O que você fez comigo?
Pov. Lily
Sempre fui uma garota que costumava passar as noites em claro pensando sobre um novo problema que surgiu na minha vida, ou em Emma e suas necessidades, o meu futuro e ao amanhecer eu tinha a plena certeza do que queria e qual a atitude certa a tomar.
Não sou uma pessoa indecisa, sempre soube o que queria e até hoje nunca me arrependi do rumo que dei a minha vida.
Quando eu e Emma ficamos sozinhas no mundo sem pai e mãe, alguns parentes próximos até se disponibilizaram para cuidar de nós, mas não aceitei isso. Era madura o suficiente para cuidar da minha irmã, manter uma casa e estudar, essa responsabilidade era minha. Diante da minha decisão a justiça designou uma psicóloga e conselheira tutelar para nos “assistir” se caso eu precisasse de alguma coisa ou andasse fora da linha.
Surpreendi a todos demonstrando que poderia ser responsável e cuidar de tudo, então quando fiz 18 anos eu tinha a guarda definitiva de Emma e a era oficialmente responsável pelos meus próprios atos. Ou seja uma adulta.
Uma adulta que até algum tempo atrás jamais tinha perdido o sono por causa de um homem e que achava que sua vida não tinha espaço para isso.
Mas tinha!
E esse homem que um dia foi o garoto que eu suspirava bobamente quando o via e o achava o mais lindo do colégio. E que agora é o homem mais bonito que já vi e continua a tirar suspiros de mim tão facilmente era a causa da minha falta de sono e o dono de todos os meus pensamentos bons e ruins.
Olho para o lado e o observo dormir serenamente, sua respiração é calma e a sua boca rosada forma levemente um biquinho adorável, o seu cabelo que sempre esta impecável agora é esta despenteado e lindo, do jeito que eu mais gosto.
Esse homem tem o poder de invadir a minha mente e dominá-la por completo, tirando do me a concentração de pensar corretamente. E isso não estava certo.
Eu tinha muito o que pensar e na presença do Justin eu não conseguiria, aconteceu tantas coisas nas ultimas horas que os meus pensamentos não paravam e também não chegavam a nenhum lugar.
Precisava de um tempo para pensar com clareza para saber o que eu iria fazer diante de todas essas descobertas.
Justin era um criminoso e tinha feito um assalto inédito e bem sucedido no Banco Central de NY. Ele ainda era muito novo quando teve que entrar na vida do crime para pagar o tratamento da sua mãe.
De certo forma a vida não foi justa com ele, como não foi com a minha.
- Um dólar pelos seus pensamentos? – a voz suave do Justin desperta-me do turbilhão de pensamentos em que eu estava.
Olho para ele e sorrio vendo os seus olhos pequenininhos e a cara de sono.
- Só um dólar? Pensei que valia mais. – falei rindo franco
Justin ficou me olhando por um tempo, seu olhar era avaliativo e penetrante. Abaixei a minha cabeça por estar intimidada por ele.
- Lily você está diferente, pensativa. – afirmou fazendo uma careta de dor na tentativa elevar o seu tronco para melhor me olhar.
Sentei na cama e fiquei de frente para que ele não fizesse nenhum esforço e também para que pudesse o olhar melhor, mesmo o quarto estando levemente escurecido.
- Eu estou um pouco perdida com tudo que esta acontecendo Justin. – disse sendo sincera.
Eu não queria demonstrar fragilidade diante dele, mas queria ser sincera sobre tudo o que estava sentido.
- Eu entendo, e sinto muito por fazer essa confusão na sua vida. – falou
- Justin você bagunçou não só a minha vida como também os meus sentimentos e isso me assusta tanto. – falei e senti a sua mão acariciar a minha.
Parei o meu olhar para as mãos juntas e pensei comigo mesma. Era isso que eu queria pra mim? Eu conseguiria aceitar estar em um relacionamento com um criminoso? Eu poderia mudá-lo? Ele mudaria por mim?
Arggg que merda de pensamentos!
- Lily eu não posso me desculpar por querer estar com você, por querer que fique na minha vida. – Justin falou
Era por ele e suas palavras que eu não conseguia pensar com clareza, por que eu juro que a minha maior vontade era ceder e render a essa paixão.
Paixão, isso também é um problema, são passageiras e machuca muito. E sempre só um lado sai machucado dessa história, eu tinha medo desse lado ser o meu.
Porra, cadê a Lily Collins forte e decidida, dona de si e sem medo de nada. Eu tinha que voltar a me reencontrar.
- Quando estou com você, eu não consigo pensar em mais nada e eu não estou acostumada a me sentir assim Justin. – falei apertando a sua mão na minha.
- Eu quero que você me ache dramática, fraca ou qualquer outra coisa, eu só quero pensar um pouco e colocar a cabeça no lugar. – desabafei
- Você esta assustada e com medo Lily da vida que eu levo, dos sentimentos que temos um pelo outro, não é isso? – Justin perguntou, ele me lia tão bem.
- Eu quero poder ter certeza que não vou me arrepender das minhas escolhas. – falei sentindo o meu coração doer por causa pelas minhas próprias palavras.
Suspirei vendo o amanhecer pela janela que ficava do outro lado do quarto, Justin segui o meu olhar e disse:
- Você vai embora não é?- perguntou
- Eu preciso ver a Emma e tomar um banho. – disse uma meia verdade, nossa situação ficava cada vez mais difícil.
- E ficar longe de mim. – Justin não perguntou ele afirmou.
- Justin não faz assim, eu preciso disso.... não quero estar longe de você, só que eu preciso de um tempo sozinha. – sussurrei.
Eu queria a chorar, mas não na frente dele.
- Eu vou te dar o tempo que quiser Lily, só não espere que vou desistir de você. – Justin disse.
Me abaixo para ficar com o rosto a sua frente, nossos narizes praticamente encostando um no outro, Justin ofega com a minha aproximação.
- O que você fez comigo Justin? – sussurrei fechando os olhos e encostando e minha testa na dele.
Justin com a mão que estava livre afastou o cabelo que caiam em meu rosto para depois o acariciar suavemente.
- Eu posso trazer todas as inseguranças a sua vida Lily e isso eu não posso evitar. Mas o que você deve entender e confiar cegamente é que eu te muito quero e não vou abrir mão de você por nada nesse mundo. - falou tão decidido e me beijou desesperadamente
O beijo era diferente, forte e intenso, carregado de sentimentos que momentaneamente me fez esquecer os meus medos e indecisões e entrar num mundo onde só existia Justin e eu.
{...}
Entro no meu apartamento e a sensação é boa, sinto como se tivesse entrado no meu refugio particular, encosto-me na porta da entrada e respiro fundo sentindo o cansaço e o estresse pesarem sobre os meus ombros.
- Lily, graças a Deus você chegou! – me assusto com a voz alta e aflita de Nina
Abraço minha amiga sentindo que não só eu que precisava daquele abraço, Nina também por que repentinamente ela começou a chorar.
Agora eu entendia a sua aflição ao me ver chegar. Ela já sabia sobre o Ryan e Justin.
- Lily o Ryan me contou tudo, eu estou tão brava e magoada. Eu o amo tanto e descubro que ele mentiu pra mim esse tempo todo, eu não consigo perdoar ele Lily, não consigo. – Nina falava e suas lagrimas caiam em abundancia.
Levei Nina até o sofá para sentarmos e na tentativa dela se acalmar.
- Nina me desculpe mas eu não consigo te dizer nada, eu me encontro na mesma situação só que não consigo ficar brava ou magoada com o Justin, na verdade eu o entendo mesmo não aprovando o que ele faz. – disse a olhando
- Eu estou medo de tudo isso, medo de dizer sim para ele e a qualquer momento eu não o ter mais na minha vida. – falei às palavras que martelando a minha mente.
- Ele me explicou todos os motivos que o fez decidir entrar para o crime e até eu consigo entender, o que não dá para aceitar é ele ter escondido a verdade. – Nina disse um pouco mais calma.
- Eu entendo o seu lado e acho que você deve pensar se o relacionamento de vocês vale à pena e se é isso que você quer. – falei
- Amiga essas palavras serve para você também.- Nina disse e suspirou derrotada
Sorri para Nina.
- O mundo é muito pequeno mesmo, por que eu nunca imaginaria que estaria enfrentando a mesma situação, tendo os mesmo dilemas que você. - falei relaxando o meu corpo no sofá.
- Lily eu vou para a casa, a noite eu volto e trago jantar.- falou se levantando e caminhando em direção a porta.
Me despedi e da minha amiga e caminhei para o quarto de Emma, como ainda era muito cedo ela provavelmente estaria em seu décimo sono, fico mais tranquila vendo que ela ainda dormia calmamente.
Somente encosto a porta do seu quarto e caminho em direção ao meu e rapidamente vou me livrando de toda a minha roupa para poder tomar o banho, torcendo para que com esse banho eu consigo me livrar um pouco de todas as incertezas e duvidas que eu estava.
Enquanto me secando o telefone que ficava no meu quarto começou a tocar, ando depressa para poder atendê-lo.
- Alô? – falo ao atender, mas não obtenho nenhuma resposta.
- Alô? - tento novamente, e de novo não obtenho resposta.
Estranho por que tenho certeza que ouvi uma leve respiração do outro lado da linha.
Espero mais um tempo para que a pessoa comece a falar quando a ligação cai.
- Que saco! – falo comigo mesma.
Ainda encarando o telefone vejo Emma entrar no meu quarto com a carinha cheia de sono.
- Oi Lily.- fala sonolenta e sobe em minha cama se deitando
- Oi Emma, por que você acordou, ainda é cedo?- perguntou voltando para o banheiro e pendurando a toalha que eu estava enrolada para poder colocar um short e camiseta que já havia separado para vestir.
- Eu acordei com o barulho do telefone tocando e ouvi a sua voz, foi por isso que resolvi vir pra cá e assistir tv no seu quarto. – Emma dizia com os olhos pesados de sono, liguei a tv em um canal de desenhos mesmo sabendo que ela dormiria rapidamente e me deitei ao seu lado.
Emma colocou a sua cabeça no ombro e eu a abracei como sempre fazíamos quando assistimos desenhos juntas.
- Lily quem ligou? – perguntou
- Não era ninguém, a linha estava muda. – falei e ouvi a sua risada de criança ao notar que os padrinhos mágicos estavam começando.Sorrio também por que esse é o desenho preferido dela.
- Que coisa, ontem aconteceu isso comigo um montão de vezes. Sempre que eu ia atender o telefone e falava “alô” ninguém me respondia.- Emma disse simplesmente.
Franzo a testa, estranhando porque isso nunca aconteceu em minha casa e tento evitar relacionar esse fato com a presença de Justin em minha vida.
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