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História Príncipe de Gelo - Capítulo 10


Escrita por: LollipopChu

Notas do Autor


Bônus nº 1, pela demora.

Capítulo 11 - Capítulo 10


Fanfic / Fanfiction Príncipe de Gelo - Capítulo 10

Subir naquele avião não foi a pior parte, a pior parte foi o sentimento de culpa por não ter me despedido direito de vó Alice, nem de Dragon e muito menos de Sunny.

-Tudo bem. Sunny vai entender.- Disse Daniel, lendo meus pensamentos.

-Não tenho certeza, Daniel. Sunny é minha amiga há anos e vai ser enganada junto com os outros.- digo triste.

-É para o seu bem, meu anjo. Para o seu bem. O quanto mais você ia ser humilhada lá, Elle? Hum? Ia se deixar humilhar assim?

-Não. Eu só .. Queria ele aqui comigo, sabe?- e alisei a barriga.

-Ele está, Elle. Ele está.

Paris era um lugar lindo, sim e como era. Mas agora sim, acreditava nas pessoas que dizem que Roma é uma das cidades do amor. Toda a França era linda, mas a Itália me cativou inexplicavelmente mais. Talvez fossem as pessoas, talvez a beleza, talvez a gastronomia, ou talvez apenas Daniel me mostrando tudo que o país tem de melhor.

Aquele lugar era lindo demais. Cada rua, cada viela, cada ponte, cada casa eram perfeitamente esculpidas. O lugar que eu mais gostava na Itália era Roma, aquele lugar tinha um charme a parte e devo dizer que o lugar onde as pessoas deixavam inúmeras cartas para Julieta me fez suspirar e até mesmo escrever uma carta para ela e grudar na parede, junto com as outras.

Não me cansava de ver Verona, nem de conhecer a Itália mais à fundo, nem mesmo de conhecer as partes mais pobres de Roma, nem mesmo de ficar num barco horas e horas enquanto conhecia Veneza, tanta beleza junta me fez esquecer alguns problemas e curtir a vida por alguns dias, até que o dia em que mais senti dor na vida chegara.

~.~.~.~.~.~.~.~.~.~.~.~.~.~

[TRÊS ANOS DEPOIS]

-Elle! Vem aqui! - Gritou Daniel da cozinha, me acordando.

-O que foi?- Perguntei preocupada.

-Só assim, não é? Será que você tem um tempinho para alguém que te ama? - choraminga.

-Eu pensei que era algo importante, Daniel! Fiquei muito preocupada!- briguei com ele que levantou as mãos para o alto.

-Eu me rendo. Desculpe. Não queria te acordar e te deixar brava assim. - se aproximou e me deu um selinho- Mas de verdade, será que a tão famosa Modelo e designer internacional Rebeka Collins teria um momento para a família?- brincou.

-Sempre tenho tempo para a família - e fomos em direção a sala, e rindo nos jogamos no sofá.

A minha vida deu uma guinada extrema desde a última vez em que estive em NY. Saí de lá arrasada e comecei a fazer umas aulas de pintura e cerâmica com Daniel e tomei gosto pela coisa. Alguns meses depois me chamaram para fazer umas fotos para uma revista pequena e desde então minha vida deu essa guinada. Nunca mais eu voltei em New York, quando tinha trabalhos para lá evitava sair da minha rota, e malmente via minha mãe.

Minha vida pessoal era Daniel que não deixava morrer, nós agora namorávamos a quase três anos e estávamos muito felizes, finalmente a carreira de Daniel deslanchou e ele agora fazia exposições por todo o mundo, não tinha uma galeria que não conhecesse o nome "Daniel Collins" e meu orgulho era evidente.

Quando não estávamos viajando ou expondo, estávamos na nossa pequena casa em um bairro afastado do centro, localizado na parte meio que rural da toscana. O lugar perfeito para se criar uma criança: sem muitos carros, sem muitos dramas, sem acidentes, sem malucos, o índice de criminalidade era quase nulo, sem estupradores. Era um lugar limpo com inúmeras e imensas plantações de uva por todos os lados e até nós produzíamos um pouco de vinho agora.

-Seu celular está tocando- Disse ele apontando para a mesinha e me tirando dos devaneios.

Peguei o celular e quase morri quando vi "DRAGON" escrito no visor, tremendo atendi sua ligação. Como ele conseguiu meu número?

-Cun.. Elle?- disse ele com uma vozinha triste.

-Sou eu, Dragon. Que voz é essa?- perguntei preocupada.

-Elle, você vai vir, não é?- perguntou.

-Ir para onde? Não estou sabendo de nada. - Daniel me olhou confuso.

-Minha avó.. Ela.. Faleceu- Disse triste- De madrugada. Ela já estava há algum tempo mal, e agora se foi.

-Ai meu Deus! Como assim ela morreu? Quando e onde vai ser o enterro? - perguntei meio exasperada.

-Te mando o endereço e horário por mensagem, ok? Elle, venha por favor. Essa família é outra sem você.- Eu sorri tristemente e desliguei.

-A vó Alice .. morreu.- Disse à Daniel que começou a chorar e sem perceber, nós dois chorávamos abraçados.

-Vamos vê-la. Temos que ir.- Disse ele.

-Também quero ir- o abracei.- Mas só um de nós pode ir e você sabe bem o porque.

-Elle, talvez você devesse só voltar sabe? Enfrentar os problemas. - diz como se não soubesse meus motivos.

-Você sabe que não posso.

-Vou estar todo o tempo com você- me beijou de leve e rimos, apesar de tudo.- Venha- disse se levantando- Vou levar vocês à um lugar.

-Que lugar?- perguntei curiosa.

-Basta me seguir.- E sorrindo me puxou em direção ao quarto.

Nós nos arrumamos e o carro que Daniel dirigia nos guiou rumo ao norte. Estávamos indo à Veneza? Roma?

-Para de tentar advinha, Elle. Não é tão longe, ok? Agora, pare. - ri voltando a prestar a atenção na estrada.

-Sabe, as vezes eu acho isso muito estranho. Como você pode ler minha mente? - questiono.

-Porque nós somos almas gêmeas, tenho esse poder sobre você, assim como eu não resisto ao teu toque.- fala sorrindo.

Isso era verdade. Daniel parecia sempre saber o que eu estava pensado e nesses anos em que estávamos juntos ele nunca me desapontou, ou nós brigamos excesso.

Assim como eu sabia que ele não conseguia resistir ao meu toque. Um simples caminho traçado pelo meu dedo indicador do alto do pescoço até o meio da barriga, passando por seu peito largo fazia com que ele tivesse espasmos involuntários e se arrepiasse todo. Eu gostava desse efeito que tínhamos um sobre o outro, era quase como se tivéssemos poderes.

-Então, já pedi para o Carl comprar as passagens, ok?- Carl era seu assistente pessoal.

-Eu ia pedir para o Merlin fazer isso- Disse rindo. Merlin era o meu assistente pessoal. E o que era um assistente pessoal? Simplesmente a pessoa que deixava minha vida mais leve e menos complicada- Mas já que se adiantou, obrigada.

-Eu.. Ele comprou três passagens.- Disse sem me encarar, obviamente com medo da minha reação.

-Três Daniel? Por que? Eu disse que só um de nós iria nessa viagem!- Gritei com ele.

-Será que você percebe que nós nunca brigamos seriamente, e estamos brigando agora simplesmente por que você está com medo de encarar Connor? Você esqueceu que tem a minha exposição na mesma galeria onde houve a exposição de Alessa, da última vez?- Tentou argumentar.

-Daniel, não importa! Como você pôde?- meus olhos se encheram de lágrimas.

-Você ainda vai continuar chorando por ele por mais quanto tempo, Elle? - pergunta sem me olhar.

-Não estou chorando, nem por ele , nem por ninguém.- virei o rosto para a janela.

-Quanto tempo ele vai assombrar nossas vidas, Elle? Você se tornou mais forte e linda nesses três anos, mas mesmo assim ainda chora só de o nome dele ser mencionado.- Daniel não estava facilitando.

Será que eu fiz o favor de estragar as coisas, de novo? Daniel era um amor e eu não tinha dúvidas que o amava e era grata a ele. Minha vida hoje não teria sido a mesma se ele não tivesse me ajudado. Tudo o que eu sou hoje, tudo o que eu tenho hoje é porque Daniel me ajudou a conquistá-lo, e por isso não era justo eu continuar namorando-o e chorando por outro homem e no fundo eu sabia que eu era única errada nessa conversa.

-Me desculpe, Dani. - peço ao pegar sua mão, pousada em sua coxa e levá-la para a minha. Ele não resiste.

-Tudo bem. Eu só quero que você prove não só para o mundo, mas sim para você mesma que você pode mais, Elle. Hoje você é uma mulher muito forte, bem sucedida, confiante e não mais a 'garota adesivo' e sim a 'super girl'! Entendeu? - E nós dois começamos a rir.- Ah, chegamos.

Nós tínhamos indo para um dos campos em Verona, exatamente onde existe a lenda que diz que bem ali, naquelas ruínas era onde ficava a mansão Capuleto de Romeu e Julieta. Nos sentamos mas perto do riacho e abrimos uma toalha. Seria um piquenique!

-Eu sei que nós marcamos várias vezes e não pudemos concretizar, por isso eu resolvi que faríamos hoje.

A tarde cai perfeitamente e quente, ao longe o sol iluminava a clareira e transformava as copas das árvores ao longe de verdinha para tons âmbar, eu não me cansava de ter aquela vista.

Nós estávamos deitados sossegados na grama macia e esperávamos que o dia nos desse seus grandioso adeus. Ali nos braços de Daniel eu me sentia de verdade amada e segura.

-Elle, o que vai acontecer?- pergunta meio nervoso.

-Vamos seguir e conseguir vencer essa nova batalha - Tentei sorrir, mas nem eu mesmo tinha confiança.

-Você não acredita nisso. Elle, eu não pensei direito. Não quero dividir nossa família com a família Cameron.- Disse aparentemente tristonho.

-Não vai.- levantei de seus braços e o fiz levantar também. - Sou sua Daniel, assim como você é todinho meu. Nada vai mudar isso. Entendeu?

-Entendi. Eu te amo.- Disse ele sorrindo e me beijou.

- Também te amo. - sorrio e mudo de assunto - Quantos filhos você quer ter? - Perguntei à ele de repente, esbanjando segundas intenções.

-Sete?- disse rindo e me fazendo cair na gargalhada.

-Sete? Ok. Três meninos e 4 meninas?- eu não tinha certeza se era brincadeira ou sério.

-Não. Todos meninos. - fala completamente sério.

-Por que?- pergunto sem entender

-Meninas são muito barulhentas- E nós começamos a rir de novo.

-Tudo bem, mas e se vir uma menina no meio?

-Vamos ter que criá-la e amá-la.- disse rindo - e depois nós a mandaremos para um internato na suíça.- começou a gargalhar em meio a falta de ar.

-Canta uma música para mim?- perguntei quando recuperamos o fôlego

-Que tipo de música? - sorri

-Uma em que eu pense muito em você, e me lembre desse momento após muitos anos, sempre que ouvi-la.

-Okay. Vou cantar uma música chamada One Person de um cantor sul coreano chamado Moon Myun Jin.- Disse sorrindo.

Eu me lembrava dele ter cantado essa música para mim uma vez, há anos atrás. A música era perfeita e muito suave, assim como a letra era perfeita.

[LETRA DA MÚSICA/TRADUÇÃO]

"Eu não sabia

que era você a pessoa

que estava enchendo todo o meu coração.

A pessoa que por fim encontrei após um longo caminho.

Essa única pessoa é você, quem está diante de mim.

Acho que não haverá uma segunda vez.

Acho que você é a última para mim.

Amor que muda tudo, até a dor e a tristeza.

Até o dia que eu parar de respirar

Até o dia que todas a luzes do mundo desaparecerem

Creio que vou estar neste último amor com você.

Agora eu sei

A tristeza que permanecia comigo

Desapareceu completamente por sua causa.

O amor que se revela após a longa escuridão.

É você, a única pessoa que está parada diante de mim.

O nome que chamo constantemente várias vezes ao dia.

O nome gravado no peito que não consigo apagar de forma alguma.

O amor que muda tudo, tudo de mim.

Até o dia que minha respiração parar.

Até o dia que todas as luzes do mundo desaparecerem

Acho que estarei neste último amor contigo.

Creio que estarei neste último amor. " 

-Obrigada- digo sorrindo e emocionada ao mesmo tempo.

Ele pareceu tomar muito ar e então deixou o violão de lado e sentou de frente para mim, de joelhos.

-Elle Rebeka Kim, Embora eu não possa dizer as palavras que você quer ouvir, é verdade que eu quero ser parte do futuro que você sonha. Então seja minha. Me dê a chance de te provar que mesmo sendo um cara feio eu posso te fazer feliz. Realmente talvez eu não me encaixe nos requisitos do cara certo, nem do mais rico, nem considerado bonito, nem do cara agradável, nem do cara que sua mãe deseja como genro, mas eu sou de verdade o cara que mais te ama.

Tomou mais um pouco de ar e enfiou a mão no bolso, tirando de lá uma caixinha preta, a qual pressionou em sua mão. Depois do que pareceu uma eternidade, a entregou para mim e eu sem saber o que fazer, abri. E dentro tinha um anel lindo, todo em ouro branco e com o solitário mais lindo da minha vida, além de suas aplicações detalhadas de brilhantes no caminho para o diamante. Olhei para ele sem saber o que fazer.

- Você aceita se casar comigo?

- Coloque-o em mim. - digo rindo emocionada com todo aquele carinho e amor expressado em um pedido tão fofo - Sim, Daniel. Sim! Mil vezes sim!

Ele lentamente o escorregou pelo meu dedo anelar direito, e enquanto o fazia duas lágrimas rolaram pelo seu rosto, me fazendo chorar também.

-Eu sempre quis que alguém me propusesse assim.- falo à ele sem conseguir controlar minhas lágrimas.

-Eu não achei que iria propor assim.. Queria um shopping lotado, ou convocar a imprensa ou até quem sabe, te pedir no meio de um restaurante! - Disse rindo eufórico.

-Eu amei assim, do jeito que foi. Foi perfeito. Obrigada.- Disse ficando de joelhos e o beijando.

-Calma, você tem que colocar o meu também.

E me entregou outra caixinha igual a minha, e dentro um anel que combinava completamente com o meu, até na aplicação de brilhantes. Olhei para ele incrédula.

-Você não quer que o mundo saiba que sou seu?- Explicou e eu coloquei o anel no seu dedo, e logo após beijei-o.

Tinha como aquele dia ficar mais perfeito? Será que era a hora de contar para ele? Será que se eu contasse agora, iria estragar o momento? Tomei coragem e muito ar, mas quando estava pronta para falar, uma voz preguiçosa anunciava que havia acordado, e meu coração se derreteu na mesma hora, assim como a coragem se foi.

-Mama.. - Disse o amor da minha vida, a única pessoa que eu amava mais que Daniel.

-Oi, meu amor. Acordou?- disse rindo e ele preguiçosamente levantou da cadeirinha do bebê conforto que lhe servia de cama e veio correndo com suas perninhas para os meus braços.

-Mama!- gritou me abraçando e eu olhei rindo para Daniel que fazia uma cara de traído.

- E o papai? Você não lembra dele não? É só sua mãe?- e abaixou a cabeça, fingindo chorar e eu ri.

-Papa.. -Disse saindo de meus braços e tentando chegar em Daniel.

Quando não conseguiu passar pela minha perna deu alguns gritinhos histéricos até que o pai o pegou no colo.

-Meu garotinho lindo.- Enquanto eles brincavam, eu me lembrava do meu último dia em NY.

******

Olhava nervosa para a expressão triste de Daniel.

-Daniel, não se atreva!- disse a ele quase chorando.

-O bebê está bem, Elle.

-E porque minha barriga está assim, tão murcha?- uma onda de alívio me percorreu e pude sorrir uma outra vez.

-O médico disse que é assim mesmo, vai ficar um tempo murcha, mas logo vai voltar ao tamanho normal.- Sua cara não era nada boa.

-Daniel, e porque essa cara? - pergunto preocupada.

-Elle não é minha irmã.- Disse deixando uma lágrima solitária escorrer por seu rosto.

-Como assim?- perguntei nervosa.

-Fui levar a mesada dela pessoalmente e ouvi uma conversa dela com o detetive que a encontrou. Eles riam de mim e da minha cara de trouxa por acreditar que ela era minha irmã. E eles estão certos. Eu nem quis exames nem nada, estava tão desesperado para encontrar Elle que nem me importei com uma coisa importante assim.- Abaixou a cabeça.

-Vou ficar com você, Daniel. Vou te dar forças , ok? Vamos encontrá-la com toda a certeza. Mas antes preciso de ajuda.

-Que tipo de ajuda? - Ele enxugou o rosto e olhou para mim, confuso.

-Quero que me ajude num plano que acabei de bolar.

-Qual plano? - suspira sorrindo.

-Vamos dizer à Connor que eu perdi o bebê, e vamos criá-lo bem longe daqui. Preciso de ajuda.. financeiramente, porque vou ter que deixar o trabalho, mas depois te pago tudo de volta.

-Você tem certeza, Elle? Isso é muito sério. Depois de você falar isso uma vez, o bebê vai ter que viver escondido.

-Eu sei que é uma decisão que pesa muito, mas eu quero ver a expressão dele. Ele não liga Daniel. não está nem ai para o filho. Só se importa com a pequena que Alessa carrega. Ele não vai sentir falta, ele mesmo disse isso várias vezes.

-Elle..

-Chame o médico, por favor.

O médico graças a Deus era amigável e me ajudou em meu plano, quando Connor entrou na sala, sua expressão não dizia nada, na verdade não havia expressão.

Só depois de sair do hospital eu consegui respirar de novo, minha mãe me mataria, por isso liguei para ela e expliquei tudo, desde tudo o que Connor me disse desde o começo do casamento até o meu plano.

Disse à ela que ficaria tudo bem e que logo voltaria de Roma, também disse à ela que somente ela deveria saber disso e que era para ela reivindicar o "corpo" do neto, e assim ela o fez. Graças a Deus ninguém notou nada e eu pude embarcar no avião tranquila.

**********

-MAMÃAAAAE!!-Gritou Daniel e nosao filho, me assustando.

-Meu deus! Que susto!- digo, espalmando a mão no peito.

-Onde você estava? Temos quase 5 minutos te chamando. - pergunta Daniel e eu sorrio.

-Desculpe. O que foi?- tentei me recuperar.

-Principe Calleb quer ir para casa. - fala em sua voz rouca e eu sorrio.

-Quer ir para casa, meu amor? - pergunto à ele, que me olha fazendo bico.

-Quelo, mama. tá fio.-

Meu pequeno ainda não conseguia falar as palavras corretamente e por isso sempre sorria ao ouvi-lo falar. Se bem que haviam horas em que suas palavras saíam corretas e em outras não. Os médicos disseram que isso é normal.

-Tá com frio, meu amor?- o abracei e guiei até o carro, onde o prendi no bebê conforto e fui ajudar Daniel a guardar as coisas.

-Ele cresceu, não é?- diz Daniel, dobrando a toalha.

-Até demais. Queria que ele voltasse a ter um ano de idade. - Choramingo.

-Nosso pequeno príncipe gosta de ser grande, meu amor.- rindo se afastou.

Pouco a pouco fomos guardando as toneladas de coisas que havíamos trazido, e então entramos no carro. A volta pára casa foi silenciosa porque Calleb havia dormido.

Daniel Calleb Collins, foi o nome que escolhi na maternidade assim que peguei ele nos braços. Daniel não gostava de eu ter dado o nome dele à Calleb, dizia que ele poderia crescer complexado com o nome feio, mas eu não podia pensar numa homenagem maior e mais bonita que essa.

Quando chegamos em casa invertemos os papéis: Daniel foi colocar ele no quarto e eu guardei as coisas.

Já passava da 00:00 quando Daniel finalmente deitou ao meu lado na cama, completamente derrotado e me fez rir.

-Ele dormiu?- Perguntei rindo.

-Dormiu. Mas antes eu tive que me deitar no berço junto com ele e toda vez que eu me mexia ele acordava.- E suspirou enquanto eu dava gargalhadas.

-Dani.. tenho uma coisa para te contar.. Quero contar desde hoje de manhã, mas não tinha coragem.- Disse deitando e colando meu rosto no seu.

-Diga meu amor, Pode falar. O que for, vamos superar. - sorrio apoiando a cabeça na minha barriga.

Senti minhas mãos suarem, meu coração começou a martelar no peito, eu não conseguia salivar e minha garganta parecia um deserto. Quando comecei a suar frio, Daniel ficou preocupado.

-Você tá pálida e suando frio.- Enxugou minha testa.- O que foi? Fala agora, Elle.

-Eu..- Cadê a coragem?- Eu.. Eu não consigo.- Abaixei a cabeça em desespero.

-Basta tomar um pouco de fôlego que você consegue, ok?

-Fôlego?- ele balançou a cabeça em afirmativo e eu comecei a puxar o ar tão forte que meu nariz doía.- Tomando fôlego- tentei sorrir, mas meu nariz e pulmão doíam pela força com que eu inspirava e expirava.- Daniel! Eu estou.. Morrendo de medo.- tentei faltar, mas não consegui.

-Cante para mim.- ele disse- Você se acalma quando canta.

Fiquei em pé na cama e ele também. Me mandou respirar mais devagar e começamos a pular. O nosso colchão ser de mola facilitava o trabalho.

-Agora cante.- disse.

Eu fechei os olhos e ainda pulando comecei a cantar Fallin' for you.

" I've been spending all my time

Just thinking 'bout you

I don't know what to do

I think I'm fallin' for you

I've been waiting all my life

And now I found you

I don't know what to do

I think I'm fallin' for you

I'm fallin' for you

As I'm standing here

And you hold my hand

Pull me towards you

And we start to dance

All around us

I see nobody

Here in silence

It's just you and me "

[TRADUÇÃO]

"Eu tenho passado o meu tempo

Somente pensando em você

Não sei o que fazer

Acho que estou me apaixonando por você

A minha vida inteira eu esperei

E agora que te encontrei

Não sei o que fazer

Acho que estou me apaixonando por você

Estou me apaixonando por você.

Enquanto estou aqui

E você segura a minha mão

Me puxa para perto de você

E começamos a dançar

Tudo à nossa volta

Eu não vejo ninguém

Aqui neste silêncio

Somos só você e eu."

Quando a letra da música acabou, eu me senti infinitamente mais calma e agora meu coração não doía como antes, por isso reuni coragem de algum lugar remoto no meu coração e falei de uma vez, em alto e bom som. E por dentro pedia para que ele me perdoasse.

-Daniel, eu estou grávida.- fechei os olhos e esperei o som da batida do corpo dele no chão, após a notícia, mas o som não veio.

-Olha para mim.- Disse Daniel, mas eu não conseguia.- Abra os olhos.- disse pegando em meu queixo e eu os abri com muito medo e extremamente devagar, e fui recebida por um sorriso iluminado.

-Grávida? De verdade?

Seus olhos, assim como todo o seu rosto sorriam e isso me deu uma segurança boba. Somente balancei a cabeça e Daniel me fez levantar na cama e começou a pular de felicidade.

-Você..- disse cansada- Está.. feliz?

-Sou o homem mais feliz desse mundo todo, Elle.- E com um último salto, se jogou na cama, depois me puxou para os seus braços e rimos - Mesmo minha família coreana sendo parcialmente grande, sempre sonhei em ter uma família gigantesca só minha. Sou o homem mais sortudo do planeta.

Ficar ali olhando nos olhos do homem que eu amo, do homem que cuidou de mim no momento que eu mais precisei, que me amparou como um guardião e que deixa claro que me ama foi a coisa mais perfeita que poderíamos ter feito.

Senti ele se aproximando e de repente sua boca estava na minha, sua língua deliciosamente quente tocava a minha como se estivessem em uma dança e meu coração se encheu de alegria. ouvimos pequenos passos a porta e olhamos para o nosso pequeno segurando seu ursinho e nos olhando paralisado.

-Filho? O que foi?- Daniel correu igual um tigre corre para proteger o seu filhote e se ajoelhou em seu lado.

-Podu dumi aqui?- apontou os pequenos dedinhos para a cama.

-Claro, meu amor. - digo e Daniel o pega no colo, trazendo-o para a cama.

Aproximei meu filho do meu peito, enquanto Daniel me abraçava por trás e assim se passou a noite perfeita, após o dia perfeito.

~ X ~

Nos levantamos cedo para ir ao aeroporto, Merlin veio nos pegar no carro dele e disse que apesar de estarmos indo para o velório, eu tinha que cumprir minha agenda. O vôo foi calmo e tranquilo, exatamente tudo o que eu não estava no momento. Só conseguia pensar que logo mais Connor iria ver meu filho, e será que ele iria desfazer dele?

Com terror expressado nos olhos, eu e Daniel sentamos bem no fundo da grandiosa capela, de cabeça baixa, olhando o nosso filho que dormia confortavelmente nos braços do pai. Pai. Daniel era o pai dele.

Nos sentamos ao fundo e esperei até que Dragon anunciasse que eu iria falar algumas palavras.

Me levantei tendo a nítida visão de todos ali presentes - cerca de 500 pessoas - me olhavam sem saber quem eu era. Estava com um daqueles chapéus com tecido sobre o meu rosto. Subi até o púlpito da igreja e me virei tirando o chapéu. Connor me olhava hipnotizado, assim como Dragon, Sunny e Alessa. Eu mudara tanto assim?

-Olá- disse tentando lutar contra as lágrimas.- Nunca pensei que fosse ir no velório da minha pseudo-avó tão querida. Vó Alice era uma mulher incrível que me ouviu e guiou no momento mais crítico da minha vida, ela era muito especial e importante para mim e..- Me assustei ao ver Connor levantando de seu lugar e vindo para a frente. Me encarou com seus grandes olhos e eu percebi o quanto ele mudara, parecia 10 anos mais velho com sua barba por fazer e roupas amassadas.- Só queria poder agradece-la dignamente. Obrigada.- Uma chuva de palmas se seguiu.

-Elle?- Disse ele sem acreditar.

-Olá Connor.- Disse o encarando com um sorrisinho sarcástico em meio as lágrimas.

-Como é possível? - perguntou cego.

-Eu vim aqui hoje..- disse saindo do púlpito e indo em sua direção, mas acabei desviando dele e antes de seguir meu caminho, sussurrei- para ter certeza de ver você sofrer, assim como me fez sofrer. Bem vindo a seu inferno particular, Connor Cameron.- E sorrindo levemente para a sua cara chocada, voltei ao meu assento sem saber de onde eu tirei coragem para falar algo daquele tipo.



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