História Prisoner. - Viva.

Ele queria poder dizer que aquele tinha sido um único clone da kunoichi ele encontrou, mas parecia que alguém estava compenetrado em fazer daquilo seu inferno pessoal.

Não havia apenas um clone, mas sim, dezenas deles e toda a falsa pacividade que o primeiro clone possuía tinha desaparecido. Sakura’s de diferentes idades rumavam em direção a cidade com o único objetivo de fazer o maior estrago possível e, aproveitando da imagem da rosada, pegando os moradores de surpresa até que alguém intervinha e colocava um ponto final ao clone.

E esse alguém todas as vezes era ele, o único que sabia que aquela não era a verdadeira kunoichi porém a cada morte de um clone Sasuke sentia um pedaço dele morrer junto.

Um dos piores momentos da sua vida se repetindo, criando ainda mais memórias traumatizantes e como se todos os clones soubessem, a ultima coisa que todos faziam era olhar no fundo dos olhos dele para que Sasuke revivesse o momento onde os olhos verdes de Sakura morriam, mas se esse era o preço a pagar para que a memória da rosada continuasse intacta.

Não deixaria que profanassem a imagem dela em Konoha.

Porém, a visão de uma Sakura criança empalada agonizando em uma cerca de arame farpado era algo que ele não gostaria de ter presenciado.

 De verdade quando ele viu aquela versão rosada, andando na direção de um grupo de civis ele não teve reação. Quem teria reação a aquilo? Porém ele não precisou fazer nada, parecendo não ter apreço nenhum a própria vida, a criança tentou escalar uma das muretas para alcançar os civis prém acabou embolada no arame.

Como um gesto de clemência, Sasuke pôs um fim ao sofrimento dela fechando os olhos enquanto dava o golpe final.

Ele se permitiu fechar os olhos por mais um instante se sentindo esgotado, seus passos arrastados e pesados o guiavam para lugar nenhum apenas o levavam para frente. Sabia que tinha que ir atrás de Obito e descobrir por que Pain estava atacando a cidade, por que havia clones de Sakura espalhados tentando atacar a cidade, mas naquele momento...

Naquele momento ele apenas se arrastava como um zumbi, sua espada vinha em mão caída deixando um rasco por onde ele passava, sua camisa e pele estavam manchadas de sangue seco dos conselheiros dando um aspecto mais assustador a ele.

Sua visão estava embaçada, mas isso ele sabia que nada tinha haver com seu cansaço. Desde o momento em que tinha jurado vingança contra Konoha, o uso ineterrupto do Mangekyo Sharingan estava danificando sua visão de forma acelerada, o que tinha começado com apenas como um borrão irritante agora dominava toda sua visão.

Não sabia se aquilo iria prejudicá-lo demais durante uma batalha com um inimigo realmente poderoso porém aquilo não era algo com que ele se preocupasse.

Sasuke ouvia as esplosões longe, mas não tinha motivação nenhuma em se juntar a Naruto e os outros. Fazia algum tempo em que ele não encontrava com nenhum clone o que o fazia voltar ao seu objetivo.

Ir atrás de Obito.

Ele respirou fundo, recombrando sua motivação para enfrentá-lo. Ergueu sua espada, apoiando a parte não afiada em seu ombro.

 Ele já entrando em sua velocidade anormal quando notou uma batalha acontecendo na direção que seguia, ele iria desviar, mas ao passar perto reconheceu o grito de Sakura.

Ou melhor, de um dos clones.

O clone, uma Sakura um pouco mais nova do que a Sakura original que ele tinha visto pelo ultima vez, ela tinha sido arremeçada contra a floresta, o que quebrou uma de suas pernas criando uma fratura exposta onde seu osso saltava para fora.

Sasuke não buscou o que ou quem a tinha arremeçado, apenas se dirigiu até o clone, enfiando a espada onde se localizava o coração. Feito, ele retirou sua espada e não ficou para ver o corpo do clone se deteriorar.

Antes que ele deixasse o local, algo veio em sua direção, aterrissando a poucos metros dele destruindo parte do solo e, assim, levantando uma enorme nuvem de poeira.

Uma nuvem de poeira não era nada para quem possuía Mangekyou Sharingan que conseguiu ver, apesar de borrado, o contorno de corpo borrado se levantando.

Confuso por não sentir nenhum chakra e duvidando que pudesse ser um simples civil, Sasuke assumiu uma postura defensiva erguendo Kusagina. O vento bateu contrária a ele, dicipando a nuvem e relevando outro clone de Sakura se erguendo. Mesmo estranhando a velocidade com que esse clone tinha se movido – apesar da aparência ser igual a da rosada, nenhum dos clones possuía chakra – Sasuke relaxou um pouco sua postura, ainda mantendo a espada erguida.

Talvez aquele fosse um clone mais avançado...

A imitação desta vez da kunoichi parecia ter a mesma idade que ela tinha quando morreu, porem o cabelo rosado estava mais longo passando dos ombros, usava roupas negras parecidas com as que ela usava quando os dois se encontraram pela primeira vez no esconderijo de Orochimaru e as típicas luvas que Sakura costumava a usar.

A nostalgia o atingiu em cheio, o fazendo engolir a seco. Ele não se mexeu, esperando que o clone fizesse o primeiro movimento.

Os olhos verdes do clone percorreram analíticos a clareia que ela tinha aberto com atenção até finalmente pararem em Sasuke.

Ele podia jurar que o reconhecimento passou pelo olhar dela, mas ele sabia que aquilo era impossível. O clone ergueu o queixo e os punhos, de modo desafiante para ele.

Aquilo era um comportamento incomum dos clones, geralmente eles não se ligavam a um único alvo e sim tentavam ser o mais destruivos que pudessem, levando o máximo de destruição antes de morrerem.

 Sasuke arriscou dar um passo na direção do clone, porém assim que a sola de seu pé terminou de tocar o chão o clone bateu o próprio pé, quebrando o chão, e usando aquele pé como apoio, ela girou o corpo ganhando impulso para bater e com o outro, ela chutou um dos pedregulhos que haviam se soltado do chão na direção dele.

Mesmo surpreso, seu corpo agiu automaticamente se desviando do pedregulho. Ele voltou a sua posição original, ainda sem acreditar na evolução que aquele clone possuía.

Ele era tão forte assim? Para conseguir quebrar o chão? Ou ela possuía chakra? Se tivesse, teria que saber controlá-lo muito bem pois Sasuke nem ao menos pode senti-lo.

A surpresa que Sasuke deixou escapar em suas feições fez com que o clone abrisse um sorriso arrogante.

— Surpreso em me ver?

A voz da rosada pareceu acordá-lo e toda expressão fora a seriedade de sempre desapareceu do rosto dele. Com a surpresa passada pelas novas habilidades que o clone possuía, Sasuke voltou com sua postura ofensiva erguendo Kusanagi.

— Hn.

Querendo terminar logo a batalha, então desconsiderando a força que ela aparentava tever, ele usou da sua velocidade para se aproximar com Kusanagi pronta para fazer seu movimento final o que na mesma hora se mostrou ser uma péssima ideia.

O clone agarrou – literalmente agarrou – a lamina, puxando Sasuke e com a mão livre ela desferiu um soco diretamente no rosto do Uchiha que na mesma hora sentiu a parte interna de sua bochecha abrir e por pouco seu maxilar não quebrou com o impacto do punho dela, o estrago iria ser maior do que apenas um corte se ele não tivesse jogado seu corpo para trás.

O clone empurrou a lamina para longe, sem dar importância a ela ou para o corte que a lamina deixou em sua mão.

— Vai ter que fazer mais do que isso. – cuspiu as palavras debochada erguendo o punho que pingava sangue no chão.

E foi então que ele sentiu um pequeno pico de chakra vindo dela o que o deixou abismado.

Aquele chakra...

Não, ele não se deixaria enganar daquele jeito.  

— Katon: Liberação de fogo! – ele gritou e enormes bolas de fogo foram direcionadas para o clone.

Com habilidade, o clone se desviou das bolas de fogo e – como se soubesse o tempo exato que o jutso duraria – ela parou ao lado de algumas arvores, utilizando de sua força ela arrancou uma delas que tinha o tronco largo e atirou na direção dele.

Como estava com a visão danificada, Sasuke se concentrou em desviar do tronco e acabou sendo surpreendido quando o clone surgiu do outro lado e desferiu um chute em suas costelas, quebrando algumas e trincando outras. Ele fincou Kusanagi no chão, evitando que ele fosse arremessado para longe.

Sasuke levou uma das mãos até as costelas, sentindo uma pontada de dor aguda a cada vez que respirava.

O clone não deu brecha para que ele pudesse se recuperar, avançando mais uma vez Sasuke teve que abadonar Kusanagi para conseguir desviar de outro golpe certeiro que acabou atingindo o chão, o despedaçando.

— Eu sei o que você quer e eu não permitirei isso. – o clone declarou sem parar os ataques.

Obito tinha enviado aquele clone para matá-lo, era isso?

— Eu tenho que colocar um ponto final nessa história. – ele retrucou se desviando dos ataques, recuando e assim formando uma espécie de dança enquanto lutando.

— Então acho que você não me deixa outra opção. – ela fez o selo do tigre com as mãos. – Kage Bunshin no Jutso!

Outro pico, dessa vez mais forte, de chakra e ele viu dois clones surgirem ao lado do clone original.

Ele reconhecia aquele chakra.

Seus músculos travaram e Sasuke tropeçou, rolando uma vez antes de conseguir voltar a ficar de pé. Os dois clones o cercaram, aparecerendo ao seu lado segurando seus braços com força o que era desnecessário.

— Sabe uma coisa interessante que eu aprendi nos meus anos de aprendiz com a Hokage? – a kunoichi original se aproximou dele, parando a poucos metros. – Pontos vitais.

Os clones da kunoichi atingiram vários pontos nos braços dele e Sasuke não conseguiu mais movimentá-los, os dois ficaram caídos como se fossem de pano.

Mesmo agora sem o movimento dos braços, Sasuke não expressou nenhuma reação. Ele apenas a encarava em choque em silêncio.

A rosada deu um passo na direção dele ao mesmo tempo que os dois clones sumirem em um “pfff” de fumaça.  Sasuke sentiu o vento bater em seu rosto trazendo consigo o perfume que ele jurou que nunca mais teria o prazer de sentir.

— Sakura... – ele fechou os olhos apreciando como o nome da kunoichi escapou dos seus lábios, como uma carícia em seu coração.

Os picos de chakra, o perfume que o envolvia agora, sua força...

Era ela.

Sakura.

Ela estava viva.

Sasuke soltou a respiração que nem percebeu ter prendido, os olhos ônix se abriram focando toda a atenção nela se irritando pelo borrão o impedir de vê-la claramente.

Queria vê-la de perto, guardar seus detalhes, encher seus pulmões com seu perfume, sentir os fios rosados entre seus dedos, encostar o ouvido em seu peito e ouvir seu coração bater.

— Sakura... – ele disse mais uma vez sentindo seus membros inferioress perderem a força e então caindo de joelhos.

A kunoichi não pareceu ter se abalado pelo momento como Sasuke tinha sido e o surpreendendo mais uma vez, agarrou seu pescoço com sua força sobrehumana.

Sasuke ofegou em busca de ar, mas nada podia fazer para se soltar do aperto mortal com os braços paralisados daquele jeito, apenas ofegar implorando por ar.

— Eu nunca fui prisoneira. – ela disse parecendo não se abalar com a imagem de Sasuke sufocando, Sakura o ergueu do chão pelo pescoço. – Eu nunca fui seqüestrada e todas as vezes que eu corria de você era por saber que de todos, você era o único que eu temia. – a parte de Sasuke que não estava implorando desesperada por ar reconheceu as palavras dela do ultimo encontro deles.

Quando Sasuke a matou e matou seu irmão.

— É a minha vez de fazê-lo sofrer. – recitou as palavras dele igual a aquela vez.

Já sentindo sua visão escurecer e a falta de ar se tornar insuportável, Sasuke tentou declarar suas ultimas palavras para ela antes que apagasse.

Eu amo você, ele quis dizer.

Mas era tarde demais.