1. Spirit Fanfics >
  2. Propício ao Erro >
  3. Prólogo

História Propício ao Erro - Prólogo


Escrita por: bullshift

Notas do Autor


Eu prometi a mim mesma que não postaria até ter MUITOS capítulos prontos, mas no final eu tô aqui OBVIAMENTE SEM MUITA COISA PLANEJADA. NADA NOVO SOB O SOL NÉ NÃO?
Enfim, essa ideia era primeiramente para uma pwp, porn without plot, mas acabou que consegui transformá-la em uma short-fic e tô muito feliz com isso, até porque assim eu consigo desenvolver a personalidade deles com mais calma e riqueza de detalhes.
Bem, é isso! Eu espero que mantenham a mente aberta e que gostem dos personagens tanto quanto eu.
Aliás, com um erro desses... (Park Jimin, só vem) eu errava todo dia. Boa leitura!

Capítulo 1 - Prólogo


Fanfic / Fanfiction Propício ao Erro - Prólogo

Este é Park Jimin.

Os fios rosados puxados em uma espécie de topete chamavam a atenção, mas não tanto quanto o megafone vermelho que carregava em mãos. Seus olhos pequenos estavam afiados naquele dia, suas palavras de motivação fazendo a multidão atrás de si gritar consigo, em sincronia. Poderia até não ser o cara mais alto do câmpus ou possuir a voz mais grossa, mas Park fazia seu trabalho como representante de minorias com muito prazer e perfeição.

Afinal, eles precisavam de visibilidade e tudo o que Jimin tinha em si eram os olhos do diretor.

O engravatado estava dentro da reitoria, local onde tentavam entrar para protestar, porém os seguranças não deixavam. Jeon Junmi claramente não estava gostando da atitude de um de seus melhores alunos no curso de dança, mas não podia fazer nada, afinal, ainda não era ilegal manifestar dentro da faculdade. Sabia que Jimin era praticamente uma pedra em seu sapato por fazer alarde a coisas que a maioria sequer se preocupava, contudo não tinha o que fazer. Ele só estava se expressando como ser humano, puni-lo por conta disso seria errado.

Então, o máximo que o diretor Jeon conseguia era atrasar o rosado no quesito de cumprir seus objetivos com a minoria. Cortava a verba de seus clubes, diminuía o horário das reuniões, dizia não para projetos que, de fato, eram importantes. Além disso, ele possuía outra carta na manga. Seu filho.

O real inferno de Park Jimin.

— Ei, Chim?! — Taehyung gritou um pouco atrás de si, tentando passar pela multidão. — Tá na hora da reunião!

— Mas já? — puxou o celular do bolso, verificando que sim, faltavam apenas dez minutos. — Droga.

Ajeitou a mochila no ombro e entregou o megafone para uma garota que estava ao seu lado, uma morena que possuía a potência vocal que ele tanto desejava. Sabia que daria certo deixá-la no comando do protesto, então se retirou com Taehyung e Yoongi o mais rápido que pode.

Na realidade, a reunião estava marcada para uma hora depois, porém, o diretor Jeon descobriu sobre a manifestação antes que ela ocorresse e tentou – de forma falha, óbvio – estragar tudo antecipando o encontro entre Jimin e o presidente do comitê estudantil. Bem, não era como se algo assim fosse parar o rosado, não quando o grupo de manifestantes aumentava a cada dia que se passava.

— Essas reuniões são inúteis. — Taehyung comentou, as mãos no bolso e um semblante cansado no rosto. — Ele não vai nos escutar, por que deveríamos tentar conversar outra vez?

— Se não podemos ir contra o inimigo, Tae, nós nos juntamos a ele. — Yoongi explicou, sua voz levemente grave por culpa do sono. — Não conseguimos chegar no diretor ainda, então, começamos com o filhote dele.

O rosado até sorria com os comentários dos amigos, até porque era realmente o que parecia. O presidente do comitê agia tanto na sombra do próprio pai que não fazia ideia se ele possuía uma mente pensante com opiniões pessoais. E desde sempre fora assim, o moreno alto chegou na faculdade já com o intuito de ser o presidente do comitê estudantil, suas ambições refletidas nos desejos de seu pai faziam Jimin imaginar se era realmente aquilo o que ele queria.

Quase sentia empatia por ele, mas sempre que o fitava com aquele sorriso debochado qualquer resíduo de bons sentimentos se esvaia em um instante.

— Oh, os três justiceiros chegaram! — um comentário aleatório foi lançado, reviraram os olhos em puro desdém.

— Ao contrário de alguns aqui, estávamos tentando fazer algo decente além de sentar e fingir que tentam mudar alguma coisa. — Jimin deu de ombros, sentando-se no sofá enquanto Yoongi ficava ao seu lado. Taehyung ficou com uma poltrona, ainda próximo deles. — Ou… ficar na sombra do papai.

Viu Hoseok sorrir, um amigo próximo do filho do diretor. Todavia, logo sua expressão morreu quando o presidente se inclinou sobre a mesa.

— Não diga como se pudesse fazer algo sem a minha ajuda, Park.

E este é Jeon Jeongguk.

Um sorriso debochado, fios castanhos jogados sobre a testa e um ar presunçoso que irritava Jimin com uma facilidade incrível. Sua camisa social tão bem alinhada que parecia aumentar seu ego inflado pelo simples fato de ser o presidente do comitê estudantil, a voz mais alta entre todos os alunos daquela instituição. Se sentava de modo formal, os lábios finos sorrindo vez ou outra enquanto escutava os três justiceiros o alfinetando.

Adorava aquelas reuniões, afinal, sempre se divertia com o que tinham para falar sobre si, além de gostar da maneira como tentavam o convencer de ajudar – mesmo que fosse severamente auxiliado a nunca fazê-lo.

— Ajuda? Que ajuda? — o rosado sorriu. — Se eu tivesse a sua ajuda, não estaríamos sentados aqui apenas entre coreanos e homens.

— Não era você que gostava de homens, Jimin? — outro comentário aleatório, Jimin odiava quando a sala ficava cheia. Preferia apenas quem possuía algo decente para falar.

— Gosto, mas na minha cama, não aqui falando uma merda atrás da outra como se ainda tivessem quinze anos. — deu de ombros.

Não entendia qual era a necessidade em atacar sua orientação sexual. Jimin era pansexual, mas isso nunca interveio no modo como pensava e agia pelo bem da minoria. Já Jeongguk, por sua vez… Era realmente um garoto imaturo de quinze anos. Já possuía seus vinte anos e parecia preso mentalmente na adolescência.

Após aquele comentário, alguns saíram da sala alegando que não poderiam ouvir tanta baixaria em um lugar só. Taehyung sorriu, acenando infantilmente. Era a intenção de seu amigo tirar quem não era relevante, Jimin era tão sutil.

Mais algumas piadas sobre o assunto foram jogadas enquanto o de fios rosados fitava o presidente, seu sorriso cínico e o olhar que alegava o quão errado aquele momento ali eram para si. Não podia acreditar que piadas sobre homossexuais ainda eram aceitas assim, tranquilamente.

— Você tá vendo? — questionou. — É por isso que precisamos protestar contra a LGBTQfobia.

— LGBTQ o que?

— Lésbicas, gays, bis… — foi interrompido por Jeongguk que apoiou as mãos na mesa, se levantando.

— Isso não é relevante. — deu de ombros. — Vocês já não sofrem como antes, tudo está melhor, certo? Essa pauta é ultrapassada.

Ok. Aquilo foi demais.

Não só Jimin, Yoongi, Taehyung ficaram chocados como Hoseok e alguns presentes também. Jeongguk só poderia ser muito babaca para dizer algo daquele nível, chegava a dar nojo.

— Jungkook… Você não acha que isso foi longe demais? — Hoseok perguntou baixo, com certo receio.

— O que foi? Você é um deles também?

Hoseok engoliu em seco, assustado. A acusação saiu alta e em bom som, todos agora o fitavam e isso foi péssimo. Não que achasse ruim ser bissexual, mas não estava preparado para se assumir, inclusive para seu amigo e presidente do comitê.

Jimin então se levantou, suspirava fundo até que se aproximasse o suficiente da mesa onde o presidente estava para se apoiar com as mãos ali também, os olhos penetrando a alma de Jungkook como se quisessem matá-lo de todas as formas possíveis. E queria mesmo.

— Escute aqui, Sr. Presidente. — apontou para ele, acusador. — Não me interessa quem você é, não me interessa quem você namora e muito menos quem é o seu pai. O que me interessa são os direitos de todos os seres humanos em ir e vir, então ou você entende de uma vez que nós ainda sofremos preconceito, apanhamos e somos prejudicados de muitas formas indiretas ou eu mesmo faço você entender, da pior maneira possível.

— O que você pretende fazer, Park? — perguntou com um leve sorriso. — Vai me comer?

— Nem se você implorasse. — riu baixinho. — Acha que eu sou o que? Aproveitador de restos, huh?

Nesse momento, Yoongi e Taehyung se entreolharam. Era óbvio que o clima estava ficando tenso, mas para ambos era impossível não perceber o modo como os dois rivais estavam próximos. Até porque se Jungkook fosse mudo, seria lindo. E Park Jimin já havia assumido aquilo em uma das festas quando os três amigos estavam bêbados.

O presidente desceu os olhos pelo rosto de Jimin, quase rosnava de raiva, porém ainda reparava mesmo que inconscientemente nas feições do mesmo.

Taehyung se coçava para não forçá-los em um beijo.

— Chim, vamos embora. — Yoongi começou, não valia a pena ficarem ali. — Agora.

O rosado fitou os amigos com dúvida, mas se ajeitou ereto assim que viu os olhares de Yoongi sobre si, ele estava sério. Assentiu silenciosamente.

— Amanhã nós teremos um protesto no pátio central. — falou tranquilo, quase sorrindo. — Apareça se quiser tirar o seu QI do negativo.

Pegou sua mochila de cima do sofá e saiu, sendo acompanhado pelos amigos.

 

(...)

 

— Eu ainda não consigo acreditar no quão babaca ele consegue ser. — Jimin ainda reclamava, seu ódio pelo outro sendo exposto como se sua boca soltasse fogo. — E ele ainda atacou o Hoseok! Eles são amigos! Eu vou…

— Jimin, respira, já passou. — Taehyung segurava as mãos hiperativas do amigo. — Não adianta você se estressar, ele não vai mudar.

É, fazia sentido. Ajeitou-se na cadeira da praça de alimentação da faculdade e respirou outra vez, fechando os olhos. Jeongguk não merecia um único suspiro de raiva seu que fosse, não deveria fazer aquilo, era gasto de tempo e saúde.

Porém, até este momento encontrava-se agoniado com as atitudes do filho de Jeon Junmi. Queria, de alguma maneira, fazer com que ele entendesse tudo o que acontecia com a minoria e ainda possuísse um mínimo de empatia que fosse. Porque, ao invés disso, Jungkook ficava apenas berrando o quanto sua namorada era inteligente e como eram um casal (superficialmente) feliz.

— Então, Chim… — Taehyung começou, respirando fundo logo depois. — Eu e o Yoongi estávamos conversando e pensamos em algo.

Jimin mordeu sua maçã, fazendo menção para que ele continuasse.

— Certo, ahn… Sabe aquele teste de tesão que vive rolando nas festas da república? — Taehyung tomava cuidado com cada palavra que soltava, não podia estragar com o plano. Esperou que Jimin concordasse, continuando. — Nós queríamos fazer ele com um calouro do Yoon-hyung.

Apontou para o de fios negros, Yoongi.

— E aí? — perguntou, risonho. Esses testes sempre acabavam de um jeito engraçado.

— Bom, o que você acha de fazer dessa vez? O último foi o Tae, é a sua vez. — Min deu de ombros.

Teste de tesão era algo que os três descobriram na internet, em um dos dias que passaram a tarde no quarto que o Kim dividia com um aluno de administração. Era o modo como denominavam testes feitos por uma pessoa homo ou bissexual (e até panssexual) em alguém que se considera heterossexual, a primeira deveria provocar a segunda afim de deixá-la excitada e, bem, quem ficasse alegre demais primeiro perdia. Os três amigos já praticavam aquilo há algum tempo, em festas na república (onde todos eles estavam alojados) e sempre era cômico quando acontecia. Não era algo ruim até porque todos levavam na esportiva sempre.

Mas, o que Jimin não entendia era o motivo pelo qual aquele assunto estava sendo tratado com tanta urgência. Isto é, Yoongi não o deixou terminar de bater boca com Jeongguk, não é? Para que apressá-lo tanto?

— Certo, eu faço dessa vez. — sorriu, assentindo. — Em quem vai ser?

Ambos se olharam, os sorrisos sumindo enquanto engoliam em seco. Não era um bom sinal.

Jeon Jeongguk.

— Hrm, desculpe, eu não ouvi direito. — fez-se de desentendido. — Quem?

— Nós queremos que você faça o teste no Jeon, hyung.

Respirou, contou até três. Só poderia ser uma brincadeira. Uma ridícula de uma brincadeira. Só de pensar na ideia Jimin ficava irritado, ter que ficar perto de Jeongguk era… Absurdo.

Mal aguentava durante as reuniões, imagine ficar realmente próximo dele.

— Vocês querem que eu o quê?! — quase gritou, vendo as mãos enormes de Taehyung fecharem sua boca.

— É só um teste, hyung, ele não vai aguentar muito tempo, até porque você tem tudo isso aí e…

— Já entendemos, Taehyung. — Yoongi o cortou, revirando os olhos. — Olha, pense em como seria gratificante ver aquele garoto mimado confuso com algo que ele tem tanta certeza. Hm? Seria um puta presente de aniversário que você poderia me dar, Chim. E talvez assim ele entenda que homossexuais são gente também.

Rolou os olhos por todo o local, encostando a testa na mesa enquanto suspirava. Aquilo só podia ser brincadeira mesmo, uma piada sem graça nenhuma que não deveria nem existir. Até porque já havia feito aquele teste com outras pessoas, era engraçado, as histórias que restavam depois eram hilárias, mas… era diferente quando se tratava de Jeon Jeongguk.

Tantas pessoas no campus da faculdade e seus amigos queriam logo encher o saco do Jeon, sério?!

Era algo oficial: Jimin realmente não gostava de Jeongguk. Não no sentido romântico, nem no amigável, no sexual, no espiritual… Não gostava dele de modo algum. Park tinha quase repulsa pelo estudante de música e presidente do comitê que já havia esbarrado consigo algumas vezes. E por quê? Porque Jeongguk estava na faculdade não havia nem dois anos, se achava melhor do que qualquer um e carregava a namorada como um troféu, para lá e para cá, além de não levantar um dedo que fosse para ajudá-lo nas manifestações. Faltava só empinar o nariz, mas era tão alto que não conseguiria andar olhando para o teto.

Bem, além dos boatos que corriam sobre Jeon ser do tipo que gritava a heterossexualidade aos quatro ventos. Lembrava-se da vez que Namjoon o contou que o rapaz de fios castanhos, Jungkook, havia se metido em uma briga com um aluno de engenharia química só porque ele tentou beijá-lo em uma festa.

Sexualidade frágil? Jimin tinha certeza que sim.

— Isso, por acaso, é um plano pra me fazer apanhar? Porque, gente… — comentou, como se fosse óbvio. Levaria um soco se tentasse encostar um dedo que fosse no calouro de Yoongi. — Fora que ele pode usar isso como desculpa pra não nos ajudar nunca mais.

— Ele não vai te bater, ChimChim… E ele já não ajuda mesmo. — o moreno alto, Taehyung, respondeu, revirando os olhos e dando de ombros. — Vamos… Vai ser na festa da república deste final de semana.

— Não confio. Sério. — sentou corretamente, não faria aquilo de modo algum. — Eu não gosto dele, é óbvio que ele não gosta de mim. Isso não vai dar certo, chamem outro cara.

Estava decidido, não ajudaria e ponto final. Estava tão decidido que fitou seus dois amigos, sentindo seu próprio sorriso sacana morrer quando viu os olhares que Taehyung e Yoongi trocaram. Um arrepio subiu por sua espinha, sabia que coisa boa não viria daquela situação. A última vez que os dois sorriram daquela forma tão maldosa, Hoseok se ferrou e… Jimin não quis nem saber dos detalhes.

Sentia pena do Jung, mas deveria sentir pena de si mesmo também.

— Certo, o único problema é que nenhum outro cara precisa de um pianista para a apresentação de dança no final do semestre. — Min deu de ombros, sabia que aquilo pegaria bem na ferida do amigo.

— E de um saxofonista. — Kim completou, mordendo os lábios, tentando conter o sorriso.

Traidores, isso que seus amigos eram.

— Isso é injusto! Vocês já prometeram que me ajudariam! — comentou, praticamente choramingando. — Cara… Que sujeira…

— Eu ajudaria se pudesse, mas… talvez eu tenha um compromisso, sabe? — Taehyung começou, risonho. — E, veja bem, Yoongi-hyung vai comigo nesse compromisso, acredita? É muita coincidência.

Park já havia marcado aquela data com os amigos há meses, era algo extremamente importante. Além de valer boa parte de sua nota, sentiria-se mil vezes mais seguro com os amigos no palco. Queria xingá-los e bater em cada um até tirar sangue, mas sabia que não adiantaria de nada, afinal, continuaria sozinho em sua apresentação. Já estava arrependido e nem havia começado.

Até pensou em procurar outros músicos, mas estava muito perto para conseguir algo bom. Que droga. Teria mesmo de arriscar sua dignidade com um bosta como Jungkook?

— Eu vou matar vocês. — suspirou, derrotado. Queria gritar até acordar daquele pesadelo maldito. — Me contem o plano… Antes que eu desista.

Mas… Talvez Jimin não se arrependesse tanto assim.


Notas Finais


LGBTQ: lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros e queer (pessoas que não se identificam e nem rotulam).
E é isso! O que vocês acharam? Eu estou realmente curiosa, por favor me contem, pelo amor de deus! Até o próximo!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...