História Profundo - Por Água Abaixo

~ POR ÁGUA ABAIXO ~

- Certo, e agora? – Karin sussurrou alto demais, os outros olharam-na com certa raiva. – O que foi?

A ruiva estava muito animada pelo plano que colocariam em pratica, já passava do meio dia e segundo os rapazes, a troca de turno se daria em menos de meia hora e seria o momento perfeito, todos os funcionários da parte da manhã estavam loucos para sair e os da tarde pouco empolgados para entrar. Então era aquilo: estavam de volta ao aquário, todos os sete, as moças devidamente trajadas como humanas e os rapazes estampando um ar de cansaço em seus semblantes, visto que nenhuma das moças os deixou dormir devido à conversa que nunca cessava na sala.

Kisame apertou as têmporas para tentar aliviar a dor de cabeça que ainda estava em seu corpo, castigando seu juízo, ele já tomara dois comprimidos pela parte da manhã e nada da dor dar uma trégua. Suspirou e passou os olhos por algumas pessoas que atravessavam o exterior em direção a porta principal do aquário, era hora de citar as regras e o plano mais uma vez, quando voltou sua atenção às três moças, ele teve a certeza de que não se perdoaria jamais se algo acontecesse a elas por ter as trazido de volta aquele lugar que as encarcerou por tantos anos.

- Vocês três vão ficar quietas, não vão fazer escândalo e não vão se arriscar.

Essas eram as condições para que as moças tivessem vindo.

- Vou com Itachi até a ala veterinária B e vocês três vão ficar quietas vendo os peixes, entendido?

Elas confirmaram com um bico em cada lábio pintado. Houve um furduncio mais cedo devido aos batons que ganharam de Kisame, nenhuma queria usar a mesma cor da amiga, em um acesso de possessão, um escândalo se estendeu por mais de meia hora até que uma a uma levou um bom xingamento de Kisame e só então a paz imperou dentro do pequeno apartamento.

- Eu e Naruto vamos até a ala veterinária A, mas é muito mais provável que ela esteja na ala B.

- Por que tem duas alas? – Sakura quis saber, até agora ninguém havia explicado aquilo e quando ela própria precisou de tratamento, o recebeu dentro do tanque que a confinou. – E se ela não estiver onde Kisame for procurá-la?

- Vamos trocar mensagem pelo celular para informar qualquer merda que acontecer. – Cantarolou Naruto, ele desviou os olhos azuis para Hinata e piscou para ela, arrancando um sorriso encabulado da moça. – São duas alas veterinárias, pois em uma tratamos os mamíferos e as outras os peixes em geral.

- Que mamíferos?

- Temos três golfinhos no tanque lá de fora.

- Golfinhos? Podemos ir ver os golfinhos? Saudade dos golfinhos! – Exaltou Karin. – Kisame podemos ir ver os golfinhos?

- Isso, vocês vão ficar vendo o tal golfinho enquanto nós procuramos Tenten.

Ele procurou os olhos negros de Itachi e como quem entende a deixa, o moreno seguiu para dentro do aquário com Kisame em seus calcanhares, guiou pelos corredores, andando em passos rápidos por entre as pessoas, conhecia bem o lugar e sabia como embrenhar-se pelos corredores sem chamar muita atenção.

O novo dia trouxe consigo um novo perigo: Desta vez todas as câmeras estavam ligadas e se não tomassem cuidado, era certo de que acabariam em uma grande enrascada.

Ficaram apenas cinco agora, o loiro enlaçou o braço ao redor de Hinata e esta abafou um risinho, puxou-a na direção oposta e apenas parou quando Sasuke soltou uma exclamação.

- O que? – Perguntou o loiro encarando o amigo, estava alguns metros de distancia. – Só tem tanque pequeno na ala A, você sabe disso. Não tem nada lá.

Sasuke ergueu as mãos para o alto da cabeça, às vezes tinha vontade de socar Naruto até não poder mais. Sabia bem o que o cretino estava fazendo: Ele estava levando Hinata para longe das amigas para roubar dela alguns beijos a mais, como se fosse completamente normal envolver-se com uma sereia de pernas.

Já havia passado um sermão longo e duro para o amigo na noite anterior. Ele e os outros viram muito bem, ao se aproximar da mesa que o loiro ocupava na praça de alimentação, que eles não estavam apenas em uma conversa amena e sim trocando saliva.

Aquilo iria acabar mal.

- Qualquer coisa você me manda mensagem.

Ele ia é mandar Naruto a merda, isso sim.

Karin seguiu para próximo dos dois e recebeu um olhar furioso de Hinata, recuou para junto da moça de cabelos cor de rosa mais uma vez com a certeza de que foi enxotada, trocada por um par de pernas.

- Ela toda tímida... – Reclamou Karin para ninguém em particular depois dos dois derem as costas e seguirem por onde Itachi e Kisame haviam passado a pouco. - ...E agora ela vai com o loiro sem nem se importar com a gente.

Sakura confirmou, não que ela estivesse desgostosa pelo fato de Hinata as ter abandonado, assim podia ficar um pouco mais de tempo com Sasuke. Desviou os olhos verdes na direção do moreno e eles trocaram um sorriso um para o outro, imitando a atitude de Naruto, Sakura foi enlaçar seu braço ao do moreno, Karin fez o mesmo do outro lado.

- Já que estamos aqui... – Ela sussurrou. – Vamos ver os golfinhos?

- Golfinhos, por favor!

Golfinhos então.

Caminharam os três juntos o ar livre, o moreno as guiou pela lateral externa do aquário, passando por áreas verdes gramadas e lojinhas vendendo lembranças do passeio, o cheiro de pipoca doce pairava no ar.

Era um dia ensolarado e quente, o ar estava abafado e muitas escolas trouxeram seus alunos para uma visita ao aquário, de modo que o lugar estava cheio de crianças correndo por todo canto. Eles três continuaram seu caminho até o tanque dos golfinhos, depois de caminhar por cerca de dez minutos chegaram ao local, o cheiro de sal tomou o ar e o aroma da pipoca foi esquecido imediatamente, havia um grande burburinho ao redor do extenso tanque, havia sido construído um nível abaixo, de modo que só se via vultos na superfície.

Karin desvencilhou-se do moreno e se aproximou da barreia de vidro, apoiando os braços na borda e encarando o movimento das águas atrás de algo acinzentado.

Ela sentia falta de casa.

Sentia falta de Suigetsu.

Ah, o que aquele idiota estaria fazendo agora? Como ele conseguiu sobreviver tanto tempo sem ela? Queria muito agarrá-lo, apertar seu corpo contra o dele por um tempo ainda não definido pela ruiva, até que a presença dele se tornasse familiar de novo... Teria envelhecido naqueles dez anos? De certo estaria mais poderoso do que quando o viu pela ultima vez, ele seria o futuro rei do mar!

Sorriu para si mesma quando viu um dos animais saltar para fora da água, o corpo inteiro em um lustroso cinza rodopiou e voltou para o fundo do tanque, aquilo atraiu a atenção das crianças que grudaram suas mãos pequeninas no vidro e encararam o animal que voltara para superfície, fazendo gracinha com a barbatana dorsal. O golfinho nadou de um canto para o outro e emitiu sons nasalados, ele saltou outra vez próximo á borda, era claro para Karin que o animal estava fazendo aquilo para arrancar-lhe mais um sorriso. Quando ele lançou para fora do tanque uma boa quantidade de água salgada, molhando a ruiva, esta se mostrou muito surpresa pela audácia do mamifero, apontou o indicador para ele e soltou um sermão longo de como não se deve molhar as pessoas, arrancando das crianças risos alegres com a conversa pouco convencional.

Sakura manteve-se ao lado de Sasuke, deleitando-se com o aroma amadeirado de seu perfume, ela também gostaria de ter um vislumbre de algo familiar aos seus olhos, mas decidiu que enquanto estivesse usando suas pernas, aproveitaria o tempo com quem também possuía pernas.

E Sasuke estava ali.

E Sasuke tinha pernas.

O moreno, muito calado, lhe direcionava olhares curiosos vez ou outra, era como se ele estivesse formulando frases aleatórias em sua cabeça para iniciar uma conversa, porém nada lhe parecia bom o suficiente.

- No que está pensando?

Ele deu de ombros e uma brisa veio brincar com os cabelos do casal, naquele dia Sakura tinha os lábios pintados de cor de rosa, ela estava mais a vontade com os cabelos curtos e aprendera como portar-se com os fios, usava as mesmas roupas do dia anterior e seu hálito cheirava a menta ou seria a hortelã?

Tinha tantas coisas que o Uchiha gostaria de dizer a ela... Tantas perguntas.

- Pode me explicar uma coisa?

- Claro.

- Como foi que aconteceu...? Como você veio parar aqui?

Ela desviou os olhos dele e encarou a paisagem ao redor, localizou um banco sob a sombra de um grande carvalho e indicou o lugar com o queixo, eles dois caminharam até lá, ocupando o banco de aço retorcido, estava muito mais fresco sob a sombra da arvore, dali ainda podiam ver Karin próxima ao tanque dos golfinhos.

- Foi pó causa de Tenten.

Ele sabia, quer dizer, ele tinha escutado que foi por culpa da outra sereia que elas vieram parar ali, mas como?

- Eu estava com Karin e Hinata, estávamos atrás de Kisame, nadando próximo ao ártico em águas realmente geladas.

- Então você gosta de águas frias, é?

- Não...

Gostava mesmo era do sol, do calor, de nadar em mares límpidos como as águas do Caribe.

- Mas nesses lugares mais frios podemos ir mais para a superfície, entende? São menos humanos, barcos...

Ele compreendia.

- Por que estão atrás de Kisame?

- Estamos sempre atrás de Kisame. – Ela ressaltou e sorriu abobada consigo mesmo. – Ele nos ensinava coisas, nos falava sobre o que já havia visto em terra, sobre os segredos do oceano... E naquele dia ele estava treinando Karin.

- Treinando?

- Sim.

- Durante o reinado dele, não houve ajuda, entende? Ele não dividiu o poder com ninguém.

- Tipo uma rainha?

Ela meneou a cabeça e em seguida confirmou.

- Ele nunca arranjou alguém, nunca se apaixonou. Então acabou com toda a responsabilidade para si. Mas agora, com Suigetsu, haverá uma rainha... Haverá Karin, quando voltarmos ela vai assumir junto de Suigetsu a responsabilidade por tudo o mais dentro do mar.

- Sei.

O Uchiha não estava muito certo daquilo, ela sustentou o olhar para ele daquela maneira que ele tanto gostava, com curiosidade e obstinação, o moreno passou as mãos pelos cabelos e então decidiu jogar no ar o que ele pensava sobre aquilo:

- Mas... Fazem dez anos, talvez ele tenha arrumado outra.

- Suigetsu?

- É, tem gente que não esperaria dez anos.

- Nós esperamos.

Ela estalou a língua.

- Como pode ter certeza?

- Nossa espécie esperaria mil anos se fosse preciso.

Mil? Quantos anos Sakura tinha mesmo? Ele arregalou os olhos escuros e a moça continuou.

- Somos monogâmicos, Sasuke.

Monogâmicos? Como as orcas?

- Nós amamos um único parceiro por uma vida inteira. – Ela finalizou, explicando o que queria dizer com monogâmicos.

Então era como se eles estivessem presos uns aos outros pelo tempo que tivessem de vida?

- Tem noção como isso é difícil? Alguns de nós procuram os sete mares por alguém especial... Procuram uma vida inteira, aliás. Muitos encontram o amor, como Suigetsu e Karin, e este amor será eterno enquanto vivermos... Mas outros nunca acham um parceiro, como Kisame, e acabar vagando sozinhos mar adentro até que o tempo se acabe.

Aquilo parecia lindo de se ouvir, era o ápice de um romance sem fim, no mundo do Uchiha não havia aquele tipo de coisa, pessoas descartavam seus parceiros e encontravam novas pessoas. Ele gostava de pensar que seus pais amavam-se daquela forma: com um infinito de sentimentos entre os dois. Por muito tempo, quando ele próprio cogitou estar junto de alguém, desejou que fosse da mesma maneira que os pais.

- ...E você já achou alguém também?

Ela encolheu os ombros e juntou as mãos no colo, encarando as unhas pintadas de vermelho. Aquilo a estava atormentando... Não encontrara ninguém dentro das águas, não tinha ninguém a quem voltar, mas ao olhar para Sasuke, quando sentia seu peito encher-se de alegria ao arrancar um sorriso do moreno fazia com que a de cabelos cor de rosa pensasse... Pensasse que talvez ela houvesse encontrado alguém.

Mas amar Sasuke significava uma vida inteira de solidão.

O Uchiha jamais poderia segui-la onde quer que ela fosse.

Uma hora, mais cedo ou mais tarde, ela teria de voltar e então seu coração ficaria em terra firme enquanto seu corpo nadaria em liberdade pelo lugar que era seu lar. Nunca mais seria completa.

Ela negou a ele com um meneio e então eles passaram um tempo em silencio até que a moça continuasse a história.

- Kisame estava treinando Karin, nós ouvimos os gritos, havia um cheiro de sangue na água, era o cheiro da morte.

- Era Tenten?

- Era.

- Ela foi ferida?

- Não, mas Neji foi.

E quem era esse agora?

- ...Neji?

- Neji era o par dela. – Explicou Sakura. – Como Suigetsu é para Karin. Ela o amava.

E o Uchiha sentiu-se transportado para o local do ocorrido, conforme Sakura lhe contava os detalhes, era como se ele pudesse ver tudo aquilo.

Neji era um tritão de porte esguio, seus cabelos castanhos longos dançavam ao seu redor conforme este nadava, Tenten, o acompanhava aquele dia, carregava nos lábios um sorriso largo, apreciando a companhia. A água era gelada, quase cortante, de modo que para manter o corpo aquecido precisavam estar sempre em movimento. Nadaram para cima até alcançar águas mais quentes, aquecidas pelo calor do sol, eles não prestaram atenção, não viram o casco do barco de pesca, pensaram ser apenas um pedaço de gelo boiando na superfície, porém estavam enganados. Quando tomaram conhecimento do perigo, foi tarde demais. Neji acabou sendo atingido por um arpão longo de ponta dupla, do tipo usado para caçar baleias em outros tempos, ele lutou com voracidade para tentar se libertar do ferro que lhe atravessou o tórax, a sereia fez o melhor que pode, puxando a corda para dentro da água, com o intuito de oferecer a liberdade ao seu amado, mas o ferimento despejava a vida do tritão pelas águas do mar, roubava-lhe as forças.

Foi quando o impetuoso tubarão branco chegou, feroz, arrebentou a corda que mantinha Neji preso ao barco de pesca, porém o hibrido estava muito ferido aquela altura do campeonato, seu corpo afundou mais e mais e seus olhos lilases perderam o foco quando uma rede foi lançada mar adentro, enlaçando a sereia de calda prateada em suas amarras.

Ela tentou se soltar, viu quando as amigas vieram lhe ajudar, quando o rei dos mares tentou despedaçar as cordas.

Um novo arpão foi lançado e este se fincou em uma das barbatanas de Kisame, o tubarão sangrou como o tritão quase inconsciente havia feito há pouco. Ele tornou-se hibrido, a calda sem escamas e de textura grossa continuaram ali, porém a parte superior transformou-se em homem, um meio homem de pele azulada e marcas no alto das bochechas, enquanto travava uma batalha pessoal para arrancar o arpão de seu braço ferido, Kisame testemunhou novas redes sendo lançadas na água, as outras três presas na nova armadilha, Tenten duplamente enlaçada.

- Eles te puxaram. – Sasuke sussurrou. – Te tiraram da água.

Sakura confirmou.

Ela não sabia o que havia acontecido dentro da água depois disso, sabia apenas o que ocorrera do lado de fora.

E nada foi muito agradável do lado de fora, diga-se de passagem.

- Não tínhamos forças suficiente para conseguir saltar do barco, havia uma porção de humanos nos encarando quando ainda estávamos enroladas nas redes, eles colocaram o barco em movimento, dava para ouvir baques de quando algo acertava o casco, eu sei que era Kisame.

Em dado momento ela parou, era como se ela estivesse revivendo aquele momento outra  vez.

- Mantivemo-nos quietas.

- O que eles fizeram com vocês?

Os olhos verdes se encheram de lágrimas, foi quando ela focalizou Karin estagnada diante dos dois, a ruiva estava ali a quanto tempo? Seus cabelos estavam úmidos, assim como sua blusa lilás.

Ela continuou a história de onde Sakura havia parado:

- Eles jogavam uns baldes de água na gente, viajamos por dias, quando chegamos, foi uma confusão, muitos queriam ver as aberrações que nós éramos. Nos jogaram em um lugar apertado, raso, não tinha como fugir dali. Por dias vivemos dentro daquele retângulo encarando os azulejos, eles jogavam ração dentro da água e nós entendemos que precisávamos comer aquilo ou morreríamos de fome. As semanas passaram e então fomos colocadas em uma piscina nova, com paredes de vidro, nós quatro. As semanas se tornaram meses, ninguém viria nos salvar? Foi quando matamos um idiota que estava de gracinha para nosso lado que eles nos separaram.

Aquela era a história que Naruto havia lhe contado, história que ele escutou pelos cantos do aquário, então era verdade?

- Era um homem que nos alimentava, entrou na água conosco e tentou agarrar Sakura a força.

- Mas que filho da puta! – Sasuke soltou sem pensar duas vezes.

- Nós o levamos para o fundo do tanque e arrancamos cada um de seus membros. – Murmurou Sakura, não muito orgulhosa daquilo. – Então no dia seguinte quando encontraram o corpo do humano, eles decidiram que éramos perigosas demais.

- Tiraram a única coisa que ainda tínhamos: Uma a outra. – Explicou Karin. – E vieram os anos e a saudade de casa... E a doença.

- Doença?

A ruiva confirmou, ela tomou os óculos com as pontas dos dedos e Sasuke compreendeu que nem sempre ela tivera dificuldade para enxergar.

- Estamos longe do mar já há muito tempo... Não é como se pudéssemos sobreviver aqui como vivemos lá.

- Vocês estão morrendo então.

Ela confirmou, pensou melhor e decidiu corrigir o que o Uchiha disse:

- Acho que estamos é vivendo como humanos...

- Como Kisame.

- Sim, como Kisame. Ele está velho, você notou?

Karin confirmou, não era aquele rosto que elas se lembravam.

- E cansado.

- Viu como ele fica reclamando de dor na cabeça?

Aquilo era um grande estimulo aos olhos de Sasuke: Mais do que nunca ele se sentiu motivado para levar Sakura de volta ao mar.

Precisava devolve-la ao seu habitat natural!

Jamais se perdoaria por manter aquela criatura ali e vê-la definhar... Ela tinha muito ainda para viver.

Sentiu seu celular vibrar em seu bolso e tinha a certeza de que era uma mensagem do irmão, esperava que fosse uma boa noticia, dizendo que eles tinham pego a moça e já estavam se encaminhando para a saída. Puxou o aparelho e abriu a conversa, infelizmente, estava errado, as noticias não eram nada boas.

“Ela está morta, vamos embora.”

- Merda.

Como contaria aquilo para elas duas?

Recebeu uma ligação, uma chamada de vídeo de Naruto, mas o que diabos o loiro estava querendo com aquilo? Quando aceitou a chamada, deslizando o indicador pela tela do celular, ele se deparou com a figura de Kabuto, o cientista do aquário, e não com os olhos bondosos e azuis do amigo.

Kabuto sorriu para ele de uma maneira sádica, causando arrepios em Sasuke.

- Quero as minhas sereias de volta.

Kabuto sabia. Puta que pariu. Mas como?

- Onde está Naruto?

Ele desviou a câmera do celular de seu rosto e a apontou na direção do loiro. O Uzumaki estava caído no chão, desacordado e sangrando. Hinata estava sentada ao lado dele, com as costas escoradas em uma das paredes, chorando e chacoalhando o ombro de Naruto. Havia tanto desespero em seu olhar que era quase palpável.

A câmera voltou a focalizar o cientista.

- Melhor se apressar ou vou abrir as pernas desta para ver se tem ossos dentro.

Merda.

Mil vezes merda!