ele sofrer. – A garota respondeu toda alegre, mas não percebeu que o namorado não estava lá tão feliz. O vampiro estava preocupado, tenso e parecia ficar nervoso.

– Você não devia ter feito isso. – O homem a repreendeu. – Há outros como ele. Vão ver os sinais e vão vir atrás de nós. – O sorriso que antes a vampira no rosto desapareceu em questão de segundos. – Temos que ter cuidado.

– Eu fiz por você. Pelo que ele fez com a sua família. – A mulher tentou se defender, mas o vampiro estava irredutível.

– A vingança não vale nada se a gente morre. – Os olhos verdes da mulher se abriram escandalosamente.

Os dois ficaram se encarando por alguns segundos até que a mulher desviou os olhos e se desculpou com uma voz um tanto arrependida. Diante do silêncio do vampiro, a mulher apenas o encarou. Ele observou a arma que o grupo havia roubado de Elkins e a analisou com cuidado.

– Eu pensei que ia gostar. Deve ter sido feita na época em que nasceu. – Katie prosseguiu tentando desviar o recente assunto.

O vampiro acariciava a arma enquanto a analisava de perto. Ele franziu o cenho e murmurou que já havia visto aquela arma antes. A vampira continuou contando sobre como atacou o velho caçador que morreu com ela nas mãos.

– Essa não é uma arma qualquer. – Luther, o vampiro murmurou pegando a mulher desprevenida. Os dois se entreolharam pensativos.

~~~

Na estrada, Lauren havia trocado de lugar com Camila que dirigia seguindo a caminhonete de Simon. Dinah estava no banco de trás com Simon ao telefone. A loira assentiu ao que o “pai” havia acabado de falar e desligou. Ela enfiou a cabeça entre os bancos dianteiros e fitou Camila.

– Pega a próxima saída.

– Por quê? – A voz rouca de Lauren atraiu os olhos castanhos tanto de Camila quanto de Dinah que se virou para ela.

– Simon acha que estamos na trilha dos vampiros. – A loira respondeu.

– Como? – E Lauren insistiu.

O mau humor da morena parecia ser uma extensão de sua personalidade e estava tão presente ali dentro do carro que era como se ele estivesse sentado ao lado de Lauren perguntando as coisas por ela.

– Sei lá! Ele não disse. – Dinah respondeu voltando a se acomodar no banco.

Lauren suspirou. Camila abriu um pequeno sorriso e na tentativa de acalmar os nervos aflorados de sua namorada, colocou a mão direita sobre sua coxa e a apertou de leve. Lauren a encarou e recebeu em troca um sorriso seguido de um “relaxa”. A latina então passou a marcha e acelerou. O mau humor e as perguntas não respondidas de Lauren a estavam tirando a calma e ela precisava que sua garota estivesse em paz para poder ficar em paz. Dado a esse ponto, Camila pensou rapidamente e resolveu que era a vez dela de fazer as perguntas. Por isso, acelerou o Impala com toda a força a fim de ultrapassar a caminhonete de Simon. Dinah e Chris arregalaram os olhos e se seguraram no banco quando Camila puxou o freio de mal parando o carro atravessado na estrada e impedindo que Simon continuasse. A latina desceu e foi seguida pelos demais ocupantes do Impala. Simon, furioso com o ato impensado da jovem, desceu da caminhonete e a peitou.

– Temos que conversar! – Camila se impôs.

– Sobre o que? – Simon rebateu com o cenho franzido.

– Sobre muita coisa. Aonde nós vamos, Simon? Qual o lance dessa arma? – Lauren se colocou ao lado da namorada como se reforçasse as perguntas. Simon trincou o maxilar.

– Camila, qual é? A gente bate papo depois de matar os vampiros. – Dinah resmungou irritada e levemente assustada. Seu coração ainda estava acelerado, pois foi pega totalmente de surpresa pelo ato de Camila.

– Dinah tem razão, não temos tempo para isso. – Simon respondeu com a voz um pouco mais branda.

– Não, Simon! – Lauren se impôs na conversa atraindo os olhos sérios do “pai”. – Da última vez que nos vimos você disse que era perigoso ficarmos juntos e agora você quer a nossa ajuda. Eu sei que tem alguma coisa grande por ai e eu quero saber o que é. – Lauren ralhou furiosa. Simon suspirou e com a voz ainda mais relaxada respondeu.

– Entre no carro. – Ordenou, mas Lauren negou. Simon deu um passo à frente ficando com o rosto praticamente colado ao da morena. – Eu disse entre na droga do carro. – Dinah engoliu a seco e fitou Chris que estava com os olhos arregalados. Camila também percebeu que Simon não estava brincando e que se Lauren não o obedecesse algo poderia acontecer.

– É e eu disse não. – Lauren respondeu inflando o peito em desafio ao homem a sua frente. Simon trincou o maxilar. Camila resolveu intervir antes que fosse tarde demais.

– Tá legal, amor. Você já deu sua opinião. Estamos cansadas e é melhor nós irmos. Depois a gente conversa sobre isso. Vem comigo! – Camila puxou a namorada para trás e seguiu para o carro, mas Lauren continuava encarando Simon.

– Foi por isso que eu saí de casa. – Lauren murmurou quando deu as costas.

– O que disse?

Simon perdeu a pouca paciência que ainda tinha. Ele estava lidando até muito bem com os ataques da mais nova, mas quando Lauren insinuou que saiu de casa por não ser ouvida foi demais.

– Você ouviu! – E Lauren novamente se virou para o homem que se aproximou com alguns passos, ficando cara a cara com a morena.

– É, você saiu! Sua irmã e eu precisávamos de você e você nos deixou, você nos deixou, Lauren. – Simon apontou para a morena que rosnou. Dinah então percebeu a gravidade da situação.

– Para com isso ai gente. Simon! – A loira puxou o braço do homem tentando afastá-la, mas foi como se nada tivesse acontecido. E a discussão continuou.

– Foi você quem disse para eu não voltar, Simon. – A voz de Lauren passava de irritada para emocionada, eu diria até magoada. Lauren ainda sentia o fato de Simon não ter lutado por ela, pela permanência dela. – Foi você que fechou a porta, não eu. Você ficou furioso porque não conseguia me controlar mais! – E de magoada a voz passou para extremamente irritada. Dinah viu como Lauren estava brava e resolveu entrar no meio dos dois.

– Epa! Vamos para com isso ai, vamos parar vocês dois! – E assim a loira conseguiu afastá-los.

Simon e Lauren ficaram se encarando. O olhar da morena era de magoa misturado à chateação, irritação e frustração. Já o de Simon era de incompreensão. O homem havia feito tudo para mantê-la segura e fez tudo que pode para cuidar dela e de Dinah para na primeira oportunidade Lauren virar as costas para ele. Aquilo Simon não perdoaria assim como Lauren não o perdoaria por não ter ido atrás dela e lutado por sua permanência. A morena se sentiu abandonada pelo homem que assumiu o papel de seu pai.

– Lauren, vem! – Chris puxou a irmã que o empurrou e entrou no carro.

O garoto olhou para Simon que negou com a cabeça e seguiu para sua caminhonete. Camila suspirou arrependida por ter parado o carro. Talvez se ela tivesse continuado o caminho aquela discussão não teria acontecido. Dinah esfregou o rosto com as mãos e bufou.

– Brincadeira! Esses dois não aprendem. – Camila olhou para a cunhada e sorriu sem graça. – Da próxima vez que quiser desafiá-lo, lembre-se dessa discussão. – Dinah comentou séria e também entrou no carro. Chris e Camila se olharam e por fim os dois também adentraram ao veículo que arrancou em segundos.

~~~~

No celeiro dos vampiros, Luther e sua namorada estavam no maior amasso em frente à vítima que apenas os observava. Ao perceber o olhar fixo da mulher neles, Luther se virou para ela e sorriu. Ele comentou sobre ela gostar de olhar e puxou sua namorada para próximo da vitima. A intenção do casal era completamente diferente daquela imaginada pela mulher. Luther abriu um corte no pulso de sua namorada e rapidamente o sangue começou a jorrar. A vítima arregalou os olhos e começou a chorar em desespero. A vampira sorriu ao ver o pulso sangrando e lambeu um pouco do sangue viscoso e vermelho. Ela sentou-se sobre as coxas da vítima e a beijou com os lábios sujos de sangue. Luther sorriu e disse…

– Bem-vinda ao lar amor.

~~~~

Pela manhã, Luther abriu a porta do celeiro onde estavam escondidos quando ouviu o som do motor do carro de Bo, um de seus vampiros. Ele pretendia chamar atenção do vampiro que nem ao menos deu oportunidade já que murmurou que sabia que horas eram e pediu que Luther entrasse. Após olhar ao redor e certificar-se de que estavam “sozinhos”, Luther entrou. O que ele não sabia era que Lauren, Camila, Dinah, Chris e Simon estavam escondidos atrás de um grande tronco de árvore que ficava de frente para o celeiro.

– Desgraçados. – Dinah murmurou após observar Luther e Bo entrarem no celeiro. – Eles não têm mesmo medo do sol.

– A exposição direta dói como a queimadura do sol. O único jeito de matá-los é decapitá-los. – Simon explicou despertando ainda mais a curiosidade de Dinah e Chris. Lauren ainda estava emburrada com o “pai” e por isso se mantinha calada e na sua. – E sim, eles dormem durante o dia. – Simon prosseguiu. – O que não quer dizer que não acordem. – Chris franziu o cenho.

– Então eu acho que entrar lá não é a melhor opção. – O jovem Jauregui comentou atento à entrada do celeiro.

– Na verdade… – Todos os quatro caçadores mais jovens olharam para o homem. – Esse é o plano. – Simon se ergueu deixando todos confusos.

– Espera! O que você pretende fazer? – Lauren perguntou quando o viu caminhar em direção a sua caminhonete.

– O que você acha que eu pretendo fazer? – Simon rebateu e olhou para Dinah. A loira captou o que Simon queria e abriu o porta-malas do Impala.

Sob o forte olhar de Lauren, Chris e Camila, o caçador abriu a carroceria de seu carro e de lá saiu uma espécie de maleta cheia de armas. Camila arregalou os olhos. Chris se pôs a ajudar Dinah a selecionar as melhores armas para que eles pudessem adentrar o celeiro.

– Simon, eu tenho um facão a mais se precisar. – Dinah comentou mostrando o facão de prata que tinha dentro da mala do carro.

Simon sorriu e tirou de dentro de sua maleta um grande e afiado facão. Lauren rolou os olhos. É claro que ele não iria precisar, olha só para quem Dinah estava oferecendo arma.  A morena revirou os olhos e continuou de braços cruzados apenas observando o que seu “pai” e sua irmã faziam.

– Nossa! Grandão. – Dinah comentou ainda impactada com o tamanho da arma que Simon guardava em sua carroceria.

Após um breve momento de silêncio, com Dinah e Chris pegando as armas que seriam necessárias para entrarem, e Camila e Lauren apenas observando as escolhas dos mais novos, Simon se pronunciou. Ele pensou durante todo o caminho até ali sobre a discussão que tivera com Lauren na estrada e suspirou. Talvez a morena tivesse razão. Talvez ele não estivesse sendo tão pai quanto prometeu ser. As garotas estavam ali, prontas para ajudá-lo e ele tinha a obrigação de dividir com elas o mistério que também as envolvia.

– Então, vocês querem mesmo saber daquele colt? – Lauren franziu o cenho e se virou para o homem.

– Sim, senhor. – E a resposta da morena pegou todos de surpresa. Ela havia sido educada com Simon depois de quase agredi-lo na estrada.

– É só uma história. Uma lenda na verdade. – Lauren e os demais se aproximaram da caminhonete para poderem ouvir melhor a explicação. – Ou eu achei que era. Nunca acreditei nela até ler a carta de Daniel. – Lauren franziu o cenho. – Em 1835 quando o cometa de Halley passou, na mesma noite homens morreu no álamo. Dizem que Samuel Colt fez uma arma, uma arma especial. Ele a fez para um caçador, um cara como nós só que a cavalo. – Chris estava empolgado com a história. Se tinha uma coisa que ele gostava era de histórias sobrenaturais e aquela era uma das mais ricas que ele poderia ouvir. – Diz à lenda que ele fez treze balas. O caçador usou a arma umas seis vezes antes de desaparecer levando a arma com ele. De algum jeito Daniel pôs as mãos nela. Dizem… Dizem que essa arma mata qualquer coisa. – E após finalizar a história Simon fitou as “filhas”. Lauren estava em choque.

– Mata qualquer coisa sobrenatural? – Chris perguntou com um leve tom de empolgação na voz.

– Como o demônio? – Lauren perguntou séria.

– É, o demônio. Desde que eu peguei a trilha dele, eu procuro um jeito de destruir o maldito. – Dinah e Lauren abriram a boca em choque. Então era esse o motivo do desaparecimento de Simon. Ele estava não só atrás do que matou sua esposa e os pais das garotas, como também de algo que pudesse destruir a coisa ruim que os matou. – Com essa arma, eu poderia matá-lo. – Simon prosseguiu. Agora era questão de honra para Lauren entrar naquele celeiro, matar os malditos vampiros e recuperar o revolver colt que poderia finalmente destruir o demônio que assassinou seus pais.

Após se preparem, Lauren tinha um dos três facões que carregava na mala do Impala pendurado na cintura. Dinah estava com outro e Chris com outro. Camila ficou furiosa quando Lauren tirou a arma de sua mão e a passou para o jovem Jauregui. A latina estava inconformada com a atitude de Lauren que alegou não querer que sua garota manuseasse uma arma como aquela e nem que fosse alvo dos vampiros.

– Como é que você acha que eu vou me proteger daqueles monstros? Um facão não vai atraí-los para mim, Lauren, mas a falta de um vai. – A latina ralhou furiosa. Lauren arqueou a sobrancelha direita e a Camila bateu o pé.

– Toma! – Chris passou para ela um punhal de prata que carregava na panturrilha sem que Lauren visse. – Não conta para ela que você tem algo perfurante, caso contrário, isso irá parar no meu pescoço. – Camila sorriu e agradeceu ao cunhado.

O grupo seguiu silenciosamente até o celeiro e antes que Lauren pudesse ver o punhal nas mãos da namorada, Camila o escondeu debaixo da manga da jaqueta que vestia. Após circularem o celeiro, Simon encontrou uma janela aberta. Ele instruiu que Dinah entrasse primeiro, seguida de Lauren, Chris e por fim Camila. Ele ficaria por último para dar cobertura. O grupo circulou pelo ambiente em silêncio, apenas observando o número de sanguessugas que havia ali. Num ato de descuido, Chris tropeçou em uma das muitas garrafas de cerveja que estavam jogadas no chão e arregalou os olhos quando um dos vampiros adormecidos se mexeu. Lauren olhou furiosa para o irmão que sorriu sem graça. Dinah circulou pelas diversas redes que estavam espalhadas por ali e finalmente encontrou a vítima do carro. Ela estava amarrada a uma das pilastras e tinha a boca e as roupas sujas de sangue. A mulher parecia inconsciente e isso deixou a loira preocupada. Dinah chamou por Lauren que foi até ela. Chris e Camila ficaram apenas olhando ao redor dando cobertura. Mais ao fundo, em um espaço reservado do celeiro, Simon encontrou Luther dormindo abraçado a sua namorada. Na cabeceira da cama estava o revolver que ele tanto procurou. Agora era só questão de pegá-lo. Com passos calmos e mansos, Simon entrou no quarto. Luther e sua namorada se viraram na cama gelando por inteiro o corpo do caçador. Após perceber que o casal ainda dormia, Simon suspirou aliviado.

Enquanto isso, Lauren e Dinah tentavam soltar a vítima quando escutaram um barulho. Lauren olhou para Dinah que arregalou os olhos. Camila se aproximou da namorada e Chris se pôs a ajudar Dinah. Lauren e Camila seguiram em direção ao barulho, sempre tomando cuidado para não despertarem os vampiros que dormiam espalhados pelo lugar. Lauren encontrou uma espécie de gaiola onde estavam algumas das vítimas dos vampiros. Como estava trancada com correntes e um cadeado, Lauren se viu obrigada a arrebentá-lo. Usou de um pedaço de ferro para arrebentar as correntes e o cadeado. Um leve barulho e tudo se tornou silencioso novamente. Dinah estava quase soltando a garota quando ela despertou.

– Ei, ei… Eu estou aqui para ajudar. – E como se fosse um alarme sonoro, a mulher começou a gritar despertando todos os vampiros existentes no celeiro.

Dinah e Chris se levantaram rapidamente sacando seus facões. Lauren também e Camila tirou de dentro da manga seu punhal. O olhar furioso e confuso de Lauren para ela não desviou o foco da latina para os vampiros que despertavam e se jogavam para fora das redes. No quarto, Simon estava com sua mão praticamente sobre o colt quando Luther e sua namorada acordaram. O vampiro agarrou Simon e o jogou do outro lado do quarto. Usando da esperteza de anos caçando, Simon quebrou uma das janelas para que a luz solar pudesse atrasar os vampiros.

– Meninas, corram! – O caçador gritou e como num passe de mágica, Lauren, Camila, Dinah e Chris começaram a correr.

O quarteto conseguiu sair do celeiro e não foram seguidos pelos vampiros, mas Lauren percebeu que Simon havia ficado para trás. Ela arregalou os olhos e antes que pudesse ir atrás do homem, Simon apareceu. A morena respirou aliviada e isso não passou despercebido pelos demais. Camila até mesmo sorriu, pois aquilo era sinal de que a implicância de Lauren com Simon era apenas superficial e que no fundo a garota o amava, e muito.

– Eles não vão nos seguir. Vão esperar a noite. – Simon disse quando viu Lauren e Dinah começarem a correr até o carro. – Quando um vampiro fareja você é para sempre. – Dinah arregalou os olhos entrando em um breve desespero. Ela não queria ser seguida por um vampiro, não mesmo.

– E o que a gente faz agora? – Chris perguntou também preocupado. A ideia de ser seguido por vampiros não era agradável para nenhum dos quatro mais novos.

– Temos que achar uma casa funerária. E rápido. – Lauren franziu o cenho diante a fala de Simon.

O caçador entrou no carro e arrancou sendo seguido de perto pelas “filhas”. Eles foram até a cidade e após rodarem o centro por inteiro, encontraram a funerária. Camila e Dinah ficaram responsáveis por pegar o que Simon pediu.

– Elas estão demorando muito, eu vou ajudar. – Lauren resmungou andando de um lado para outro.

– Elas dão conta. – Lauren parou em frente à janela daquele quarto de hotel que estavam aguardando as garotas e encarou Simon.

O homem estava sentado na mesa enquanto Chris estava jogado no velho sofá que havia ali. Lauren estava impaciente. Ela queria ter ido com Dinah e Camila, pois sentia que podia ajudar, mas Simon insistiu que era melhor apenas as duas garotas irem ou chamariam atenção demais. Após alguns minutos de reflexão, Lauren voltou a andar de um lado para o outro. Chris estava cochilando, por isso não percebeu a inquietação da irmã, mas Simon estava atento e pareceu decidir que era o momento certo para conversar com a “filha”.

– Laur? – O homem a chamou fazendo a morena parar e encará-lo. – Eu nunca contei isso a você, mas sabe o que eu fiz no dia em que você nasceu? – Lauren franziu o cenho. Ela sabia que seu pai e Simon eram amigos de longa data, mas não sabia que era tão longa assim.

– Não. Aliás, eu nem sabia que você e meu pai se conheciam há tanto tempo assim. – Simon soltou uma risadinha e coçou a nuca.

– Pois é. Quando Clara descobriu que estava grávida, ela me ligou e me convidou para ser seu padrinho.  – E aquilo foi um choque para Lauren. Simon estava sorrindo e se Lauren não estivesse tão surpresa, teria percebido o brilho no olhar de Simon. – E eu não pude recusar, afinal, era a esposa do meu melhor amigo me fazendo aquele pedido. Depois que Lauren se foi, eu não tinha mais ninguém e daí veio Clara e Michael me oferecendo a oportunidade de ter alguém com quem me importar, alguém para que eu pudesse mimar e… – Simon soltou uma risadinha nervosa e suspirou. – Enfim, eles estavam me dando a chance de ter alguém novamente. – Lauren abriu um singelo sorriso. Foi o suficiente para agitar o coração paternal de Simon. – Ai, quando você nasceu eu sai da maternidade e fui direto ao banco depositar cem pratas numa conta poupança para você. – Lauren arregalou os olhos surpresa. – Fiz a mesma coisa para o Chris e para Dinah. Gordon insistiu tanto que eu fosse o segundo pai da menina que eu não tive como dizer não. – E novamente Simon riu. Era evidente o nervosismo do homem em assumir aquilo, mas ele estava feliz, pois estava atraindo atenção de Lauren e fazendo sua “filha” sorrir.

– E para que esse dinheiro? – Lauren perguntou um tanto desconfiada, mas no fundo estava achando um belíssimo gesto de seu pai/padrinho.

– Era para faculdade. – Simon contou envergonhado. – Você, Dinah e Chris eram como filhos para mim e eu me vi no direito de ajudar com os estudos também. – Lauren assentiu e abriu um pequeno sorriso, o suficiente para deixar Simon em festa. – Todo mês eu punha mais cem dólares, até… – E quando Simon fez aquela pausa, Lauren arqueou as sobrancelhas, confusa. – O que eu quero dizer, Laur, é que essa não é a vida que eu queria para vocês. Eu não estava esperando que Gordon morresse, ou que seus pais morressem. Eu queria que você, Dinah e Chris tivessem crescido como crianças normais, com seus pais biológicos, com um futuro brilhante pela frente. Eu queria receber o convite da sua formatura, queria sorrir e chorar quando você ou a Dinah recebessem as cartas das universidades… – E uma lágrima escorreu pelo rosto de Simon.

– Se era isso que você queria Simon, então por que ficou furioso quando eu saí?

Lauren não entendia. Se Simon queria que ela fizesse faculdade, por que ficou tão bravo quando ela os abandonou para seguir seu sonho? Por quê?

O homem suspirou profundamente e negou com a cabeça. Nem ele sabia o real motivo de sua irritação e estava tentando encontrar as palavras certas para dizer e tentar convencer o gênio forte de sua “filha”. Lauren, afinal, havia puxado o gênio forte de Clara e somado a criação que lhe fora dada por ele mesmo, a garota era de opinião forte e não aceitava as coisas sem antes debatê-las melhor.

– Depois que seus pais morreram tudo que eu via era o mal. Em toda parte. – Lauren franziu o cenho. – E tudo que eu queria mantê-los vivos. Eu queria vocês preparadas, prontas. – Simon suspirou antes de prosseguir. – Ai em algum momento eu parei… Parei de ser seu padrinho, parei de tentar ser seu pai. E comecei a ser um sargento com você e com a Dinah. – Lauren percebeu a tristeza atingindo a voz de Simon e se aproximou. – Aí quando você disse que queria estudar fora, tudo que eu conseguia pensar era que você ia ficar sozinha. Vulnerável. – Lauren sentou-se na cadeira a frente de Simon e o encarou atentamente. – Laur, eu não parei para pensar que era o que você queria. Eu não conseguia aceitar o fato de que você e eu éramos diferentes. – Lauren começou a rir. – O que foi? – Simon franziu o cenho. Ele estava abrindo seu coração e Lauren estava rindo? Que falta de respeito era aquela?

– Não somos diferentes. – O homem arqueou a sobrancelha. – Não mais. O que aconteceu com os meus pais, com os pais da Dinah, depois de saber que a irmã da minha garota foi sequestrada pelo mesmo demônio que matou os meus pais… – Lauren balançou a cabeça e riu. – Nós temos mais em comum do que qualquer outra pessoa. – Lauren olhou para Simon que tinha um pequeno sorriso no rosto.

– Acho que tem razão, filha. – Lauren sorriu também.

Simon quase nunca se referia a ela como filha e aquilo a deixou feliz. Afinal, Simon era o seu pai desde o dia em que a resgatou das garras de sua tia e era mais do que seu pai agora.

– Ei, pai, o que houve com a grana da faculdade? – A morena perguntou na ingenuidade. Simon sorriu tanto pelo fato de Lauren ter ser dirigido a ele como pai, mas também por lembrar-se do que havia feito com a grana.

– Eu gastei em munição. – Lauren gargalhou e Simon a acompanhou. As altas gargalhadas despertaram Chris que após coçar os olhos fitou os dois.

– Vocês estão rindo? – Lauren franziu o cenho não entendo o motivo daquela pergunta. – Achei que estivessem brigados. – Chris sentou-se e encarou os dois caçadores. Após um breve silêncio, o jovem entendeu que Lauren e Simon haviam se acertado. – Certo! As garotas ainda não voltaram? – O jovem Jauregui olhou em volta e notou que estavam apenas os três e foi nesse momento que Dinah e Camila resolveram aparecer.

– Poxa! Quanta segurança para proteger um bando de mortos. – Dinah resmungou.

A loira retirou a jaqueta enquanto Camila depositava sobre a mesa a mochila que havia levado consigo para trazer o que Simon havia pedido.

– Conseguiram? – Simon perguntou olhando para a namorada de Lauren. Camila retirou de dentro da mochila um frasco cheio de sangue. O pedido especial de Simon fora que Camila e Dinah colhessem sangue de um defunto. Óbvio que a loira odiou o pedido, mas Camila foi sem pestanejar. Ela não queria ser seguida por vampiros e obrigou a cunhada a acompanhá-la naquela missão. – Vocês sabem o que fazer. – Simon olhou para as filhas e sorriu ao ver a careta de Dinah.

– Tudo eu, tudo eu, sempre eu. Aff! – Dinah resmungou para o divertimento de Lauren.

~~~~

Já atuando, Lauren serviu de isca para atrair os vampiros. A morena fingia olhar algo no motor do carro enquanto era observada de longe por sua namorada, Dinah, Simon e Chris. Após alguns minutos fitando o motor do carro, Lauren foi surpreendida ou nem tanto assim, pela vampira.

– Problema no carro? – Lauren se virou dando de cara com a mulher. A vampira analisou a caçadora dos pés a cabeça e sorriu pensando que Lauren não era de se jogar fora. Camila sentiu seu sangue ferver e teve que se segurar para não ir lá e arrancar, literalmente, a cabeça da vampira. – Eu te dou uma carona. Te levo para minha casa. – A vampira tentou seduzi-la e Lauren sorriu.

– Tô afim não, desculpa. Eu não sou chegada a necrofilia.

A morena rebateu e recebeu em troca um tapa bem dado da vampira. Seu corpo foi arremessado contra o carro com o lábio machucado. Mais um vampiro chegou para dar cobertura a vampira que pegou Lauren pelo queixo e a ergue como se ela não pesasse nada.

– Eu normalmente não fico intima antes do segundo encontro. – Lauren usou todo seu humor negro para distrair a mulher.

– Sabe, a gente bem que podia se divertir. Eu adoro fazer novos amigos.

E assim, a mulher abaixou um pouco o braço e tascou um beijo e tanto em Lauren. Camila passou a ver tudo vermelho. Ela se ergueu pronta para avançar sobre a vampira, mas foi contida por Simon.

– Desculpa, mas eu já tenho uma namorada. - Lauren murmurou com uma voz esganiçada.

Camila soltou-se de Simon e atirou contra o vampiro que dava cobertura a mulher que havia beijado Lauren. Chris agindo por reflexo também atirou e acertou a vampira. O plano não era de fato daquele jeito, mas havia dado certo. Os quatro saíram do esconderijo e foram até a vampira que virou-se para eles.

– Foi só uma espetadinha. – A mulher comentou divertida. Simon sorriu.

– Dá um tempo, gracinha. Flecha embebida em sangue do morto. É veneno para você, não é?! – E o sorriso da vampira sumiu como num passe de mágica.

– Dá próxima vez que beijá-la, eu não vou apenas atirar flechas com sangue de morto em você, eu vou arrancar sua cabeça com as minhas próprias mãos. Puta! – Camila afastou a vampira de Lauren e puxou a namorada. – Lava a boca. – A latina passou uma garrafinha de água para Lauren que sorriu. – Estou falando sério. – Lauren assentiu e rapidamente jogou água na boca. A vampira desfaleceu nos braços de Chris e Dinah se surpreendeu com a eficiência do jovem Jauregui.

– Podem levar! Eu cuido desse daqui. – Simon instruiu sacando seu facão. 

Enquanto levavam a vampira, Simon passou seu facão afiado pelo pescoço do outro vampiro arrancando a cabeça dele com facilidade. Após eliminar a monstro, Simon voltou ao carro onde Dinah guardava as armas e Chris ajeitava a vampira no tronco de uma árvore grossa. Lauren estava ao lado de Camila e as duas estavam escoradas na lateral do impala apenas observando Simon também guardar suas armas. O casal já havia acendido uma fogueira e os pedaços do vampiro morto por Simon já queimava.

– Joga isso no fogo. – Simon pediu entregando um frasco para Christopher. – Açafrão, pelo de jaritaca e trilho. Vão disfarçar nosso cheiro e o dela até chegar a hora. – Simon explicou acompanhando Chris até a fogueira.

– Nossa! Coisinha fedorenta, hein?! – Chris resmungou após abrir o frasco. Lauren e Camila riram.

– Essa é a ideia. – Simon virou-se para a “filha” e nora. – Ele é sempre resmungão? – Perguntou num sussurro. Lauren riu e deu de ombros. – Sujem as roupas com cinza e terão uma chance de não serem detectados. – Após espalhar cinza por toda a fogueira, Chris se virou para os demais.

– Será que eles vêm atrás? – Dinah perguntou na inocência.

– Vem! Vampiros se juntam pela vida. Ela significa mais para o líder do que a arma, mas a náusea do sangue passa logo. Vocês não têm muito tempo. – Enquanto Simon explicava, a vampira dava sinais de que iria acordar em breve.

– Meia hora deve resolver. – Dinah comentou guardando um facão no cinto que estava em sua cintura.

– E depois eu quero que saiam da área. – Lauren franziu o cenho. Do que Simon estava falando? Ele iria enfrentar sozinho todos os vampiros?

– Simon, você não pode lutar com todos sozinho. – Lauren resmungou séria e preocupada.

– Eu estou com ela e o colt. – Simon explicou, mas aquilo não convenceu à morena.

– Mas depois a gente se encontra tá? Usamos a arma juntos. – Lauren disse.

Jauregui aproximou-se do homem que abaixou a cabeça. Ele não queria que elas corressem mais perigo do que já corriam. Dinah olhou para Camila com uma expressão de completa confusão. A latina deu de ombros.  

– Simon? Você me ouviu? Vamos fazer isso, juntos. – Lauren não estava entendendo a relutância do homem até que uma luz se acendeu em sua mente e ela disparou. – Você vai embora de novo, não vai? – Simon desviou o rosto para a fogueira e Lauren obteve sua resposta. A fúria cresceu dentro da morena. – Ainda quer pegar o demônio sozinho, não é?! – Simon olhou para a afilhada/filha. – Quer saber? Eu não entendo. Você não pode nos tratar assim! – Rugiu fazendo Simon franzir o cenho.

– Assim como?

– Como crianças. – Lauren ralhou furiosa.

– Vocês são minhas crianças e eu só quero protegê-las. – Simon olhou para Dinah como se buscasse na loira uma confirmação, mas o que encontrou foi o contrário.

– Olha, Si, com todo respeito… – Simon franziu o cenho. Dinah iria enfrentá-lo também? – Eu acho isso uma besteira. – Simon arregalou os olhos, surpreso. Lauren, Camila e Chris não ficaram atrás.

– Como é que é? – Dinah engoliu a seco e criou coragem para prosseguir.

– Laur e eu sabemos caçar. Você mesmo nos mandou em várias caçadas. Não pode estar preocupado com nossa segurança. – Lauren assentiu as palavras da “irmã”. – Lauren ensinou Camila o básico da caçada e Chris sabe se defender sozinho. Não é esse o motivo. Não pode ser por que se for, é estúpido. – Simon trincou o maxilar.

– Não é a mesma coisa, Tiger. – O homem tentou contornar a situação, mas as filhas estavam irredutíveis.

– O que é então? – Dinah o peitou. – Quer nos deixar de fora da briga boa? – Simon suspiro.

– Esse demônio é um amaldiçoado. – Camila e Chris franziram o cenho. – Eu não posso fazer os lances precisos e me preocupar em manter vocês vivos. – Dinah sentiu seu sangue ferver. Simon estava duvidando de sua capacidade e aquilo a enfurecia.

– Ou seja, não pode ser temerário. – Dinah resmungou na tentativa de afetar o “pai”, mas foi em vão.

– Desculpem. Eu não espero sair inteiro dessa batalha. – Lauren e Dinah se entreolharam. – A morte de Lauren, dos Jauregui, dos Hansen… Isso quase acabou comigo. Eu não posso ver as minhas filhas morrerem e não vou. – Simon já estava com a voz embargada.

– E se você morrer? E se você morrer e pudéssemos ter evitado? – Lauren insistiu. Simon a encarou com seriedade.

– Si, eu concordo com a Laur. Eu estive pensando e acho que ela tem razão dessa vez. – Dinah se aproximou do homem que enxugou uma lágrima que escorreu. – Nós temos que fazer isso juntos. Somos mais forte juntos, como família, pai. Não somos? – Dinah colocou sua mão sobre o ombro direito de Simon.

– Estamos perdendo tempo. – Dinah arregalou os olhos. Simon retirou a mão delicada da jovem de seu ombro e deu alguns passos para trás, se afastando. – Vocês fazem o trabalho e saem da área. – Lauren trincou o maxilar e cerrou os pulsos. Simon nunca iria mudar. – É uma ordem! – Camila percebeu que a última cartada de Simon deixou Lauren bufando e resolveu se aproximar.

– Vem, amor. Vem comigo. – Camila abraçou a cintura de Lauren e a puxou em direção ao carro.

– Ele não pode fazer isso, Camz. Ele não tem esse direito. – Camila colocou Lauren no banco do carona e após fechar a porta, debruçou-se sobre a janela. A latina acariciou o rosto da namorada e sorriu.

– Ele não tem amor, mas ele está tentando proteger vocês e sei que no fundo, no fundo, o que ele mais queria era a companhia de vocês duas nessa caçadas. – Lauren negou. Camila segurou o rosto de Lauren e a obrigou a encará-la. – Escute! Simon quer salvá-las de um trágico fim. O demônio matou seus pais, os pais da Dinah, a esposa dele… Para ele foi um baque e ele não quer ter outro baque caso você e a Dinah não sobrevivam a essa luta, entende? Ele está tentando preservá-las, protegê-las.

– Ele não está nos protegendo. Nós sabemos nos defender. Ele está sendo egoísta. – Camila suspirou e bicou os lábios da namorada.

– Ele vai salvar Sofia e vingar vocês, tudo bem? É isso que ele vai fazer seja ele egoísta ou não. – Lauren soltou-se da namorada e olhou para frente. Camila sentiu que o assunto havia se encerrado e se afastou indo até o caçador. – Me prometa que vai salvar minha irmã, matar esse demônio e vir atrás das suas filhas. Me prometa, Simon. – Camila pediu deixando o homem sem palavras. Após um longo tempo de silêncio, Camila percebeu que Simon não iria prometê-la tão coisa. – Pelo menos salve Sofia e vingue as garotas. Você deve isso a elas. – E assim, a jovem Cabello seguiu para o impala onde Dinah já rugia o motor.

~~~~

Enquanto isso na estrada, Bo estacionava o carro em frente ao grupo de vampiros que apenas aguardavam o retorno dos que foram de encontro aos caçadores. Luther se enfureceu ao não ver sua namorada com Bo. O lacaio contou ao líder que os caçadores haviam cortado a cabeça de um integrante do grupo e que não encontrou Katie. Luther se enfureceu. Bo perguntou ao líder o que eles iriam fazer, pois aquilo era um ato claro de guerra. Antes que Luther pudesse responder, eles escutaram o som do motor da caminhonete de Simon. Bo não deu muita importância, mas com seu faro super apurado, Luther sentiu o cheiro de sua namorada que vinha da caminhonete.

Na caminhonete, Simon dirigia tranquilo apenas observando como Katie acordava aos poucos. O velho caçador escutou o barulho de um segundo carro e olhou pelo retrovisor central. Um par de faróis o seguia e Simon sorriu, pois seu plano havia dado certo. Ele estava sendo seguido pelos vampiros que estava caçando.

Enquanto isso no celeiro, Bo estava sozinho. Ele havia ficado para proteger o lugar. Após escutar um barulho, Bo se encaminhou até a porta do celeiro e franziu o cenho ao não ver ninguém. Ele deu de ombros e quando se virou, deu de cara com Dinah e Lauren. Jauregui abriu um sorriso e acertou com tudo seu facão contra o pescoço do vampiro que caiu morto na hora.

– Isso é nojento. – Dinah resmungou arrancando risadas de Lauren.

Na estrada, Simon era seguido pelos vampiros que a cada quilômetro se aproximavam mais. Em um piscar de olhos, Simon franziu o cenho ao não ver os carros que o seguiam atrás de si.

No celeiro, Lauren tentava resgatar as vítimas dos vampiros. Com a ajuda de um pé de cabra, a morena estourou as correntes e o cadeado abrindo enfim a jaula. Na estrada, Simon se viu encurralado quando ao fazer uma curva deparou-se com o grupo de vampiros. Ele estacionou o carro e com a maior tranquilidade do mundo desceu do veículo após Luther ordenar.

– Quem é você? – Luther perguntou.

– Meu nome é Simon Cowell. – O caçador respondeu.

– Quem são seus amigos? – E o vampiro continuou.

– Vão limpar o seu ninho. – Simon respondeu com um sorrisinho. Luther sorriu de canto.

– Cadê a Katie? – Simon puxou a vampira para fora do carro e a manteve grudada em seu corpo usando o facão para ameaçá-la. – Katie você está legal? – Simon começou a andar para frente do carro sempre usando a vampira como escudo.

– É sangue do morto. – Katie informou.

– Que desgraçado. – Luther cerrou os pulsos.

– Eu quero o colt. A arma do Elkins. Uma troca. – Simon ofereceu arrancando um sorriso do vampiro.

– Então é esse o negócio? Você não pode nos matar. – Luther olhou para o bando e do bando para Simon. – Nós matamos você.

– Eu não vou usar isso em você. É para uma outra coisa. Ponha o colt no chão ou ela vai primeiro. – Simon apertou o facão contra o pescoço de Katie.

Luther assentiu e começou a dar passos em direção ao caçador e a vampira. O vampiro pediu que Simon não machucasse sua namorada e sacou o colt que estava em sua cintura. Ele se inclinou colocando a arma no chão. Simon ordenou que eles se afastassem e foi até o revolver, porém quando Simon colocou as mãos no colt, Luther avançou sobre ele. Uma luta corporal começou e Simon teve seu corpo arremessado contra a caminhonete onde caiu desacordado. Quando Luther foi para cima do caçador, Camila e Chris começaram a disparar as flechas embebidas em sangue do morto. A primeira atingiu uma das vampiras o que assustou o restante do bando. Os disparos continuaram a acertar mais vampiros e logo Dinah e Lauren se juntaram a Camila e Chris. O grupo começou a enfrentar os vampiros de igual para igual, mas Chris se descuidou. Ele foi arremessado contra o carro e antes que Lauren pudesse salvá-lo, Luther já estava com ele nas mãos. Com o facão levantado e pronto para ser usado contra o pescoço do vampiro, Luther ameaçou a morena.

– Mais um passo e eu quebro o pescoço dele. – Lauren grunhiu, mas parou. – Abaixa o facão. – Luther ordenou. Lauren cerrou o maxilar e abaixou a arma. – Vocês humanos… Por que não nos deixam em paz? Temos tanto direito de viver quanto vocês. – Luther estava irritado e por isso apertava cada vez mais o pescoço de Chris que já estava sem fôlego.

– Eu acho que não. – Simon se levantou, pegou o colt e disparou contra a testa do vampiro.

Lauren puxou Chris para si e todos acompanharam chocados Luther morrer. Katie e a outra vampira fugiram antes que Simon atirasse contra elas. Após algum tempo recuperando o fôlego, Chris olhou para Simon e perguntou:

– Então é assim que você pretende salvar Sofia e matar o demônio? Fingindo-se de isca, sofrendo ataques e depois, em um ato milagroso, se levantando e matando o demônio? – Tanto Simon quanto o restante do grupo o encararam confusos. – Olha Simon, eu até te admirava, mas depois dessa furada… – Chris estalou a língua e ajeitou a jaqueta. – Você deveria aceitar nossa ajuda. Podemos ser jovens, Camila e eu podemos ser inexperientes, mas tenho certeza que assim como você, Lauren e Dinah sabem se defender e sabem defender quem elas amam. – E dito isso, o jovem Jauregui virou as costas e saiu andando pela estrada. Simon fitou Lauren que deu de ombros e foi atrás do irmão.

– Ele está em choque. Relaxa! Daqui a pouco passa. – Dinah comentou divertida, mas no fundo estava concordando com cada palavra dita por Chris.

Após recolherem as armas, o grupo entrou no carro e seguiu para o hotelzinho que estavam hospedados. Lauren e Dinah terminavam de arrumar as malas quando Simon entrou. A dupla parou o que fazia e se virou para o caçador. Camila ajudava Chris a colocar as coisas no carro enquanto isso.

– E ai, garotas? – Simon se aproximou das filhas. – Ignoraram uma ordem direta lá. – O caçador chamou atenção.

– É, mas nós salvamos a sua vida. – Dinah rugiu contra o “pai”. Lauren arregalou os olhos por Dinah estar se impondo contra Simon.

– Tem razão. – A loira franziu o cenho.

– Tenho?

– Isso que me apavora. – As irmãs se olharam e fitaram o caçador. – Vocês são tudo que eu tenho. Mas nós somos mais fortes como uma família. Então vamos atrás dessa coisa… Juntos. – Tanto Lauren quanto Dinah sorriram.

Da porta, Camila e Chris comemoravam. Finalmente Simon havia colocado a mão na consciência e percebido que era melhor um grupo de caçadores do que um único caçador.


Notas Finais


Prontinho amores!

Gostaram? Eu espero que sim.

Ah! Estou postando ela e Vampire (ambas com o tema sobrenatural) lá no wattpad. Vou deixar o link aqui para quem quiser ler.
Vampire: https://my.w.tt/k2LZLOIFhab
Preternatural: https://my.w.tt/D68YsjNFhab

Beijinhos!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...