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História Provar, Comer e Casar - Romance à carbonara


Escrita por: Pan_Alban

Capítulo 21 - Romance à carbonara


Sakura desembarcou no pequeno aeroporto da cidade em que os pais viviam. Assim que pegou sua mala da esteira, não foi difícil encontrar os cabelos grisalhos e rebeldes com o pouco de ruivo que seu pai tinha ao sair da sala do desembarque. Ela sorriu quando o viu acenando alegre na direção dela, apressou o passo arrastando a mala ao seu lado e logo pôde ver Mebuki Haruno pequena ao lado do marido.

O abraço que deu em ambos era cheio de saudades, fazia anos que não os via pessoalmente e só havia se dado conta disso quando percebeu o quanto estava se sentindo vulnerável com a recente fama.

— Isso acontece com frequência, filha? — Kizashi questionou rindo guardando a mala de Sakura no porta-malas do carro. Haviam sido parados diversas vezes a pedido de pessoas querendo tirar foto com ela.

Sakura suspirou cansada se sentando no banco de trás e colocando os óculos escuros. Havia sido ingênua em pensar que chegaria de modo anônimo ali, mesmo a cidade sendo pequena, ainda tinha bastante gente que assistia.

— Com maior do que gostaria — resmungou em resposta se sentindo criança novamente com aquela cena. Ela no banco de trás e o pai sorrindo a olhando pelo retrovisor.

— Mas você tem que agradecer a eles por estar onde está. — Mebuki censurou daquele seu jeitinho de sempre. Sakura quis rir amarga da ignorância da mãe. Mebuki não fazia aquilo por mal, puxar a orelha de Sakura em qualquer situação era seu jeito de educá-la. Sakura se tornou uma pessoa preocupada com suas ações diante das pessoas, ela chamava isso de “trauma da dona Mebuki”.

Seria inútil explicar que o público não tinha nada a ver e que ela não ganhava dinheiro lá - o que provavelmente a mãe e o pai pensavam -, então resmungou mais alguma coisa encostando-se no banco mais relaxada.

Mebuki ia falando sobre as novidades que Sakura fingia ter interesse, como quem havia casado, quem havia tido filho, quem estava noiva…

A paisagem da pacata cidade comparada com a metrópole que morava ia passando pela janela do carro enquanto o cansaço ia tomando seu corpo. Ela não havia dormido bem e acordado muito antes do despertador, tanto ansiosa com a viagem quanto ansiosa para voltar para casa e descobrir o que Sasuke queria falar sobre eles.

E juntando tudo isso, foi inevitável a pergunta que Mebuki fez quando entraram na casa com cheiro de bolo de canela.

— Pensei que ia trazer o seu namorado para a gente conhecer — Mebuki esticou o lençol da antiga cama de Sakura que ela iria dormir com uma fingida displicência. A vida amorosa de Sakura era o assunto favorito de Mebuki antes de a filha começar a aparecer na TV.

— Eu não tenho um namorado, mãe. — Sakura respondeu cuidadosa. Não estava realmente mentindo, mas podia se dizer que tinha um relacionamento quase fixo, o que não o denominava um namoro, propriamente dito.

Mebuki apertou os lábios e ergueu as sobrancelhas, sua expressão comum de quem não acreditava e tinha certeza de que estavam mentindo. Sakura se preparou mentalmente para a conversa que sabia que viria. Se não fosse com a mãe, certamente o pai faria as honras no almoço. Mas devido a situação, sabia que aquele era o momento.

E Mebuki não decepcionava e nem perdia oportunidades.

— Ele é um homem muito bonito, mas ele parece ser muito rabugento. — sentou na beirada da cama dando um tapinha ao seu lado para Sakura se sentar. Sakura suspirou sofrida e derrotada. — Ele me parece ser mandão, tem certeza que isso dá certo?

Sakura se pegou pensando naquilo. Era a primeira impressão que tivera de Sasuke também. Ele era o tipo que ela manteria longe de si, apesar da beleza exuberante e exagerada daquele homem. Mas Sasuke era daquela forma quando necessário, ela sabia que Sasuke era uma boa pessoa, um tanto estressado, tinha que concordar, mas era atencioso e romântico, observador e intenso.

E no fim, aquelas características que o fariam um homem desagradável só o deixava ainda mais charmoso.

— Tem que conhecê-lo melhor, mãe. Tenho certeza que vai mudar de opinião rapidinho.

Mebuki cruzou as mãos na frente dos joelhos com um sorriso convencido.

—Tá vendo como a mamãe sempre pega a verdade?

Sakura rolou os olhos. Em seu íntimo sentia vontade de contar para a mãe.

— A ideia de que ele cozinha muito bem ajuda a melhorar a imagem dele? — Sakura sorriu colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha. Aquele dom de Sasuke fazia qualquer um cair nas suas graças.

Mebuki ergueu as sobrancelhas com verdadeira apreciação.

— Um homem que saiba cozinhar é o mínimo que esperaria que você encontrasse. — Mebuki riu abafando a risadinha com a mão.

— Não estamos namorando, ainda — Sakura suspirou olhando para a parede branca onde antes estavam suas estantes repletas de livros. O ainda saiu lembrando-se da conversa que ele teria com ela. Estava crente de que talvez ele quisesse dar um passo adiante, e ela havia perdido horas de sono chegando a conclusão de que se fosse aquilo, ela aceitaria. — Mas ele é um bom homem.

— Não vai ficar perdendo tempo com rolo, Sakura — Mebuki se levantou e Sakura e deitou para tirar um cochilo antes do almoço já sabendo o que viria a seguir — Você já passou da idade de casar. Quero uns cinco netos.

— Claro, mãe.

— Imagina que crianças lindas? — Mebuki parou na porta do quarto e Sakura fechou os olhos. Crianças com cabelos pretinhos e olhos verdes veio em sua mente, o sorriso bobo se formou — Todas de cabelos ruivinhos…

Os olhos de Sakura se abriram na mesma hora. Ela era naturalmente loira, logo, para sua mãe dizer algo assim…

— Mãe... — se virou com medo e Mebuki a olhou com as sobrancelhas levantadas — crianças ruivas?

Mebuki estalou a língua impaciente.

— Eu não entendo de genes e DNA, não venha me corrigir. Mas o cabelo do Sasori é muito bonito, adoraria netos ruivos de olhos verdes. — ela piscou para uma Sakura pasma — Te acordo quando o almoço estiver pronto.

Ela nunca havia falado de Sasori para a mãe.

 

 

Sasuke soltou a respiração com força pela boca e puxava novamente com o nariz, o corpo quase em seu limite enquanto erguia o peso no supino com concentração. Seus braços quase tremiam, havia colocado vinte quilos a mais de uma vez. Naruto estava preparado para ajudá-lo quando acabasse a série, atento mas ainda visivelmente inquieto. Aquilo estava irritando Sasuke.

Um rugido saiu entre os dentes apertados quando ergueu pela última vez a barra com os pesos, Naruto tratou de segurar e colocar no apoio com rapidez.

— Vai acabar se machucando — Naruto censurou inutilmente.

Sasuke se sentou no banco e respirou repetidas vezes até conseguir voltar ao ritmo normal. Ergueu os braços suados até chegar ao coque mal preso no alto da cabeça, desfez o penteado e puxou todos os fios para trás os prendendo novamente de forma mais firme. Odiava fazer musculação com o cabelo grudando na pele molhada.

— Não vai tentar? — provocou Naruto que tirava uns pesos.

— Só o que faltava não poder segurar meu filho por causa de uma distensão. — Naruto disse aquilo como se fosse um absurdo e Sasuke sorriu mais aliviado compreendendo a razão da inquietação do amigo. Tinha que parar com aquela mania de perseguição. Se ajeitou atrás do banco onde Naruto se arrumava para começar sua série, esticou os braços relaxando-os e se posicionou quando o amigo começou. Seria pedir demais que Naruto fizesse qualquer coisa calado — Daqui quatro semanas ele nasce, cara. Quatro semanas. A cirurgia tá marcada para sábado, e eu nem acabei o quarto dele ainda. O… viado do Neji… disse que ia… lá… hoje — terminou a frase ofegante.

Sasuke sorriu segurando a barra e colocando no suporte. Naruto não havia feito metade do que normalmente faria, mas Sasuke não se surpreendeu. Naruto estava agitado demais, e com o bom humor que Sasuke estava naquela manhã, não foi difícil se deixar levar e deixar o resto do treino para lá.

— Eu não vou trabalhar hoje, vamos acabar o quarto do seu filho. — Jogou a toalha por cima da nuca e deu a mão para ajudar Naruto a se levantar.

— Sério, cara? — Naruto sorriu um daqueles seus gigantes sorrisos — Nossa, valeu mesmo.

— Sem problemas. Vou passar uma água no corpo e vamos direto.

Sasuke normalmente não tomava banho na academia do condomínio, mas não tinha ideia do que faria na casa do Naruto e era provável que ele não tivesse começado a fazer nada, bem típico dele deixar tudo para última hora com sua falta de noção em organizar o tempo que tinha.

— Chef Uchiha? — uma moça o chamou ao caminho dos chuveiros — Pode tirar um foto?

Era uma moça muito bonita usando roupas de ginástica, e que aparentava ser muito mais nova. Sasuke sorriu sem jeito estando todo suado, e tentou mostrar isso sem precisar falar.

— Não tem problema, eu também acabei de treinar — ela sorriu e Sasuke percebeu na hora ser mentira. Aquilo o incomodava. A garota ativou a câmera frontal e se agarrou a Sasuke com intimidade. Somente ela sorriu para a câmera. — Mais uma.

— Chega. Eu preciso ir.

Talvez tivesse sido grosso, mas ele realmente não se importava. Aquela situação de ser tratado com tanta intimidade quando nem conhecia a pessoa era desagradável demais. Tomou o banho e vestiu as mesmas roupas que usava antes. Pensava na necessidade em usar óculos de sol e boné no lugar que morava e aquilo parecia tão ridículo quanto realmente era.

Naruto o esperava com a mochila nas costas e um sorriso travesso na cara.

— Uma mocinha veio me pedir seu número. — disse quando começaram a andar lado a lado pela rua arborizada.

— Você deu? — assustou-se com o atrevimento da garota. Nem em outra situação iria gostar de algo assim, não fazia seu estilo esse tipo de coisa.

Naruto riu balançando a cabeça.

— Claro que não. Eu respeito a Sakura, endoidou? — Naruto ria e Sasuke soltou um riso anasalado — Você cancelou o evento de ontem, estava muito bom aliás, então vai me contando o que está acontecendo entre vocês. Cara, eu juro que eu apoio e tudo, sabe que fico é preocupado com a exposição de vocês, ainda mais porque te conheço.

Não havia jeito, não tinha como fugir do Naruto.

— Vou pedir ela em namoro segunda.

Não havia porquê enrolar o amigo. A resposta direta fez o loiro parar de andar bruscamente e gaguejar completamente surpreso.

— Calma, você não está sendo precipitado? — Naruto apressou o passo para acompanhar Sasuke que não havia parado. — Você sabe…

Sasuke sabia. Ele havia pensando com ele mesmo várias vezes se aquela seria a melhor coisa a se fazer, mas os dois eram adultos e mesmo que ela não quisesse, seria pouco tempo juntos até o programa acabar e cada seguir sua vida. Mas ele não estava mais tão inseguro quanto aos sentimentos de Sakura. Ela havia saído de um relacionamento pesado e mesmo assim havia se entregado para ele sem ressalvas. O companheirismo de ambos era notável e Sakura não o censurou em momento algum.

— Eu acho que eu devo tentar. — Sasuke foi sincero. Olhou para o lado e viu a expressão preocupada de Naruto. — Não começa com seu paternalismo para cima de mim.

Naruto riu e coçou a nuca relaxando.

— Ela é uma moça legal. É médica — Naruto falou como Fugaku e Sasuke riu daquilo, jamais compararia os dois — Bom, na quinta os dois pareciam bem juntos.

— Eu sei o seu medo — Sasuke o cortou já cansado — Não se preocupa com a minha vida, sério.

Naruto entortou a boca não gostando daquilo. Por fim, suspirou derrotado.

— Seja feliz. Faço um lámen para vocês depois que oficializarem. — Naruto ergueu os ombros alegre.

Sasuke puxou seu sorriso de canto e coçou a nuca pensando na cena. Seria incrível apresentar Sakura a sua família como sua namorada, ir jantar com Naruto e Hinata de vez em quando como casais…

Naruto e Sasuke foram recepcionados por uma Hinata barriguda que parecia impaciente andando de um lado para o outro.

— O que foi, amor? — Naruto se adiantou preocupado e Hinata sorriu se acalmando. — Vocês estão bem?

— Estamos. — E como num passe de mágica ela voltava a ser aquela mulher imperturbável que Sasuke conheceu antes da gravidez afetar os hormônios dela. — Oi, Sasuke. Veio ajudar o Naruto a arrumar o quarto do Boruto?

— Sim. Como está?

— Não vou mentir, estou doida por uma torta de limão da confeitaria aqui perto.

— Eu vou buscar. Eu vou buscar. — Naruto voltava para a porta verificando, desesperado, se as chaves estavam no bolso.

— Não se preocupa, Hanabi foi buscar. — Hinata alisou o ombro do marido e fez sinal para que Sasuke entrasse e se acomodasse.

Naruto olhou confuso para Hinata e para o lado de fora vendo seu carro estacionado ali.

— Ela foi com o seu carro?

E a pergunta dele foi respondida quando um carro parou ali na frente. Era um modelo sedan antigo e escuro, do passageiro saiu Hanabi com um embrulho grande nas mãos e o motorista ia saindo também até ver Naruto embasbacado na porta.

— Ko-Konoha… — Naruto apontou o dedo para o garoto que voltava para o volante de olhos arregalados.

Sasuke parou ao lado de Naruto e cruzou os braços olhando o garoto ficar pálido dentro do carro.

— Não quer entrar e comer um pedaço? — Hinata entrou na frente do marido unicamente para correr até a torta.

— N-não. Obrigado, senhora Uzumaki. Até mais.

E saiu cantado pneus.

— Hanabi! — Naruto chamou atenção da cunhada adolescente que nem se abalou com a recepção estranha.

— Menos, Naruto — ela apertou os olhos na direção dele. — Bem menos.

Naruto apontou para ela horrorizado e começou a gaguejar coisas sem sentido enquanto Hinata e Hanabi entravam o ignorando.

— Relaxa — Sasuke bateu no ombro de Naruto o trazendo para dentro. — Ainda não entendi porque não deixou os montadores fazerem o serviço deles.

Naruto olhou feio para a cozinha onde as duas irmãs comiam.

— Meu avô derrubou uma árvore no machado e fez o berço do meu pai. O meu pai construiu o meu quarto sozinho… Não quero ser o pai frouxo. — Naruto justificou ainda com atenção na cozinha.

Sasuke quis rir daquilo. Acenou negando a torta que Hinata já finalizava, mas que oferecia ignorando o marido bicudo, em seu bolso o celular vibrava. Era uma imagem e uma pequena mensagem abaixo de um número desconhecido.

“Segunda, 10 da manhã.”

Sasuke baixou a foto e seus olhos se arregalaram na mesma hora. Ele sabia quem era.

 

 

— Meu Deus! Sakura, ele está aí? — Ino tampou a boca com a mão livre enquanto segurava o celular com a outra mão.

— Não. Ele fez uma videochamada com a minha mãe pelo Facebook. — Sakura falava baixo e Ino podia ouvir sons de passarinhos ao fundo.

— Não acredito — Ino sussurrou também. Apavorada. — O que você pretende fazer?

— Não faço a mínima ideia — Sakura suspirou — Vou ter que ir na polícia, provavelmente.

— Com certeza — Ino passou a mão pela testa e começou a andar de um lado para o outro — Isso é coisa de gente louca. Quer que eu descubra se ele está aqui na cidade?

— Não! Não vai atrás dele, Ino. Pode deixar que eu resolvo. Cara, que merda eu me meti.

— A culpa não é sua. — Ino se sentou e bateu os dedos na testa pensativa — Tenta relaxar. Avisa seus pais, bloqueia ele das redes sociais da sua mãe. E das suas.

— Já fiz isso — Outro suspiro — Ela disse para eu ir atrás de uma reza e jogar sal grosso por cima do ombro.

Ino não segurou a risada breve quando até a própria Sakura riu com o absurdo.

— Já contou para o Sasuke?

— Não. Nem quero envolver ele nisso.

— Capaz dele ir atrás do Sasori e dar uma surra inesquecível. — Ino gostava da ideia.

— Exatamente por isso não vou contar nada. Segunda estou voltando e Sasuke quer conversar comigo. Dependendo do que acontecer eu conto.

— Conversar, é? Acha que pode ser sobre o quê?

— Sinceramente? — Sakura sussurrou novamente  — Acho que ele vai me fazer uma proposta.

— Namoro? — Ino deu um gritinho.

— Eu não sei — Sakura riu do outro lado da linha — Eu realmente acredito nisso e estou com medo de não ser o que penso, mas estamos num clima tão gostoso, sabe? Bom, segunda descobriremos.

— Entendi. Eu não vou ser a amiga que alimenta as expectativas, mas você sabe que eu estou alimentando em segredo há muito tempo.

Sakura riu e Ino gostou de senti-la mais relaxada.

— Você é a melhor amiga. Eu preciso desligar, vamos visitar meus tios. Qualquer coisa me liga, ok?

— O mesmo pra você.

Ino desligou o celular e mal teve tempo para pensar no que Sakura havia dito sobre Sasori quando o aparelho começou a tocar em sua mão.

— Tenten?

— Olha o print que te mandei! Olha o print!

A voz desesperada de Tenten sumiu quando a ligação bizarra foi finalizada abruptamente.

Ino abriu o whatsapp e foi até a primeira conversa de Tenten que consistia em um print de uma conversa no Instagram e embaixo vários “A” em caps lock. Ino baixou a imagem e começou a rir quando se deu conta.

 

“Senhorita Mitsashi, infelizmente não tive a oportunidade de pegar seu número com Sakura, mas encontrei-a e quero salientar o meu desejo em conhecê-la pessoalmente. Espero que aceite meu convite para jantar. Atenciosamente, Neji Hyuuga”

 

Ino ria sem acreditar. Respondeu a mensagem surtada de Tenten perguntando se ela já havia mandando uma mensagem de volta aceitando e teve outro print como resposta.

 

“Estou surpresa com o convite e feliz por ter mostrado esse interesse em me procurar nas redes sociais. Pode me passar a data e o horário pelo whatsapp. Um beijo, Tenten.”

 

Ao final havia o número do telefone dela.

Tenten logo mandou uma nova mensagem que não poderia conversar naquele momento pois tinha que trabalhar, mas Ino sabia que logo que o expediente acabasse elas teriam que sair para conversar e beber algo.

Ino deitou no sofá e mandou mensagem perguntando se Temari faria algo naquela noite, de imediato recebeu a resposta dela dizendo ter uma reunião com o coach que Tenten recomendou. Temari repetiu que nem o conhecia e já queria esganar ele.

Ino balançou a cabeça e parou o dedo em cima da conversa com Gaara. Naquela hora ele estaria na empresa com Temari, possivelmente. Ela coçou a testa e pensou por mais de 15 segundos se deveria mandar algo, decidiu-se por não mandar nada, apesar da vontade ser grande. Mas já havia sido feita de tonta uma vez, não deixaria se levar por suas vontades para saber o que a outra pessoa quer.

Não houve dúvidas em qual seria a próxima coisa que faria. Ignorando completamente o que Sakura pediu, Ino abriu o aplicativo do Facebook em seu celular e pesquisou Sasori sem saber o seu sobrenome, apenas tendo a cara dele como uma horrível recordação.

Achou o perfil sem demora e entrou para ver as últimas atualizações dele. Não havia nada de pessoal, apenas compartilhamentos sobre notícias internacionais acerca da bolsa de valores. Foi pesquisar as fotos e encontrou o mesmo padrão em todas as de perfil, um terno bem alinhado, um sorriso discreto e ao fundo uma grande construção. As demais fotos eram bloqueadas, provavelmente.

— Akasuna… — Ino repetiu o sobrenome partindo para o Instagram. Não o encontrou. Foi até o Linkedin e não se surpreendeu com o perfil impecável de homem de negócios. Para quem não o conhecesse era impressionante.

— Droga. — Ino desistiu de pesquisar na internet e colocou o braço por cima dos olhos tentando ter uma boa ideia, talvez fosse melhor contar para Tenten e escutar alguma ideia dela ou de Temari no outro dia.

Seu celular tocou pousado na barriga. Ino suspirou e se levantou pronta para preparar o almoço e certa de que seria Tenten, mas o remetente realmente a surpreendeu. Teve que ler a mensagem duas vezes antes de tampar a boca com a mão diante da imagem que recebeu.

 

 

Sakura havia chegado na segunda a tarde. A mãe havia insistido para que almoçasse lá e ela teve que prometer que voltaria antes das férias acabar. Gostaria de ter ficado mais, mas havia o programa para gravar e o prato para treinar.

Era bom estar com a família depois de tanto tempo. Entretanto, Sasori havia estragado seus planos de relaxar e curtir ao máximo a companhia dos pais com aquela atitude mais que questionável. Estava certa de que iria até a polícia se instruir sobre o que deveria fazer.

Estava cansada. Não havia dormido bem a noite e nem conseguido cochilar no avião com medo de que Sasori aparecesse ali. Mas, agora estava na segurança de sua casa e o cansaço da viagem cobrava seu preço.

De banho tomado e pijamas, ela arrastou-se pela cozinha até a geladeira. Não havia nada pronto. Pegou o saquinho de chá de camomila e colocou água para ferver.

Aos poucos seu corpo ia relaxando, mas sua cabeça não parava de pensar em formas de se  livrar, e livrar sua família, daquela situação doentia. Sua cabeça já dava sinais de que ia doer.

Sentou-se no sofá e ligou a TV apenas para tentar se distrair, a primeira coisa que viu foi o comercial ruim de Sasuke já pela metade. A risada dela soprava a fumaça do chá quente enquanto o assistia parecendo um robô. Teve dó, mas era divertido demais o ver tão desconfortável.

Achava que aquele comercial iria passar só no horário do programa, mas não duvidava que Sasuke fazia sucesso com sua beleza e os patrocinadores quiseram usar aquilo. Pensando nele, pegou o celular e mandou uma mensagem avisando que havia chegado.

Não demorou muito para a resposta dele.

“Se divertiu?”

“Não há como não me divertir com aqueles dois. E como foi seu fim de semana? Descansou?”

“Bastante. Ajudei Naruto a montar os móveis do quarto do filho dele. No fim tivemos que ir na loja comprar outra prateleira, a outra quebrou quando tentamos colocar dentro do guarda-roupas achando ser uma peça dele.”

Sakura riu deixando seu chá no chão e se deitando no sofá branco.

“Imagino que foi uma cena adorável.”

“Não seria essa palavra que eu usaria.”

Sakura sorriu para a tela pensando de forma um pouco débil, por causa do sono, no que mandaria a seguir, mas Sasuke voltou a digitar.

“Hoje temos um jantar marcado. Lembra?”

“Claro, pensei nele o fim de semana inteiro”

Aquela ansiedade começou a brotar ínfimo em seu estômago. O sorriso bobo não saia da cara.

“Eu também. Se importa se formos num lugar diferente desta vez?”

“Estou curiosa. Onde vamos?”

Aguardou virando-se no sofá. Sasuke demorou para responder, ela sentia seu estômago entrando em ebulição a cada segundo que ele demorava.

Ela pensou que ele pudesse estar trabalhando naquele horário. Travou o celular e fechou os olhos torcendo para ter uma resposta quando acordasse. Estava agitada por dentro, mas seu cansaço era mais forte.

Acordou um pouco atordoada duas horas depois. Assim que se lembrou de onde estava e que dia era, pegou o celular já esperando a resposta dele. Mas seu aparelho não estava no chão como havia deixado, assim como sua caneca de chá. Esfregou os olhos e encontrou o celular em cima da mesinha de centro, uma chave e um bilhete do lado. Esticou-se para pegar o aparelho e o papel.

 

“Vai precisar do meu carro para ir até a casa do Sasuke. Peguei a chave do seu. Não transe no meu bebê. Com amor, Ino.”

 

Sakura balançou a cabeça e leu a mensagem que ele mandou meia hora depois da sua.

“Talvez você não conheça. Te espero às oito.”

E, com desespero, Sakura viu já ter passado das seis e meia.

 

Estava nervosa quando parou na frente da casa dele. O porteiro nem ao menos parou-a na cancela e liberou direto quando viu o esportivo vermelho chegando, aquilo tinha sido uma gentileza gigantesca visto o estado que ela estava. As mãos tremiam sobre o volante, o coração palpitava e o batom tinha que ser retocado mais uma vez de tanto que mexia os lábios um contra o outro em um atrito ansioso.

Então o portão automático da garagem de Sasuke se abriu e ela virou o rosto tensa o vendo olhar pela janela da sala. Respirou fundo, aquilo era como uma cirurgia arriscada em que a calma e a serenidade eram obrigatórios para fazer uma operação limpa e de sucesso.

Deu partida no carro, afastou-o e entrou na garagem vazia com exatidão.

— Ok, Sakura. Uma vida precisa ser salva — repetiu seu mantra em casos de extremo cuidado na sala de cirurgia. — Uma vida precisa ser salva, se acalme. — Abriu os olhos quando escutou a porta que dava acesso à sala ser aberta — A sua vida, Sakura. A sua.

Se abaixou colocando as sandálias de salto que estavam no lado do passageiro e aproveitou para respirar fundo diversas vezes. Aquela pressão no estômago não era normal. Apertou o próprio abdômen tendo ciência de que Sasuke a esperava na porta aberta, estava com medo de acabar vomitando de tanto nervoso.

— Sakura?

E ouvir a voz dele não ajudou muito. Ergueu a cabeça com o susto e quase enroscou uma das pernas entre os dois bancos. Parou, fechou os olhos, respirou fundo. Aquela Sakura desajeitada não podia ter lugar ali, ela precisava da Sakura séria, calculista.

Abriu a porta e com satisfação viu os olhos de Sasuke subindo por sua perna descoberta entre a fenda de sua saia longa.

— Desculpa a demora. — ela disse sabendo estar atrasada apenas dez minutos e o deixou apreciar seu corpo com os olhos lentamente.

Ela havia demorado para escolher o que usaria, mas ainda no banho decidiu que usaria aquela saia longa e o cropped de manga longa que mostrava pouco de sua pele. O cabelo estava ondulado e por falta de tempo em fazer uma escova decente, mas caprichou na pomada e investiu mais tempo na maquiagem.

— Você está… — Sasuke mostrou-se sem palavras e ela riu com graça, um pouco constrangida. Ele desceu o pequeno degrau de acesso à garagem e parou na frente dela circulando a cintura com um braço e levantando-a um pouco do chão — Linda.

Sakura sorriu contra os lábios dele e segurou os dois lados de sua cabeça o puxando para um beijo.

Ele estava lindo, também. A camisa branca parecia feita sob medida no corpo dele, detalhando cada curva máscula de seus ombros, braços e um pouco do peitoral. Apenas dois botões estavam abertos, mas os braços estavam metade expostos com as mangas dobradas, e aqueles galhos negros subindo como veias grossas atiçavam demais a líbido dela.

A calça era mais ajustada ao corpo do que as que normalmente usava no programa, um pouco mais social, mas ainda casual. Os coturnos nos pés, as pulseiras de couro e metal no braço não deixavam-na esquecer a essência dele.

Ele a pousou no chão depois do beijo e ela limpou o pouco de batom que sujou o rosto dele. Alisou a pele sentindo o veludo em seus dedos de quem havia acabado de fazer a barba. Subiu a mão pela nuca dele, naquele momento de apreciação que os dois já se sentiam confortáveis em fazer, e deixou um carinho suave ainda abraçada a ele.

— Você quase me deixou maluca esse fim de semana, Sasuke — sorriu um pouco com o repuxar leve dos lábios dele.

— Curiosa, doutora?

Sakura ergueu-se um pouco para deixar um selinho demorado. No processo sorveu o perfume maravilhoso dele que a fazia delirar com vontade de beijar o pescoço tatuado.

— Não me provoque, Sasuke. — e se rendeu à sua vontade e beijou o pescoço dele onde passava finos galhos que se perdiam no colarinho branco.

— Assim não vamos sair de casa. — Sasuke murmurou rouco descendo as mãos pelo quadril até chegar a bunda dela, apertou o lugar com vontade e Sakura gemeu baixinho.

Ela realmente não se importava.

O corpo bateu na lataria do carro de Ino e Sakura levantou a perna fora da fenda dando liberdade para Sasuke tocá-la ali. Ela suspirava com a mão grande subindo por sua perna sem parada, apertando sua coxa e indo até sua bunda com voracidade. A boca dele não deixava seu pescoço, sua mandíbula, sua boca.

Ele pressionava sua pélvis contra ela. A ereção evidente sendo só uma das consequências de como o corpo de ambos reagiam juntos.

Era fogo puro.

Sakura respirou fundo quando Sasuke se afastou e passou a mão no rosto manchado de batom. Ela quis rir, mas precisava se recompor.

— Depois terminamos isso — Ele disse passando a mão pela boca tirando o batom que sabia haver ali. Sakura assentiu contando com aquilo — Vamos?

Sakura riu aceitando a mão oferecida a ela. Novamente de mãos dadas, ela pensou olhando a junção de ambos. Seu peito esquentou, talvez estivesse certa quanto ao fim daquela noite.

— Antes de irmos, onde quer que seja, — Sakura sorriu ao olhar curioso dele — preciso retocar a maquiagem — apontou o próprio rosto em círculos.

— Claro. Pode usar o banheiro lá em cima.

Sakura virou-se e subiu rebolando pelas escadas.

 

Sasuke passou o mão no rosto depois que ela sumiu de sua visão. Era hipnotizante aquele movimento e parecia que ela fazia de propósito o chamando para cima. Ele estava quase indo.

Como era difícil negar aquele corpo. Não conseguia deixar suas mãos longe dela e tinha a deliciosa constatação que a atração era mútua.

Naquele dia ela havia apelado demais e a palavra “linda” não conseguia expressar realmente como ela parecia aos olhos dele. Sasuke sentou-se no sofá e jogou os cabelos para trás tentando se acalmar. Não estava dando certo, ouviu os saltos dela descendo as escadas e teve que segurar o próprio pênis por cima da calça para disfarçar sua vontade carnal.

— Prontinho.

Ela cantarolou e logo não havia mais sinais de que quase foi devorada há poucos minutos. Esticou o braço até o sofá pegando uma jaqueta preta e foi até a frente dela.

— Espero que não desarrume seu penteado, mas pretendo não ter nenhuma interrupção hoje. — Girou a jaqueta por trás dela e cobriu os cabelos rosados com a peça.

Ao sair de casa, olhou para os dois lados e estendeu a mão para ela. Sakura quase não conseguia enxergar com a jaqueta tampando seu rosto, então ele a guiou usando isso como desculpa para segurar a frágil e pequena mão feminina. Abriu a porta do carro para que ela entrasse e olhou ao redor mais uma vez para ver se alguém estava espreitando.

— Andaram te perseguindo esse fim de semana?

— Não. — Mas todo cuidado era pouco, pensou olhando pelo retrovisor e saindo da vaga em frente a casa — Aliás, o prato que vai ter que aprender essa semana é uma sobremesa. Pannacotta com frutas vermelhas. — Sakura soltou uma exclamação de desejo — E como foi na casa dos seus pais?

Precisava que Sakura falasse bastante para não dar margem à perguntas sobre onde iam ou o que fariam. Aparentemente havia dado certo, ela emendava uma história na outra, rindo e se empolgando.

— … nunca vi minha mãe tão feliz quanto ela ficou quando entreguei o autógrafo do Naruto e mostrei o vídeo que ele fez para ela. Te juro, nem na minha formatura ela ficou tão feliz.

— Eu duvido muito — Sasuke sorriu com a risada dela.

— Não duvide de dona Mebuki. Meu pai ficou constrangido.

— Mebuki. E como seu pai se chama? — ele perguntou finalmente chegando ao destino final.

— Kizashi. — Sakura respondeu com um pouco de riso ainda na voz.

— E você é filha única?

Sakura se virou para ele e Sasuke segurou o sorriso que queria despontar. Então ela havia percebido as suas perguntas particulares.

— Sou sim, Sasuke. E você tem só Itachi de irmão?

Sasuke saiu da estrada principal e entrou em uma de pedras dentro de um bosque. Sakura olhou ao redor com curiosidade, mas surpreendentemente não disse nada. Sasuke parou num tipo de guarita e desceu o vidro enquanto Sakura olhava para o outro lado para o guarda não ver sua cara.

— Sim. Só Itachi e eu. — respondeu quando a cancela se levantou e ele voltou a andar.

— E como seus pais se chamam mesmo? — ela se virou no banco atenta. Sasuke ia dirigindo mais adentro do lugar cercado de árvores, mas era iluminado por lâmpadas pequenas na estradinha.

Sasuke respirou o ar dali e sorriu. Pelo canto a acompanhou desviar os olhos dele e olhar ao redor para conhecer.

— Mikoto e Fugaku. — Sasuke entrou em uma clareira onde havia um bonito chalé de madeira sem cerca e com um delicado jardim adornando-o. — Esse chalé é da minha mãe. Faz muito tempo que ela não vem aqui.

Sakura olhava encantada para o lugar e ele não poderia julgá-la. Era adorável, o cantinho preferido de Mikoto e agora poderia ser de Sakura se ela o aceitasse.

— É maravilhoso. — disse ainda hipnotizada.

Sasuke desceu do carro e abriu a porta para que ela descesse. Enganchou o braço dela no seu e foi levando-a até a porta de entrada.

— Foi um presente de casamento do meu avô — ele continuou empurrando a porta de leve e deixando que ela fosse na frente.

Observou-a rodar no lugar olhando cada detalhe em madeira, cada móvel delicado, cada mínima decoração deixada por Mikoto há muito tempo.

— Parece uma casa de bonecas. — ela sorriu para ele e Sasuke olhou ao redor por aquela perspectiva. Realmente parecia. — E esse cheiro?

Sasuke sorriu de canto e a convidou para ir até o segundo cômodo do térreo. Ela passou alisando o corrimão entalhado da escada que dava para o segundo andar e os olhos verdes subiram curiosos para lá.

Logo conhecerá lá em cima, Sasuke pensou ainda sorrindo.

— Por isso eu não podia te levar para a minha cama aquela hora. — ele a viu se arrepiar, mas a atenção foi toda para os pratos dispostos na pequena mesa redonda de madeira para quatro pessoas, haviam também panelas pequenas e uma garrafa de vinho.

Sasuke torcia para estar tudo quente ainda, as panelas não iriam deixar esfriar tão rápido, mas uma pontada de nervosismo atiçava seu lado pessimista. Não havia como ele esquentar ali, o fogão estava quebrado e ele só havia reparado depois.

— Você cozinhou? — ela perguntou admirada mesmo que aquele ato não fosse uma surpresa para eles.

— Eu fiz no restaurante — ele disse puxando a cadeira para que ela se sentasse. Seus olhos foram imediatamente para a perna que descobriu-se com a fenda daquela saia. Precisou balançar a cabeça para clarear sua mente, tinha que seguir o planejado — Fiz especialmente para você.

— Obrigada. — ela respirou fundo e ele então percebeu que ela estava tensa.

Enquanto servia o espaguete de forma que ficasse bonito no prato, a insegurança batia com força ao vê-la parecendo tão desconfortável.

— Está tudo bem? — perguntou ficando também tenso com a situação.

Ela pareceu acordar de um pensamento profundo e piscou duas vezes antes de gaguejar que sim. Sasuke tentou parecer calmo, mas por dentro começava a sentir os saltos de seu estômago.

Era ridículo pensar aquilo, mas e se ela só quisesse um caso sem compromisso com ele? Se quisesse somente sexo? Ele estava exagerando? Ela era muito receptiva aos seus toques e tinham um relacionamento muito mais que carnal quando juntos.

Ele era especialista em se apaixonar pela pessoa errada.

— O que preparou, Sasuke? — ela perguntou olhando para o prato que ele deixava na frente dela.

— Espaguete à carbonara.

— Maravilhoso.

Mas ele também era especialista em não desistir.

Sentou-se à frente dela e sentiu a caixinha fazendo pressão no bolso da frente de sua calça. Ela não havia reparado graças à jaqueta que tampava, mas dentro do chalé era mais quente e ele teria que ter cuidado para não entregar o que planejava.

Olhava-a comer e tinha certeza do que deveria fazer. Os gemidos de prazer que ela dava a cada garfada, os olhos brilhantes parabenizando-o em silêncio, a boca saborosa provando de sua arte. No entanto, não era algo somente físico. A companhia dela era muito confortável e, de certa forma, se tornou necessária. Ela sabia conversar, sabia como chegar a cada ponto dele e talvez ela nem tivesse consciência daquilo. Ela o despertava, o desafiava, coisa que a maioria das pessoas fugia antes de tentar.

Ele não tinha dúvidas de que a queria muito mais como um caso esporádico e sem futuro, queria mesmo ver no que aquilo poderia dar.

— Sua mãe não vem mais aqui por quê? — ela limpou a garganta o tirando de seus devaneios. — Está sem fome?

Sasuke percebeu que mal tocara em seu prato. E como poderia sentindo-se tão agitado por dentro?

— Eu provei demais na cozinha — não era mentira, se sentou melhor na cadeira e olhou ao redor — Ela diz que aqui é muito quieto, muito pequeno. Eu vim umas duas vezes quando era pequeno.

— Ela mora onde? — Sakura perguntou girando a taça de vinho em suas mãos. Sasuke se prendeu nos olhos fixos nele para se acalmar e não estragar tudo, aquela conversa estava ajudando e talvez ele pudesse pegar um gancho para ir finalmente onde queria.

— Ela mora no sítio da família. A casa é bem maior e mais acessível para Itachi ir visitá-la.

— Ah, o sítio — Sakura sorriu um pouco desviando os olhos para o chão. Sasuke umedeceu os lábios depois de tomar um gole generoso de vinho — É para lá que ela me convidou a ir?

Sasuke sorriu.

— Sim. Meu irmão e cunhada estão todo fim de semana lá. — desistiu de comer e encheu um pouco mais de vinho na taça de ambos. Ele não havia percebido que ela havia bebido tanto — Neste fim de semana ela perguntou por você.

— Oh, ela deve ser um amor. Quando os conheci não estávamos na melhor das situações.

Sasuke assentiu concordando, os olhos presos nos dela mesmo que Sakura desviasse às vezes para o chão. Ela pegou a taça e ele percebeu que ela tremia levemente. Respirou fundo e encostou as costas na cadeira dando espaço para ela, teve medo que pudesse estar pressionando de alguma forma.

— Se quiser — disse tentando ser casual e provou um pouco de seu espaguete apenas para senti-lo na temperatura ideal. Não tinha apetite nenhum àquela altura. Ela o olhava aguardando — Posso levá-la até lá no próximo fim de semana.

Sakura sorriu e ele quase sentiu o peso sair de seus ombros. Quase. Pois assim como surgiu, o sorriso se desfez e ela desviou os olhos do dele indo até o chão.

— Sasuke, posso te perguntar uma coisa?

— Claro. — Ele umedeceu os lábios e cruzou as mãos tocando em seu lábio inferior. Ele estava nervoso e aquilo só ficava pior com a reação dela.

— Hmm — ela limpou a garganta e bebeu o resto de vinho que tinha na taça. — Não vai ser bom você beber pois está dirigindo.

Ele estranhou aquilo. Não era uma pergunta e logo, pela careta que ela fez, não era realmente o que ela queria dizer.

— O efeito do álcool vai ter passado até amanhã. — respondeu simplesmente a vendo segurar um sorriso com os dentes. Aquilo era um sinal positivo, sua confiança ganhou força. — O que quer me perguntar.

Sakura não levantou os olhos para ele, parecia querer se afundar na cadeira e respirava fundo com mais frequência. Aquilo devia preocupá-lo, mas a curiosidade estava sendo maior.

— Ai meu Deus — ela murmurou baixinho para ela mesma. Então ergueu os olhos para Sasuke e ele abaixou as mãos até a mesa pronto para ouvi-la. — Você… gosta de mim?

Sasuke ficou paralisado olhando-a enquanto ela começava a ficar pálida. Aquela pergunta havia sido repentina e decididamente surpreendente. Não, ele não esperava ouvir aquilo, entretanto ela havia dado a brecha que ele precisava.

Se ele não estivesse entendendo errado, ela estava tão insegura quanto ele. O sentimento o fez relaxar completamente.

Lentamente tirou a caixinha de seu bolso e permaneceu com a mão embaixo da mesa. Iria da um susto nela primeiro e então fazer sua proposta. Estava louco para ver a reação dela.

Respirou fundo antes de responder, seu ato a fez ter um breve sobressalto.

— Não.

E ele iria completar, dizer que ele não gostava dela, que ele estava completamente apaixonado e então a pediria em namoro, mas Sakura engasgou e precisou beber um gole de vinho.

Sasuke começou a se desesperar, pois assim que ela ficou melhor, a expressão dela murchou e os olhos encheram-se de lágrimas.

— Sakura, não é…

— Me deixa falar, por favor. — ela ergueu a mão engolindo em seco e Sasuke teve vontade de bater a cabeça na mesa. — Sasuke, isso é complicado mas por favor me deixe ir até o fim e me escuta. — ela gesticulava um pouco trêmula e ele xingava internamente de todos os nomes malditos. Sakura continuou sem parar para respirar — Nós dois… bom, entre nós está rolando algo muito bom. Eu não sabia que isso poderia acontecer algum dia e riria se me dissessem, mas aconteceu e te digo que você mudou completamente a minha vida. Foi gradual, foi espontâneo… você foi se aproximando e eu também fui… — ela riu deixando uma lágrima escapar.

— Sakura…

— Sasuke, você é um sonho. Eu não consigo mais negar, eu estou inteiramente apaixonada por você. — Sasuke iria cortá-la para dizer que ela estava entendendo errado, mas aquela última sentença o congelou. Seu coração começou a bater forte, sem controle no seu peito. — Eu… estou apaixonada. Muito. Isso não é… — ela respirou fundo e fechou os olhos com força murmurando algo baixinho — O que eu quero dizer é… tem algo entre nós, e… quero saber se você aceitaria tentar algo sério para ver até onde isso dá.

A boca de Sasuke se abriu, o riso desacreditado foi subindo e ele não pôde segurar. Sakura soltou os ombros o olhando um pouco desolada, e aquilo foi o que fez se acalmar e sorrir para ela. Sorrir de verdade.

— Você está me pedindo em namoro… — comentou baixinho e ela se encolheu um pouco na cadeira. De todas as coisas do mundo, aquilo era a última que ele esperaria naquela noite.

Ele se levantou e Sakura não o acompanhou com os olhos. Ele percebeu o quanto ela estava chateada e talvez até muito triste, ele queria rir daquela falta de coordenação que eles pareciam ter. Então, finalmente capturou a atenção dela quando se ajoelhou ao seu lado.

— Bom, acho que você é a única que consegue me surpreender tanto. — ela sussurrou o nome dele sem entender até que os olhos começaram a se arregalar quando a caixinha foi tirada do bolso. — Ino disse que serviria em você. — Abriu a caixinha mostrando as duas alianças prateadas e brilhantes presas ao veludo negro. Sorriu ainda mais quando ela tampou a boca com as mãos e os olhos começaram a se verter em lágrimas. Sasuke segurou delicadamente a mão direita dela e deixou um beijo nas costas. — Pela sua proposta audaciosa, acho que tenho o “sim” para a minha proposta.

E Sasuke caiu de costas no chão assim que o anel foi colocado no dedo anelar e ela se jogou o abraçando. Ele ria enquanto ela chorava contra a sua camisa.

— Sasuke… você… — ela não conseguia formular uma frase coerente. Olhou para o anel e depois começou a bater no peito dele — Seu idiota.

Sasuke segurou as mãos dela sobre seu peito e ergueu a cabeça pousando a testa na dela. Os olhos presos naquele instante de pura felicidade.

— Conheço um lugar mais confortável que o chão. — ele sussurrou beijando-a.

Sakura sorriu entre os lábios dele e se levantou. Com rapidez ele a pegou no colo com uma noiva e Sakura deixou um gritinho escapar de surpresa. Não haviam mais lágrimas naqueles olhos, e eles pareciam mais brilhantes de nunca.

Sem deixar de beijá-la em cada canto que ele podia, Sasuke subiu as escadas até o andar superior para terminarem o que haviam começado mais cedo.

E comemorar o primeiro dia de namoro.



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