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História Procura-se marido que goste de criança - Procura-se marido que goste de criança XXXVII


Escrita por: Kori

Capítulo 37 - Procura-se marido que goste de criança XXXVII


O sol ainda não havia nascido quando Naruto despertou Sasuke. Mesmo sonolento, ele se levantou e vestiu-se, calçando os sapatos, perguntando o que estava acontecendo. Naruto segurou a mão de Sasuke e com a outra ele pegou duas toalhas enroladas, colocando embaixo do braço.

— Naruto, aonde estamos indo? — Sasuke não teve tempo nem de lavar o rosto ou escovar os dentes. Ele olhou ao redor, as lanternas estavam acessas e iluminavam um caminho de pedrinhas pelo chão.

— Vamos aproveitar o dia.

— Dia? — Sasuke ouviu a risada de Naruto. Eles desceram alguns degraus de madeira e daquele ângulo já podia ver o lago. A água mal se movia com a calmaria do fim da madrugada. Naruto o ajudou a entrar no barco, depois pediu para Sasuke segurar as toalhas. — O que vamos fazer exatamente?

— Fugindo um pouco. — Naruto empurrou o barco de pequeno porte, molhando os pés, pulando para dentro em seguida. Ele ligou o motor de popa do barco e manejou as hélices pelo manche.

Sasuke logo sentiu o vento bagunçar seus cabelos, fechando os olhos. Assim que o barco parou, ele olhou para Naruto, que mudava de posição, esticando as toalhas para que eles pudessem se deitar no barco. Com a cabeça apoiada no ombro de Naruto, Sasuke podia ter uma visão muito mais bonita do céu, com as estrelas ainda iluminando, até o nascer do sol. Naruto abraçou Sasuke, roçando os lábios em sua bochecha.

— Obrigado por isso. — Sasuke disse, beijando-o. Naruto apertou as mãos pela cintura dele, mas logo depois se levantou.

— Vamos mergulhar — Ele disse, ficando em pé e tirando a roupa.

— Que? — Sasuke sentou-se no barco e o viu pular na água. O lago, antes calmo, criou uma onda, espalhando-se com a movimentação. Ele ficou preocupado, mas depois que Naruto mergulhou, não demorou para retornar a superfície.

— Está tudo bem, o lago não é fundo. — Naruto ainda perguntou se Sasuke queria entrar, mas sabia que existia a possibilidade de ele não aceitar.

— Acho melhor não. — Sasuke continuou sentado, mas sorriu para Naruto.

— Vem, eu seguro você. Prometo não soltar.

Sasuke pensou um momento, e depois olhou para o lago. Ele moveu a cabeça e deu um outro sorriso, tirando a camiseta que vestia, mas manteve a calça moletom. Sasuke não deu um mergulho tão animado como Naruto fez, mas ele entrou na água. Já fazia algum tempo que ele não nadava em um lago, ou no mar, ou sequer em uma piscina.

Naruto segurou-o pela cintura, e Sasuke tirou o excesso de água do cabelo. Não estava muito frio, embora a brisa fresca da manhã causasse um calafrio pelo corpo. Mas o abraço de Naruto amenizava e emitia calor. Eles mergulharam juntos e depois nadaram. Naruto o puxou novamente para um abraço, beijando-o em seguida. Sasuke apoiou as mãos nos ombros dele e fechou os olhos, enquanto o corpo boiava tranquilamente na água.

— Eu estava mesmo precisando de um momento assim. — Disse, enquanto a água do lago movia mais calma, depois de eles pararem de se movimentar muito.

— Vamos aproveitar esses cinco dias afastados do resto do mundo. — Naruto entrelaçou os dedos das mãos de Sasuke e sorriu para ele. — Sem trabalho, sem internet, só nós dois.

Naruto estava determinado em fazer daquela viagem o mais relaxante possível para o namorado. Depois dele inesperadamente ter sido um dos assuntos mais comentados do dia, naquela viagem para Ikeda, Sasuke restringiu seu perfil nas redes sociais e apagou outros que já não usava mais. Naruto, por sua vez, manteve seus perfis apenas para atualizações esporádicas para os fãs, sendo gerido pelo assistente que Tsunade indicou, mas também poderia publicar algumas fotografias aqui e ali.

Antes de chegarem a Shibetsu, a única postagem dele foi uma foto da janela do avião, com uma mensagem dizendo que iria descansar.

Naruto ainda teve uma conversa com o gerente de marketing da peça, que adorou o engajamento dos bastidores. Com isso, decidiram com os produtores de gravar os bastidores da peça na noite de estreia. Dessa forma, Naruto parou de falar ou daria mais ideias para ele.

Já fazia onze dias desde o lançamento da revista do mês de agosto, e Naruto recebia diversos elogios pela capa, afinal, era uma das revistas mais conceituadas de moda e entretenimento da atualidade. E com tiragens internacionais. Sua mãe havia comprado uma pilha de revistas e deixado em todos os quartos do hotel, e uma outra pilha na recepção para todo mundo ver.

Sasuke não se incomodou, ele próprio viu a revista e leu a entrevista, achando tudo bonito e de bom gosto. Mas combinaram de ficarem offline naquela viagem. Como na segunda-feira foi feriado, eles aproveitaram o restante das férias de Sasuke para fazer aquela viagem. Apenas cinco dias não era tempo suficiente para fazer tudo o que Naruto planejava, mas já estavam indo bem, aproveitando o dia desde o primeiro raio de sol.

Naruto ajudou Sasuke a subir no barco, colocando a toalha ao redor de seus ombros.

— Quer aprender? — Naruto perguntou, depois que eles se secaram e vestiram as roupas.

— A pilotar o barco? — Sasuke lançou um olhar incerto, formando uma ruga na testa.

— Sim, esse é muito simples. — Naruto ficou em pé no barco, ele mantinha um ótimo equilíbrio. — O ideal é andar com colete, mas o lago está com um nível baixo e você sentiu, né? Dava para alcançar o chão as vezes. Mesmo assim, segurança é importante, mas você tá comigo e eu tenho um certificado de salva vidas. — Naruto deu uma piscadinha.

Sasuke sorriu, ele não sabia disso.

— Sério?

— Nas férias de verão da faculdade eu vinha visitar meus pais, e costumava trabalhar em um resort lá em Sapporo. Foi só um trabalho esporádico, mas precisava fazer o curso, ainda aproveitei e fiz um comercial para esse resort. Minha mãe queria porque queria o banner que ficava na área de convivência do hotel. Era uma foto minha de boné, colete, apito e tudo o mais.

Naruto riu, pedindo para Sasuke sentar-se onde ele estava, ao lado do motor.

— Você sabe pilotar barcos maiores? — Sasuke perguntou.

— Meu avô quem gosta de barcos, ele me ensinou um pouco, mas não me arrisco fora desse lago. — Naruto ajeitou a toalha nos ombros e sugeriu para Sasuke sentar-se um pouco mais inclinado em relação ao manche do motor. — É uma leve inclinação, quarenta e cinco graus está bom, ou sua coluna vai ficar dolorida. Não podemos sentar em frente ao manche, pois se tiver uma parada brusca, ele vai machucar suas costas. Os manches foram feitos para pilotar sentado à direita e com a mão esquerda. Se você achar que precisa de estabilidade para dar mais firmeza, então abre mais as pernas, uma para cada lado. Veja, você segura o manche e direciona de um lado para o outro. Conforme você mexe, as hélices debaixo da água mudam a direção e o barco vai para onde você quiser.

Sasuke ouviu com atenção, e sentiu o manche mais duro para manusear. Naruto falou para ele segurar mais firme, em seguida, puxou a alavanca para a ignição do motor e sentou-se um pouco mais afastado, para que Sasuke pudesse ter uma posição melhor para pilotar.

— Não é difícil, mas esse impulso deixa o manche mais duro. — Sasuke observou, sentindo o músculo do braço mais rígido. Como o lago não era muito grande, eles chegaram à borda rapidamente e Naruto o ajudou a desligar o motor e depois a descer do barco.

Enquanto voltavam para o quarto, encontraram Minato abrindo as portas da varanda da casa. Ele os convidou para o café da manhã e Naruto pediu alguns minutos para que pudessem tomar banho. Os minutos se transforaram em um hora inteira. O banheiro era muito apertado, mas isso não era um grande problema para aquela posição.

***

Sasuke penteava os cabelos, enquanto observava Naruto terminar de se vestir. Ele sorriu, pensando nos dois nadando no lago, não imaginava que faria tal coisa naquela hora da manhã.

Eles foram tomar o café da manhã e encontraram os pais de Sasuke em uma mesa.

— Tamaki ainda está dormindo? — Sasuke perguntou, enquanto a mãe servia para ele uma xícara de café.

— Sim, mas deixa, crianças tem que dormir bastante, daqui a pouco ela se levanta.

Mesmo assim, quando terminaram de tomar o café da manhã, Sasuke preparou uma bandeja com comida para a filha. Ele foi até o quarto e abriu a porta com cuidado, segurando a bandeja com a outra mão.

Na noite anterior, viu rapidamente o quarto quando a colocou para dormir. Mas, agora com a luz do dia já iluminando o ambiente, ele podia ver melhor os detalhes. Eram poucos móveis, mas bem organizados no espaço, com uma cama de solteiro onde Tamaki dormia, um guarda-roupa de duas portas e uma estante cheia de brinquedos. A maioria eram miniatura de carrinhos e bonequinhos de animes e jogos em geral.

— Esse era o quarto do Naruto. — Kushina falou em um tom baixo para não acordar Tamaki. Ela estava parada ao lado da porta, segurando a maçaneta. — Minato e eu pintamos as paredes com essa cor lavanda, porque o Naruto disse que a Tama-chan gosta.

— Obrigado, não era necessário ter esse trabalho. — Sasuke colocou a bandeja numa mesa pequena que provavelmente também foi de Naruto, quando ele era pequeno. As cadeiras também eram bem baixinhas.

— Essa mesinha estava no depósito, então nos lixamos e passamos verniz.

— Ficou ótima, Tamaki tem uma parecida no quarto dela. — Sasuke também notou que havia algumas bonecas no meio dos brinquedos, eram todas novas. — Soube que estão querendo reformar o hotel.

— Sim, querer eu sempre quis, o problema é conseguir.

— Entendo, é uma despesa muito alta dependendo do que querem reformar.

— Nós tentamos algumas vezes, fizemos umas mudanças pequenas, mas tivemos problemas com a última empreiteira que contratamos. Então o projeto ficou pausado, isso tem quase dez anos, as plantas que eles fizeram ainda estão guardada.

— Eu posso ver? — Sasuke sentiu-se empolgado e Kushina concordou, pedindo alguns minutos pois ela precisava encontrar as plantas, e era Minato quem sabia onde estavam.

Foi nesse tempo que Tamaki acordou, cheia de energia e uma vontade de explorar todo o hotel, já que no dia anterior estava tarde para entrar no lago.

Sasuke primeiro pediu que ela comesse todo o café da manhã e escovasse os dentes. Também havia um banquinho no banheiro, para que Tamaki alcançasse a pia e se visse no espelho. Assim que Sasuke terminou de passar o protetor solar na filha, ela correu animada para ir com os avós para o lago, passear de barco.

Fugaku estava totalmente equipado para pescaria, enquanto Mikoto carregava uma bolsa com guloseimas para eles comerem. Sasuke procurou por Kushina, aproveitando para sondar o espaço. A recepção e a sala de estar da família ficavam praticamente no mesmo lugar, enquanto o pátio tornou-se um salão coberto para refeições. Os quartos de hóspedes ficavam à direita, onde estavam seus pais, e os quartos do casal, e aquele que Tamaki dormia, à esquerda. Numa segunda ala do hotel, havia um pequeno pátio, com um jardim e uma trilha de pedras que seguia para as termas. O paisagismo do jardim não parecia adequado para um local quente como aquele.

Mikoto seria a pessoa mais indicada para fazer um paisagismo nesse lugar. Sasuke conversaria com a mãe depois, quando tivesse um tempo.

— Encontrei. — Sasuke ouviu a voz de Kushina, a terma estava interditada para que fosse removido a pedra que deslizou. — Você está aqui, quer olhar as termas?

— Podemos?

— Claro, a pedra que deslizou está mais para baixo, mas sabe como são os hóspedes... eles perdem a noção e aprontam. — Kushina estava com os cabelos presos em uma trança, ela usava uma calça jeans e camiseta branca, com uma estampa do hotel. Ela era uma mulher de quarenta e oito anos, e possuía um sotaque forte. Naruto havia tido que sua mãe era italiana e que ela estudou na Inglaterra na mesma época que Minato, talvez seja por isso que o sotaque dela era tão peculiar.

Eles foram caminhando pela trilha de pedras e o jardim começou a se expandir, conforme as pedras naturais iam aparecendo. Havia um declive e alguns degraus, o corrimão era de madeira e estava um pouco instável e Sasuke anotou mentalmente as diversas possibilidades de alguém se machucar ali. Não precisou falar nada, porque Kushina ia andando na frente e dizendo todos esses detalhes.

Antes de entrar nas termas, primeiro era necessário deixar os pertences pessoais em prateleiras. O ideal era ter um guarda volume com porta, para proteger os objetos guardados daquele clima úmido. Depois, um vestiário com duchas, para se lavar antes de entrar na terma. Kushina explicou que cada hóspede ganha uma cesta com toalha, sabonete e outros itens para usar na terma, que eram feitos por ela mesma.

— Eu sou graduada em química, mas quando vim para o Japão, não havia emprego para mim na cidade. Então eu comecei a fazer esses sabonetes artesanais e acabou dando certo, eles são vendidos até em Nayoro, e outras regiões. — Ela pegou uma cesta e entregou para Sasuke.

— Gostei do cheiro, não é muito forte, mas é gostoso. — Sasuke levou o sabonete ao nariz e cheirou, gostando do aroma.

— Não é bom? — Kushina sorriu, e então ela o direcionou para a área das termas. Ali era mais abafado, as pedras que compunham os espaço eram empilhadas naturalmente uma nas outras, dando origem a piscina natural. Ela se expandia o bastante para caber umas vinte pessoas sentadas confortáveis. A terma privativa era menor e possuía um vestiário próprio. A pedra que havia deslizado estava inclinada e segura com algumas toras de madeira, mas em breve seria removida e isso geraria um trabalho muito grande para içá-la.

Sasuke já precisou remover rochas de terrenos em projetos antes, mas nunca trabalhou com termas naturais.

— É um espaço muito aconchegante. — Ele disse, enquanto retornavam para o pátio.

— A primeira vez que vi esse lugar fiquei encantada. — Kushina levou Sasuke até uma sala que ele ainda não conhecia.

Era um espaço entre o quarto dela e o de Tamaki, onde ela costumava ficar com Minato para beberem ou descansarem após o trabalho. As plantas do projeto estavam em uma mesinha baixa e Sasuke sentou-se, era perto da varanda e ele podia ver o jardim e uma parte do lago mais abaixo. Kushina o deixou a vontade e depois de alguns minutos retornou com uma bandeja.

— Esse hotel é antigo, certo? Será que não tem uma planta mais antiga dele?

— Infelizmente, não. — Ela ofereceu o chá e entregou para Sasuke. — Houve um acidente com a bisavó do Naruto, pegou fogo uma parte da casa. Era justamente a área da recepção do hotel, eles guardavam tudo naquela sala. Depois, na reforma que foi feita há uns trinta anos, o vovô Uzumaki mandou fazer muitas mudanças, como os chalés e essa configuração atual.

— A carta topográfica do terreno é importante para se fazer um controle de toda a construção e verificar como podermos fazer um deslocamento da área construída, isso pode evitar desmoronamento. Então não podemos tirar nada do lugar antes disso.

— Tudo bem, podemos fazer isso. — Kushina o olhava sorridente e interessada nas ideias dele. Ouviu e sugeriu algumas coisas que a incomodava e outras coisas que achava interessante. — Eu quero muito fazer algo especial, ano que vem vai fazer dez anos que minha sogra faleceu, ela cuidava dos bonsais em uma estufa, mas também não existe mais. Então minha ideia era fazer um jardim mais ornamentado em homenagem a ela.

— É uma ótima ideia, podemos aproveitar toda aquela área externa na frente da casa, também pensei em projetar uma garagem mais acessível à residência e mover a recepção para o lado dos chalés, onde é o depósito hoje. Assim, a casa volta a ser somente da família.

— Sério? Dá para fazer? — Ela soou ainda mais animada e Sasuke concordou, frisando que deveriam fazer um projeto minucioso. — Seria ótimo poder ter a casa somente para nós novamente.

— Eu vejo que tem uma área muito ampla ainda sem construção, nessa área depois da plantação de girassóis, talvez seja um espaço bom para um novo depósito.

— Ah! Essa parte, ela esta reservada. — Kushina olhou sobre a antiga planta do terreno e apontou com o dedo. — A avó do Minato era muito apegada a ele, então ela decidiu reservar uma parte do terreno para ele construir a própria casa. O sonho dela, na verdade, era ter toda a família vivendo aqui. Por isso a mãe do Minato decidiu voltar a viver no Japão, para não deixá-la sozinha. Acabou que não construiu a casa, então ele passou o terreno para o Naruto.

— Entendo, é uma atitude muito respeitosa.

— Sim, depois o Minato foi fazer faculdade na Inglaterra, e nos conhecemos lá. Quando a mãe dele ficou doente, ele voltou e eu fiquei. Mas só foi eu me formar, que peguei o avião sem nem pensar e quando vi, estava ajudando-o a cuidar de tudo isso. Não sabia falar japonês, minha sogra quem me ensinou, lendo jornais e assistindo as novelas. — Ela balançou a cabeça e as mãos, pedindo desculpas pelos devaneios. — Eu me empolguei um pouco.

— Por favor, não se desculpe por isso, eu gosto de conhecer a histórias das pessoas. Sempre uso isso para me inspirar em um projeto.

— Se for esse o caso, história é o que mais temos. — Kushina sorriu, mas logo foi chamada na recepção. Ela se levantou e dessa vez pediu desculpas por ter que deixá-lo sozinho.

Sasuke permaneceu sentado no mesmo lugar, ele bebeu mais um pouco de chá e observou a planta. Em sua cabeça, ele começou a fazer alguns planos, mas precisava primeiro de um engenheiro para fazer a avaliação. Sasuke se levantou e caminhou até a varanda, a plantação de girassóis estava lá e o terreno citado mais ao fundo, era uma área muito privilegiada de todo o terreno, com vista para o lago. Daria uma casa ampla e com uma ótima luz natural entrando pelas janelas, pegaria o sol da manhã e também da tarde.

A hora passou e Sasuke usou aquele tempo para criar anotações e fazer alguns desenhos nas folhas que Kushina deixou para ele. Naruto não demorou para aparecer, vindo da varanda.

— Você prometeu que ia descansar esses dias. — Naruto falou, sentando-se do outro lado da mesa, pegando uma das folhas. O desenho era uma passagem de pedra e uma escada com plantas. — Essa é a parte da terma?

— Sim, não é muito seguro aquela área. — Sasuke deixou o lápis sobre a mesa, pedindo desculpas por tê-lo deixado sozinho na última hora.

— Tudo bem, eu estava ajudando meu pai a arrumar o depósito. Mas eu realmente queria que você relaxasse...

— Eu relaxo enquanto trabalho, não é nenhum sacrifício fazer isso. — Sasuke deu um sorriso pequeno, quando Naruto se aproximou e o beijou, olhando os demais desenhos.

— Gostei disso, é uma estufa?

— Sim, sua mãe me falou sobre a sua avó. — Sasuke pegou uma folha e começou a fazer um novo desenho, concentrado nos traços que ganhavam forma, conforme ele falava sobre a ideia. — Eu estava pensando em como incorporar a estética do bonsai em outras áreas, essa fluidez e delicadeza das formas, mas ao mesmo tempo tem a raiz que mostra que, embora seja pequeno, ele é uma árvore forte e pode até aguentar baixas temperaturas. Eu acho um equilíbrio perfeito.

Naruto admirava como Sasuke possuía uma destreza com um simples desenho. Ele fez faculdade de belas artes, e era comum encontrar pelo campus pessoas talentosas, mas nunca viu alguém desenhar tão expressivamente, como Sasuke fazia.

— Tudo o que você faz parece maravilhoso para mim. — Naruto o abraçou, apertando com uma das mãos sua cintura, sentando-se atrás de Sasuke e dando leves beijos em seu pescoço, enquanto afastava os cabelos com a outra mão.

— Ainda é só um rascunho, precisa fazer muita coisa, não vai ser uma obra fácil.

Naruto riu, olhando novamente para o rascunho, era um desenho com detalhes nas raízes do bonsai, as folhas eram bem simétricas e os troncos com ranhuras e sombra. Sasuke era demasiadamente humilde, na opinião de Naruto.

— Você passou muito tempo desenhando na escola, não é?

— Sim, enquanto você beijava meninas nos armários de vassoura. — Sasuke ganhou uma leve mordida no ombro.

***

O almoço demorou, porque Fugaku chegou com um peixe bem grande e ele se voluntariou para fazê-lo. Tamaki estava animada, dizendo que tinham pescado um tubarão do tamanho dela. Sasuke ouviu toda a história da filha, sentado ao lado dela na varanda, enquanto comiam uma fatia de melancia.

Tamaki sujou toda a camiseta, pedindo desculpas para o pai. Sasuke a ajudou a tirar a camiseta, limpando o rosto dela e o queixo com uma toalhinha. Estava muito calor e decidiu deixar Tamaki mais a vontade. Minato e Kushina eram muito anteciosos, e sempre que podiam, faziam algo para mimar a menina.

Mas com Naruto, ela já estava acostumada a ganhar sempre alguma coisa que pedia. E quando Sasuke retornou da cozinha com uma água bem fresquinha para Tamaki beber, ele ouviu a filha pedir novamente para Naruto o pônei que ele prometeu.

— Tamaki! — Sasuke entregou a água. — Nós já conversamos sobre isso ontem, não há mais pôneis.

— Mas o tio Naruto disse que ia achar um pônei para mim. — Tamaki era, afinal, uma criança de cinco anos e estava aprendendo. E não era somente a filha que estava aprendendo, Naruto também estava. E eles precisavam chegar a um consenso sobre a forma que achava adequado educá-la. Afinal, estavam vivendo juntos.

Quando a menina terminou de beber água, Minato a chamou para brincar com Tofu.

Sozinhos, Sasuke sentou-se ao lado de Naruto.

— Essa cara não tá boa. — Naruto disse, tirando os óculos escuros e erguendo sobre a cabeça.

— Eu entendo que você quer agradar Tamaki, mas nem sempre poderemos fazer o que ela quer. E isso é muito importante nessa fase. — Sasuke não quis ser rude naquele momento, e não queria fazê-lo perder a autoridade na frente de Tamaki. Por isso achava melhor conversarem à sos. — Eu daria o mundo para minha filha, mas será que ela realmente precisa do mundo?

— Desculpe, eu só queria que ela ficasse feliz. — Naruto o olhava atentamente, a conversa tinha um tom mais sério e por isso ele não fez nenhuma brincadeira. Estava de fato querendo agradar Tamaki em todos os sentidos que fosse possível, desde o dia em que a conheceu.

Aliás, antes mesmo de conhecê-la, ele já pensava em como agradá-la. Mas, agora, a situação mudou completamente. Tamaki não era mais a filha de um cliente.

— Temos que estar em sintonia, e isso só vai funcionar se a gente conversar e aprender juntos. Não acho que devemos ser pais rígidos e não dar coisas para ela, mas precisamos de limites. — Sasuke deixou a garrafa de água ao lado dele, olhando para Naruto.

A expressão séria que Naruto fazia foi substituída por um sorriso contagiante. Sasuke não notou o que havia dito para fazê-lo sorrir daquele jeito, mas Naruto repetiu.

— Você disse pais.

— Sim, nós dois precisamos mostrar os limites para ela. — Sasuke piscou. — O que eu falei de errado?

— Não foi nada de errado. — Naruto podia sentir o coração fazer uma festa em seu peito. Entrar na vida de Sasuke pode até ter parecido rápido num momento, mas ele ainda sentia que precisava conquistar seu espaço no meio daquela família. E esse pensamento refletiu em seu comportamento, sendo compassivo sempre com os pedidos de Tamaki. Embora concordasse com o que Sasuke dizia.

Além disso, sonhava com o momento em que ouviria Tamaki chamá-lo de pai. Também era um desejo secreto que Sasuke o inserisse naquele papel, ao lado dele. Embora ele tenha dito que Tamaki era sua filha, ao longo dos meses para as pessoas da escola, Naruto se sentia ainda um pouco deslocado.

Ouvindo agora Sasuke falando “pais”, no plural, foi como se sentir inserido completamente no futuro deles. Pode até parecer um pouco bobagem, ele não sabia definir esse sentimento, mas era isso que o fazia sorrir bobamente naquele momento.

— Vou ser mais cauteloso e perguntar antes para você, vamos conversar sobre essas coisas. Promento que não vou mais aparecer em casa com surpresas. — Naruto queria mostrar para Sasuke que ele entendia e que queria ser um pai tão bom quanto ele.

— Você não precisa me perguntar se pode ou não trazer uma surpresa. Eu não quero que se sinta preso, o diálogo é importante, mas as surpresas também são. Os pirulitos antes do jantar talvez seja melhor guardar.

Narut riu, ele puxou Sasuke para se sentar bem ao lado dele e o beijou. Os lábios macios se moviam lentamente, até serem interrompidos. O almoço estava pronto.

***

No início da noite, acenderam uma fogueira próximo do lago e todos ficaram ali conversando. Tamaki pulava do colo de Kushina, para o da avó Mikoto. E quando o queijo estava assado, ela se sentava ao lado de Minato. Fugaku ganhou sua atenção quando começou a explicar por que as vezes a lua mudava de tamanho. Naquela noite, aparecia apenas um fio de lua por entre as nuvens.

Naruto sentia-se calmo, uma paz no coração que ele não sabia que era possível sentir. Ver a família reunida era mais do que suficiente para tornar aquela sensação única. Queria que fosse sempre assim. Sasuke apoiou a cabeça no ombro dele, e os dois entrelaçaram os dedos.


Notas Finais


Naruto é oficialmente um pai babão?
Família unida, o que acham que falta?
Beijos


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