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História Promiscuous (Jeon Jungkook) - 0.8: Backstabber.


Escrita por: shwutup

Notas do Autor


• após muitos surtos e alguns ataques cardíacos, aqui está o tão esperado capítulo.....não quero falar muito sobre ele agora, leiam e tirem suas próprias conclusões hehe

• boa leitura! 🖤

Capítulo 8 - 0.8: Backstabber.


“ — Garota promíscua, toda vez que te beijo, posso ouvir o som de algo se quebrando.


— Garoto promíscuo, sou jovem demais para isso?”


•••


Cassandra ‘Cassie’ Adams


Eu já beijei muitas pessoas na minha vida. Alguns beijos foram insignificantes, outros vergonhosos demais e alguns evoluíram para uma ótima noite de sexo. 

Mas beijar Jeon Jungkook é completamente diferente. É insano. Ele não reage, suas mãos não me tocam mais e sua boca não se move. Acho que ele mal fechou os olhos. Oh, céus, esse é mais um beijo vergonhoso. 

Minha mente grita “Toque-me. Por favor. Beije-me.” ao mesmo tempo que grita “Pare, agora mesmo!”.

— Cassandra... — ele agarra minha mão, e posso ouvi-lo respirar com dificuldade.

Aceno, abrindo os olhos, mas ainda incapaz de encontrar os dele.

— Eu sei — suspiro alto — Desculpa.

Minha boca está seca, os olhos ardem com as lágrimas não sei por quê, e há uma necessidade entre as coxas que é quase dolorosa.

Lentamente, ele inclina meu queixo para cima. E, por fim, eu olho para cima, mas ele não está olhando para mim, também. Seus olhos estão abaixados e sua testa franzida de dor. 

— Você só está confusa… — murmurou — Está tudo bem. 

Eu permaneço imóvel, os dedos ainda tocando seu abdome e sua mão ainda no meu queixo. O peito dele sobe e desce e, por um instante, acho que vou virar e correr. Ele está dando desculpas por mim. Uma bem fácil para me esconder por trás. Faria sentido estar me sentindo perdida e precisando de alguém para esquecer de tudo um pouco.

Mas qual é a desculpa dele? Eu sei que ele olha para mim. Sei quando olha e pensa que eu não vejo, mas eu sei.

Meus olhos ardem, enchendo-se de lágrimas.

— Não é por isso que estava me desculpando — digo. Ergo os olhos, encontrando os dele, e mesmo estando com medo, eu tenho que ir fundo. Não consigo resistir — Pedi desculpa, porque esta não é a primeira vez que eu queria que você me tocasse.

E seu olhar congela em mim.

Ele me olha fixamente, imóvel, exceto pela subida e descida de seu peito, e não tenho ideia do que está passando por sua cabeça agora, mas acho que não me arrependo. 

A atração já estava ali.

Ele solta meu queixo devagar, ambas as mãos se fechando em punhos, e ele aperta a mandíbula, parecendo estar com raiva, de repente.

Por reflexo, dou um passo para trás, mas não vou muito longe. Agarrando minha cintura, ele me puxa em sua direção, serpenteando um braço ao meu redor e segurando meu queixo entre o polegar e os quatro dedos. Eu ofego, amando a sensação de seu corpo firme contra o meu, mas com medo também, porque parece que está tão bravo.

— Não — diz, olhando para mim com fúria nos olhos — Você me entendeu? Não vai acontecer. Não vai conseguir isso comigo.

Meus olhos se enchem de lágrimas, e quase não consigo enxergá-lo à medida que meu corpo treme com um soluço silencioso.

Seu braço parece aço ao meu redor, e posso sentir o calor de sua raiva emanando de sua pele.

Ele me sacode.

— Você quer transar, então vá caçar alguém em outro lugar.

Ofego e me solto dele, empurrando seu corpo para longe.

Ele tem razão. O que estou fazendo? Por que eu faria isso? Eu me sinto tão idiota.  Mas não estava imaginando, estava? Havia algo entre nós e vinha dele tanto quanto de mim. 

Só vi o que eu queria ver?

Sinto vontade de gritar. Lágrimas escorrem pelo meu rosto, e ele fica apenas parado ali, olhando bravo para mim.  

— Vá para o seu quarto — manda.

Solto uma risada, o som amargo pingando descrença.

— Vá se foder! — eu grito, endurecendo a voz — Vou encontrar outra cama hoje à noite, obrigada. Qualquer um vai servir para uma puta como eu, não é?

Eu me viro e corro para a porta da cozinha, mas ele me agarra na altura do cotovelo e me puxa de costas contra o muro de seu tórax. Ele nos força até uma parede da casa. Levanto as mãos rápido, batendo no revestimento.

Céus.

Estremeço, com a respiração rápida e ofegante enquanto meu coração dispara e o sangue esquenta sob a minha pele.

Mas que por

Ele estende o braço, segurando meu rosto com a mão, e com a respiração quente no meu ouvido.

— Não me ameace com essas merdas. Se quer agir feito uma pirralha malcriada, então talvez devesse ser castigada como uma, não?

Quase dou risada através das lágrimas secando no rosto.

— Fique à vontade — insulto — Estou morrendo de vontade de ver como vai tentar me controlar. Você não consegue nem fazer seus funcionários cumprirem com as tarefas deles, e quando foi a última vez que uma mulher sentiu prazer na sua cama? Você nem mesmo é um homem.

De repente, a mão dele envolve meu cabelo e minha cabeça é torcida de lado enquanto seus lábios esmagam os meus.

Gemo alto, a sensação e o gosto dele me inundando com tanta força que meu clitóris pulsa entre as pernas. Puta merda. As pálpebras se fecharam, o calor e a adrenalina mergulhando do meu peito para a virilha no espaço de um segundo.

Ele se afasta.

Porra — e seu punho aperta meu cabelo.

Mas ele volta, sua boca cobrindo a minha, exigindo mais, e mal consigo respirar. Estou pegando fogo.

Ele tem um gosto tão bom. É tão gostoso. Só demora um pouco, mas meu cérebro finalmente entra em ação, e estico o braço por trás, seguro sua nuca e o beijo, também.

A mão aperta minha cintura, e sinto seus dedos deslizarem para dentro da minha blusa, acariciando a tira de seda vermelha do meu sutiã, enrolando o tecido uma vez na mão como se estivesse se preparando para arrancá-lo.

Meu interior lateja só de pensar. Sua língua é quente e exigente, sacudindo e brincando com a minha, e quando ele se afasta minimamente para morder meu lábio inferior, eu me movo na ponta dos pés, sentindo uma ardência aquecer entre as pernas.

Ele passa dos meus lábios para as bochechas, beijando ao longo do queixo e de volta para o pescoço. Só sou capaz de arquear para dar livre acesso.

E sorrio por dentro. Ele quer isso. Ele me quer.

Minha pele vibra, os pelos nos braços sobem e sinto um arrepio ao sentir as mãos dele começarem a explorar tanto quanto sua boca.

Pressiono a mão em sua virilha e sinto o cume de seu pau, duro e tentador. Ele afasta a boca, gemendo com o meu impulso.

— Cass — ele ofega, com os olhos fechados e sobrancelhas cravadas de dor. — Caralho, não podemos fazer isso.

Eu me viro, erguendo-me na ponta dos pés e encostando a testa na dele, as mãos em sua cintura.

— Eu sei — eu digo — Eu sei.

Jesus, por que isso teve que acontecer?

Pairo sobre seus lábios, sentindo-os e seu hálito quente me deixa com vontade de me envolver dentro dele.

— Eu sei — sussurro de novo — Estraguei tudo, não foi?

Somos vítimas das circunstâncias. Pelo menos, acredito piamente que eu teria gostado dele, não importa o quê. Se ele fosse qualquer outro homem que entrasse no bar, sentasse e conversasse comigo, eu o teria desejado. Ele pode ser ríspido e estar fora de forma para lidar com pessoas, mas estou feliz com ele, e gosto que a única coisa que ele parece precisar de mim é a minha presença. Ele está mais feliz comigo aqui.

— E-eu tenho que ir embora — digo — Vou embora amanhã e ficarei mais do que bem. Você não precisa se preocupar. Nunca deveria ter ficado...  

De repente, porém, ele agarra a parte de trás das minhas coxas e me levanta, forçando as pernas a envolvê-lo. Plantando-me contra a parede, ele olha para mim e nega com a cabeça.

— Você não vai a lugar nenhum.

E, então mergulha, mordendo meu queixo por baixo. Ofego, minha cabeça cai para trás e os olhos se fecham conforme morde e beija, enviando arrepios pelos meus braços.

Aperto seus ombros e cedo, contorcendo-me contra ele e ansiando pela fricção dele entre as pernas.

Um de seus braços me segura enquanto o outro sobe, puxando minha blusa para cima, até eu estar completamente livre dela. Seus dedos roçam a alça do sutiã, puxando-o para baixo para beijar a pele em meu ombro.

Suspiro, desesperada.

 — Tire. Por favor.

Sua mão alcança as minhas costas, mas em vez de soltá-lo, ele puxa a alça e a abaixa. Fico nua só por um segundo, porque a culpa e a realidade finalmente me atingem em um lapso de memória. Lembro-me de quando flagrei Jungkook e Jessica na cozinha do apartamento, dos beijos apaixonados, dos presentes… 

O que eu estou fazendo? 

— Jungkook… — sussurro baixinho, mas ele não parece me ouvir, pois está concentrado demais em me beijar — Jeon, pare! — reúno forças e grito. 

Eu me contorço para descer e ele me solta. Eu me agacho, recolhendo minha camiseta e sutiã, segurando-os para me cobrir. Jungkook me encara sem qualquer reação, levando as duas mãos até a nuca. Ele está pensando a mesma coisa que eu estou pensando agora. 

Somos traidores. 

— Saia, eu preciso me vestir — digo sem qualquer pingo de coragem para encará-lo — Agora! — praticamente grito, vendo-o respirar fundo e obedecer minhas ordens, caminhando até a cozinha. 

Não fuja, penso, temos muito o que conversar.

Visto o meu sutiã e em seguida a minha blusa. Antes de sair da sala de jantar e enfrentar a confusão em que me meti, encaro o bolo sobre a mesa e meus olhos enchem de lágrimas outra vez. 

Eu gosto dele, gosto muito. Tantas pessoas nessa cidade e eu escolhi justamente ele, o namorado da minha mãe. Sou uma péssima filha. 

— Cassandra… — Jungkook me chama quando chego à cozinha. Ele está pronto para falar, mas eu não permito. 

Preciso estar no controle dessa conversa. 

— Não, ok? Você vai me escutar antes de qualquer coisa — digo, aproximando-me da ilha. Ponho minhas mãos na superfície lisa e fria da bancada, sentindo o olhar do meu padrasto sobre mim, mas eu não retribuo esse olhar, não tenho forças o suficiente para isso — Nada do que você disser irá mudar o que estou sentindo agora, então guarde suas palavras doces e cheias de motivação para você, Jeon. Nós erramos. Você traiu a sua namorada e eu traí a minha mãe. Percebe como isso é errado? Perdemos o controle. Somos duas pessoas desesperados por atenção e que aceitaram participar de um joguinho idiota de sedução e tensão sexual. Não sei quem é o principal culpado, mas está mais do que claro como somos perigosos um para o outro. 

— Argh, Cassandra! — revira os olhos, fechando os dois punhos sobre a bancada — Você não sabe o que está falando! Você nem ao menos sabe o que está acontecendo, então não venha dizer que o que aconteceu minutos atrás foi errado, porque não foi! 

Tenho vontade de rir. Como esse filho da puta acha que trair a sua namorada, a minha mãe, não é um erro? 

No fim das contas, Aretha não estava errada. Sou uma garota nova vivendo sob o mesmo teto que um homem mais velho, longe da namorada e cheio de segundas intenções. Óbvio que ele me viu, esse tempo todo, apenas como uma foda fácil. 

— Você não sente nem um pouco de arrependimento? — rosno, batendo com força na bancada — Ela te ama, caralho! 

— Não, não ama! Sabe por quê? — eleva sua voz, aproximando-se de mim em passos lentos. Não quero ouvir suas justificativas, tudo o que irá sair da sua boca serão desculpas e mais desculpas esfarrapadas. Eu posso sentir a dor e a decepção em sua voz e no seu olhar, mas sou incapaz de decifrar se esses sentimentos são verdadeiros — Não se abandona a pessoa que ama, Cassandra, mas é exatamente isso que Jessica fez, não só comigo, mas com você também! Ela foi embora! E sabe porquê? Porque nenhum de nós vai conseguir oferecer a merda de vida que ela tanto sonha! 

Meu corpo inteiro congela. Um tipo de choque percorre meus nervos. Ele não pode estar falando a verdade. Não, isso não é possível. Jessica Adams tem muitos defeitos, eu sei assumir isso e posso listar muitos de seus defeitos agora, mas ir embora? Me abandonar? Não! A minha mãe nunca faria algo assim comigo

— Não minta, por favor! — praticamente imploro, tendo coragem para finalmente encará-lo. Não quero chorar, não quero me humilhar na frente dele, mas as suas palavras me machucaram, como um milhão de facas atravessando o meu peito ao mesmo tempo. Prefiro que ele grite, aos quatro ventos, que eu fui apenas a merda de uma garota para transar esse tempo todo, do que inventar mentiras como essa — Jeon, não acha que já está tudo complicado demais? Só, por favor, assuma que durante esses dias você só me viu como uma idiota que aceitou brincar de casinha com você. 

— Cassandra, eu não estou mentindo! Por Deus, porque eu inventaria algo assim? — justifica-se. 

Fico em silêncio, incapaz de decidir se as palavras que estão saindo da sua boca são verdadeiras, e Jungkook parece não gostar desse silêncio. Ele apoia as duas mãos na bancada e respira fundo, com os olhos fechados e relaxando os músculos tensionados. Ao abrir as pálpebras, Jungkook me encara à medida que se aproxima mais ainda de mim, me encurralando naquela cozinha, que sempre pareceu ser tão grande, mas agora tenho a impressão de que esse lugar é pequeno demais para nós dois, e me sinto sufocada. 

Cuidadosamente, Jungkook leva as suas mãos, tão tremulas quanto as minhas, até entrelaçar nossos dedos. Eu deveria recuar e me sentir ainda mais culpada em sentir o seu toque e gostar tanto, mas permaneço ali, imóvel, apenas ouvindo o som de nossas respirações. 

— Eu descobri apenas no dia que ela foi embora. Enquanto você estava na cozinha, Jessica me contou tudo — confessa, acariciando as costas de ambas as minhas mãos com o polegar. Sorrateiramente, tirei o olhar de nossas mãos unidas e o encarei, vendo seus grandes olhos castanhos marejados, mas nenhuma lágrima se arriscava a escorrer pelo seu rosto — Ela conheceu um cara pele internet, acredito que o nome dele seja Bruce, mas não lembro muito bem…Acho que Jessica está em Chicago agora, usou o dinheiro do aluguel para comprar uma passagem de avião. 

— Ela está do outro lado do país… — penso em voz alta — O que esse cara tem a oferecer? Que merda ela quer, afinal? — grito, já com a visão embaçada pela raiva e pelas lágrimas furiosas — Eu não sou nada?

— Eu juro para você, Cassandra, até agora estou tentando entender como ela pode fazer isso com você. Caralho, ela é a sua mãe! — esbraveja, apertando os olhos com força, fazendo com que algumas lágrimas escorressem — Pesquisei sobre esse cara. Bruce é dono de uma rede de hotéis no país, ele pode comprar essa cidade toda se quiser… — riu fraco — Acho que é isso que Jessica quer, uma vida digna de uma rainha, e nunca vamos oferecer nada parecido. 

A minha mente entra em colapso e tudo parece estar claro demais. O pedido de demissão inusitado, a viagem repentina, as ligações não atendidas, as mensagens não recebidas…Puta merda. Tudo estava na minha frente, esse tempo todo, e não fui capaz de perceber. 

Me sinto uma idiota. 

Sou idiota por não notar o que estava acontecendo bem debaixo do meu nariz e por passar todo esse maldito tempo tentando fazer o possível e o impossível por Jessica, para compensar o fato de ter fodido a sua vida inteira quando eu nasci, mas claro que isso nunca foi e nem será o suficiente. 

Acho que fiz certo em sempre chamá-la de Jessica. Ela nunca mereceu ser chamada de mãe.

— Eu vou para o meu quarto, tudo bem? — digo, afastando-me dele ao soltar minhas mãos das suas — Preciso pensar um pouquinho.

— Tudo bem… — murmurou, claramente chateado — Mas, Cassandra, não tome decisões precipitadas, por favor. 

— Não vou fazer nada, eu prometo. 

Jungkook acena com a cabeça e não perco mais nenhum minuto, saindo daquele ambiente sufocante o mais rápido possível. Subo os primeiros degraus da escada, mas antes de continuar a subir, olho para trás, observando o meu padrasto…Digo, ex-padrasto, sentado em uma das banquetas, desenhando círculos imaginários na bancada à sua frente.

Subo o resto da escada de madeira, seguindo o pequeno caminho até o meu quarto. Ao entrar no cômodo, tiro meus sapatos e os jogo em qualquer lugar, sem nem mesmo me preocupar com manter tudo em ordem. Deito em minha cama e abraço uma das almofadas com força, enquanto meu rosto afundava no travesseiro, encharcado-o com minhas lágrimas. 

Meu corpo todo dói, como se toda a dor que estou sentindo em minha mente refletisse em cada célula do meu ser. Sinto que posso estar sendo dramática demais, mas para uma pessoa que foi abandonada diversas vezes, assim como eu fui, dói demais saber que para a pessoa que amamos tanto faz te ter ou não ter na vida dela. 

Meia hora depois, escuto duas batidas leves na porta. Me remexo na cama, sabendo que Jeon está logo atrás daquela porta, preocupado demais e pronto para me confortar com as melhores palavras que alguém poderia me dizer nesse momento. 

Como eu queria conseguir sentir raiva dele. 

— Cass? — pergunta, batendo na porta outra vez — Posso entrar? 

— Sim — respondo alto o suficiente para que ele escute, mas não faço o mínimo esforço para me levantar da cama ou ao menos virar o meu corpo. Quero permanecer aqui, para sempre se possível, sob as cobertas e escutando apenas o som da minha respiração e das lágrimas que ainda insistem em escorrer pelo meu rosto. A porta se abre e escuto os passos pesados do homem em meu quarto, que anda até a minha cama, sentando-se na mesma, fazendo o colchão afundar um pouco — O que você quer, Jeon? Não acha que já aconteceram coisas demais por hoje? 

— Quero pedir desculpas, Cassandra. Cometi um erro hoje e venho cometido um erro desde que Jessica foi embora. Acho que você merece um pedido de desculpas. 

Respiro fundo, absorvendo suas palavras. Ele errou em não me contar sobre a minha mãe, mas simplesmente não posso ignorar tudo o que esse homem vem fazendo por mim nos últimos dias — e a minha óbvia atração por ele. Jeon Jungkook merece ser desculpado por seus erros, pois ele definitivamente não merece ser castigado por eles. 

Com cuidado, me viro até poder vê-lo sentado em minha cama, ainda vestindo o suéter marrom e sua calça jeans, mas agora a sua correntinha dourada está exposta, enfeitando o seu pescoço. 

— Tudo bem. Eu quero ouvir o que você tem a dizer — dou de ombros. 

Apesar do meu claro desinteresse, Jungkook abre um tímido sorriso, deixando algumas risadas frouxas escaparem de seus lábios. Ele coloca seus pés na cama, e como se estivesse em seu próprio quarto, ele se deita ao meu lado, com os olhos concentrados no teto acima, uma das mãos atrás da cabeça, enquanto a outra ficou repousada em seu peitoral, que subia e descia conforme sua respiração. 

Levanto um pouco o meu tronco, com um dos cotovelos apoiados no colchão, assim eu poderia ter uma bela visão de suas expressões e tentar decifrar se tudo que está saindo da sua boca são palavras sinceras ou apenas mais mentiras. 

Por favor, fale a verdade, penso sozinha. Tudo o que eu mais quero é ficar em paz com ele, mas escutar mais mentiras sobre algo tão importante para mim será torturante e tão dolorido quanto escutar as suas palavras na cozinha. 

— Por que você mentiu para mim, Jungkook? — reúno toda a coragem em meu corpo e finalmente me atrevo a perguntar — E por que eu estou aqui, na sua casa, mesmo sem ser a sua obrigação? 

— Cassandra... — ele suspira baixo,  levando os olhos até mim, me encarando outra vez — Eu errei em não ter te contado a verdade. Quando sua mãe atravessou aquela porta, eu deveria ter revelado como aquela mulher nunca se importou com a sua felicidade ou em ser uma mãe de verdade, mas eu não consegui, porque eu sabia como você iria ficar arrasada, e eu juro por Deus, Cass, te ver assim dói demais. 

— Eu tenho certeza que seria bem menos doloroso saber a verdade desde o primeiro momento — confesso, e imediatamente ele crispa os lábios, desviando seu olhar do meu, provavelmente envergonhado demais, com a culpa corroendo cada pedacinho do seu ser — Eu sou muito grata por tudo o que você fez por mim desde que cheguei aqui, mas não quero mentir para você. Acho que, no fundo, você me viu apenas como uma transa fácil. 

Como? Meu Deus, nunca! Cassandra, como pode dizer algo assim? — ergue seu tronco, ficando frente a frente ao meu rosto, mas a preocupação e desespero expressos nas feições de Jungkook me impedem de fantasiar algo promíscuo entre nós. 

Acho que fui longe demais agora. 

— Me desculpe, eu não deveria ter falado assim — levo uma das mãos até meu pescoço, passando levemente as unhas por minha pele esbranquiçada — Mas, se não é por isso, porque você está me mantendo aqui, até agora? Você não é meu padrasto e nos últimos meses não fui a pessoa mais gentil com você, então porque me ajudar? 

— Estou te ajudando porque sinto que preciso fazer isso. Você não tem ninguém, Cassandra, e sinceramente, não acho que seu pai ou seus amigos estão se importando com você… — ouch! Tinha me esquecido como Jeon Jungkook pode ser bem sincero quando quer, e mesmo odiando isso nele, não posso negar que é uma das suas maiores qualidades — Eu estou aqui, Cassandra. Por você. 

— Por mim? — questiono, aproximando-me um pouco mais dele — Apenas por mim?

— Acredite, eu tinha muitos para ir embora desse lugar, mas você precisa de mim e eu preciso de você. São motivos mais do que suficientes, não acha?

Eu congelo. Não é surpresa para mim que Jungkook tem o desejo de ir embora dessa cidade, acho que qualquer um aqui tem isso como um objetivo, uma superação, e não acho que continuar aqui por minha causa é um bom motivo. Não mesmo. 

Jeon mal tem trinta anos, e tenho certeza que poderá conquistar muitas coisas em uma cidade maior, com mais oportunidades, como Seattle, há poucos quilômetros daqui, ou ele pode ser mais ousado ainda e sair do país, voltar para sua terra natal e ser tão vangloriado como é aqui. Quero que Jungkook realize todos os seus objetivos, e de forma alguma eu quero ser um obstáculo em seu caminho. 

— Você disse que ia pedir desculpas por duas coisas… — digo, decidida a encerrar esse assunto — Qual a segunda coisa?

— Ah, sim…Céus, acho que vai ser mais difícil do que a primeira coisa — ri fraco, afastando alguns fios do seu cabelo que insistiam em cair no seu rosto, cobrindo seus olhos cansados após um dia tão intenso — Sobre o beijo…Bem, não sobre o beijo especificamente, mas sim sobre o meu surto. 

— Hm, quando você gritou comigo e me mandou procurar outra pessoa para transar? — ergo uma das sobrancelhas, lembrando-me claramente de cada palavra — Não foi uma das coisas mais gentis que você já me disse. 

— Eu sei, eu sei. Nunca quis gritar com você e muito menos dizer que você é uma puta, que dorme com qualquer um. Nunca. 

— Jeon, eu te conheço bem o suficiente para saber que você nunca falaria algo assim para uma pessoa, nem mesmo para seu pior inimigo, então porque falou aquelas coisas justamente naquele momento? 

 — Minha cabeça não estava no lugar — explica — Nós dois estamos solitários e adorei tanto ter você aqui que os limites ficaram borrados. Isso não vai se repetir.

— A culpa não é unicamente sua, Jeon. Minhas mãos também estavam no seu corpo. Eu o beijei. Apenas quero saber o que se passou pela sua cabeça para agir daquela forma. 

— Você é uma garota linda, Cass. Eu não tenho vergonha de assumir isso e acho que nunca irei cansar de dizer como você é uma das pessoas mais lindas que já conheci, por dentro e por fora — diz, em um quase sussurro — Mas ainda é apenas uma garota, e não quero que você, e nem ninguém, pense que estou te mantendo aqui com segundas intenções. 

— Foi por isso que disse aquelas coisas? Por que teve medo do que eu poderia pensar? — tive vontade de rir — Jeon, entenda, se aquilo aconteceu entre nós, foi porque eu quis, não vou negar, e nós dois sabemos o que teria acontecido se eu não tivesse pensado nela… 

Ele se aproxima mais, abaixando a voz como se estivesse com medo de que alguém pudesse nos ouvir. 

— Você está com raiva de mim? — perguntou, por fim. 

Eu levanto os olhos, respondendo depressa.

— Não. — digo, pensando no que vou dizer. É muito complicado, não tive muito tempo para pensar sobre nada, mas sei que não sinto raiva dele, porém, com certeza eu estou chateada. Muitas coisas dessa noite poderiam ter sido evitadas apenas com uma conversa — Só estou tentando entender algumas coisas.

Inclino a cabeça para o lado, encarando a madrugada escura e sem estrelas através da janela não muito distante. Meus olhos ficam marejados e tento esconder as lágrimas que não posso impedir de se formarem. 

Jungkook chega perto de mim, hesitando um segundo apenas antes de tocar meu rosto de lado. Seus dedos envolvem minha cabeça por trás, e eu não me afasto.

— Estou aqui, viu? — sussurrou — Nada mudou. Ainda amo o cheiro dos seus perfumes e o som da música que você coloca na casa — para e, então, acrescenta: — Embora não seja muito fã dos vegetais que você enfia na minha comida. 

Começo a rir baixinho, com meus ombros tremendo, enquanto ele acaricia minha bochecha com o polegar.

— Ainda estou chateada com você, mas mesmo assim, obrigada, por tudo. 

E ele me puxa, abraçando-me forte, querendo nada mais do que me proteger e me dar todas as benditas coisas que não tenho. Jungkook envolve o outro braço por minha cintura, e depois de um momento, eu cedo e envolvo seu corpo com os meus braços, desmanchando-me no seu corpo. A gente se abraça com tanta força que não sei quem está segurando quem, mas por um instante, sinto medo de soltá-lo e acabar desabando, sozinha. 

Não sei como e nem quando aconteceu, mas em algum momento daquela longa madrugada nos deitamos na minha cama, um pouco apertada para nós dois, mas nada que nos impedisse. Jungkook tirou a sua camisa e eu pude me deitar em seu peitoral, sentindo o seu calor me envolver por completo. 

Adormeci com seus braços em minha cintura e com um único pensamento na cabeça: não pertenço mais a esse lugar e não posso ser um obstáculo na vida de Jeon Jungkook, meu ex-padrasto.


Notas Finais


• não me matem, não me matem!!! sei que vocês (assim como eu) estão ansiosos para o desenvolvimento desse casal, mas acho que já deu para perceber como os dois são bem leais aos seus ideais e não deixarem esses sentimentos serem revelados com tanta facilidade.....mas acalmem o coraçãozinho! juro de dedinho que irei recompensar vocês😏

• vocês perceberam que eu costumo atualizar a fanfic com bastante frequência (pelo menos 2 vezes na semana), mas as minhas aulas na faculdade estão começando essa semana e como os capítulos são extensos, acho que não vou conseguir atualizar com tanta frequência assim, mas não desistam de mim, nem desse casal <3

• lembrem-se de favoritar, comentar e adicionar na biblioteca!

• até o próximo capítulo! 🥃🥀


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