Capítulo Extra – A Vila do Arroz
– Uau, olhe aquilo, Sasuke-kun! – apontou Sakura quase resplandecente de alegria.
Tinham conseguido chegar um pouco antes do anoitecer à Vila do Arroz, como Sasuke havia planejado. Depois de se estabeleceram em um hotel e tomarem um banho, a lua já ia alta no céu, e as cidades estreitas estavam coloridas e movimentadas por conta do festival anual do Arroz.
Apesar de o nome não aparentar, essa era uma festa de rua conhecida por todo o mundo ninja como o festival dos amantes. Diziam que o casal que passasse por baixo dos sete portões de cerejeira no fim da rua principal jamais voltaria a se separar, já que o fio vermelho do destino os entrelaçaria para sempre.
É claro que Sasuke tinha vontade de revirar os olhos com tamanha besteira, mas ele sabia que Sakura acreditava nessas bobagens, e se fosse para deixar a rosada mais tranquila, ele faria esse sacrifício.
Os olhos do Uchiha se voltaram para a Haruno parada ao seu lado, que ainda estava distraída admirando tudo ao seu redor. O kimono vermelho sangue lhe havia caído muito bem, e os cabelos róseos e sedosos presos por um palito de madeira entalhada se destacavam em contraste com o tecido. E claro, os olhos esmeraldinos que brilhavam conforme se mexiam, chegando a ofuscar o brilho da lua cheia.
– Sasuke-kun, quer comer alguma coisa? – perguntou ela arrancando Sasuke de seus pensamentos.
O Uchiha piscou, desconfortável por ter sido pego encarando, enquanto Sakura nem mesmo se dava conta de que estava sendo admirada por todo esse tempo.
– Está com fome? – foi a resposta que ouviu.
A rosada piscou, batendo com o dedo indicador no cantos dos lábios, indicando pensar.
– Hummm... Acho que sim, mas de uma coisa específica.
– E o que é?
Sakura abriu um sorriso doce, e suas bochechas ficaram vermelhas pela empolgação.
– Moti.
Sasuke teve vontade de rir, mas se controlou e manteve a expressão neutra. Claro que em pleno festival do arroz Sakura teria vontade de comer justamente bolinhos de arroz cozidos no vapor.
– Você tem o paladar de uma criança.
Sakura riu, mas Sasuke logo tomou a frente e a conduziu pelas ruas estreitas e lotadas. Já tinha estado na Vila do Arroz uma ou duas vezes durante sua viagem, então sabia se localizar com certa facilidade.
O corpo grande do Uchiha ia abrindo espaço por entre as pessoas, e sakura apenas seguia logo atrás, aproveitando a brecha para andar com tranquilidade e observar as atrações sem medo de esbarrar em ninguém. Se distraiu com o brilho das milhares de lanternas de papel coloridas penduradas logo acima de sua cabeça, com o cheiro das comidas típicas preparadas nas inúmeras barraquinhas, com o burburinho alegre das pessoas ao seu redor... Fazia muito tempo que não visitava uma Vila que não fosse ninja, e que pudesse curtir algo como aquilo.
Quando abaixou sua cabeça para agradecer a Sasuke por ter insistido para que viessem direto para cá, percebeu que ele não estava em lugar nenhum.
Arregalou seus olhos, parando de andar e procurando por todos os lados. Tinha se distraído completamente, e agora estava cercada apenas por pessoas estranhas, sem nenhum sinal do moreno Uchiha.
– Sasuke-kun? – chamou na intenção encontra-lo, mas se sentiu patética logo em seguida.
Mesmo que ele estivesse próximo, não a escutaria por causa da música tocada por alguns aldeões no fim da rua.
Mas a agonia durou pouco. Logo ela sentiu uma mão quente agarrar a sua, fazendo-a virar a cabeça de imediato e encontrar o rosto de expressões neutras que tanto conhecia.
– Onde está indo? – perguntou ele, perto demais e segurando sua mão com firmeza.
Se Sasuke já era bonito normalmente, vestindo suas roupas esfarrapadas e malcuidadas, essa noite ele estava insuperável. O kimono preto de tecido grosso em contraste com a pele branca e o cheiro bom que vinha dele deixavam Sakura tão nervosa que ela até mesmo se esquecia de como falar. A mão tão quente segurando a sua com firmeza também não a ajudava a ficar mais calma, e agora era como se tivesse soltado milhares de borboletas em seu estômago.
Nunca tinham ficado tão próximos como estavam agora. Nunca tinha sentido a pele de Sasuke em contato com a sua por tanto tempo. Sentiu as bochechas esquentarem.
– Eu me distraí – murmurou baixando os olhos, sentindo-se nervosa demais, mas não ousando se mexer para não desfazer o contato.
Gostaria de ficar com ele assim para sempre.
– Não saia de perto, não estamos em Konoha – pediu ele.
Sakura assentiu, e Sasuke firmou ainda mais o aperto na mão pequena, começando novamente a caminhar e conduzi-la para o restaurante que ele sabia que preparava o melhor moti de toda a Vila do Arroz.
Sakura o seguiu, e dessa vez não se perdeu, pois a mão quente a mantinha firmemente por perto.
(...)
A lua já ia alta no céu, indicando que provavelmente se aproximavam da meia noite.
Sasuke ainda sentia o gosto horrível do moti doce que Sakura havia insistido para que ele provasse. Doce demais, havia apenas resmungado em resposta à expressão curiosa dela.
Já Sakura tinha aprendido mais uma coisa sobre Sasuke: ele odiava doces, mas se esforçava para provar alguns se ela pedisse com jeitinho.
Estavam agora caminhando pela rua principal, a mais larga e comprida, que cortava a Vila do Arroz exatamente ao meio. A mão de Sasuke continuava segurando com firmeza a de Sakura, mantendo-a por perto, evitando que voltasse a se afastar.
Não estavam mais em Konoha, e por isso precisava manter a atenção redobrada. Sabia que Sakura era poderosa o suficiente para se defender se necessário, mas não gostaria que isso acontecesse, afinal, teria que matar dolorosamente qualquer um que tivesse tido a petulância de incomodar a Haruno, e justificar uma morte fora de uma vila ninja seria bastante incomodo.
Sakura, ao seu lado, caminhava leve como uma pluma, nem imaginando os pensamentos assassinos que rondavam a mente do Uchiha nesse exato momento.
– A Lua está realmente brilhante esta noite – murmurou Sakura para que apenas Sasuke ouvisse.
O Uchiha desviou seus olhos para o céu. Admitia que guardava algum ressentimento do astro, já que aquela bola brilhante lhe lembrava diretamente de Toneri e o que havia acontecido alguns dias atrás. Tentou não pensar sobre isso, afinal, seu humor ficava extremamente azedo quando passava a pensar nessas coisas.
De onde estavam, ambos já podiam avistar os portões de madeira escura. Estavam a apenas alguns passos de atravessarem o primeiro deles quando Sakura parou, fazendo Sasuke parar também.
– O que foi?
Sakura piscou, abrindo um sorriso pequeno.
– Por que não voltamos? Pensei em comprar algumas lembrancinhas para as meninas.
Sasuke inclinou sua cabeça para o lado, curioso.
– Não quer atravessar os portões?
Os olhos do Uchiha acompanharam pacientemente enquanto as bochechas de Sakura se tingiam de rosa, mostrando seu nervosismo.
– Eu quero, mas... Você sabe o que significam?
Sasuke piscou, entendendo a situação. Com certeza Sakura ainda não havia entendido suas intenções e sua sinceridade.
– Sim, eu sei.
Sakura arregalou seus olhos levemente, e suas bochechas passaram de um rosa suave para um vermelho intenso.
– E você... Você quer atravessar? Quer atravessar comigo?
Sasuke teve vontade de revirar os olhos e responder e com quem mais seria?, mas se conteve. Não queria ser rude e passar uma impressão errada, mas também não sabia mais o que fazer para que Sakura entendesse que era a única pessoa em seu coração.
Sem saber se expressar em palavras, Sasuke apenas firmou sua mão sobre a de Sakura, dando um puxão de leve e começando a caminhar. Sakura entendeu o recado e passou a seguir o Uchiha de perto, sentindo seu coração galopar como um louco em seu peito.
O caminho para atravessar os portões estava repleto de casais visivelmente apaixonados. Sasuke parecia nem mesmo notar as outras pessoas, já Sakura sentia suas bochechas arderem ainda mais a cada vez que via um gesto de carinho entre duas pessoas bem a sua frente.
Foram caminhando assim, lado a lado e em silêncio pelos seus primeiros portões. O sétimo era o maior de todos, completamente coberto por flores de cerejeira que soltavam um perfume agradável. Ficava num píer sobre o mar, e a Luz cheia tão brilhante acompanhada do céu repleto de estrelas deixava tudo ainda mais encantador.
Ao atravessarem o último arco de madeira, Sakura sentiu seu estômago gelado. Tinham realmente atravessado os sete portões juntos, tinha mesmo passado pelo famoso ritual dos apaixonados da Vila do Arroz com Sasuke, e numa noite tão linda que ela jurava jamais ser capaz de esquecer.
Chegaram ao fim do caminho, e a brisa gelada do mar os abraçou, fazendo com que algumas pétalas de cerejeira caíssem sobre eles.
Sasuke sentia a mão pequena sobre a sua, e pela primeira vez em muito tempo, sentiu-se verdadeiramente confortável, mesmo estando tão próximo a alguém. Sakura sabia de seus pecados, sabia exatamente o tipo de monstro que era, e mesmo assim não havia soltado sua mão e permanecia ao seu lado.
– E então, o que fazemos agora? – perguntou ela atraindo a atenção do Uchiha.
A luz pálida da lua iluminando os olhos brilhantes de Sakura era uma visão simplesmente inesquecível. Mesmo que morresse, jamais esqueceria desse momento, e da sensação boa que dominava seu coração enquanto admirava a beleza da Haruno disputando com o céu estrelado acima deles.
Lentamente, soltou a mão que segurava a de Sakura e levou-a até o rosto delicado, encaixando-a entre o maxilar e o pescoço fino. Pôde sentir a pele quente e macia em seus dedos, enquanto os olhos brilhantes permaneciam brilhando, agora em expectativa.
Aproximou-se lentamente, dando total tempo para Sakura se esquivar se quisesse. Mas quando ela permaneceu no lugar e fechou os olhos lentamente, totalmente aberta a seu contato, foi que ele findou o espaço entre eles colando os lábios com desejo.
O gosto dela era a coisa mais incrível que ele já havia provado, o único doce que o agradava. Os lábios eram macios e quentes ao toque de sua língua.
Sentiu quando as mãos pequenas agarram seu quimono na região da sua cintura, e então a puxou para mais perto, aprofundando o beijo.
O brilhante céu da Vila do Arroz foi o único a testemunhar a mais bela declaração de amor, feita completamente em silêncio.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.