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História Programa de Estágio - Dois


Escrita por: SofiaQuem

Capítulo 2 - Dois


Fanfic / Fanfiction Programa de Estágio - Dois

*Sandra POV*

- bom dia!

Apesar de ter sonhado a noite toda com ele não me intimidei, quer dizer, tentei não me intimidar.

- bom dia. Temos uma reunião em dez minutos.

Fiquei parada com o meu café na mão. Pressão fazia isso comigo. Sempre odiei ser pressionada. Que ironia, trabalhar em finanças e odiar pressão. Eu precisava rever os meus conceitos.

Nem tomei café, desisti. Fomos para a reunião e depois de muito blá blá blá saí com bastante trabalho a ser feito. Eu nem sabia por onde começar e precisava de concentração, mas com um chefe como o meu, quem disse que é possível?

Ele pegou sua cadeira e sentou ao meu lado. Bem ao lado. Senti um frio na espinha, principalmente por ser muito, muito cheiroso. Ele podia ser feio, fedido e desdentado. Fechei rapidamente os olhos para não cometer o pecado de cobiçar o homem da próxima, quer dizer, não tão próxima, mas que se dependesse da minha mãe seria próxima em breve. Ai Deus, que loucura.

- preciso ajudar você com isso. Vou te falar como faz, okay?

Ensinar como faz? Eu só conseguia pensar em coisas obcenas.

Ficamos umas duas horas naquilo. E finalmente quando estava conseguindo me concentrar ele atende o celular. Claro, seria uma pessoa normal falando ao telefone, mas não. Ele se afastou e começou a sussurrar. Percebi que era a sua esposa, porque ele foi muito, muito carinhoso com em suas palavras. 

Engoli seco apenas pensando na sorte dessa moça. Ter um homem lindo e ainda carinhoso e gentil? Inteligente? Cheiroso? Respirei fundo e peguei minha bolsa para sair para almoçar.

- tá, eu te vejo mais tarde. Te amo.

TE AMO!? Minha nossa. Quase me derreti.

Ele me olhou como se reprovasse o meu bisbilhotamento, se é que essa palavra existe.

- eu.. eu vou almoçar.

- tudo bem, bom almoço.

É, eu ia almoçar sozinha. Fui no restaurante do dia anterior. Encontrei todo mundo da empresa lá, mas estava mais sozinha do que nunca. Sorri para algumas pessoas, tentei ser o máximo simpática para ver se alguém me dava atenção, mas nada. 

Voltei para o expediente e para a tortura de passar o dia todo ao lado dele. Percebi que além de muito inteligente ele era gentil e educado, educado até demais com a esposa que ligou exatamente - até onde eu contei - nove vezes. NOVE VEZES. Ela não trabalha não? E ele foi educado, ele foi extremamente educado e carinhoso as NOVE VEZES! 

Eu estava indignada e já tinha raiva dela. Eu nem a conhecia, mas já percebi que tinha algum problema, não é possível!

- Madison, eu já vou. Precisa de algo?

- não, pode ir. boa noite.

- boa noite.

É eu estava mesmo de saída se não fosse o cara da tecnologia me abordar na sala.

- Sandra?

- oi!

- você estava de saída?

- estava, mas pode falar.

- é que estamos indo a um happy hour aqui perto. Você que ir?

- ann, desculpe, mas eu não posso, tenho aula na faculdade.

- esqueceu que ela é estagiária Philip?

Lucas se intrometeu na minha conversa e eu sorri discretamente. Achei engraçado o modo como ele falou.

- ah, é verdade, desculpa. Fica pra próxima.

- obrigada pelo convite.

Philip saiu das minhas vistas e ao colocar minha bolsa no ombro fui surpreendida pelo meu chefe, que nunca falava nada pessoal, mas naquele dia resolveu falar.

- o Philip se empolga com as garotas novas.

Resolvi conversar mais, afinal, era um milagre.

- ah é normal. é como se nós fôssemos carne fresca, sabe?

Deus. Percebi o quanto eu tinha sido informal.

- ai me desculpe por ter falado assim e...

- tudo bem, eu entendo o que quis dizer. 

Ele ria. Ele estava rindo de mim!?

- desculpa eu...

- porque fica pedindo desculpas o tempo todo?

Ele ainda ria, mas não com a mesma empolgação.

- desculpa é que você é muito formal.

- pediu desculpas de novo.

Comecei a ficar nervosa.

- tá, não vou mais pedir.

- melhor assim. E eu não sou tão formal assim, sou?

- claro que é! até achei que você fosse mais velho.

Ele cruzou os braços e me encarou.

- você sabe a minha idade?

Eu e minha boca gigante. Eu não ia falar nada sobre o pai dele, o meu pai, enfim.

- não, eu só pensei, já que você é muito formal deve ser mais velho do que eu, por exemplo, bom, claro que você é mais velho do que eu, já é formado e...

Ele me olhava e parecia que queria rir mais. Parei de falar.

- quantos anos você acha que eu tenho? - perguntou

Dei o meu melhor sorriso. 

- vinte e cinco?

Fiz aquela cara de "será?".

- você já sabia a minha idade.

- não sabia! sério! 

Menti e menti feio.

- você acertou. Tenho vinte e cinco.

- viu? eu sei identificar. 

Ele sorriu e voltou ao trabalho e eu, bom, eu percebi que era hora de ir mesmo para a faculdade.

- bom, até amanhã.

- até, tchau.

Ele acenou rapidamente e eu saí de lá correndo.

Quer saber o pior? Eu não parei de pensar nele. Nenhum minuto sequer. Então comecei a ficar preocupada, muito preocupada.

(...)

Domingo de manhã.

- Sandra, precisamos sair em dez minutos!

Eu parecia um zumbi. Acordar às sete horas da manhã em um Domingo era demais pra mim.

- bom dia Bela Adormecida.

- bom dia pai.

- não vai tomar café?

- Mãe, você sabe que eu não consigo comer tão cedo.

- uma maçã, pelo menos.

Peguei a fruta com todo o custo e fui arrastada para a igreja.

- bom dia filhos! bom dia Sandra!

- bom dia Reverendo.

- bom dia David e Martha!

- bom dia!!

As pessoas pareciam animadas. A empresa que o meu pai trabalhava era como se fosse uma sociedade. Amigos de infância trabalhavam juntos e isso fazia com que o meu ele pensasse que aquilo tudo era a oitava maravilha do mundo.

- Sandra, venha! Venha conhecer a Vivian!

Vivian!?

Naquele momento avistei os dois. Lucas e a tal de Vivian. Então era esse o nome dela? 

Ele estava maravilhosamente lindo. Me encolhi atrás da minha mãe e esperei a surpresa.

- Sandra!?

Ele me viu. 

- oi! 

- vocês se conhecem? - Vivian perguntou

- ela é minha estagiária! o que faz aqui?

Tentei dar um sorriso bonito, mas falhou.

- eu frequento essa igreja.

- ah que legal. Nós também somos anglicanos, mas de outra catedral.

Ele parecia um anjo falando.

- Sandra, está gostando de trabalhar na Y&R?

Lucas nos deixou a sós. Engoli seco e tentei parecer normal.

- estou. muita informação, mas estou me acostumando.

- Lucas é um bom chefe?

Minha nossa. Eu poderia responder "seu marido é um lindo chefe", mas preferi responder do modo convencional.

- é sim.

Minha mãe estava delirando com a minha amizade repentina e sorria de longe.

- Sandra!? meu Deus você cresceu!

- oi Paul!

Paul Madison, meu futuro sogro, se Lucas não fosse meu chefe e se já não fosse casado. 

- você está linda! 

- obrigada.

Paul era viúvo e era um homem muito bonito para a sua idade. O filho teve a quem puxar.

Sentei-me em qualquer lugar e lutei contra o sono. Eu não tinha nada pra fazer a não ser olhar aqueles dois. Eles formavam um belo casal, mas alguma coisa me dizia que eles não eram o que aparentavam ser.

Em algum momento me distraí e não o vi se aproximar.

- oi!

Me assustei com o cumprimento repentino.

- oi!

- poxa, que coincidência você aqui na igreja e os nossos pais se conhecem! você sabia disso?

Lucas estava diferente. O modo como ele falava era totalmente diferente do modo como falava na empresa. Tá, no trabalho somos mais formais, mas ele estava MUITO diferente. Parecia outra pessoa e falava bastante.

- eu fiquei sabendo, não é o máximo? - disfarcei

- e eles são amigos de infância, que mundo pequeno.

- como nunca nos conhecemos? - perguntei perplexa

- eu estava me fazendo essa mesma pergunta.

Ele pensou em mim!? Sim, eu já estava delirando.

- a Vivian gostou de conversar com você. Ela me disse que você é do coral?

Vivian... Porque estragar o clima?

- é, eu tento cantar.

- ela ficará para o ensaio. 

Meus sorrisos estavam falsos demais ultimamente.

- que legal.

E ela ficou mesmo e não parava de falar. E eu que nem gostava muito de cantar nunca quis tanto me ocupar com a voz. Preferia isso do que ficar falando pelos cotovelos com ela.

Vivian era da alta sociedade. Não trabalhava, fazia alguns esportes, tricotava e colecionava broches. Ela falava e eu tinha vontade de vomitar um arco-íris. Que ela não trabalhava eu já tinha percebido, porque não para de ligar para o marido durante o expediente. Ela tinha até pós-graduação, mas pra que? Se nunca vai colocar em prática o que aprendeu?

Bom, ela falou muito e eu aproveitei a deixa para investigar. Eu queria saber mais sobre ele, apenas para me martirizar mais e conhecer melhor meu amor platônico.

- como você e o Lucas se conheceram?

- nossa, isso foi há muito tempo! nós começamos a namorar com quinze anos. Ele foi meu primeiro beijo, meu primeiro cara, enfim.

Me remexi e continuei.

- e casaram cedo, porque?

- eu não queria mais esperar. Não fazia sentido. Ele queria esperar mais, mas eu insisti, afinal, as mulheres que mandam.

Minha nossa.

- e você? tem namorado? - perguntou

- não.

- você é linda! se eu fosse solteira e com o seu rosto ia aproveitar ao máximo.

Tentei gostar do elogio, mas não consegui.

- é, eu tento, mas agora com o estágio e faculdade, aproveitar será difícil.

De repente, ela senta ao meu lado, praticamente no meu colo e sussurra:

- tem algum cara gato lá no trabalho? 

Não, não pode ser. Ela não era esse tipo de mulher, era? Engoli seco e respondi.

- alguns.

Ela sorriu e continuou.

- aproveita boba.

- lá não é permitido relacionamentos.

- e se ninguém souber?

- ah, eu não tenho coragem.

Ela fez uma cara de desdém e tentou continuar o assunto, quando foi interrompida por um cara. Um cara bem bonito por sinal.

- oi Vivian!

- Fred, tudo bem?

- tudo! estão por aqui hoje?

- pois é, terminamos o coral agora.

- e você é?

O tal de Fred se virou pra mim e me olhou por inteiro.

- sou Sandra Steel.

- muito prazer, sou Frederico Ball, o melhor amigo do Lucas e dessa louca.

Ele estendeu a mão pra mim e eu o cumprimentei.

- ann, Fred você me dá uma carona até em casa? O Lucas já foi e levou o carro.

- claro! vamos! tchau Sandra.

Ele piscou e saiu cochichando com ela. 

Meu sexto sentido nunca falhou. Vivian não era o que aparentava ser. Lucas era completamente domado por ela. E esse Fred era o amigo tarado. Eu e minha capacidade de análise rápida.

Não gostei do que conheci.


Notas Finais


*Foto: Vivian e Lucas


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