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História Prometheus - Capítulo Dois: Jjajangmyeon


Escrita por: Miss_Schiffer

Capítulo 4 - Capítulo Dois: Jjajangmyeon


Fanfic / Fanfiction Prometheus - Capítulo Dois: Jjajangmyeon

 

Park Chanyeol não poderia estar mais entediado. Em dias comuns, aquele seria o momento em que seus amigos apareceriam para levá-lo a algum lugar, ou apenas para aproveitar a tarde juntos. Encarava a porta como se eles pudessem chegar a qualquer minuto, mas algo em sua mente insistia que isso não iria acontecer. Uma voz irritante lhe dizia que aquela briga era a oportunidade perfeita para que seus amigos se livrassem dele, que não valia o suficiente para que os outros sentissem sua falta. Sentindo o coração acelerar, sentou ereto e começou a fazer exercícios de respiração. 

Inspira pelo nariz. 

Segura o ar por três segundos. 

Expira pela boca, lentamente. 

Repetiu até se sentir mais calmo, então levantou e foi para a cozinha. Era o que fazia quando estava muito agitado: cozinhar. Se as coisas estivessem como antes, mandaria uma foto no grupo e todos estariam ali o mais rápido possível, mas não tinha tanta certeza se isso aconteceria daquela vez, caso o fizesse. Precisando ao máximo se distrair, começou a cozinhar. Quando deu por si, estava fazendo Jjajangmyeon. Era o prato preferido de Jongin, lembrou enquanto cortava a carne. 

— Ele não parecia bravo, talvez queira vir aqui... 

Ponderou, então pegou o celular. Encarou o contato do amigo por alguns segundos, decidindo se iria chamar ou não, por fim o colocou de volta na mesa e foi terminar de preparar os ingredientes, quando estavam prontos, resolveu ligar. Pensou que não poderia ficar pior entre eles. Começou a perder a confiança, mas antes que pudesse desistir, o outro atendeu. 

— Boa tarde! 

Jongin respondeu, com a voz de quem fingia estar bem. 

— Já estamos na tarde? 

— Quase, mas eu sou adiantado. O que houve? 

— Primeiro você. Parece estranho. 

— Isso foi um insulto? Estou bem. 

— Mesmo? Sua voz não está dizendo isso com muita confiança. 

Jongin riu. 

— Minha noite foi bem longa. Dormiu bem? 

— Uma pequena crise, nada demais. 

— Apenas uma? Quanto avanço! 

— Meu psicólogo vai ficar orgulhoso na próxima consulta. 

— Quer conversar? 

— Só queria ouvir sua voz. 

— Ninguém batendo na porta hoje, não é? 

— Queria vocês aqui, mas não vou falar com o Sehun. 

— Só ele? 

— Só com você. 

Jongin ficou em silêncio por um tempo, como se estivesse pensando. 

— Que tal se nós começássemos pelo mais fácil? 

— Com toda certeza não está falando do Kyungsoo. 

— Estava pensando no Jongdae. Quer chegar na casa dele com um almoço surpresa? 

— Estava pensando em você vir aqui. Estou fazendo Jjajangmyeon. 

— Acabei de chegar em casa, mas eu adoro andar de ônibus. 

— Onde estava? 

— Na casa do Kyungsoo. 

— Entendi. 

Chanyeol não conseguiu evitar o tom de voz. 

— Por favor, Park Chanyeol. Liga para o Jongdae e chama ele também. 

— O Kyungsoo vai vir? 

— Hoje não. 

— Certo. Certo. Certo. Certo. 

— Algum problema? 

— E se for só nós dois? 

— Vou colocar o Jongdae na ligação. 

— O QUE!? 

— Vou trabalhar na base da pressão. 

Antes que Chanyeol pudesse fazê-lo desistir, Jongin colocou Jongdae na chamada. Tentou não entrar em pânico enquanto esperava que o outro atendesse, mas a cada segundo, ficava mais difícil. 

— O que você quer? 

Jongdae falou ao atender. 

— Isso é jeito de falar com seu macho? 

— Eu tô com fome, Jongin. Me traz comida. 

— Que coincidência incrível! 

— Você estava indo pra minha casa? 

— Não, mas o Chanyeol quer falar com você. 

— Diz que eu faço uma visita se tiver almoço. 

— Não tem almoço — Chanyeol respondeu. 

— Não vou falar com você, então. 

— Talvez eu esteja fazendo Jjajangmyeon e tenha preparado ingredientes demais para uma porção. 

— Está fazendo o prato favorito do Jongin? Tá querendo roubar meu homem? 

— Sim. Os mais velhos não têm preferência nesse grupo. 

— Parem de brigar pelo meu corpo — Jongin falou, rindo. 

— Foi involuntário, é que você é muito sexy. 

Chanyeol tentou não rir enquanto falava. 

— Vocês são todos furo-olho! Primeiro o Kyungsoo, agora você! — Jongdae fingia estar magoado. 

— Quer saber onde seu macho passou a noite? 

— Olha, eu liguei pra falar sobre o almoço — Jongin interrompeu. 

— O mocinho estava com quem, que não quer deixar o Chanyeol falar? 

Jongdae parecia estar se divertindo como nunca. 

— Ninguém. Você vai ou não? 

— A chamada está no viva-voz e minha bolsa já está pronta desde que a comida foi mencionada. 

— Tudo certo, vou desligar. 

Jongin o fez antes dos outros responderem. Jongdae soltou uma gargalhada. 

— Com quem ele transou? 

— Ele dormiu na casa do Kyungsoo. 

— Não tenho tanta fé, acho que acabou mesmo. Chego aí em meia hora. 

— Minha casa fica a uma hora e meia de distância da sua! 

— Eu não disse que estava em casa. 

— Que tom é esse, Kim Jongdae? 

— Até mais. 

Ele cantarolou a despedida e desligou. 

 

 

• - - - - - - ☆- - - - - - • 

 

 

Kim Jongdae não havia tido uma noite boa. Tivera sonhos ruins e não se sentiu descansado ao acordar, tudo mudou quando recebeu uma ligação muito especial. Morreria antes de admitir, mas havia se locomovido por um percurso de quase duas horas apenas para vê-la. Se existisse tal coisa, aquela seria a mulher da vida dele. Ela havia terminado com o noivo há três semanas e mandou mensagem, falando que queria desabafar. Jongdae já sabia o que isso significava, então saiu de casa antes mesmo de terminar o café da manhã, por sorte, a noite mal dormida o fizera levantar bem cedo. 

 Contou para ela que estava na casa de Chanyeol, que morava perto. Mais alguns pequenos detalhes e deu tudo certo. Ela também não se importava, nenhum dos dois procurava um relacionamento, embora por ela, Jongdae poderia ter um. Seu primeiro e único namoro foi um completo desastre, recheado com ciúme infundado. Não queria pensar naquilo outra vez, estava longe de ser um dos momentos em que mais chorou na vida, embora tenha ficado desolado. 

Sua manhã, por outro lado, havia sido perfeita, poderia ter sido infinitamente melhor se pudesse ligar para Sehun e contar sobre isso. Gostava de compartilhar deu dia-a-dia com todos os amigos, mas aquele tipo de assunto era específico para o outro. Kyungsoo e Chanyeol não gostavam de mulheres e Jongin ainda gostava do Kyungsoo, por mais que tentasse fingir o contrário. Além disso, Sehun também era o único que sabia sobre aquela garota. Os amigos eram românticos demais para que ele pudesse falar sobre sexo casual. 

Com um enorme sorrido, se despediu dela e foi embora. Seu humor estava nas alturas e estava mais do que disposto a sentar e conversar com todos os amigos. Poderia muito bem começar com Chanyeol, que estava magoado, mas não o suficiente para que a conversa fosse complicada demais, como seria com Sehun. Sentia muita falta do amigo, mas não queria dar o braço a torcer dessa forma, o orgulho estava latejando dentro dele, mesmo sabendo que não iria durar por muito tempo. A saudade começava a ficar maior. 

A casa dela era no terminal do ônibus que Chanyeol usava para trabalhar, se fosse a pé, levaria menos de trinta minutos para chegar lá, mesmo com o frio do inverno. Jongdae gostava do frio, e não estava tão ruim assim, então seria um percurso tranquilo. Enquanto caminhava distraído, esbarrou em um rapaz de cabelo rosa, seu coração acelerou ao pedir desculpas. 

— Estava me seguindo? 

Ele perguntou, sorrindo. Jongdae não soube o que dizer, havia quase acreditado que ele não era real. 

— Você está me encarando com a boca aberta. 

— Sinto muito — Jongdae sentiu as bochechas ficarem vermelhas — É que essa foi a primeira vez em que senti vontade de chamar um cara pra sair. 

O sorriso do rapaz aumentou. 

— Ah, é. Lembro vagamente de você falando alguma coisa sobre não gostar de homens. 

— Acho que nem lembro mais disso. Você vem sempre aqui? 

Seu coração estava tão acelerado que poderia apostar corrida. 

— Bem, caso decida tentar algo novo, aos sábados venho jogar xadrez na praça do terminal. 

— Lembro de ter visto as mesinhas, mas só tinha idosos jogando. 

— Não se engane, eles são muito bons. Já perdi várias vezes! 

O rapaz franziu a testa como se realmente estivesse aborrecido por isso. 

— Não seja mal perdedor! Como vamos nos casar desse jeito? Saiba que eu sou ótimo no xadrez. 

— Vamos nos casar? — sorriu ainda mais. 

— E vamos contar aos nossos netinhos sobre como você mudou minha sexualidade ao fazer com que eu me apaixonasse. 

O outro revirou os olhos, mas ainda sorria. 

— Algo me diz que você gosta de garotos e essa é uma estratégia barata. 

— Infelizmente, está errado. Já tentei ficar com homens, mas realmente não é minha área de atuação. Estou limitado apenas a parte feminina do mundo. 

— Parece entediante. 

— É insuportável! 

Os dois riram e se encaram em silêncio por alguns segundos. 

— Sou Kim Jongdae, a propósito! 

— Byun Baekhyun, prazer, alma gêmea. 

Jongdae arregalou os olhos, não era possível. 

— Algum problema? — Baekhyun perguntou. 

— Você é o amigo de ônibus do Chanyeol, não é? 

— É assim que ele me chama? 

— Ele me mataria se eu dissesse como ele realmente te chama. 

— Como assim? 

— Você não tem cara de ingênuo. Enfim, fico feliz por finalmente te conhecer, quer dizer, encontrar outra vez. Nossa. Não consigo acreditar. 

— Chanyeol falou tão bem assim de mim? 

— Você nem imagina. Além de esbarrar com você dois dias seguidos, em lugares muito distantes. 

— Verdade. O que faz por aqui? 

— Vim visitar uma amiga agora de manhã. Ela precisava de uma ajudinha. 

— Óbvio. 

Baekhyun revirou os olhos. 

— E você, meu amado? 

— Estava indo para a casa do meu tio ontem, mas fui só para o jantar, moro três ruas pra o lado de lá. 

— Nossa, bem perto do Chanyeol, como vocês nunca se encontraram? 

— Eu tentei, mas ele sempre gaguejava, então dizia que ia sair com vocês. 

— Cada parte dessa frase é verdadeira, nós realmente estamos juntos o tempo inteiro. 

Jongdae tentou não transparecer toda a dor que aquelas palavras o fizeram sentir. 

— Agora que ajudou sua amiga, vai para casa? 

— Na verdade, vou até a casa do Chanyeol. Se não fosse seu jogo de xadrez, te convidaria. Ele é o melhor cozinheiro do mundo e está fazendo o almoço. 

— O que ele está cozinhando? 

— Jjajangmyeon. 

— Acho que eles conseguem sobreviver um sábado sem minha companhia pra jogar. 

— Está falando sério? 

— Se o Chanyeol não se importar... 

— Ele vai é infartar, mas eu trabalho no 119 e sei lidar com esse tipo de situação. 

— Mesmo? Estava pensando em começar a trabalhar lá. 

— Posso te falar um pouco no caminho. 

— Você realmente é minha alma gêmea! 

Baekhyun abriu outro sorriso e o seguiu. Foram conversando trivialidades durante o caminho, ao mesmo tempo em que Jongdae tentava tirar qualquer informação relevante. Parecia loucura, ele não ousou contar a nenhum dos amigos, nem mesmo a Kyungsoo, que amava teorias malucas. Não sabia como era possível, todas aquelas ligações que acabaram em óbito, todas de homens com as mesmas características. Nos últimos meses, todos de cabelo rosa. Aparentemente, da mesma altura e descrição física que Baekhyun e com cicatrizes estranhas e únicas. 

Quando chegaram ao prédio, tudo que conseguiu descobrir era que ele estava com o cabelo rosa desde novembro — começou a perceber o padrão no mesmo mês —, que morava sozinho, não tinha cicatrizes ou tatuagens. Deveria ter entre 1,70-1,75 de altura, mas Jongdae não conseguiu encontrar uma forma descontraída de perguntar, como fizera para obter todas as outras informações. Era muito bom em guiar as pessoas para que falassem exatamente o que ele queria, mas sem perceber que o fizeram. O único que nunca caiu nesse jogo foi Sehun. 

A parte racional lhe dizia que era impossível Baekhyun ser o morto misterioso, por motivos óbvios, mas a outra parte estava interessada em descobrir se ele estava mentindo sobre não ter qualquer cicatriz. Enquanto subiam até o apartamento, decidiu fingir que estava tudo bem entre ele e Chanyeol, deixar para resolver as pendências depois e se concentrar apenas em fazer amizade com Baekhyun. Sem exagerar, Chanyeol era inseguro demais e não queria criar a impressão de estar flertando com a paixonite dele, mesmo que todo mundo já soubesse que não gostava de homens, magoar o grandão continuava sendo um risco. 

— Quem é? 

Chanyeol perguntou quando tocaram a campainha. 

— Você sabe que sou eu, o porteiro avisou! 

— Ele não avisa quando é um de vocês — ele começou a explicar enquanto abria as trancas da porta — como se eu nunca fosse me importar por vocês subiram, o que é um total- 

Parou de falar no momento em que o viu. Baekhyun sorriu e abriu a boca para falar alguma coisa, mas Chanyeol o interrompeu. 

— O que é isso? Cadê o- 

— Chanyeol, eu trouxe um convidado especial. Não vai nos deixar entrar? 

Jongdae gesticulou exageradamente, como se Chanyeol não pudesse enxergar Baekhyun, se não o fizesse. 

— Você é um filho da puta. 

Baekhyun ergueu uma das sobrancelhas. 

— Eu sei. Agora sai da frente. 

Jongdae forçou passagem, mas Baekhyun continuou na porta. 

— Eu deveria ir embora? — Perguntou. 

— Não, por favor, entre — Chanyeol afastou para que o outro pudesse entrar — cozinhei demais para uma pessoa, por isso chamei meus amigos. Já me arrependi, mas o almoço está pronto. 

— Concordei em vir no mesmo instante em que Jongdae disse o que seria. 

Baekhyun olhava ao redor, o que fez com Chanyeol sentisse vontade de pular da janela. O lugar estava uma zona. Jongdae estava recolhendo os papéis jogados no sofá. 

— Você estava estudando? Preciso pegar o dicionário de novo? 

Falou enquanto revirava os olhos. 

— Ainda lembro o significado de férias, Jongdae. Estava procurando uma apostila, por isso tem tanta coisa espalhada. 

— Que pena que não achou — Baekhyun comentou, enquanto ajudava com os papéis. 

— Como assim? 

— Não haveriam tantos espalhados se tivesse achado. Já os estaria recolhendo. 

— Verdade... 

— Era sobre o que? 

— Seu maravilhoso tio nos enviou um e-mail com uma atividade para ser entregue no primeiro dia de aula. Segundo ele, devemos estar sempre aprimorando nossos conhecimentos. Preciso dela para tirar uma dúvida. 

— Mesmo de costas, eu vi seus olhos revirando — Baekhyun falou enquanto ria. 

— Realmente o fiz. Ele é assim em casa? 

— Infelizmente, sim. 

— Terminamos. Cadê a comida? 

Jongdae perguntou com a mão na cintura. Chanyeol colocou os papéis que segurava na mesa de centro, junto com o restante, e os levou em direção a cozinha. Os serviu e esperou ansioso pela reação de Baekhyun ao provar. Ele arregalou os olhos após experimentar. 

— Algum problema? — Chanyeol perguntou. 

— Sim — Baekhyun respondeu, o encarando. 

— Não está bom? 

— Está incrível! O problema é eu não saber que você cozinha tão bem. Nos conhecemos há cinco anos. Como pode eu não saber que é um deus na cozinha? 

Baekhyun parecia revoltado e continuou a comer enquanto falava. 

— Não sei, acho que nunca falamos sobre hobbies. 

— Se eu fosse tão bom quanto você, estaria abrindo um restaurante! Isso está perfeito! 

Chanyeol baixou a vista e começou a comer, antes que Baekhyun pudesse olhar para ele e perceber a tristeza que sentiu ao ouvir aquelas palavras. Sim, ele gostaria de trabalhar com comida pelo resto da vida, mas jamais o faria. Por baixo da mesa, sentiu Jongdae acariciando sua perna, como uma forma de conforto. Como todos os outros, ele sabia dos desejos do amigo e de seus receios em segui-los. O resto da refeição continuou em silêncio, com Jongdae repetindo duas vezes e Baekhyun, três vezes. Chanyeol alegou já estar satisfeito e apenas os observou devorar tudo que havia feito. Quando resolveram voltar para a sala, Baekhyun foi ao banheiro, Chanyeol o levou até lá e voltou pronto para matar Jongdae. 

— O que estava pensando!? 

Tentou falar o mais baixo possível. 

— Você disse que nunca o viu fora do ônibus e das paradas. Só quis ajudar. 

Tentou se defender, dando de ombros, enquanto sentava na poltrona. 

— Spoiler: não ajudou! 

— Ajudei, sim! Agora que ele sabe o quão bem você cozinha, pode conquistá-lo pelo estômago. 

— Acha que funcionaria? 

— Ele repetiu porções enormes! Noticiais do Jongin? 

— Mandou mensagem dizendo que nós deveríamos nos resolver sozinhos. 

— Posso dormir aqui e nós conversamos mais tarde, que tal? 

— Combinado! 

— O que está planejando com meu noivo? Estou incluso? 

Baekhyun falou, assustando Chanyeol, que não percebeu o sinal de Jongdae, avisando da aproximação do outro. 

— Noivo? — Chanyeol perguntou. 

— Jongdae. Ele não te contou? — Baekhyun sentou no sofá oposto ao de Jongdae. 

— Verdade. Sinto muito, Chanyeol. Nós vamos nos casar. Assim que inventarem a cura hétero. 

— É mesmo? Deixa só eu ligar pro seu macho e avisar a ele. 

Chanyeol sentou no sofá do meio, não cabia onde Jongdae estava e não tinha coragem de sentar perto de Baekhyun, era um sofá de dois lugares, eles ficariam próximos demais. 

— Todo bom marido tem um amante. Não é, Baekhyun? 

— Mas é claro! Minha vaga para amante ainda está aberta, quer participar também? Podemos ser um casal de quatro. 

Jongdae sorriu maliciosamente. 

— Você é um porco, Jongdae. Onde dormiu ontem? 

Chanyeol perguntou. Jongdae sempre encaminhava a conversa para onde queria, normalmente, Chanyeol não se importava, mas não estava afim de falar sobre posições sexuais com Baekhyun. 

— Quem disse que eu dormi? 

— Quero saber com quem. 

— Ciúmes? Não se preocupe, meus boquetes ainda são seus. 

Baekhyun riu, provavelmente pelo fato de que Chanyeol ficou tão vermelho que quase explodiu. 

— Não sei como passaria pelos dias difíceis sem eles. 

— Sei que sou o melhor nessa área! 

— O que está dizendo? — Baekhyun interrompeu. — Saiba que sou muito competitivo! 

— Eu divido o Chanyeol, se quiser. 

Jongdae falava com a seriedade do apresentador do jornal das dezenove horas. 

— Agora você vai ter dois amantes? Isso não está justo! 

— Verdade. Chanyeol é apenas seu, então. 

— Park Chanyeol, nada de deixar o Jongdae fazer boquete em você. 

— Vou tentar, mas vai ser muito difícil! 

Chanyeol colocou a mão no peito e fez uma expressão de tristeza. 

— Você é meu agora, por favor, se comporte! 

— Bem, isso quer dizer que você só pode sair comigo e com o Jongdae a partir de agora? 

Chanyeol deu um sorriso malicioso, que aumentou ainda mais quando Baekhyun finalmente entendeu. 

— Kim Jongdae, quero o divórcio! 

— Ainda nem nos casamos! Qual o motivo de tamanho absurdo? 

Jongdae levantou da poltrona e começou a andar de um lado para o outro. 

— Vai começar... — Chanyeol revirou os olhos. 

Baekhyun levantou e caminhou devagar até o outro. Chanyeol não acreditou quando percebeu que ele iria entrar no jogo. 

— Sei que é difícil aceitar — começou. 

— Sim! Foram as melhores horas da minha vida! — Jongdae interrompeu. 

— Eu sei, minhas também! Ontem à noite, quando nos conhecemos, percebi que seria o amor da minha vida. Infelizmente, as coisas não saíram do jeito que planejamos. 

— São os velhos do xadrez, é isso? Está me deixando só por eu ter tirado sarro da sua derrota? 

— COMO OUSA FALAR DOS MEUS VELHINHOS!? 

Baekhyun fez uma expressão de choro. 

— É por causa do meu passado com o Chanyeol? Eu já disse, agora ele é seu! 

— Não é por isso. É que... — Baekhyun atuava como um verdadeiro profissional, o que deixou Chanyeol de boca aberta. — Eu nunca poderia ter um único amante. É impossível para mim. Estou acostumado a transar com a cidade inteira. 

— Meu amor não vale o suficiente!? 

— Vale, sim. O problema é que eu sou uma puta. 

— Seja a minha puta, Baekhyun! 

Jongdae segurou a mão dele e se ajoelhou. 

— Dois homens jamais poderiam me satisfazer. É uma quantidade muito pequena! 

— E se eu concordasse em deixar você ter quantos amantes quiser? 

— Está falando sério? 

— Meu amor por você é tão grande quanto a quantidade de pessoas, por dia, que vão transar no motel da lua. 

— Não se importa que metade delas estejam indo comigo? 

— Não. 

— Nesse caso, o divórcio está cancelado! 

Jongdae gritou de felicidade, abraçou Baekhyun e o girou no ar. Chanyeol ria com a mão na barriga. 

— Você está filmando!? — Baekhyun gritou para Chanyeol. 

— Óbvio! Nós sempre filmamos os momentos de drama do Jongdae. 

Chanyeol ainda sorria. 

— Você faz isso com frequência? 

Baekhyun perguntou a Jongdae. 

— Felizmente, agora tenho você pra entrar na onda comigo. Esses putos só ficam olhando e rindo. 

— Não se preocupe, futuro marido. Estarei com você, a partir de agora! 

— O amor é lindo. — Chanyeol ainda ria enquanto enviava o vídeo para o grupo que tinha com os amigos. — Merda — disse, ao lembrar da briga e perceber que não deveria ter feito aquilo. 

— Algum problema? — Baekhyun perguntou. 

— Você enviou o vídeo para o grupo, não foi? — Jongdae deu um sorriso amarelo. 

— Agora é tarde demais, Sehun e Kyungsoo já viram. 

— Espero que não venham para cá, Baekhyun comeu tudo. 

— Só não você, ainda. 

Baekhyun acariciou o braço de Jongdae. 

— Esse apartamento tem dois quartos. 

Jongdae piscou. 

— Desde quando você gosta de quartos, Jongdae? 

Chanyeol sorria de forma triste, tentava não transparecer, embora fosse óbvio. 

— Droga, é verdade. Prefiro becos escuros e sujos. 

— Gosto mais da floresta perto do parque municipal. 

Baekhyun voltou a sentar no sofá. 

— Qual deles? O Abnara ou aquele em homenagem aos Abnara? 

Jongdae revirou os olhos enquanto sentava. 

— Também tem aquele que foi construído no mesmo lugar onde aquele Abnara tirou um cochilo. 

Chanyeol tentava ignorar o celular, que vibrou com uma mensagem recebida. 

— O que vocês têm contra os Abnara? 

Baekhyun sorria de uma forma estranha, os outros dois se encararam. 

— Bem, fora o óbvio? 

Jongdae deu de ombros. 

— Não entendi. 

— Você cresceu em outra cidade? Eles idolatram tanto essa família que chega a ser insuportável! 

— Ah, entendi. É toda a fama e o dinheiro, né? 

Baekhyun deu um sorriso debochado. 

— Você é fã da família? 

Chanyeol perguntou. 

— Não exatamente — Baekhyun pareceu pensar por um minuto — nós estudamos sobre eles no meu curso de história da arte. 

— Agora é oficial! Os Abnara são matéria obrigatória em todos os cursos! 

Jongdae ria de forma sarcástica. 

— Também estou surpreso. Será que estão em todos os lugares? É impressionante! 

Chanyeol tentava não revirar os olhos. 

— Impressionante? Esse não parece ser o seu sentimento. 

Baekhyun olhava para Chanyeol de uma forma estranha. 

— Estou, sim. Eles são extraordinários. Praticamente todos os membros possuem destaque em alguma área ou fizeram algo grandioso pela cidade. Poucos são os que não, isso é impressionante. Só acho a forma como os tratam, parecem deuses, um pouco exagerado. Apenas isso. 

— Faz sentido. 

— Não sabia que já tinha terminado seu curso. Parabéns! 

— Obrigado! Qual seu horário no 119? 

— Qual o interesse? Quer se encontrar escondido com ele? 

Jongdae deitou no sofá enquanto falava. 

— Estava pensando em fazer as três refeições aqui com certeza, mas não foi por isso que perguntei. 

— É só trazer os ingredientes, lembrar que em período letivo eu passo o dia todo fora e saio de casa por voltas das cinco e quarenta da manhã, independente da época do ano. 

Chanyeol sentia o coração acelerar, não sabia se estava pronto para ter Baekhyun em mais pontos de sua vida. 

— Mesmo nas férias? 

— Eu uso as férias para trabalhar dois turnos no 119. 

— Tem certeza que mostrou a ele o significado de férias? 

Baekhyun perguntou ao Jongdae, que deu de ombro antes de responder. 

— Eu tentei, mas ele não me escuta! 

— Você também usa as férias para trabalhar mais. — Chanyeol tentou se defender. 

— Ainda bem que agora sou amigo de vocês. Estavam precisando! 

Baekhyun estava com a testa franzida, como se realmente estivesse preocupado. 

— Acho que o Chanyeol não tem mais vaga para o emprego de “amigo”, quatro chega a ser mais do que ele consegue administrar — Jongdae deu um sorriso que fez Chanyeol saber que não viria algo bom — entretanto, a vaga de namorado está disponível. Pode deixar o currículo, se quiser. 

— Eu já sou o amante dele, idiota. 

Chanyeol tentou não ter uma parada cardíaca. 

— Claro, como pude esquecer. 

O sorriso de Jongdae seria capaz de ser visto da lua. 

— Não vejo uma aliança no meu dedo. — Baekhyun observou as mãos enquanto falava. — Acho que também está esquecendo isso. 

— Você quem deveria me dar uma aliança! Eu sou o marido que vai suportar todas as traições, por você ser o amor da minha vida. 

— Xeque mate. Entrego no nosso próximo encontro! 

— E quando seria? 

— Daqui a pouco, vou achar que essa conversa de heterossexual é mentira. 

Jongdae riu, abafando uma gargalhada. 

— Brincadeiras à parte, realmente gostei de você. Quero ser seu amigo. Não apenas de ônibus, como o Chanyeol. 

— Também gostei de você, noivo. Pena que trabalha todos os dias, como o grandão. 

— Só até arrumar uma coroa rica. 

— Não estou livre todos os finais de semana, mas podemos ir marcando! 

— Largo às 19h, ainda podemos sair pra beber, desde que eu volte cedo, tudo certinho. 

— Quer anotar meu número dessa vez? 

— Ontem não conta, sua beleza me deixou nervoso. 

Park Chanyeol observou os dois conversando, sentia-se invisível. Todos os amigos sabiam quem Baekhyun era, mesmo que nunca o tivessem visto. Naquele momento, Jongdae deveria estar trazendo o outro para o grupo, para que Chanyeol pudesse passar mais tempo com ele, já que o mais alto poderia nunca ser capaz de fazê-lo. Entretanto, a parte do cérebro dele que era responsável pelas crises e os pensamentos ruins, estava particularmente agitada. Gritava em seus ouvidos que até mesmo Jongdae, que não gostava de homens, estava flertando com Baekhyun de uma maneira que ele nunca conseguiria. 

Tentou pensar em todo o tempo em que se conheciam. Quase seis anos. Mesmo assim, nunca tinha conseguido criar coragem o suficiente para pedir o número de Baekhyun. A paixão que sentia, misturada com as crenças dos pais, arriscavam parti-lo ao meio, cada qual o puxando para uma direção diferente. Sabia que não tinha aquela facilidade. Não poderia ser como Jongdae, que era divertido e natural. Sempre que tentava ser assim, sentia-se forçado e inútil. Por mais que os amigos dissessem gostar de conversar com ele, sempre iria existir uma parte de si gritando para ele que era tudo mentira, que nunca seria uma pessoa interessante o suficiente. 

— Chanyeol, você está bem? — Baekhyun perguntou, puxando-o de volta. 

— Sim — mentiu — estava pensando no motivo de estar interessado no meu horário. 

— Estava pensando em começar a trabalhar no 119, mas queria em um horário com alguém que conheço. 

— Nessas férias, trabalho entre meio dia e dezoito horas. Não consegui pegar dois turnos. 

— Não dá pra mim, estava pensando em ir pela manhã. E você, noivo? 

— Das sete às dezenove, perdão. Chanyeol é estagiário, eu sou plantonista. 

— Nunca entendi isso, você está lá todos os dias! 

Chanyeol franziu o cenho. 

. — Que mentira! Eu troco bastante de plantão com o pessoal durante as férias, mas não é tanto assim. 

— Você deve saber algum pobre do supervisor, não é possível! 

— Eu dou o meu plantão e pego o de outras pessoas, durante as férias, que cumprem no meu lugar durante as aulas. 

Jongdae explicou a Baekhyun. 

— Chanyeol tem razão, qual o podre do supervisor que você ficou sabendo? 

Jongdae riu. 

— Talvez tenha algum, mas nunca vou dizer! 

— Você trabalha amanhã? 

Chanyeol perguntou. 

— Não, apenas na segunda. 

— Viu! Tem algo errado aí. 

— Compartilha comigo! Soube que o horário da manhã é concorrido. 

Baekhyun implorou. 

— É o oposto. A coisa mais fácil do mundo é ir para o horário da manhã e o plantão único do domingo. 

Chanyeol explicou. 

— Plantão único? 

— Você fica das sete da manhã do domingo até a segunda ou das três a tarde até as três da segunda. 

— Por que esses horários? 

— Nunca me interessei em saber. Se for universitário, você pode cumprir estágio, são seis horas por dia, segunda a sexta. Se quiser trabalho mesmo, pode fazer plantão de doze horas ou ser diarista, com oito horas por dia, segunda a sábado. 

Chanyeol falava de forma robótica. 

— Quantas vezes você já explicou isso? 

Baekhyun riu. 

— Todo mundo pede informações pra ele, deve ser a cara de bom menino. 

Jongdae riu. 

— Qual o horário do estágio pela manhã? 

— Você não é mais um estudante, não pode estagiar. 

Chanyeol rezava para não ficar vermelho, pela forma como Baekhyun o olhava nos olhos. 

— Sou, na verdade. 

— Vai mesmo fazer mestrado? 

— Sim. Não quero fazer pausa. 

— Mas o horário do curso não é pela manhã? 

— Quero trabalhar no 119 apenas durante o fim das férias. Estou sem ter o que fazer. 

— Tem um curso de seis meses, antes de receber permissão pra trabalhar. 

Jongdae observou. 

— Baekhyun já fez. No curso dele é matéria obrigatória no primeiro ano. 

Chanyeol não tirou os olhos de Baekhyun, mesmo que estivesse respondendo a Jongdae. 

— Você lembra disso? 

Baekhyun parecia impressionado. 

— Claro. Você fazia dezenas de perguntas no percurso do ônibus. 

— Lembro da minha felicidade quando vi que você era da área de saúde. 

— Salvei sua vida, não foi? 

— Minhas notas, sim. E agora vou poder arrumar um emprego. 

— Pela manhã, tem dois horários. Entre oito da manhã e duas da tarde, entre nove da manhã de três da tarde. 

— Esses horários são tão estranhos! Gostei desse que começa as nove. Da pra acordar tarde e sair cedo. Algum de vocês quer trocar e ficar nesse horário comigo? 

— Você deveria, Chanyeol. 

Jongdae sorriu. 

— Do que está falando? 

Chanyeol o encarou. 

— O trânsito no horário de ida e volta vai ser tranquilo, já que mora tão longe. Além disso, não vai mais poder trabalhar lá, esse último ano é puxado. 

— Sim, a prova de aptidão. 

— Não apenas isso, no último ano eles sempre cobram mais. Talvez realmente seja por causa da prova. 

— E se me agradar, roubo as anotações do meu tio pra você. 

Baekhyun fez um coração com as mãos, Chanyeol parecia ter entrado no paraíso. 

— Está falando sério!? 

— O coroa é tão bom assim? É aquele que estava com você no ônibus? 

Jongdae perguntou. 

— Se ele é bom? Foi o único estudante da história a tirar a nota máxima em todos os testes de aptidão! 

Chanyeol estava em êxtase. 

— Nossa! 

— Não era ele, a propósito. No ônibus. Era o noivo dele, Yixing.  

Baekhyun parecia incomodado. 

— Algum problema? 

— Trocaria mesmo seu horário? Lembro que você disse que ficava com esse durante as férias para passar mais tempo com seus amigos. 

— Você também é meu amigo. E quase não passo tempo com você. 

— Você é um amor, obrigado! Prometo que minha companhia vai valer a pena! 

— E as anotações do seu tio também, por favor. 

Baekhyun parecia ainda mais incomodado. 

— Você está bem, Baekhyun? 

Jongdae perguntou. 

— Não sei dizer. Qual a hora? 

Jongdae abriu a boca para responder, mas foi interrompido por Baekhyun, que caiu no chão, a mão no peito e uma expressão de extremo pânico. 

— Baekhyun! — Os amigos disseram juntos, correndo até ele. 

— Qual a hora? 

Baekhyun perguntou. Estava ofegando e os ombros se curvavam como se algo em seu peito doesse mais do que ele era capaz de suportar. 

— A hora? 

— Por favor... 

— São 17h:40min. 

— Me empresta seu celular, por favor? 

— Deixa eu olhar você. 

Jongdae pediu. 

— Não! Só preciso do meu remédio. Não estou com ele. 

— Baekhyun, nós dois podemos te ajudar. O que está sentindo? 

— Preciso ligar para o meu tio! 

Contra a vontade, Jongdae lhe entregou o celular, Baekhyun fez uma ligação, passou o endereço, alguém parecia estar vindo buscá-lo. Desceram para a portaria, o rapaz usando os outros dois como apoio. Estava pálido e suava muito, a respiração continuava irregular, parecia que desmaiaria a qualquer minuto. Era exatamente 17h:52min quando um carro parou, Kim Junmyeon desceu às pressas, colocou o sobrinho no carro e foi embora sem deixar explicações ou agradecimentos. Ainda atordoados, os outros voltaram para o apartamento. 

— O que foi isso? 

Chanyeol parecia falar sozinho, enquanto se jogava no sofá. 

— Não faço ideia — Jongdae respondeu mesmo assim — vou mandar uma mensagem e pedir para ele enviar notícias. 

— Obrigado. 

— Também estou preocupado. 

— Não por isso. Por tudo. Por trazê-lo aqui, mesmo que ele tenha ido embora parecendo que vai morrer. Droga, não quero pensar nisso... 

Engolindo os próprios pensamentos, afinal, seria loucura falar em voz alta, Jongdae se ajoelhou em frente a Chanyeol e acariciou seus cabelos. 

— Ele vai ficar bem, estava falando algo sobre remédios. Deve ter perdido a hora, só isso. 

— Como o tio dele chegou tão rápido? 

— Baekhyun mora perto do terminal, talvez o tio estivesse indo na casa dele. 

— Nem sabia que o Sr. Kim tem carro, sempre o vejo andando de ônibus. 

— Outra dúvida que eu não posso responder. Que tal você levantar e ir preparar um lanche? Depois, nós resolvemos o que você vai fazer para o jantar. 

— Você é um bosta. 

— E você não pode fazer nada pelo Baekhyun, além de esperar. 

— Não estou com fome, mas vou me distrair preparando algo para você. 

Chanyeol levantou e os dois foram em direção a cozinha. 

— Está vendo, você é um amor. Depois disso, nós podemos arrumar a sala. 

— Você vai dormir aqui? — Perguntou, ao mesmo tempo em que olhava os armários, procurando o que fazer. 

— Não tenho certeza. Você quer? 

Chanyeol parou, então se virou e o encarou, suspirando. 

— Jongdae... 

— Chanyeol, me desculpa, de verdade. Eu não deveria ter tentado te forçar a falar sobre o que você não queria. E deveria ter ido a seu favor sobre as coisas que o Kyungsoo falou. Quero que você saiba que apenas metade delas é verdade. — Chanyeol deu um sorriso amarelo. — Não quero que minhas desculpas venham com mentiras. Algumas coisas que ele disse são verdade sim, mas você continua sendo uma pessoa maravilhosa. Distraído, passando três horas pra responder no chat, com piadas sem graça e meio lento. Tudo isso, eu amo em você. Realmente não sei como você consegue ser tão organizado nos estudos, enquanto todos os outros aspectos da sua vida são uma bagunça, mas deveríamos tentar te ajudar, não piorar a situação. 

— Vocês não pioraram nada. Aquelas coisas que o Kyungsoo disse, eu já tinha percebido também. Não consigo fazer muito a respeito. Prometo te dar almoço todos os dias se você estiver sendo sincero sobre me ajudar. Acho que preciso. Bastante. 

Jongdae foi até ele e os dois se abraçaram. 

— Jongdae, eu realmente queria ser mais sociável, me expressar melhor e conversar sobre tudo que eu sinto, mas não é fácil! 

— Você parou com a terapia de novo, não foi? 

— Sim... 

— Vamos fazer o seguinte. Amanhã, nós três vamos até o 119 mudar seu horário e depois vamos até a clínica remarcar suas consultas. 

— Nós três? 

— Baekhyun está inclusivo, claro. Somos oficialmente um trio! 

— Claro. Ainda te odeio, a propósito. 

— Escuta. Você nunca vai desenrolar nada com ele se continuar focando apenas no que seus pais queriam da sua vida. É muito mais fácil falar do que fazer, eu sei bem disso, mas não é impossível. 

— Sempre esqueço de como sua família também não é fácil. 

— Fácil? Daqui a pouco eu te conto o inferno que vou ter que aturar em março. Enfim, nós estamos meio quebrados agora, isso é verdade, mas somos sua família. Nós cinco somos uma família. Não é anormal brigar e vamos nos resolver. Todo mundo vai entender sua decisão de mudar de turno. Tenho certeza. 

— Nem sei se vamos voltar a nos falar. 

— Não seja tão dramático, é claro que sim. Só vai precisar de muito esforço. 

— Eu te amo. 

— Eu sei. Nós dois nem brigamos de verdade. Quer mandar uma selfie pra o grupo? 

— Melhor não. Muitos passos para um único dia. 

— Vamos comer, depois damos um geral na casa e conversamos sobre como nossas famílias são uma merda. Que tal? 

— Depois ligamos para Jongin, para que ele conte sobre a família maravilhosa que ele tem! 

— Ele postou uma foto com a tia e a prima, deve ser por isso que não veio. 

— Não sei. Eles ficaram meio assim quando ele e Kyungsoo namoravam. 

Chanyeol comentou, voltando a preparar a comida. 

— Mas acabaram aceitando. Kyungsoo diz que é difícil as pessoas gostarem dele, mas ainda lembro do vídeo. 

— Da priminha do Jongin chorando? Foi uma graça! 

— Ela achou que nunca mais iria ver o Kyungsoo, fiquei com um dó, mas foi fofo. 

— Será que é estranho pra eles? 

— Estou morrendo de vontade de perguntar! 

Os dois riram. 

— Chega de falar sobre os outros. O que fazia tão perto da minha casa? 

— Não dormi aqui, a propósito. Vim passar uma adorável manhã com uma amiga. 

— Com quem? Você nunca fala sobre essas coisas. 

— Eu não tenho um relacionamento. Já ficamos juntos algumas vezes. 

— Você nunca sai com uma garota mais de três vezes. 

— Sinto o peso do seu julgamento. 

— Não sinta, seria hipocrisia. Baekhyun é pior que você e sou perdidamente apaixonado por ele. 

— E não faz nada a respeito. 

— Ele já respondeu? 

— Não. Estou quase ligando. 

— Melhor esperar — decidindo o que ia fazer, perguntou — qual o nome dela? 

— Sohee. 

Chanyeol parou de cortar as frutas e encarou o amigo. 

— Já ouvi esse nome antes. 

— Tem uma atriz com esse nome. 

— Não seja ridículo. Você falou dela, mas já faz meses! 

— Anos, na verdade. Saímos juntos uns dois anos atrás. 

— Não! Em novembro, no meu aniversário! Sehun perguntou se você levaria ela para o restaurante. 

— Que tal se mudarmos de assunto? 

— Está saindo com essa garota há três meses? 

Chanyeol não conseguiu evitar o choque que tomou conta de seu rosto. 

— Não. 

— Deve ser dez vezes mais do que qualquer outra! 

— Eu já namorei por um ano e meio, Chanyeol. 

— Vou começar a pensar nos convites de casamento! 

Continuou a cortar as frutas. 

— É por isso que não gosto de falar essas coisas com você. É romântico demais! Veja bem, estamos apenas transando. Ela acabou de terminar um noivado, por isso passamos tanto tempo sem nos ver. 

— Ela mal terminou e vocês já estão agarradinhos de novo. 

Jongdae suspirou ao perceber que não adiantaria. Uma vez que Chanyeol colocou aquilo na cabeça, não teria como remover. A partir daquele momento, trataria Sohee como se fosse a namorada do amigo, mas sem estragar esquemas. Os dois continuaram implicando um com o outro, Chanyeol falando sobre Sohee e Jongdae sobre Baekhyun, mesmo que não houvessem recebido nenhuma notícia dele, preferiam acreditar que estava tudo bem. Como Kyungsoo sempre dizia, notícia ruim chega primeiro.



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