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História Prometeo - Six


Escrita por: baemanvanlis

Notas do Autor


Leiam as notas finais!

Capítulo 6 - Six


VALENTINA

            Já era quase noite quando Renata veio me chamar para ir tomar o banho que a mesma havia preparado para mim, depois da cena que se passou no jardim amarelo com Juliana a minha tarde foi longa e improdutiva, visto que tudo em que eu conseguia pensar era no flerte descarado que ela me lançara e em minha coragem para responder-lhe daquela maneira.

            A água morna regada a pétalas de rosas conseguiu me fazer relaxar por um instante, Renata passava o sabonete pelas minhas costas lentamente, permiti que me banhasse hoje já que teria de aguentar algumas horas na frente de meus súditos e fingir toda aquela baboseira de que as futuras Rainha de Mareniss eram realmente apaixonadas. Agora que estava prestes a acontecer, tudo parecia mais real, minha única vontade era sair correndo e pedir para que Juliana me permitisse fugir daquilo tudo.

-Valentina, quase esqueci de lhe avisar. – Renata chamou minha atenção. – A Princesa Juliana escolheu o vestido que a senhorita irá usar hoje. – Franzi a testa com leve indignação, quem ela pensa que é para escolher as roupas que visto? – É um vestido que representa as cores dos poderes de Mareniss, para mostrar ao povo que você está aqui unida a eles também. – Ela disse apressada ao perceber minha expressão, relaxei, fazia sentido que ela quisesse que eu vestisse algo que representasse uma união entre eu e a região.

 *****

JULIANA

            Esperava por Valentina no topo da enorme escadaria dourada que nos levaria para o salão onde seria feita a transmissão do anuncio oficial de nosso noivado. Vestia o vestido que ela havia me dado, o caimento havia ficado perfeito, parecia ter sido feito especialmente para as minhas medidas.

-Princesa. – Ouvi a voz suave e me virei para olhar para ela, me encantei ao ver seu corpo trajado no vestido mais bonito que eu já havia mandado fazer para alguém. Eu sabia que tinha sido inconveniente ao pedir para que deixassem uma vestimenta como aquela pronta em apenas algumas horas, mas os costureiros aceitaram o desafio sem reclamar.

-Está linda. – Disse enquanto descia meus olhos para analisar cada centímetro do tecido sobre seu corpo. O busto era de seda preta, conforme descia pela saia, a cor se transformava em vermelho, para representar carvão e fogo, decidi que não queria um vestido muito armado, mas sim um que mostrasse discretamente as curvas de Valentina. Minúsculas pedras de ônix cravejavam a vestimenta de cima a baixo, a mulher a minha frente parecia uma divindade antiga.

-Obrigada. – Um sorriso incrivelmente tímido estampou sua face e seu rosto ficou levemente corado. – Está linda também. – Foi minha vez de lhe lançar um sorriso quase que contido, não sabia o que havia acontecido conosco nesses segundos, mas talvez estivesse ligado com o fato de que em alguns minutos iriamos anunciar a todo o país que em cerca de duas semanas nos casaríamos. – Ah... queria te agradecer pelo... pelo vestido que me deu. – Sorri apontando para minhas vestes. – Um vinco se formou na testa da moça.

-Eu não lhe dei esse vestido, Juliana. – A Princesa me lançava um olhar indagador. – Porque acha que fui eu?

-Havia uma carta junto dele e dizia que era um presente seu para mim, estava dentro de meu closet.

-Princesa, não tem como eu ter colocado o vestido ali, você passou a manhã toda no quarto, não passou? – Acenei em positivo com a cabeça. – E não viu ninguém o colocando lá dentro?

-Não. – Parei para pensar, ninguém entrara no meu quarto desde ontem à noite, somente Valentina e Renata pela manhã, mas estive com elas o tempo todo.

-Juliana, você tem certeza disso? – Sua voz começava a soar preocupada.

-Tenho sim, Princesa. – Um arrepio percorreu meu corpo, seria possível que alguém tenha entrado em meu quarto durante a noite e colocado o vestido ali? Senti uma onda de frio passar pelas partes da minha pele onde o tecido do vestido tocava, então fui dominada por uma sensação que parecia de morte, mesmo que nunca tivesse encarado a mesma, e dor, muita dor. Arregalei os olhos, não poderia ser.

-Juliana... – Valentina disse com a voz tensa ao notar meu desconforto. – O que está acontecendo?

-Olhe a cor do tecido do vestido por dentro, por favor, se abaixe e olhe a cor do meu vestido por dentro. – Disse desesperada, quase desmaiando com a sensação de pavor que tomava conta de mim.

-Porque quer que eu olhe a cor de seu vestido? – A Princesa me perguntou confusa, até que o vinco que se formara em sua testa passou a se transformar em uma expressão de completo entendimento, ela arregalou os olhos. – Você? – Perguntou espantada. – É a garota da profecia. – Acenei em positivo e ela imediatamente se abaixou e levantou a saia do meu vestido para olhar a cor.

-Princesas? – Ouvimos a voz de Eva e tenho certeza que meu rosto atingiu o tom de vermelho mais forte que existia. – O que estão fazendo? – Eu podia ver pela sua expressão que ela se segurava para não rir. Se eu não estivesse tão tomada de desespero, talvez acharia engraçado também.

-Nada! – Valentina disse se levantando rapidamente, virou-se para mim novamente dando seu máximo para ignorar a presença da irmã e disse “roxo e cinza”, meu coração bateu forte e minhas pernas tremeram, a profecia era mesmo real e finalmente havia começado. Me segurava para não começar a chorar como um bebê, queria me jogar no colo de minha mãe e pedir para que me protegesse e que não deixasse que todas as coisas ruins que me foram prometidas acontecessem. Valentina afagava minhas costas para tentar me acalmar, eu duvidava que ela realmente soubesse tudo que o presságio dizia que me aconteceria, praticamente ninguém sabia.

-Princesas, a Rainha está à procura de vocês, a transmissão será iniciada em dois minutos, precisam se posicionar urgentemente nos tronos. – Lucía apareceu feito um furacão, veio logo me dando empurrõezinhos para que descesse a escada mais rápido, enquanto Eva auxiliava Valentina a não tropeçar pelos degraus. As duas me observavam com atenção, a mais velha com questionamento e a mais nova com medo por mim.

-O caos se instalou. – Disse para Lucía, que travou na hora e parou de descer a escadaria, faltavam-nos cinco degraus, minha mãe nos avistou e forçou que fossemos a frente das câmeras. Olhei de volta para minha melhor amiga que ainda não conseguia se mexer e vi que haviam lágrimas em seus olhos, ela sabia que aquilo seria o marco inicial para um fim desastroso.

            Minha mãe me deu uma última olhada antes que me sentasse no segundo trono que ficava ao lado do seu, eu me sentava ao lado direito da Rainha e Valentina ao lado esquerdo, mal tive tempo de respirar fundo e a transmissão começou. Eu precisava contar a Lupe que havia começado, que logo o caos se instalaria e que tudo era real, os deuses me escolheram, eu era mesmo a garota da profecia. Praticamente nossa corte inteira estava presente para celebrarem conosco o anúncio do casamento, eu observava a todos em busca de algum rosto diferente, talvez se o encontrasse antes que se manifestasse eu poderia impedir seja lá o que fosse acontecer.

-Boa noite, Feyterianos. – A Rainha iniciou e me dei conta de que a transmissão começara. – O anúncio que todos estavam esperando finalmente chegou! – Disse com felicidade. – A Sua Alteza, Juliana Váldes, encontrou seu Prometeo.

            Mesmo estando um tanto longe da cidade, pude ouvir que fogos de artifício começavam a estourar, o povo de Feyter realmente amava uma história de amor, ainda mais uma que se passava no palácio.

-Lhes apresento um rosto conhecido, a Sua Alteza Valentina Carvajal, futura Rainha de Mareniss que governará ao lado da Princesa Juliana. – Minha mãe sorriu para nós duas e nos encorajou a levantar dos tronos, era nossa vez. Deixei que Valentina iniciasse, já que o ar ainda me faltava nos pulmões.

-Boa noite, povo de Feyter. – A Princesa sorriu para a corte e depois lançou o mesmo sorriso para as câmeras. – Será de grande honra governar sobre Mareniss ao lado do amor da minha vida, Princesa Juliana Valdés. – Sorriu para mim e plantou um beijo em minha bochecha. – Opa! Desculpem, as vezes é difícil se conter quando está perto da pessoa que mais ama no mundo. – Levantei uma sobrancelha entregando um olhar sugestivo para a mulher ao meu lado, essa que me deu um discreto beliscão para que parasse. Ouvia vários “aww” e outros murmúrios que indicavam a aprovação ao novo casal do palácio. Era minha vez de falar agora, me sentia um pouco mais calma, tudo estava transcorrendo bem e ninguém suspeito estava perto de nós.

-Achei que teria de esperar a eternidade para você aparecer. – Sorri docemente para Valentina. – E mesmo que tivesse que esperar tanto tempo, valeria a pena, pois no final teria você ao meu lado. – Puxei a Princesa pela cintura e lhe beijei na boca, senti seu corpo se retesar com a surpresa, mas segundos depois ela relaxou e permitiu que eu a beijasse, momentos depois fui obrigada a lhe soltar, não podia exagerar na dose já que estávamos em frente às câmeras. A moça me olhava de uma forma completamente diferente agora, era intenso e parecia que só nós duas estávamos ali. Me senti tão relaxada que tive de sorrir para ela enquanto mirava seus lindos olhos violeta, comecei a ouvir os gritos de comemoração da corte e os fogos de artifício que agora estavam mais altos que nunca. Sorri para Valentina e segurei sua mão, demos mais alguns passos à frente, estava tudo bem, nada havia dado errado. – Que os deuses de Feyter sejam louvados e que abençoem o nosso casamento que acontecerá em duas semanas, todos vocês estão convidados!

-Você morrerá. – Uma voz surgiu no meio da corte que ficou silenciosa ao ouvir anúncio repentino, observei tentando reconhecer quem era a mulher de cabelos curtos e ruivos que segurava um frasquinho de vidro nas mãos, a reconheci, era uma das cozinheiras que trabalhava no palácio desde que eu era criança. – Você morrerá, Juliana Váldes de Mareniss. – A mulher abriu a tampa do frasco, ela me olhava com os olhos vidrados, parecia que estava sob o efeito de algo. – Ele levantará. Você não tem como escapar. A profecia é real e você morrerá. – A mulher levou então o vidro a boca e bebeu a substância que havia ali dentro, começou então a convulsionar de forma horrível e caiu no chão, soltou um uivo de dor e o que parecia ser muito ódio e então depois de dar uma risada cruel e doentia, parou de se mexer. Ela havia se matado.  

            Foi aí que a confusão começou, senti guardas me puxando pelos ombros enquanto ouvia os gritos horrorizados dos membros da corte, tentei me agarrar a minha mãe, mas ela apenas mandava que eles me levassem para longe dali. Estava em tamanho desespero que cheguei a gritar por Valentina enquanto lágrimas se derramavam de meus olhos, ela me olhou com temor e tentou vir atrás de mim enquanto gritava meu nome repetidas vezes, mas outros guardas a contiveram ali. Lucía foi a única que pode correr junto com eles para me levar para um lugar seguro.  

A profecia era real.

O caos se instalaria.

Ele iria se levantar.

Eu daria meu último suspiro.

Valentina governaria sem mim.

E com esse último pensamento, desmaiei. 


Notas Finais


Eai o que acharam? Já tem teorias sobre qual é a profecia que cerca a Juliana? Mandem o feedback viu!

Se quiserem conversar comigo no twitter, meu user é: @/hopevandynz
Até o próximo capítulo!


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