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História Prometheus - Capítulo Cinco: Acordos de Mentirinha


Escrita por: Miss_Schiffer

Notas do Autor


Os capítulos 6 e 7 já estão com a minha beta, então tenho (quase) certeza de que não vou mais atrasar. Minha intenção é atualizar a cada quinze dias. Vamos ver se consigo dessa vez kkkkk alguém quer apostar??

Capítulo 9 - Capítulo Cinco: Acordos de Mentirinha


 

Oh Sehun acordou como sempre fazia, fez um café forte, sem açúcar, tomou um banho quente e começou a se arrumar. Foi quando lembrou que dia era. Não seria uma segunda-feira comum. Naquele dia, 04 de fevereiro, ele tinha um encontro. Tinha que se encontrar com eles. Tentando não chorar, trocou a roupa, sendo o mais claro possível: odeio o que estou fazendo e odeio todos vocês. Era sua pequena tradição, o máximo de revolta do seu eu jovem, que aceitou o acordo, era capaz de realizar. Hoje em dia, teria apenas dito “não” e ido embora. 

Enquanto andava pelas ruas, indo até a parada de ônibus, as pessoas o observavam com olhar de pena, provavelmente acreditando que ele perdeu alguém da família, devido suas vestes em néon. Naquela cidade, a cor oficial do luto é qualquer uma em tom néon. Era a mesma cultura das pessoas que usavam preto. As usava há cinco anos e meio, desde o primeiro dia em que todo aquele infortúnio começou. 

Estava na parada, perguntando a si mesmo se eles poderiam achar que ele desistiu, caso se atrasasse demais, então escolheriam outra pessoa. Ou, talvez, aquela fosse ser sua caminhada pelo resto da vida. A calça verde, blusa branca, casaco e sapato rosa. Eram as cores que menos gostava, mas também as mais chamativas. Queria que vissem, que todos o olhassem. No fundo, tudo em que pensava era gritar para todos: não sintam pena, não mesmo, não sintam pena de mim. Sim, sim, sintam pena de mim. Minha vida é uma droga. Sintam pena de mim, mas não me ajudem. 

— Meus pêsames. 

Alguém disse, Sehun olhou para cima, pronto para entregar a resposta padrão, mas mudou de ideia, ele era lindo. 

— Obrigado.  

Esperaram pelo ônibus em silêncio, com a cabeça de Sehun borbulhando atrás de um assunto, qualquer que fosse, mas que não soasse como uma cantada barata. Quando achava que havia encontrado o assunto perfeito, o ônibus estava vindo. Ele sorriu para o rapaz, como uma forma de se despedir, então fez sinal para que o ônibus parasse. Para sua surpresa, o outro também embarcou. Só haviam dois lugares vazios, no fundo do ônibus.  

— Quer sentar na janela? 

Sehun perguntou, tentando não entrar em pânico. Não costumava ficar nervoso quando flertava, mas dias como aquele sempre o deixavam estranho. 

— Acho que sim. 

O outro franziu o cenho e escondeu um sorriso, como se soubesse que havia algo por trás da pergunta. 

— Acha? 

Sehun abriu um sorriso. 

— Tudo bem, educado cavalheiro. Muito obrigado. 

Sehun começou a prestar atenção nele, no cabelo ruivo tingido perfeitamente. Calça jeans escura, blusa preta com o que parecia ser uma banda de rock, pulseiras prateadas, cinco anéis, um deles em formato de caveira, usava coturno e todos os itens pareciam recém comprados. Quando a atenção de Sehun voltou para o rosto dele, olhos castanhos, com um delineado preto bem feito que o encaravam com curiosidade. 

— Algum problema? 

O rapaz perguntou. 

— Você é lindo. 

As bochechas ficaram vermelhas, o que fez Sehun o achar adorável. 

— Obrigado. Você também. 

Ele voltou a olhar através da janela. Sehun sentia o coração apertado, odiava ficar sem assunto, principalmente com alguém que tinha interesse. 

— Está tentando flertar comigo? 

Sehun ainda o encarava, o que poderia ser uma resposta óbvia. 

— Estou falhando em flertar com você. 

O rapaz voltou a ficar vermelho e soltou um riso. 

— Fofo. 

— O suficiente para fazer seu tipo? 

— Você faz o meu tipo, Oh Sehun. 

Sehun se assustou. 

— Como sabe meu nome? 

— Adoraria responder, mas vou descer agora. 

Sehun olhou onde estavam. 

— Eu também — respondeu. 

Desceram juntos, com Sehun curioso sobre de onde se conheciam. 

— Ainda não disse de onde me conhece. 

Arriscou. Os dois continuavam na mesma parada. 

— Vai me seguir até eu contar? — Ele riu. 

— Acho que estamos indo na mesma direção. Qual seu nome? 

— Minseok. Nos conhecemos alguns anos atrás, não imaginei que eu estaria tão diferente assim. Talvez, se eu tirar a roupa, fique mais fácil. 

Sehun corou. 

— Ah, entendi. Sinto muito não ter lembrado, não costumo ser assim. 

— Está tentando se lembrar através do meu nome, não é? 

— Não lembro, juro. 

— Aquele é o meu ônibus. Que azar o seu. 

— Ou sorte, é o meu também. 

— Para onde vai? 

Minseok perguntou, parecia querer sorrir. 

— Você primeiro, já que não me diz de onde me conhece. 

— Ao Instituto Kim Sooyoung. 

Ele respondeu, subindo no ônibus. Havia muitos lugares vagos dessa vez, Minseok sentou na janela e havia um lugar ao lado dele, sendo ocupado por Sehun. 

— Visita? — Sehun insistiu. 

— Um amigo. Me julga? 

— Não. De onde me conhece? 

— Anos atrás, nós ficamos juntos por um final de semana. 

— Agora me sinto pior por não lembrar de você. 

— Não faça essa cara. Quando nos conhecemos, meu cabelo era maior, chegando na cintura, e usava um nome que deve ser esquecido. 

— Tatuagem entre os seios e outra no ombro esquerdo?

Minseok abriu um enorme sorriso.

— Essa parte ainda está aqui.

— Não imaginei que conseguiria ficar ainda mais bonito, sabia?

— Não vamos reviver aquilo.

Minseok voltou a olhar através da janela. 

— Seu número continua o mesmo? 

Sehun criou coragem após alguns minutos, quando Minseok o encarou, piscou, deixando o outro vermelho outra vez. 

— Estou falando sério! 

— Tenho certeza que acredita nisso. 

— Oh Sehun, você foi minha paixonite enquanto crescia, quando meu pai decidiu se mudar, eu quis ficar com você pela primeira e única vez. Só isso. 

— Não escutei nenhum argumento. 

— O argumento é que foi um ótimo final de semana. E apenas isso. 

— E vai me privar de admirar suas lindas tatuagens outra vez? 

— Não sabia que gostava de homens. 

— Não gosto de definir minha sexualidade, mas eu não ligo para gênero. 

Sehun deu de ombros. 

— Quero deixar aquela lembrança como está, se possível. 

— Bem, tenho o resto da viagem para te convencer. 

— Vou descer daqui a pouco. 

— Já? Não tem que pegar um ônibus até o Molima para chegar ao IKS? 

Minseok franziu o cenho. 

— Criaram uma linha que liga o terminal 014 ao IKS e os laboratórios, principalmente por causa de estudantes e estagiários. Não sabia? 

— Nem sonhava. Quando voltou para a cidade? 

— Quatro meses, mais ou menos. 

— Não pensou em me visitar? 

Sehun fez um bico e fingiu estar triste. Minseok revirou os olhos, mas corou. 

— Não. 

— Se eu te mandar uma mensagem e for o mesmo número, você vai me responder? 

Minseok levantou, pronto para descer. Pareceu pensar antes de responder. 

— Até mais, Oh Sehun! 

Minseok desceu, um pouco vermelho, mas sorrindo. Pelos minutos que restaram do trajeto, Sehun esqueceu totalmente que iria para o mesmo lugar que Minseok, apenas não queria que ele soubesse. Pensou se seria arriscado mudar o curso depois, isso o pouparia da tortura que é entrar naquele carro, mas poderia esbarrar com Minseok em algum momento. Ficou tão perdido pensando em Minseok, que o carro precisou buzinar para que ele o visse. Durante o percurso, continuou pensando no outro. 

— Parece distraído hoje. 

O homem sentado ao lado de Sehun, disse. Sua voz entrava no sangue do rapaz como uma flecha atirada para matar. 

— Não vou poder demorar como da última vez, hoje eu trabalho. 

— Já ligamos para o seu trabalho, está dispensado. 

— O que disse a eles? 

Sehun não conseguiu esconder o pânico na voz. 

— Que estava sendo chamado para depor na delegacia e amanhã lhes entregaria o atestado de comparecimento.  

Enquanto falava, entregou um envelope a Sehun.  

— Meu supervisor não vai ficar nada feliz em receber um aviso de última hora. 

— Eu lhe disse que você foi testemunha de um crime que ocorreu hoje cedo, após sair de casa para ir à padaria. Parece convincente? 

— Ele não é dos mais espertos.  

— Então está tudo resolvido. 

Exceto pela parte em que não queria estar aqui, o jovem pensou. Queria ir para o trabalho, ficar com os amigos, mas sabia que não seria assim. Sempre passava horas lá, intermináveis horas, quase uma eternidade inteira. E ainda não havia voltado a falar com os amigos. Talvez aquela fosse a oportunidade perfeita para voltar a falar com eles, já que precisaria de todo o apoio do mundo, o que não era justo, já que antes de receber apoio, precisava se arrepender e pedir perdão, mesmo que o orgulho ferido não estivesse permitindo que ele agisse dessa forma. 

Quando o carro parou, desceu de forma automática. Caminhou junto aos dois homens, o silêncio incomodando mais do que a música mais alta possível. Entrou na sala, sentou na mesa. Observando a porta ser aberta, pensou que a morte seria mais agradável do que aquilo. Na verdade, toda aquela experiência era como morrer, ainda bem que estava vestido a caráter, brincou mentalmente, então riu sozinho olhando para as próprias mãos. 

 

 

Não demorou tanto assim para que tudo acabasse, sendo deixado novamente em frente ao Molima. Com surpresa, havia alguém sentado na parada, parecia estar esperando o ônibus. Engoliu em seco e foi até lá. 

— Boa tarde. — Cumprimentou, sentando ao lado dele. — Baekbeom ou Baekhyun? 

O outro riu e revirou os olhos. 

— Baekhyun. Como se você não soubesse. 

— Gosto de fingir que não.

— Meu irmão saiu da cidade.

— Já? Que rápido.

— Ele te fez promessas?

— Você é único que me ilude. 

Sehun fingiu um suspiro.

— Alguém tem que se vingar por todos os corações que você partiu. 

Os dois riram.

— Você vai fazer falta esse ano. 

— Melhor monitor do mundo, não é? 

Baekhyun abriu um sorriso largo. 

— Preciso te pedir um favor. Sou amigo do Chanyeol, quer dizer, estamos brigados. Enfim, poderia não dizer a ele ou qualquer um dos meus amigos sobre o curso?

— Tem vergonha de estudar história da arte? 

— Jamais! Tenho meus motivos. 

— É um pedido bem grande, quero receber um em troca. Poderia não dizer ao Chanyeol que me viu aqui hoje? Eu disse a ele que iria para outro lugar após o trabalho.

Baekhyun parecia culpado.

— Após o trabalho?

Sehun não entendeu o que ele quis dizer. 

— Sei que ele pensava em voltarmos juntos para casa, depois do primeiro dia, mas tem algo que preciso fazer e não podia falar muito a respeito, então disse que iria para outro lugar. 

— Nem sei quando vou falar com Chanyeol outra vez, então essa é bem fácil. 

— Perfeito. Para sua sorte, o ônibus já está vindo! 

— Por favor, não quebre o coração do meu melhor amigo. 

— Achei que não fossem mais amigos. 

Baekhyun desviou o olhar. 

— Demorei para conectar que o meu Baekhyun e o do Chanyeol eram a mesma pessoa. 

— Talvez não sejam. 

— Age diferente quando está com ele? 

— Ele é meu amigo.

— Ele é um ótimo partido. Cozinha com perfeição e você é esfomeado. 

— Melhor você ir pegar seu ônibus. 

— Melhor você namorar o Chanyeol antes que alguém faça isso primeiro.  

— Se você não é a competição, ficarei bem. 

— Cuidado com o que diz. O grandão atrai vários olhares. 

Sehun levantou e fez sinal para o ônibus. 

— Mas só olha pra mim! 

Com um sorriso, Baekhyun atravessou a avenida, caminhando em direção ao condomínio Molima, Sehun quase o seguiu. Aquele condomínio pertencia aos mais ricos entre os mais ricos. Nem mesmo ele tinha dinheiro o suficiente para conseguir a honra de ir visitar alguém que morava ali. Com a curiosidade borbulhando, entrou no ônibus e começou o trajeto de volta para casa. 

Estava na parada do último ônibus quando um adolescente com blusa de caveira passou por ele, fazendo com que se lembrasse de Minseok. Pegou o celular e encontrou o número, ainda salvo com o nome morto, trocou e abriu a conversa no aplicativo de mensagem. A última mensagem enviada foi há quase três anos, quando Sehun perguntou se o outro estava livre e ele respondeu que havia viajado. Na foto, Minseok usava uma blusa branca com uma jaqueta de couro preta, o cabelo exatamente igual ao daquela manhã. 

 

[04/02 17h18] Sehun: ;) 

[04/02 17h20] Sehun: Parece que seu número ainda é o mesmo :) 

[04/02 17h20] Sehun: Seria um sinal divino? 

[04/02 17h51] Minseok: Duvido muito. Prefiro chamar de perseguição. 

[04/02 17h51] Sehun: Já que me respondeu, não seria “esperança”? 

[04/02 18h03] Minseok: Vou notificar a polícia. Isso está ficando preocupante. 

Minseok enviou uma foto às 18h03 

 

Sehun encarou a foto, era ele mesmo na parada de ônibus, olhou para frente e sorriu enquanto observava Minseok cruzar a avenida, indo até onde ele estava. Parecia ainda mais bonito do que aquela manhã, embora estivesse com outra roupa. 

— Já consegue admitir que isso é o destino? 

Sehun sorriu. 

— Considerando que está com a mesma roupa, como posso saber se não ficou me esperando? Muito preocupante. 

— Meu compromisso foi um pouco demorado. 

— Não foi um funeral? 

— Não exatamente. 

Sehun suspirou. 

— Quer conversar? 

— Digamos que eu estava em um lugar que odeio, por isso o traje fúnebre. 

— Fazia o mesmo quando precisava encontrar meus familiares. 

— Usava roupas néon? 

— Sim. — Minseok sentou no banco, Sehun fez o mesmo. — Meu pai é gay, fui concebido através de inseminação artificial e doação anônima de óvulos. Digamos que eles não foram muito receptivos. Meu pai me vestia todo em néon sempre íamos visitá-los. Dizia que era luto por minha mãe que não existia. 

Minseok sorriu. 

— Seu pai parece alguém que eu gostaria muito de conhecer. 

— Ele faleceu há seis meses. 

— Meus pêsames. Foi por isso que voltou? 

— É difícil falar sobre ele como alguém que se foi. Voltei por causa de um amigo. Estou tentando provar que ele está preso injustamente. 

— Que horrível! 

— Estou tentando provar que foi legítima defesa. 

— O que ele fez? 

Minseok ficou sério, então arregalou os olhos e levantou apressado, mas não foi o suficiente. Perderam o ônibus. 

— Acho que nos distraímos demais. — Sehun suspirou. 

— Não posso me atrasar, preciso pegar meu irmão na escola. 

Minseok parecia angustiado. 

— Se acalma, não vai demorar, essa linha passa bastante. 

— Eu me atraso todos os dias. As professoras me odeiam. 

— Quer ir de táxi? Eu pago. 

Minseok o encarou surpreso. 

— Não precisa. Já estou acostumado a receber reclamação sobre isso. 

— Eu insisto, se atrasou por minha causa. Nós podemos dividir. Não estou com pressa para chegar em casa. 

— É perto da parada onde nos encontramos. 

— Eu também moro por perto. Vou chamar um carro pelo aplicativo. 

— Tem certeza? 

— Eu insisto. 

Sehun sorriu e Minseok corou, parecia estar odiando a ideia, mas não podia recusar. Quando o táxi chegou, Sehun decidiu conversar um pouco mais. 

— Qual o nome do seu irmão? 

— Jisung. Ele tem cinco anos. 

— Como ele está lidando com tudo isso? 

— Não muito bem. Muitas mudanças ao mesmo tempo, mas não sei o que fazer. 

— Mudar de cidade era a melhor opção? 

— Nós morávamos de aluguel e o emprego do meu pai não concedia pensão. Nessa cidade, ele tinha um apartamento, que nós herdamos. E, mesmo morando longe por tantos anos, a prefeitura concedeu o auxílio de órfãos ao meu irmão, embora ele tenha sido adotado em outro lugar. 

— Não lembro da prefeitura sendo tão gentil. 

— Fiquei surpreso, mas não quis reclamar. Sinto muito que tenha precisado passar pelo dia de hoje, seu pequeno luto. E ainda ter que me ajudar assim. 

— Eu ganhei uma certa quantia de dinheiro recentemente. 

— Sei que sempre teve muito dinheiro, Sehun. E sempre conta pequenas mentiras, como se não quisesse que as pessoas soubessem disso. 

Sehun corou. 

— Não lembrava que me conhecia tão bem. 

— Te observei por muito tempo, você que nunca me notou. 

— Até o final de semana. 

Minseok riu. 

— Exatamente. Como estão seus amigos? 

— O mesmo de sempre. 

Minseok ergueu uma sobrancelha. 

— Aconteceu alguma coisa? Parece um assunto delicado. 

Sehun pensou um pouco antes de responder. 

— Nós brigamos. Acho que o único de quem ainda sou amigo, é o Jongin. 

— Não imaginei que algo assim pudesse acontecer. Espero que se resolvam logo. 

— Também espero. 

O táxi parou e eles desceram. As crianças já estavam sendo liberadas, Sehun foi capaz de ouvir algumas indiretas em forma de “brincadeira” por Minseok ter chegado no horário, este respondeu apenas com um sorriso, segurou na mão do irmão e saiu. Não apenas as professoras, mas algumas mães também os encaravam e ele pode ouvir comentários maldosos, ditos propositalmente altos demais. Sehun se preparou para se despedir, mas Minseok segurou seu rosto com delicadeza e o beijou. 

— Obrigado por ter vindo comigo, amor. 

Minseok sorriu e estendeu a mão para que Sehun a segurasse, ele o fez. 

— Não precisa agradecer. Olá, Jisung! Vamos? 

— Nós vamos no seu carro? 

Jisung foi até Sehun alegremente, que sorriu e o pegou no colo. 

— Hoje, não. Quebrou, por isso chegamos aqui de táxi. 

— Poxa! Você vai fazer o jantar? 

— Com certeza! 

— Ainda bem, não aguento mais a comida do meu irmão. 

Jisung fez uma expressão de nojo, o que fez Sehun rir. Os três foram embora, com Minseok e Sehun ainda de mãos dadas. Jisung segurando a outra mão de Sehun e contando sobre o dia na escola, como se os dois se conhecessem há anos. Ele não precisava de muita coisa para entender. Se o apartamento onde moram for o mesmo onde Minseok cresceu, aquelas pessoas o conheciam desde antes da transição. 

— Pode me colocar no chão agora. 

Jisung disse, de forma doce. 

— Posso continuar com você no colo, se quiser. 

— Quero. 

— Jisung! Não precisa, Sehun. 

Minseok parecia tentar não sorrir. 

— Não me incomoda. Sou mais forte do que pareço. 

Sehun sorriu. Jisung continuou falando sobre o dia dele até que chegaram no prédio. 

— Jongdae mora aqui. 

Sussurrou. Não tinha certeza se queria encontrá-lo. 

— Um dos seus amigos? 

Minseok perguntou. 

— Infelizmente, um dos que briguei. 

— Você só tem quatro. 

Minseok ria ao abrir o portão do prédio. 

— Verdade. Quatro amigos e um namorado. Um núcleo e tanto! 

— Amigos com quem não fala e um namorado de mentirinha. Uau! 

— Você é cruel, Minseok. Quero terminar. 

Ele fez um bico enquanto subiam as escadas, Jisung riu. O apartamento de Minseok era no segundo andar, por isso não pegaram o elevador, o de Jongdae ficava no quinto andar. Tentou não pensar nos dois se esbarrando. Pediu ao universo para que não acontecesse. Ao entrar no apartamento, Jisung guardou os sapatos, pegou a bolsa que estava com Minseok e correu até o próprio quarto. 

— Embora não tenha parecido, meu irmão não gosta de socializar. 

Minseok fez sinal para que sentassem no sofá. 

— Me enganou direitinho! 

— Sinto muito pela cena na escola. Aquelas mulheres me tiram do sério e o diretor é pior ainda, então nem tenho pra quem reclamar. 

— Tem a polícia. 

— Tem alguma lei que proíba as pessoas de fingir que não estão errando meus pronomes de propósito? Que faça aquelas professoras velhas e idiotas pararem de usar o nome morto quando falam comigo? 

Os olhos de Minseok encheram d’água. Sehun o abraçou, deixando que chorasse em seu ombro. 

— Posso continuar fingindo que sou seu namorado. Posso até ir na reunião e pais e responsáveis. 

— Não é assim que chama. 

Sehun revirou os olhos, mesmo que Minseok não pudesse ver. 

— Tanto faz. Podemos postar uma foto juntos no Instagram. 

Minseok riu. 

— Se soubesse das histórias que Jisung contou, sobre o meu namorado, que me ama do jeito que eu sou, não estaria tão disposto. 

— Quando uma criança de cinco anos entende o preconceito, o suficiente para se vingar, então eu estou muito disposto. 

Minseok se soltou e o olhou, então sorriu. 

— Tudo bem. Amanhã ele tem que levar fotos da família e disse que meu namorado é amigo da prefeita. 

Sehun sorriu, então pegou o próprio celular e procurou a única foto que tinha sozinho com a Sra. Do. Foi do aniversário dela, dava para ver o bolo e a decoração com fotos dele ao fundo. Foi do ano anterior, o primeiro no qual Kyungsoo levou os amigos. Queria apoio moral quando segurasse a mão de Jongin na frente dela. 

— Você realmente é amigo da prefeita!? 

— Kyungsoo, um dos meus melhores amigos, é filho dela. Essa foto serve? 

— Óbvio! Nossa. 

— Não sei como, mas sua surpresa me insulta. 

Minseok riu. 

— Obrigado, namorado. Prometo que não vai durar muito tempo. 

Sehun deu de ombros. 

— Mas eu não sei cozinhar. 

— Eu compro comida pronta. Também não sei. 

Os dois riram, então Jisung entrou no cômodo. Já tinha tomado banho e trocado de roupa. Sentou no sofá ao lado do que eles estavam e abraçou os joelhos, Sehun sentiu vontade de abraçá-lo. Minseok foi até lá e acariciou os cabelos dele. 

— O que houve, meu pequeno? 

— Quero ir para outra escola. 

— Sinto muito, aquela é a única pública. 

— Queria que o papai estivesse aqui. Ele não ia deixar aquelas ridículas falarem com você como se fosse uma menina. 

— Sei que não. Eu também não vou deixar. Prometo! 

Jisung olhou para o irmão e sorriu. 

— Você agora tem um namorado muito bonito, que nem eu falei! 

— Sehun não é meu namorado de verdade. 

— Mas você o beijou. 

Jisung parecia confuso. 

— Ele concordou em fingir que sim. E adivinha a foto especial que você vai levar amanhã? — Jisung deu de ombros. — Sehun conhece a prefeita! 

Jisung olhou para Sehun como se aquela fosse a melhor notícia do mundo, então abriu um enorme sorriso. 

— Mesmo!? 

Sehun assentiu e foi até ele para mostrar a foto. Minseok o colocou no colo, para que Sehun pudesse sentar ali também. 

— Isso é mais do que incrível! 

Jisung deu um abraço em Sehun. 

— O que mais você disse a eles? 

Sehun perguntou. Jisung pareceu constrangido. 

— As professoras falam coisas feias sobre o meu irmão, as crianças começaram a fazer a mesma coisa. Eu disse que ninguém ligava para o que elas achavam. Que meu irmão tinha um namorado bonito e rico que amava ele muito. Um dos meninos mais velhos, disse que só podia ser uma aberração, disse que Minseok era uma também. Aí eu falei que não. Que o namorado do meu irmão era legal e até tinha amigos importantes. 

— Não me disse que tinha sido os meninos mais velhos. 

— Ninguém gosta muito de mim. Em nenhuma das turmas. Na mesma semana que eu cheguei, ninguém queria ser meu amiguinho, diziam que estava doente, como o meu pai. Eu não entendi primeiro, mas depois de um tempo eu vi como eles falavam de você e percebi sozinho. É por que o papai gostava de meninos. 

— Você sabe que eles estão errados, não é? 

Sehun perguntou. 

— Sim. É só amor. Minseok falou comigo. Sinto muita saudade do papai, ele não deixava as pessoas falarem coisas feias para o meu irmão. 

— Nós dois também não vamos deixar! 

— Mas você não é o namorado dele de verdade. 

— E ninguém precisa saber disso! 

Sehun piscou e Jisung sorriu. 

— Você sabe cozinhar? 

— Não. Você disse isso? 

Jisung assentiu. 

— Não podemos acertar tudo, mas elas nunca vão descobrir esse pequeno detalhe. 

Minseok abraçava o irmão como se ele fosse evaporar, assim que o soltasse. 

— Você vai dormir aqui? Seu nome é Sehun? 

— Não vou dormir aqui. Oh Sehun, caso alguém pergunte. Trabalho na central do 119 da Rua Aurora e estudo história da arte, já sou formado como designe de interiores. Tenho 20 anos e moro na Rua Coração. 

— Você está se esforçando bastante. 

Minseok segurou o riso. 

— Já odeio todo mundo da escola dele, até as crianças. 

— Crianças repetem o comportamento que aprendem ao seu redor. 

— Nem ligo. 

Jisung sorriu. 

— Você mora longe daqui? — Perguntou. 

— Não muito. Por quê? 

— Podia vir amanhã cedo e ir até a escola comigo! 

— Concordo. Você disse a eles que eu tinha um carro? 

— Sim, mas você pode dizer que quebrou. 

— Sei como conseguir um. 

Jisung abriu um enorme sorriso. 

— Vai ficar para o jantar? 

Minseok perguntou. 

— Eu estou faminto! 

Jisung deu um beijo no rosto do irmão. 

— Não posso. Tenho que resolver algumas coisas e pegar um carro emprestado. 

Sehun piscou para Jisung, que sorriu. 

— Certeza? — Minseok insistiu. 

— Absoluta. A escola abre às 07h00? 

— Sim. Te esperamos, então? 

— Vai ser perfeito. Tenho uma consulta às nove e meia, então posso ir direto. Preciso ir, busco vocês aqui? 

— Vai ser incrível passar quinze minutos no seu carro emprestado. 

Minseok riu. Sehun levantou, Jisung o abraçou, parecia animado. 

— Vou levar Sehun até lá embaixo. Tranca a porta. 

— Certo! Até amanhã, Sehun! 

Jisung acenou e os outros dois desceram. 

— Está mesmo querendo fazer isso? 

Minseok parecia hesitante, enquanto desciam as escadas 

— Minha vida precisa de um pouquinho de emoção. Vou ganhar beijinhos se for um bom namorado? 

Minseok corou e apressou o passo, fazendo com que Sehun não olhasse em direção ao elevador, mas seguiu direto, tentando acompanhá-lo. Minseok parou e virou para encará-lo. 

— Tudo bem, Oh Sehun. Você tem um namorado. 

Para a surpresa de Sehun, ele o beijou. Quando se separaram, Minseok olhou alguma coisa atrás de Sehun e ficou com o rosto mais vermelho do que o cabelo. Quando ele olhou para trás, a porta do elevador fechava, com Jongdae os encarando de dentro dele. 

— Espero que não seja alguém com uma queda por mim. 

Minseok brincou, embora ainda constrangido. 

— Pior. Era o Jongdae. 

— Brigou com ele também? 

— Infelizmente. Agora preciso ir embora mais do que qualquer coisa. 

— Melhor ficar. Parece muito abalado. 

— Tem um ônibus que passa no fim na rua, ele me deixa em casa. Vai ficar tudo bem. 

— Não acredito. Parece que você vai chorar. 

— Meu melhor amigo acabou de escutar você me chamando de namorado. Toda essa história de namoro falso, ele iria amar. Acharia o máximo e provavelmente entraria no jogo. 

— Mas vocês não estão se falando. 

— Kyungsoo tem o mesmo gosto musical que você, sabia? Preciso ir para casa chorar. 

— Não prefere chorar aqui? 

— Faz algumas horas que voltamos a nos falar e já somos namorados. É o suficiente por um dia. 

Sehun tentou rir, mas não conseguiu. 

— Me avisa quando chegar. 

Sehun assentiu, então foi embora, quase correndo. Desistiu do ônibus e chamou um táxi. Começou a chorar antes mesmo da partida. Ao chegar em casa, tinha uma mensagem do Jongdae, mas não teve coragem de olhar. Tomou um banho, chorou mais um pouco e pediu comida italiana para o jantar. Enquanto comia, não conseguiu evitar e chorou mais um pouquinho. Depois que deitou no sofá e colocou algo para assistir, finalmente conseguiu olhar as mensagens. 

 

[04/02 19h52] Jongdae: Pelo menos não é o Jongsuk. 

 

Sehun riu. Aquele tipo de mensagem era a marca registrada de Jongdae. 

 

[04/02 21h17] Sehun: O nome dele é Minseok. Nos reencontramos hoje. 

[04/02 21h19] Jongdae: E já estão namorando? 

[04/02 21h19] Sehun: Estamos fingindo. Queremos dar uma lição nas professoras transfóbicas da escola do irmão dele. 

[04/02 21h22] Jongdae: Boa sorte! 

[04/02 21h22] Sehun: Alguma sugestão? 

[04/02 21h23] Jongdae: Namora com ele de verdade 

[04/02 21h28] Sehun: Prometo tentar! 

[04/02 21h33] Jongdae: :)

 

Sehun passou os próximos trinta minutos tentando pensar em mais alguma coisa, qualquer uma, que fizesse a conversa continuar, mas sabia que não seria possível. Salvou a foto de perfil de Minseok e enviou para Jongin. 

 

[04/02 22h01] Sehun: Estou namorando :) 

[04/02 22h03] Jongin: Faria o mesmo. Quem é? 

[04/02 22h03] Sehun: Minseok. Lembra daquele final de semana em um hotel com a equipe de dança? 

[04/02 22h07] Jongin: Que você não foi? 

[04/02 22h07] Sehun: Agora você já sabe o motivo 

[04/02 22h07] Jongin: Um lindo motivo. Quero os mínimos detalhes amanhã no 119 

[04/02 22h07] Sehun: Só amanhã? 

[04/02 22h09] Jongin: Vou entrar em uma partida de pôquer online com o Kyungsoo 

[04/02 22h09] Sehun: hummm 

[04/02 22h11] Jongin: Cala a boca, Sehun. 

[04/02 22h11] Sehun: Tenta com strip-pôquer depois 

[04/02 22h12] Jongin: Depravado.

 

Sehun revirou os olhos, mas seu coração acelerou com a notificação que chegou. 

 

[04/02 22h12] Minseok: Vai me enviar a foto? 

[04/02 22h12] Sehun: Sinto muito, já tomei meu banho 

[04/02 22h12] Sehun: Deveria ter pedido mais cedo 

[04/02 22h13] Minseok: Muito engraçado. Preciso imprimir e colar na folha. 

Sehun enviou uma foto às 22h13 

[04/02 22h13] Minseok: Obrigado! 

Sehun enviou duas fotos às 22h14 

[04/02 22h14] Sehun: Para te dar bons sonhos :) 

[04/02 22h14] Minseok: UAU! Meu namorado é mesmo muito lindo! 

[04/02 22h15] Sehun: Você é o mais sortudo! 

[04/02 22h15] Minseok: Do mundo inteiro! Haha 

[04/02 22h15] Minseok: Estou falando sério. Você é lindo, principalmente com um pijama de patinhos ;) 

[04/02 22h16] Sehun: Sou mais bonito nu, você precisa ver algum dia ;) 

[04/02 22h16] Minseok: Já vi 

[04/02 22h16] Minseok: Concordo 

Minseok enviou uma foto às 22h17 

[04/02 22h17] Sehun: Juro que meu coração parou por alguns segundos! 

 

Sehun não passava horas conversando com alguém desde que finalmente desistiu de Jongsuk, como diria Jongdae. Os dois namoraram por um ano e meio, contando com idas e vindas. Segundo Kyungsoo, Sehun passava mais tempo chorando do que beijando. Um dia, o próprio Sehun percebeu o quanto aquilo era verdade. Foi demorado e cansativo, talvez ainda restasse algum sentimento, mas no natal eles terminaram de vez. Jongsuk nunca perguntou os motivos de Sehun, que queria apenas ficar o mais longe possível.  

Não entrava no Instagram desde o término, aproveitou para fazer isso. No perfil ainda havia o nome do ex-namorado e várias fotos juntos. Excluiu todas. Restou apenas duas dezenas de selfies e cinco dezenas de fotos com os amigos. Tentou não chorar e postou uma selfie, a mesma que mandou para Minseok. Nos bons tempos, Jongdae seria o primeiro a comentar, zombando Sehun e seu pijama de patinhos. Para sua surpresa, foi Minseok quem o fez. Resolveu responder com um emoji revirando os olhos e um coração. 

Quando deitou para dormir, percebeu que, embora tenha chorado de saudade dos amigos, aquela foi a primeira vez em que se encontrou com eles e se sentiu bem. Até mesmo riu e brincou com Minseok. Quase teve uma conversa com Jongdae. Olhou para as estrelas coladas no teto e tentou chorar, mas não conseguiu, então gargalhou. Pela primeira vez na vida, não foi afetado. Eles não o fizeram chorar. Já era quase duas da manhã, havia dito a Minseok que precisava ir dormir ou não acordaria a tempo. 

 

[05/02 01h45] Minseok: Diz que vai dormir e posta a MINHA selfie no Instagram.  

[05/02 01h45] Minseok: Que namorado horrível! :( 

[05/02 01h47] Sehun: É que o meu lindo namorado disse que estava linda, então fui compartilhar com o mundo! 

[05/02 01h47] Minseok: Não faça mais isso! U.U 

[05/02 01h47] Sehun: Como ordenar! 

[05/02 01h47] Sehun: Agora vou dormir de verdade. Até amanhã. 

[05/02 01h47] Sehun: Dorme bem! 

[05/02 01h48] Minseok: Você já disse isso! Haha 

Minseok enviou uma foto às 01h48 

[05/02 01h48] Minseok: Até amanhã 

[05/02 02h07] Sehun: Agora vou ter apenas bons sonhos! 

[05/02 02h07] Sehun: Pode mandar uma sem roupa também 

[05/02 02h07] Sehun: Se quiser 

 

Sehun continuou sorrindo, pensando na foto. Quando o celular vibrou, pegou apressado, nem ao menos olhou o nome antes de abrir. Não era Minseok. 

 

[05/02 02h13] Jongsuk: Adorei a foto! 

[05/02 02h13] Jongsuk: Pena que as nossas juntos não estão mais lá para fazer companhia 

[05/02 02h14] Jongsuk: Está online, mas não vai me responder? 

 

Sehun suspirou e guardou o celular, não se daria ao trabalho nem disso. Quando o celular despertou pela manhã, precisou de alguns segundos para lembrar o motivo. Sorriu, pensando em Minseok, então levantou animado. Comeu, se arrumou e, pela primeira vez em meses, pegou a chave do carro. Os amigos achavam que ele tinha vendido, mas havia apenas trocado. Era apaixonado pelo Honda Civic, sempre comprando todas as versões do ano, vendendo assim que o lançamento do ano seguinte chegava. Também agia assim com roupas e sapatos, exceto que esses últimos eram doados, alguns ainda com etiqueta. 

Enquanto dirigia, pensou em como foi fácil contar a Minseok e Jisung sobre o curso, mas os amigos não sabiam. Quando o carro parou em frente ao prédio, Minseok e Jongdae saiam ao mesmo tempo. Sehun perguntou aos céus se aquilo era uma grande brincadeira com ele, se estava divertido torturá-lo assim. Foi Jisung quem o viu primeiro, enquanto ele descia, os dois adultos conversaram distraidamente. 

— Você realmente conseguiu um carro de pessoas ricas! 

O pequeno falou, correndo até Sehun, que o pegou no colo. 

— Eu disse que conseguiria. 

— Estou impressionado. 

Minseok se aproximou. 

— Somos dois. Realmente não imaginei que fosse conseguir acordar! 

Minseok riu. Jongdae começou a passar por eles, mas Minseok o chamou. 

— Eu ofereci uma carona ao Jongdae, se não importar. Nós vamos para o mesmo lado. 

— Nós? 

— Sua consulta é às dez e seu trabalho ao meio dia. Tem tempo de sobra para me deixar no meu. E o compromisso de Jongdae é no prédio ao lado do seu. 

Sehun encarou amigo. 

— Se estiver indo para as torres gêmeas arrumar outro emprego, vou socar sua cara. 

— Nem todo mundo pode comprar o carro do ano com o salário do 119. 

Jongdae não sorriu, mas ainda esperava. 

— Esse carro é de 2018. 

— Irrelevante. 

— Entra logo nessa porcaria de carro. Vem, vou te colocar na cadeirinha. 

— Cadeirinha? 

Minseok perguntou, enquanto Sehun colocava Jisung no chão e o levava até o carro. 

— Eu comprei. Tem uma galeria 24 horas na minha rua. Pedi para uma criança de cinco anos. A vendedora disse que pode regular até dez anos ou 36kg. Ela organizou aqui, mas me ensinou como arrumar, se for preciso. Senta aqui, Jisung. 

— Sehun, não precisava. 

Minseok ainda estava em estado de choque. 

— Essa cadeirinha parece mais cara que o meu sofá. 

Jongdae já estava dentro do carro, sentado no banco de trás. 

— Fui eu quem comprou seu sofá. Essa cadeirinha foi mais cara. 

Sehun sorriu, fazendo Jongdae rir também. Jisung coube perfeitamente no assento e Sehun fez sinal para que Minseok entrasse no banco do passageiro ao lado dele. Jongdae parecia estar se divertindo com a expressão de Minseok, enquanto Jisung não parava de falar do cheiro bom que o carro tinha. 

— Até mais tarde! Vou tentar vir te buscar, mas acho que não dá tempo, por causa do meu trabalho. 

Sehun disse, poucos minutos depois, enquanto beijava o rosto de Jisung em frente à escola. Todos que passavam, prestava atenção no carro, Sehun fizera questão de colocar a cadeirinha no lado que ficaria mais exposto ao olhar das pessoas. Jongdae colocava a mão rosto para que ninguém o visse rindo. Quando voltaram para o carro, ele se sentiu muito feliz com o próprio dinheiro, pela primeira vez em muito tempo. O aquecedor do carro deixava o ambiente confortável, exceto pelo clima constrangedor. 

— Mais caro quanto? 

Minseok perguntou, repentinamente. 

— O que? 

Sehun precisou de alguns segundos para entender que a pergunta foi direcionada a ele. 

— A cadeirinha. Você disse que foi mais cara que o sofá do Jongdae. 

Jongdae riu. 

— E foi mesmo. 

Sehun admitiu. 

— Quanto? 

— Quando comprei o sofá do Jongdae, ainda estava fingindo que não tenho dinheiro. A cadeirinha custou o dobro. Ou quase. 

— Você enlouqueceu!? 

— Eu cansei. Esse carro é meu, tenho mais três na garagem. E foda-se. 

— Duvido. 

Jongdae disse, sarcasticamente. 

— Que eu tenha uma garagem? Não posso deixar os carros na rua. 

— Que você não esteja se importando em exibir seu dinheiro. Isso é o Jongsuk ligando? 

— Sim. Está falando comigo desde ontem. 

Sehun revirou os olhos. 

— Você não o bloqueou? Não sei qual dos dois é o maior filho da puta. 

— Ele. 

— Você é mais. Me dá seu celular que eu vou bloquear esse escroto. 

Jongdae pegou a bolsa de Sehun, que estava embaixo do banco do motorista, e tirou o celular de dentro, então começou a rir. 

— Quem é Jongsuk? 

Minseok perguntou, mas parecia já saber a resposta. 

— Bem, ele não é a pessoa que está no bloqueio de tela. 

Jongdae exibiu o celular, que tinha uma foto de Minseok nele, este ficou vermelho e deu um soco de brincadeira no ombro de Sehun. 

— O que foi isso? Não posso colocar a foto do meu namorado no meu celular? 

Sehun sorriu. 

— Namorado de mentirinha. 

Minseok revirou os olhos, mas continuou vermelho. 

— Acho que Sehun não entendeu essa parte. O bosta seca do Jongsuk comentou na sua foto e teve a cara de pau de curtir e responder o comentário do Minseok. Eu vou cometer um crime de ódio! 

Jongdae resmungou. 

— Não bloqueia ele, quero que veja o quanto não me importo. 

Sehun sorriu. 

— Se eu sonhar que está entregando qualquer vestígio de moral pra esse cara. Sehun. — Jongdae respirou fundo. — Oh Sehun, eu vou matar você. 

— Não se preocupe, meu coração pertence apenas ao Minseok. 

— Me empresta o celular do Sehun. 

Minseok pediu. Quando o carro parou em um sinal, ele tirou uma foto dos três, com Jongdae fazendo pose atrás de Sehun. Minseok marcou a si mesmo e Jongdae, então postou na conta de Sehun. 

— Está marcando território? 

Jongdae brincou. 

— Depois de escutar que Sehun tem mais três além desse monstro de carro? É óbvio! 

— Sempre soube que interesseiros apareceriam aos montes. E ainda não sabe como posso esconder meus privilégios? 

Ele olhou para Jongdae pelo retrovisor, que apenas revirou os olhos. 

— É aquela academia ali! 

Minseok apontou. 

— Vai malhar? 

Jongdae perguntou. 

— Trabalhar. Aulas de dança para crianças. 

— Nem sabia que alguém nessa cidade gostava de arte que não venha dos Abnara. 

Jongdae disse. 

— Pelo bem do Sehun, espero que sim — Minseok riu — não que ele precise trabalhar. 

Sehun parou o carro e se inclinou, esperando um beijo, mas Minseok o beijou na testa e saiu do carro, deixando o outro sorrindo. 

— Largo às 18h00, então nada de carona dessa vez. 

Sehun falou, baixando o vidro do carro. Jongdae foi para o banco da frente. 

— Vai para as gêmeas? — Sehun perguntou. 

— Entrevista para estágio. 

Jongdae respondeu baixinho. Parecia outra pessoa, como se estivesse fingindo enquanto Minseok estava ali. Sehun o conhecia o suficiente para acreditar que ele realmente estava. 

— Qual o seu problema? 

— Falta de dinheiro e excesso de dívidas. 

Sehun riu, ainda sem sair com o carro. 

— Faz sentido. 

— Não para você. 

— Parece mais bravo do que algumas horas atrás. 

— Minseok, que tecnicamente você conheceu ontem, já sabe que você cursa história da arte. Seus amigos, que você conhece há cinco anos, não sabem de nada. — Jongdae o encarou, mas Sehun havia perdido a capacidade de falar. — Nada a declarar? 

— Faço meu imposto no final do ano. 

— Isso não é piada. Como teve a coragem de exigir tanto do Chanyeol quando você diz ainda menos do que ele!? 

— Não quero falar sobre isso! 

— Você nunca quer falar, só que ouvir! O que é isso, um acordo Delut? 

Sehun o encarou como se Jongdae fosse todo o mal que existe no mundo. 

— Fora. 

Ele falou tão baixinho que Jongdae quase não o escutou. 

— Quer que eu saia? 

— FORA! 

Dessa vez, gritou de tal forma que as pessoas que passavam na calçada puderam ouvi-lo. Jongdae saiu do carro e subiu a rua sem olhar para trás. Sehun dirigiu de volta para casa, tão rápido que poderia ter morrido a mesma quantidade de vezes que ultrapassou o sinal vermelho — seis ou sete. Quando chegou em casa, seu corpo tremia. Pegou uma faca na cozinha e descontou todo o ódio no sofá novo, depois destruiu o restante da sala, inclusive a televisão. Quando o celular tocou, com o alarme habitual às dez e meia da manhã, estava sentado no meio do caos, abraçando os joelhos, chorando enquanto se balançava de um lado para o outro. 

 

“Você é Oh Sehun?” — o homem estranho de terno perguntou. 

“Sim” — o garotinho de 11 anos respondeu. 

“Sentimos informar que seu irmão não resistiu” — Sehun se perguntou se ele era um médico de roupa engraçada. 

“Já estava morto lá em casa” — ele voltou a olhar para frente, inexpressivo. 

“Eu sou do Centro de Proteção da Infância e Adolescência. Podemos conversar?” — o homem sentou ao lado dele. 

“Tenho que esperar meu pai aqui” — ele continuou sem olhar para o homem. 

“Eu só queria fazer algumas perguntas sobre os machucados do seu irmão” — Sehun o encarou — “E sobre os seus também”. 


Notas Finais


Gostaram do Minseok? haha
Nunca escrevi esse shipp, resolvi ser um pouco ousada dessa vez U.u


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