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História Profundo - Transparência


Escrita por: Dhnolis

Notas do Autor


Oioi, gente !

O capítulo desta vez não demorou tanto e ainda veio enorme !
Espero que gostem.
Beijinhos.

Capítulo 9 - Transparência


Fanfic / Fanfiction Profundo - Transparência

~ TRANSPARÊNCIA ~

 

Conforme Kisame e Itachi se aproximavam do grupo, o homem azulado já vinha torcendo ainda mais o nariz, ele avistou Hinata no colo do rapazote loiro e se sentiu completamente dispensado, limpou a garganta quando estava perto o bastante e atraiu a atenção os outros.

- Então quer dizer que você me dispensa... – Ele começou usando um tom magoado, indica Karin com o queixo e continua: - Dispensa sua amiga e pula no colo de um humano ?

- Você viu que cretina. – Karin teve de concordar. – Fomos trocados por um par de pernas.

O homem riu, estava satisfeito por ver Hinata fora do tanque e mais satisfeito ainda por ter encontrado Karin bem e longe das garras do cientista do aquário. Ele estendeu sua mão enormemente grande e tocou apenas a ponta da calda daquela que ainda era uma sereia, tornando-a mulher, a transformação levou embora as escamas azuladas e lilases, a calda se tornou dois membros e a coloração alva da pele se estendeu até os dedos dos pés. No alto da coxa, um filete de sangue escorreu pelo ferimento causado a pouco, de onde as escamas haviam sido arrancadas pelo contato do vidro, era um corte pequeno e fino, o hematoma ao redor tinha um formato arredondado.

- Escutem bem, meninas, nós vamos embora agora.

- Mas e Tenten ? – Sakura inqueriu, ela ajudou Hinata a ficar de pé quando Naruto colocou-a no chão. – Vamos abandonar Tenten ?

- Não vou embora sem Tenten. – Karin concordou.

Hinata apenas confirmava com a cabeça, não era uma criatura de muitas palavras.

- Onde ela está ?

- Está ferida ?

Kisame e Itachi trocaram um olhar quase imperceptível, porém o gesto carregava uma enxurrada de sentimentos negativos, quando Kisame voltou-se as suas súditas, percebeu as três mulheres tremendo de frio.

- Vou levar vocês para casa e depois voltarei por ela.

- Não podemos deixar Tenten para trás !

Sem muita paciência, o azulado encolheu os ombros, como se sentia cansado ! Sentiu a presença de Itachi ao seu lado e um toque do rapaz em seu ombro, ele sorria para as moças com mais vigor, seu semblante não transmitia nenhuma margem para duvidas.

- Vamos voltar depois, pois ela foi levada a outro tanque. – Explicou o Uchiha mais velho.

Claro que nem Naruto nem Sasuke acreditaram naquilo, de certo algo ruim havia acontecido.

- Agora precisamos sair daqui.

- Mas...

- Não temos tempo. Escutem bem: Os circuito de câmeras deve estar desligado, porém duvido que fique assim por muito tempo. Vamos sair, colocar vocês em roupas quentes e levá-las até o mar, certo ? Eu garanto que voltarei para resgatar a ultima sereia.

Sakura procurou os olhos de Sasuke, como quem pergunta se aquilo estava mesmo acontecendo, o moreno sorriu-lhe e sussurrou:

- Eu vou voltar para resgatar sua amiga também, acredite em mim.

Ela acreditava.

Caminharam lentamente pelo corredor, o grupo todo, esgueirando-se pelas paredes e evitando outros funcionários, as moças passavam os olhos pelos outros tanques, horrorizadas com os outros cativeiros, alguns eram pequenos, abarrotados de animais de água doce ou salgada, eles acabaram saindo do perímetro do aquário pelas catracas principais, ultrapassaram o interior de uma lojinha de presentes e alcançaram a rua interna ainda dentro dos limites do aquario, o local estava parcialmente escuro, o único som era o do vento cortando a noite, a lua, alta no céu atraiu a atenção das moças, como sentiram falta da liberdade em olhar para cima e ver o contorno das estrelas na imensidão azul !

O cheiro do lugar era também algo novo, o aroma vindo das arvores pairava no ar, era algo extremamente atrativo para cada uma das três, nada ali era salgado como o cheiro da água do mar. Continuaram seu trajeto pelas ruas do complexo do aquário ainda em um silencio sepulcral, só puderam respirar aliviados quando ultrapassaram o arco da principal entrada, os portões de ferro estavam destrancados, por ainda terem funcionários trabalhando nos tanques.

Na rua, a iluminação dos postes era maior do que a das ruas do aquário.

Eles atravessaram um curto percurso até o ponto de ônibus mais próximo e entraram no veiculo em fila indiana. Sentaram-se nos últimos bancos do transporte, as três mulheres se apertavam em um banco duplo para fitar o lado de fora do ônibus, elas soltavam risinhos e apontavam o exterior, empertigando-se uma sobre a outra em completo alarde. Itachi e Kisame sentaram-se no banco da frente enquanto os outros dois rapazes no banco ao lado das meninas.

- Onde estamos indo ? – Quis saber Kisame, ele se encolheu no banco quando alguém lhe acertou com um tapa estalado no ombro e o puxou com violência. – O que foi que deu em vocês !

- Meu Deus do céu ! – Uma das moças soltou, foi Hinata. – Olha ,olha, olha !

O azulado olhou para fora do veiculo e procurou pelo que as mulher estava exultante em ver, era um gato, correndo assustado pelas ruas. Recebeu outro tapa no ombro, desta vez de Karin, a ruiva fincou as cinco unhas no ombro do rei e o chacoalhou insistentemente.

- Temos que ajudar !

- É um gato, não temos que fazer nada.

- Um gato !

- Eu não estou vendo nada ! – Reclamou Sakura, tentando se meter entre as duas amigas, ela ainda usava o boné na cabeça, porém muito de seus cabelos insistia em cair diante de seus olhos. – Cadê ele ?

- Temos que salvar o gato.

Kisame repreendeu Karin acertando a mão dela com um tapa, desgostosa, a ruiva continuou a se jogar contra Hinata, ela não tinha visto o gato com clareza, apenas o vulto do animal.

- Como era o bicho ?

- Tinha patas ! E pêlos !

- Meu Deus do céu !

Desanimada, Sakura se recostou contra o banco e fechou a cara, cruzando os braços diante do corpo. Itachi riu baixinho ao ver Kisame girando os olhos, impaciente, como não foi sua idéia entrar no ônibus, não sabia para onde estavam indo, girou o pescoço e procurou o olhar do irmão, no banco do outro lado do corredor, o moreno mais novo e o loiro assistiam a cena do espanto causado pelo gato, achando muita graça daquilo.

- Onde vamos, Sasuke ?

- Vamos ao shopping. – Explicou Naruto. –Vamos comprar roupas para elas e achar alguma coisa para comer.

O plano parecia bom, ao perceber que não houve objeção, ele continuou falando:

- Depois vamos ao terminal, colocar elas em um ônibus com destino a praia e resolvemos todo o problema.

Sakura escutava a conversa dos rapazes, seu semblante ainda um pouco irritadiço deu lugar a um bico.

- Podemos comer batatas ? – Ela perguntou baixinho, atraindo a atenção de Sasuke, que concordou.

- E tomar refrigerante. – Ele completou, deixando a moça de cabelos cor de rosa satisfeita.

- Eu tenho que pagar uma divida também. – Informou Naruto para ninguém em particular, não podia ver Hinata de onde estava sentado, apenas o corpo da ruiva que estava sobre a sereia tímida, ele imaginou que sabor de sorvete deveria comprar para a criatura.

A descida no ponto de ônibus em frente ao shopping foi ainda mais animada do que a subida, regada a protestos e reclamações, as três seguiram as instruções dos homens, Karin, a única que caminhava sem auxilio, ia a frente ao lado de Kisame, tentando arrancar informações sobre Suigetsu do rei dos mares, era algo um pouco impossível para o homem, visto que ele próprio deixou claro não ter voltado para casa nos últimos dez anos, por estar procurando por elas.

A ruiva, porém, não se dava por satisfeita com aquilo, tentou persuadi-lo, vez ou outra esbarrava contra o corpo dele sem querer, sua visão era turva, embaçada, tentava diagnosticar as coisas pelas formas das quais enxergava, porém nem tudo era claro a ela, sabia que passaram por muitas pessoas, podia ver o contornou de seus corpos em roupas coloridas, mas não os detalhes. Sentiu seu braço sendo enlaçado e então permitiu ser guiada sem rumo.

- Onde vocês vão ? – A voz imponente de Kisame ecoou pelos ouvidos de Karin que deu de ombros, sem saber exatamente o que estava acontecendo. – Ei !

- Vem, vou dar um jeito nela. – Itachi comentou. – Encontramos vocês depois.

Os outros quatro se viram sozinhos sem a presença dos mais velhos, Naruto permitiu-se sorrir para Hinata que encolheu-se com a atitude do loiro, ela estava agarrada à amiga desde o instante que desceram do ônibus e Sakura por sua vez, estava agarrada a Sasuke para conseguir se locomover melhor.

O loiro estendeu a mão para a de longos cabelos azulados e aguardou até o instante em que seu toque fosse retribuído por Hinata, a moça desvencilhou-se de Sakura e passou a apoiar todo o peso de seu corpo contra Naruto, entrelaçou sua mão à dele.

- Nós vamos comer alguma coisa. – Informou Naruto para todos do grupo, o loiro mantinha seus olhos muito azuis em Hinata o tempo inteiro. – Vamos estar na praça de alimentação.

- Você vai ficar bem ? – Sakura perguntou a amiga que desviou seus olhos para o loiro e então de volta a ela. – Hinata ?

Hinata havia tido muita fé em decidir sair do tanque nos braços do loiro e até agora as coisas estavam indo bem, mas por quanto tempo ? Ele bem poderia feri-la se quisesse, todavia, viu-o sorrir com mais afinco e então o ouviu sussurrar baixinho, em um tom privado ó para ela:

- Vou te mostrar o sorvete mágico.

Ah ! Tinha aquilo também !

Com rapidez, movida pela curiosidade, Hinata confirmou com um aceno na direção de Sakura, ela imitou o que o loiro fez, girando seu corpo na mesma direção que ele e movendo seus pés, um diante do outro enquanto seu corpo era impulsionado para frente.

Sozinhos, Sakura e Sasuke se entreolharam depois de perderem o rastro de Hinata e Naruto na multidão de pessoas que caminhavam pelo shopping.

- Você viu isso ?

O Uchiha aguardou por mais antes de falar alguma coisa.

- Ela sempre foi toda tímida e agora me abandonou para ficar com um humano.

O rapaz controlou-se para não soltar uma gargalhada.

- Parece que a mocinha aqui ficou enciumada.

- Não. – Garantiu Sakura, brava. Eles ficaram em silencio um instante e então ela torceu o nariz. - É que eu tenho tanta coisa para falar com ela ! E agora ela foi embora.

Sasuke deu de ombros.

- Bom, ao que parece só nos resta aproveitar nosso tempo juntos.

Ela confirmou e foram, foram naquele ritmo lento, onde Sakura sempre tinha sua atenção distraída por qualquer coisa ou pessoa, eles seguiram pelo corredor principal até entrarem em uma loja de departamentos de roupas, o ambiente ressoava uma canção antiga da qual a moça já havia escutado por conta da amizade que fizera com Sasuke, ela cantarolou o som e o Uchiha jurou guardar aquilo em um lugar especial dentro de si, era doce e rítmica, o jeito como a moça acompanhava a melodia com a cabeça e batucava a ponta dos pés descalços contra o chão era algo mágico.

Ele passou todo o tempo do som observando a criatura enlaçada em seu braço, acompanhando seus gestos e desejando que aquilo nunca acabasse, infelizmente, acabou.

Só então ele indicou Sakura as araras de roupas da loja, calças, camisetas, blusas, saias, vestidos, tudo colorido, cheio de formas, de estampas e adornos.

- Escolha algo do qual gosta, encontre um tamanho que sirva em você e vá experimentar.

- Experimentar ?

- Sim. – Ele apontou para a placa que indicava os provadores. – Você experimenta nas cabines dos provadores femininos, certo ? Está muito frio, tente escolher algo com mangas compridas.

A moça confirmou e foi puxando Sasuke para a primeira arara de roupas, seus dedos tocaram o tecido de algumas camisetas estampadas e então ela passou para a próxima estrutura como se tivesse feito aquilo a vida inteira.

Quando ela percebeu que não precisava mais dele para se manter de pé, abandonou completamente o Uchiha, buscava as roupas com ferocidade, em pouco tempo já havia mais de meia dúzia sob um de seus ombros.

Selecionara peças para ela própria e também para as amigas, distraia-se apenas quando escutava outros seres humanos comentando sobre a beleza de uma peça de roupa, ela aguardava a arara ficar vaga para se aproximar e checar do que os outros estavam falando.

A música tocava sem cessar pelos auto falantes da loja ao mesmo passo que Sakura dividia sua atenção entre os sons e os objetos, ela viu Karin adentrar a loja com certa vagareza, foi até a amiga e a buscou, mostrando tudo que já havia escolhido.

- Olha só que gracinha ! – Ela sibilou e mostrou uma regata com detalhes brilhantes. – E sinta o tecido.

Karin estreitou os olhos vermelhos e fitou a peça de roupa com atenção, as duas começaram a tagarelar sobre os brilhos e soltaram exclamações alegres por aquilo. O Uchiha mais novo estava distante das moças, viu quando o irmão e o cara grandalhão indicaram Sakura para a ruiva, logo após ele próprio recebeu uma instrução com um floreio de mão de Itachi, indicando que deveria ficar de olho nas duas.

Ele não queria estar em outro lugar.

Estava muito bem acomodado na sessão de calçados, sentado em um puff de estofado em couro escuro, podia acompanhar a silhueta das meninas e aproveitava a maré de paz que invadia seu ser. Sabia que ter feito o que ele ajudou a fazer com a outra sereia foi errado,mas libertar Sakura não foi um engano.

Sua vida antes tão monótona ganhara uma variedade de cores quase imensurável.

Observou com atenção o sorriso dela se alargar agora que estava acompanhada de uma velha amiga e por algum tempo tudo o que conseguiu fazer foi imaginar aquele par de olhos verdes lhe encarando mais e mais perto.

Que tipo de sentimento era aquele que lhe completava a alma só por ver uma figura de longe ?

Itachi guiava Kisame pelos corredores da farmácia que haviam entrado, ele carregava uma cestinha de compras de plástico comportando algumas coisas dentro: Desodorante, pasta de dente e escova para cabelo.

- Do que mais precisamos ?

Surpreendentemente eles dois estavam se dando ainda melhor agora que deixaram a conversa seguir as claras. Kisame tentava sanar as duvidas do Uchiha da melhor forma possível, porém a margem para a imaginação era grande demais para ser completamente coberta.

- Precisamos de escovas de dente.

Itachi confirmou e voltou um corredor atrás das escovas de dente, tomou 3 da prateleira suspensa e jogou dentro da cestinha, voltando para perto de Kisame uma vez mais.

- Então... Você pode fazer o inverso também ? – Questionou o moreno.

Viu o azulado desviar a atenção das ataduras para fitá-lo nos olhos.

– Pode fazer alguém virar peixe também ?

- Posso. – Afirmou o mais velho.

Itachi digeriu aquilo e quando Kisame escolheu uma caixa de band-aids ao invés de ataduras, ele ofereceu a cesta para que o maior depositasse ali o objeto.

- Então elas também podem virar peixes ?

- Isso, mas não sozinhas, elas precisam de mim para conseguirem se transformar. E claro que eu decido no que elas vão virar.

- O tipo de peixe ?

- Não... – Ele suspirou. – Se vão ser meio a meio, ou inteiramente humanas ou inteiramente animais. Cada um de nós já nasce com a ascendência em um animal, entende ?

Ele concordou. Kisame indicou o caixa com a cabeça.

- Podemos ir ?

Itachi confirmou e ambos caminharam naquela direção, o maior porém se deteve e entrou no corredor de cosméticos.

- Quando estão nessa forma, é como se fossem humanas, o corpo delas vai exigir coisas, cores, comida e uma cama quente para descansar. Quando me transformei a primeira vez, me lembro de ter comido um monte de cachorro quente em uma barraca de praia e voltei correndo de volta para água por não ter como pagar. – Ele riu daquilo, já fazia muito tempo. – O coitado do vendedor deve ter me procurado pelo prejuízo por semanas a fio.

Involuntariamente o Uchiha acompanhava o sorriso fácil de Kisame, era quase como se pudesse ver o ser pequenino e pele azulada comendo cachorros quentes. Percebeu que não sabia exatamente  qual era a idade do novo amigo e a curiosidade ressoou em sua cabeça a pergunta que logo saiu por seus lábios:

- Quanto tempo faz isso ?

Kisame assoviou e pensou na resposta, estava distraído com as varias cores de esmalte diante de seus olhos, fitou o rapaz ao seu lado e lhe respondeu com um ar de quem não se importa com aquilo:

- Acho que 1920.

Surpreso o moreno arregalou os olhos.

- O que ?

- Talvez um pouco menos que isso, eu não sei.

- Caralho.

- E voltamos aos caralhos outra vez. – Ele selecionou três frascos de esmalte e os atirou na cesta que Itachi carregava. – Eu menti para você, não foi em 1920.

Itachi continuou a encarar o maior, aguardando a resposta, havia outro ‘ caralho ‘ quase sendo arremessado no ar.

- Talvez tenha sido 1890.

- Caralho.

Kisame riu, desviou sua atenção para a prateleira de cosméticos e passou a escolher tons de batom.

- Claro, é uma diferença de trinta anos, qualquer um pode se equivocar nesse meio tempo, certo ?

Como não recebeu resposta, continuou falando:

- Para sua espécie você é velho ?

- Não. – Ele pensou e se corrigiu. – Quer dizer, sim. Mas não era.

- Tiozinho dos mares. – Sussurrou o Uchiha e Kisame riu outra vez. – Está até caducando.

Ele então decidiu explicar o que queria dizer.

- Eu não era quando sai da água, mas estar aqui, do lado de fora por todo esse tempo, me envelheceu.

O envelheceu como um humano normal envelhecia.

- Não sou mais o mesmo que era, entende ? Quanto mais tempo fico nessa forma, mais humano eu me torno, não é como antes que eu podia ir e vir, ficar um pouco em terra e depois voltar para as águas quando enjoasse das pessoas. Eu precisava ficar, precisava encontrá-las.

- E em troca arcou as conseqüências por isso.

- É. Escute, se eu levar um batom só elas vão brigar por isso ?

- Se estar com pernas significa que elas são como mocinhas de vinte e poucos anos completamente descontroladas... Então sim, elas vão brigar por maquiagem.

- Mas que merda.

- Pois é.

Indeciso quanto ao que tinha que escolher, ele pegou três tubos de cores diferentes de batom e jogou-os na cesta também.

- Elas vão precisar de mais alguma coisa ?

Itachi não sabia a resposta, ainda estava processando o fato de estar batendo um papo com alguém de mais de cem anos de vida. Percebeu que ele tinha deixado passar algo: Descobrira que o homem ao seu lado era na verdade um transmorfo, como uma moeda de três lados, se isso lá pudesse existir. Conhecia-o naquela forma e a segunda era certo de que fosse um hibrido como as outras criaturas que ajudara a tirar do tanque, mas e a terceira ?

- Kisame ?

O azulado circulou outra vez pela farmácia com Itachi acompanhando seus calcanhares, ele olhou por cima do ombro atrás do rosto do rapaz quando este chamou seu nome e se encaminhou na direção da pequena fila do estabelecimento.

- Que tipo de animal você é ?

Aquele era o tipo de pergunta que o rei nunca tivera o prazer de responder, tantos anos escondia sua real identidade que ele quase havia se esquecido do que era ser transparente.

- Sério, se você for um polvo, estamos cortando qualquer tipo de amizade. – Itachi balbuciou e agitou as mãos para dar mais ênfase em sua repulsa. – Polvos são um saco.

- Não sou um polvo.

- Pelo menos isso, não é, camarada ? Deve ser muito escroto ser um polvo.

Kisame coçou a nuca, aquele humano era muito estranho, ele abriu um sorriso largo imaginando como a cabeça do rapaz ao seu lado funcionava, seus dentes pontiagudos deram a Itachi a resposta que o moreno queria:

O porte grande, a cor de pele, as marcas nos altos das bochechas e os olhos afinalados e astutos.

Como ele podia ter visto só agora ?

Provavelmente por que não estava procurando por aquele tipo de respostas antes.

- Você é um tubarão.

Na mosca.

Kisame fixou seus olhos no caixa a frente, apenas uma pessoa estava na fila, ele acenou para o moreno e deu um passo adiante quando o caixa chamou o próximo da fila, tomando o lugar da moça que seguira a frente à pouco.

- ...E você até que é um pouco esperto.

O assunto morreu por um instante, tempo o suficiente para Itachi formular uma nova porção de perguntas ao homem ao seu lado.

O caixa dispensou a moça e então indicou Kisame para se aproximar, ele e o rapaz seguiram até o caixa com sua cesta de compras e depositaram sobre a bancada estreita.

- Você já comeu um surfista ? – Sussurrou o moreno, mantendo a conversa privada somente aos dois.

Kisame girou os olhos, impaciente. Sacou sua própria carteira do bolso de suas calças e de dentro desta o cartão de credito.

- Vocês usam cartão de credito no mar ? – Itachi continuou no mesmo tom, mais confuso do que nunca. – Você é o único tubarão que usa cartão de credito ? Pode parcelar as coisas ? Você é um consumista peixe consumista.

Ele recebeu algumas olhadelas do atendente, mas ignorou todas e continuou com a enxurrada de perguntas para o homem azulado, as mais absurdas possíveis.

Coitado.

O Uchiha ainda não sabia de nada.

Naruto estava disposto a pagar sua promessa, de modo que quando o loiro deixou a sereia que agora era mulher, sentada em uma das mesas do fundo da praça de alimentação, ele se encaminhou para a bancada da sorveteria e preencheu com uma bola de cada sabor o suporte de isopor com o emblema do lugar.

Aquela noite Hinata experimentaria de tudo.

Claro que ele preferiu colocar uma quantidade menor de alguns sabores dos quais julgava não ser tão bom quanto os que o loiro gostava, tudo era sua estratégia. Passou para a bancada de mármore onde escolheu as coberturas: Chocolates, marshmellows, balas de goma, biscoitos e frutas.

Ao final, havia pago um valor astronômico por uma quantidade de sorvete monumental. Ele voltou serelepe para  até a mesa onde havia deixado a moça com o sorvete, duas garrafas de água e duas colheres de metal.

A moça permaneceu encolhida em sua cadeira, os pés entrelaçados e as pernas tremendo, seus longos cabelos continuavam úmidos e ela não estava se sentindo nem um pouco confortável por estar entre tantas pessoas assim.

Muitas mesas ao seu redor estavam ocupadas por pessoas, casais, famílias, amigos. Cada um deles comia algo com um aroma diferente, gargalhavam alto e conversavam sobre coisas das quais a moça pouco conseguia compreender.

Naruto lhe ofereceu uma das colheres depois de colocar no centro da mesa o volumoso sorvete que havia comprado, deixou as garrafas de água do lado esquerdo. Certo, ia ensinar para aquela mulher-peixe como os humanos comiam para valer.

Ele sorriu para ela, sorriu largo e apertou os olhos azuis.

- Eu trouxe de tudo. – Explicou. – Cada cor é uma coisa diferente.

Ela confirmou com um aceno, mas não sabia como deveria começar, encarou a colher em sua mão e depois Naruto.

O loiro iniciou os trabalhos com uma pequena quantidade de sorvete de chocolate e calda de menta, ofereceu a ela a pequena porção em sua colher e a moça inclinou-se na mesa para experimentar seu premio de coragem por ter saído do tanque.

Era gelado.

Gelado como o lado de fora da água.

Ela contorceu os pés e o gosto doce invadiu sua boca, aos poucos o tal sorvete mágico derreteu, deixando para trás um sabor forte e refrescante que fez seus olhos lacrimejarem.

- E ai ?

Naruto queria o veredicto. Esperou até a moça confirmar e voltou a sorrir para ela.

- Tente você.

Ela repetiu os movimentos do loiro, optou pela massa de sorvete da mesma cor, pois tinha apreciado o sabor, porém quando experimentou percebeu que tinha feito algo errado. Estava incompleto, diferente. Algo crocante veio junto do sorvete e deu ao sabor um gosto salgado.

O loiro sempre foi o tipo de pessoa que tinha algo a dizer, uma pergunta, uma brincadeira, porém naquela hora, tudo lhe fugiu à cabeça, ele apoiou o queixo sobre uma das mãos e a observou em silencio.

Observou a moça girando o suporte e comendo aos pouquinhos um pouco de sorvete de cada cor, ela estava entretida naquilo, tomava cuidado para não derrubar nada para fora e também para não comer rápido demais.

Aos poucos o monte foi se dissipando, as frutas foram todas comidas, a cobertura de chocolate se acabou e a única combinação possível se tornou entre os sorvetes.

Hinata havia deixado de lado completamente a presença das outras pessoas, estava entretida ali, ocupada descobrindo aquele mundo mágico dos sorvetes, vez ou outra desviava seus olhos para os olhos azuis do loiro e logo voltava sua atenção para sua colher, definitivamente tinha valido a pena sair do tanque para experimentar aquilo. Ela indicou a garrafa que Naruto havia colocado no seu lado da mesa de metal da praça de alimentação e então o loiro se apressou em tomar a garrafa e a abri-la, rompendo o lacre.

- Pode beber.

O liquido era diferente daquele que ela estava acostumada, era doce, sem sal. Bebericou pequenos goles por um longo tempo até que não houvesse mais nada para sorver na garrafa vazia, infelizmente,  a taça descartável do sorvete também estava vazia.

E agora ?

Ela olhou para os lados, as pessoas que estavam lá antes, já não estavam mais, outras tomaram seu lugar, trazendo outras coisas e outros cheiros em bandejas de plástico.

Naruto limpou a garganta e ela ficou seus olhos no rosto do rapaz.

- Gostou ?

Sem dizer coisa alguma, ela apenas confirmou com a cabeça, estava batucando os pés em baixo da mesa, aprimorando o controle por seus dedinhos recém ganhos.

- Como está sua perna ? Está doendo ?

Ela negou.

Mas era mentira, a perna a incomodava, porém podia suportar muito bem aquilo.

Encarou-o por muito tempo até perceber que estava passando dos limites com aquilo, foi quando desviou seus olhos para a mesa e sentiu as bochechas arderem por conta da vergonha.

Mas o que diabos tinha dado nela ?! Estava ali, com um humano, sozinha... Nunca deu essa liberdade para ninguém de sua espécie antes.

- Eu não costumo ficar calado assim perto dos outros. – Ele começou.

E o motivo era claro: Ela o deixou sem fala.

Não queria perder o tempo a sós com ela enchendo a moça com perguntas como estava fazendo com Kisame. Não queria perguntar sobre o cativeiro e sobre a vida que ela tivera anos antes quando estava na água.

Queria só manter o silencio.

Queria manter aquele momento por uma vida inteira, sem cobranças, sem explicações e sem expectativas. Ali, era só ele e ela e incrivelmente, era o bastante.

Hinata desviou os olhos da mesa, subindo-os pelo rapaz outra vez, afundou-se na imensidão azul que eram aquelas orbes até voltar a se sentir queimando de vergonha por sua audácia. Passou a observar duas  mesas a esquerda onde um casal dividia um sorvete. Passou para a próxima mesa e então apontou o prato de outras duas pessoas e voltou-se a Naruto.

- O que é aquilo ? – Ela perguntou baixinho, curiosa, sentia o aroma vindo dali, era algo agridoce, salgado, forte.

O loiro procurou pelo que a jovem lhe tinha indicado e então respondeu:

- Batata recheada.

E então ela indicou um grupo de pessoas em uma mesa do outro lado.

- Hambúrguer .

- E lá ?

- Parece pão de queijo. – Ele respondeu depois de quase se colocar de pé para conseguir enxergar o que duas amigas estavam devorando com tanto gosto. – Definitivamente pão de queijo.

- E é bom ?

- Quer experimentar ?


Notas Finais


EVERMORE é um conjunto de crônicas sobre família, amizade e lealdade, mas principalmente sobre amor.
Um amor que envolve a todos e os afeta de maneiras diferentes, tornando-os melhores, maiores, empáticos e corajosos.
https://spiritfanfics.com/historia/evermore-9484026/capitulo1


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