História Projeto bebê!-vkook - Ator

Jungkook precisava de uma bebida. 

Mas o dever exigia que ele ficasse a postos, era o funeral de seu irmão.

— Fico muito aliviado que não tenha sido você, Junghyun!

Sua mãe disse. Nem mesmo a progenitora notou a farsa.

— Seu irmão era um ótimo dançarino, acho que era a única coisa boa que ele fazia na vida.

A mulher continuou dizendo enquanto secava as lágrimas. Realmente, enquanto Junghyun se formou em administração e assumiu os negócios da família, Jungkook só quis concluir o curso de dança e dar aulas particulares.

— Uma pena ele ter partido antes de realizar um grande feito.

Dessa vez foi seu pai quem falou. O homem, como todos ali, não tinha percebido que era Junghyun no caixão em vez de Jungkook e que aquilo tudo era uma farsa.

 Os cumprimentos continuaram, todos pintando o retrato de um malandro esbanjador. Não que algum dia JungKook tivesse se importado com a maneira como era visto, mas nesse dia isso o aborreceu, porque estavam falando aquelas coisas ruins para a pessoa errada.
 Seus amigos de infância, Jimin e Yoongi estavam por perto, recebendo sua parte das condolências, pois todos sabiam que os quatro eram unidos como irmãos, porém, o mundo parou quando Taehyung entrou no salão, ele era uma visão encantadora, ainda que envolto em preto, expressando com elegância sua gratidão àqueles que tinham comparecido. Ele tinha cuidado dos preparativos, enviando os cartões de luto, informando como a cerimônia devia ser conduzida, garantindo que os convidados fossem alimentados antes de voltarem para casa.

 Jungkook podia entender o motivo do irmão tê-lo implorado para fingir, se a família descobrisse com toda certeza iriam deixar Tae sem nada, iriam o jogar na rua… O bando de cobras que levavam o sobrenome Jeon estariam loucos para pegarem a empresa de Junghyun.

 Quando a última pessoa partiu, já no final do velório, Tae se aproximou, entrelaçando o
braço no do ruivo com um leve aperto.

— Que bom que isso acabou.
 

Mesmo inchado por causa da gravidez, Taehyung era o homem mais gracioso que JungKook já tinha visto. O Kim estendeu a mão e tocou o seu rosto.

— Você parece cansado.

— Foi uma semana longa. 

JungKook tinha voltado de viagem dez dias atrás, e sofreu a maior parte de seu luto e sua tristeza durante a longa e árdua jornada de volta para casa. 

— Precisamos conversar!

Jimin disse quando ele e Yoongi se aproximaram.

— A sós?

Tae perguntou, recebendo um aceno positivo então ele se apressou para deixar o grupo sozinho.

— Que diabos você está tramando, Jungkook?

Yoongi praticamente gritou as palavras e o corpo do ruivo congelou enquanto seu cérebro estudava a possibilidade de negar a acusação, mas havia muita coisa em jogo. 

— Quando você percebeu que eu não era o Junghyun?

— Pouco antes do início do funeral! 

 Dessa vez foi Jimin quem disse.

— Vocês disseram algo para alguém?

— Não. Nós pensamos que seria melhor contermos nossas suspeitas até confirmá-las. Que porra você está fazendo?

— Eu prometi ao Junghyun, quando ele estava morrendo que eu faria o possível para garantir que Taehyung não perdesse o bebê que está para nascer ou que ficasse desamparado... 

Ele sofreu três abortos espontâneos durante o breve casamento, nunca levando uma gravidez até o fim.

— Fingir ser meu irmão pareceu a melhor forma de conseguir isso. Eu preciso saber como vocês descobriram a verdade. Se Taehyung desconfiar...

— Você perdeu o juízo? — Yoongi vociferou.

— Baixe a voz — Jungkook pediu. Tudo que ele não queria era que Tae ou seus pais ficassem sabendo.

— Você acredita mesmo que vai conseguir enganar o Tae? Fazê-lo pensar que você é o Junghyun?

Ele vinha fazendo isso há pouco mais de uma semana. E tinha convencido a todos. Mas não os dois amigos, e isso era um problema. 

— Junghyun não me deixou escolha, se eu quiser honrar seu pedido.

— A gravidez já está bem avançada, nessa altura Tae não tem mais chances de ter um aborto espontâneo — Jimin disse, colocando-se ao lado de Yoongi, como se juntos tivessem mais chances de convencer Jungkook de que esse ato de nobreza não passava de uma grande tolice, como se ele já não tivesse plena consciência disso.

Kook fuzilou-o com o olhar.

— Você é capaz de prometer que nada irá acontecer com Tae e o bebê? Pode garantir? Você sabe o quanto Taehyung o ama... ou quanto ele o amava. Se souber que foi Junghyun quem morreu, não vai desmoronar? Será que não vai adoecer com a tristeza?

Como resposta, Jimin soltou um suspiro profundo e se aproximou do aparador, onde pegou uma garrafa e se serviu de mais vinho. Embora Jungkook tivesse conseguido estabelecer seu argumento, tirou pouca satisfação disso.

— Você faz alguma ideia do que essa fraude pode fazer com Tae? De como ele vai se sentir quando souber a verdade? —Yoongi perguntou.

— Ele terá uma impressão ainda pior de mim. Imagino que irá me atacar com o objeto mais mortal que estiver à mão. E ficará devastado. 

— Tudo isso é suficiente para que você perceba que é preciso contar pra ele agora e não levar essa manobra adiante.

— Não.

— Então eu mesmo vou contar —Yoongi disse, indo em direção à porta.

Jungkook o deteve, correndo para se colocar à frente do amigo, bem quando este tocava a maçaneta.

— Toque nesta porta e eu acabo com você.

— Eu me recuso a permitir que você faça isso! Yoon disse e o fuzilou com os olhos.

— Você pode ser meu melhor amigo, mas esse assunto não lhe diz respeito.

Yoongi contraiu o maxilar e balançou a cabeça.

— Com toda certeza isso nos diz respeito. Jimin, diga-lhe que ele é um idiota e que não pode fazer isso.

— Infelizmente eu concordo com ele.

Yoongi se virou, evidentemente perplexo. 

— Você não acha que essa é uma má ideia?

— Eu tenho certeza de que é a pior ideia. Mas ele está certo. Não é da nossa conta e não devemos nos meter nessa história.

— Talvez você não se importe com o Taehyung, mas eu sim.

— Mas e se Jungkook tiver razão? E se contar a verdade para ele fizer com que perca o bebê, o último presente que Junghyun deixou para ele, como você vai se sentir?

Os ombros de Yoongi caíram ligeiramente, ele recuou.
— Eu amava Junghyun como um irmão.

— Mas considerar alguém “como um irmão” não é o mesmo que ser um irmão—Jimin disse. — Além disso, nenhum de nós estava lá quando Junghyun deu seu último suspiro. Não ouvimos suas palavras finais nem testemunhamos o desespero que envolveu os dois.

“Seja eu”, ele tinha suspirado. Seja eu. Jungkook nunca imaginou o poder que duas palavras tão pequenas podiam ter.

— Você tem que ser sempre tão racional? — Yoon perguntou ao Park.

— Eu não reclamaria, se fosse você. 

— Você pensou em todos os detalhes? De quanto tempo Tae está? Alguma coisa entre sete e oito meses? Vai ter que fingir amar ele durante várias semanas, embora vocês dois nunca tenham se dado bem; toda Seoul sabe que você praticamente não suporta ficar no mesmo ambiente que ele. 

o Min disse, chegando ao cerne do que ele acreditava ser o desafio que Jungkook tinha colocado para si próprio.

Se fosse tão simples assim. Depois daquele beijo maldito e impensado no jardim, anos atrás, quando Jungkook fingiu ser seu irmão para reivindicar os lábios de alguém que ele nunca teria sendo ele mesmo, Kook nunca mais esqueceu a paixão que nutria pelo Kim. 

— Eu analisei a questão de todos os ângulos.

Yoon franziu o cenho, e fechou as mãos em punhos.

— Se você seguir nesse caminho, não vejo nada além de um grande desastre no horizonte.

— Eu posso lidar com um desastre quando acontecer. Mas, no momento, minha preocupação é evitar uma desgraça antes que o bebê nasça. Eu sei que não vai ser fácil; os últimos dez dias, tentando me comportar como Junghyun, foram horríveis. E
sei que não tenho conseguido imitá-lo muito bem, porque Taehyung me observa como se
eu fosse um quebra-cabeça com uma peça mal encaixada. Acredito que, até agora, ele tem sido gentil e atribuído meu comportamento excêntrico e minha necessidade de isolamento ao luto. Mas eu sei que não posso usar essa desculpa por muito tempo, então preciso saber o que me entregou. Como vocês deduziram
que era eu, e não Junghyun, andando por aí hoje?