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História Próxima fase - Capítulo XVII


Escrita por: Amandajackson19

Capítulo 17 - Capítulo XVII


Pov Annabeth 

Eu gostaria de dizer que conseguimos um tratado de paz, que uma conversa pacífica entre os lobos havia resolvido tudo, mas as coisas não poderiam ser mais diferentes. Naquela manhã toda a alcateia parecia inquieta, como se farejassem o perigo por todos os lados. Lupa garantiu que todos estivessem bem alimentados porque a disputa não precisava ficar mais desigual do que já estava. Passei a noite em claro repassando todos os detalhes da floresta que poderiam ser usados como vantagem, depois de tanto tempo vivendo ali eu poderia me guiar por entre as árvores sem problemas. Usar todos os elementos ao nosso favor, era sem dúvidas nossa melhor chance.  

Acordamos muito antes do sol nascer e eu já conseguia sentir a adrenalina de batalha percorrendo meu corpo. Não consegui ficar parada por muito tempo então, me pus a organizar minhas coisas, certifiquei de que o boné dessa vez estivesse na mochila, preparei um pouco do unguento para os ferimentos e conferi o que restava da ambrósia. Um único cubinho. Rezei aos Deuses que fosse suficiente e me dei ao trabalho de acender uma pequena fogueira no café da manhã para jogar a maior parte das frutas e carne que havia conseguido no dia anterior como prece. Rezei para que Ártemis abençoasse nossa caçada e que minha mãe olhasse por nós naquela guerra. O cheiro me fez sentir saudades de casa, fechei os olhos por um momento imaginando que estava sentada no pavilhão com meus irmãos na mesa de Atena. A lembrança me aqueceu o coração, é impressionante como nos sentimos nostálgicos quando o risco de morte é tão eminente.  

Quando abri os olhos, percebi que os outros lobos também farejavam o ar em satisfação. De todas as famílias que já tive, essa com certeza era a menos convencional, mesmo assim eu me sentia acolhida e faria de tudo para vê-los bem. Ollie se aproximou e eu compartilhei um pedaço da carne assada com ele, hábito que havia adquirido e que Lupa julgava ser impróprio já que em breve eu iria embora e eu –nas palavras dela- o estava deixando mal acostumado. Mesmo depois de ter sido advertida sobre isso, vez ou outra quando a Deusa não estava olhando, eu jogava para Ollie um pedaço de carne e compartilhava de sua felicidade enquanto ele comia furtivamente. Depois de um tempo, Lupa desistiu de nos repreender e percebeu que tinha problemas maiores para lidar do que um lobo que apreciava mais a comida assada.  

Ollie lambeu meu rosto em agradecimento enquanto eu afagava suas orelhas. Sentirei falta dele e as vezes me preocupava um pouco em deixá-lo. Havíamos nos aproximado muito desde minha chegada e passávamos a maior parte do tempo juntos, o que o deixava um pouco afastado do resto da alcateia. Temia que ele acabasse deslocado quando eu deixasse o bando. Ele havia crescido desde minha chegada, as garras e os dentes estavam mais afiados o que facilitava na dilaceração das presas. O pelo castanho agora parecia mais grosso e as patas mais longas, em pé ele facilmente encostaria sua cabeça em meus ombros. Formávamos uma boa dupla na caça, havíamos estabelecido uma estratégia silenciosa sobre o ataque, ele encurralava e estabilizava enquanto eu matava o mais rápido o possível. Comíamos juntos e brincávamos no tempo livre, embora eu nunca tenha conseguido fazer com que ele me desse a patinha ou buscasse o graveto. Algumas brincadeiras as vezes resultavam em algumas cicatrizes dolorosas, mas ele parecia ter entendido que não podia me morder da mesma forma que mordia os outros irmãos e eu entendi que não podia deixá-lo ficar muito submerso na brincadeira ou eu ganharia um arranhão feio e uma roupa rasgada.     

Lupa se aproximou enquanto comíamos parecendo um pouco inebriada com a fumaça. Ela observou minha espada perto da mochila antes de se voltar para mim. 

-Precisa de uma arma de prata se quiser feri-los –disse ela. -Osso de Drákon não será útil em nada contra aqueles lobos. Atrás da rocha de entrada tem espadas deixadas por antigos guerreiros, alguma deve servir.  

Assenti enquanto terminava de comer e me dirigi até a entrada da caverna a procura das armas de prata, que teriam passado despercebidas se não fosse pelo pequeno brilho prateado que exibiam. As espadas estavam quase que encrustadas nas rochas, cobertas por raízes de plantas e musgo, pareciam não ser usadas a séculos. As limpei rapidamente e avaliei suas condições, nenhuma me parecia muito ideal, queria ter tido tempo de treinar com elas antes de sair para um conflito real.  

Todas pareciam muito pesadas e desconfortáveis, estava acostumada a lutar com adagas e espadas menores, aquelas pareciam gládios de cavalaria e com certeza iriam me atrapalhar. Estava desanimada enquanto limpava o musgo de uma por uma só para perceber que a arma seria inútil. Ollie me seguia com os olhos e observava todas as vezes que eu me frustrava e jogava uma das armas para o lado. Depois de muitas tentativas falhas, finalmente encontrei a espada ideal. A prata reluzia mesmo com pouca iluminação, seu punho de couro parecia ajustado exatamente para minha mão e pesava quase o mesmo que minha espada de Drákon. Sorri satisfeita pela descoberta e olhei para os outros objetos de prata tendo uma ideia.  

... 

Lupa uivou reunindo os lobos e me disse para ficar ao seu lado enquanto nos dirigíamos para o campo de batalha. Anork não parecia contente, sabia que para ele essa mudança no comando significava que ele estava perdendo poder dentro da alcateia, mas não tinha tempo para me concentrar nisso. Corremos floresta adentro até a parte mais obscura, pouco depois do limite de comando de Lupa. Senti aquele mesmo ar pesado da primeira vez, a neblina da manhã densa e fria fazendo os pelos do meu corpo se arrepiarem e tremerem de frio mesmo no clima quente. 

 Instrui ao bando que cavassem a terra para criar valas, a armadilha mais antiga do mundo e mesmo assim, ainda muito eficaz. Enquanto os lobos cavavam, eu trançava os cipós para cobrir as armadilhas tentando ignorar o desconforto que aquela parte da floresta me trazia. Gostaria de ter ferramentas mais eficientes, mas havia aprendido a usar o ambiente a meu favor. Separados por pequenos grupos, em pouco tempo conseguimos grandes buracos no chão, joguei alguns objetos de prata no fundo, cobri com os trançados e joguei folhas secas por cima. Com sorte, conseguiríamos desestabilizar muitos deles antes de se darem conta das armadilhas.  

Anork estava vigiando os horários de caça do outro grupo a um tempo e sabíamos que eles chegariam a qualquer momento. Lupa sugeriu que usássemos o ômega como isca o que eu não concordei, mas tive que admitir que seria uma boa estratégia. O lobo mais fraco não parecia muito contrariado, já estava acostumado com esse tipo de tratamento. Acabei aceitando a contragosto fazendo uma nota mental de não o deixar sozinho por muito tempo. Esperava que lobos pudessem ser bons atores e que ele se sobressaísse no papel de lobo solitário indefeso.  

Agradeci quando finalmente voltamos para nosso território e nos escondemos entre as árvores, sentindo o calor do sol me esquentar. Me senti imediatamente culpada por estar aliviada enquanto um dos nossos corria perigo do outro lado. Não nos restava fazer mais nada a não ser esperar em silêncio que o outro grupo aparecesse para caçar. Eu tentava não andar de um lado para o outro enquanto a ansiedade tomava conta de mim. Depois de alguns minutos tensos, percebi que os lobos haviam notado alguma movimentação do outro lado, segundos depois ômega uivou agoniado, senti a adrenalina e o desespero me consumir. Sai em disparada até lado obscuro para ajudá-lo, os lobos não tiveram outra escolha a não ser me seguir, correram me ultrapassando rapidamente e se lançaram no grupo de Licáon. Em pouco tempo o caos estava instaurado.  

Estávamos em desvantagem de ao menos três para um, mas a outra alcateia pareciam meio atordoada com o ataque surpresa. O atordoamento não durou muito tempo, logo as enormes feras de pelo escuro e dentes afiados se lançaram contra nós. Um deles pulou sobre mim descuidadamente e eu o cortei em pleno ar com a espada. Corri em meio ao caos até ômega que estava sendo atacado cruelmente por dois lobos, o mais fraco se debatia e uivava inutilmente para os outros. Peguei o primeiro de surpresa cravando a espada em seu torço, esperei que ele se dissolvesse em pó dourado, mas diferente dos monstros ele apenas caiu de lado com a ferida aberta sujando a espada de sangue escuro. Não tive tempo assimilar a informação antes que o outro me atacasse, senti a queimação na perna quando minha panturrilha foi mordida por ele, vendo a situação em que ômega se encontrava só consegui sentir raiva daquele animal que agora se alimentava do meu sangue. O espetei na cabeça com a espada sentindo o aperto na perna se afrouxar quando ele finalmente caiu morto aos meus pés. Não olhei para o cadáver, apenas fui até ômega ignorando a dor que sentia enquanto meu sangue empapava meu tênis.  

Ômega respirava pesado, seu peito subindo e descendo dolorosamente a cada respiração. Ele lambeu minha mão quando me aproximei e toquei a ferida em seu pescoço. Seu corpo estava todo coberto de ferimentos dolorosos, nenhum deles parecia muito sério, mas com certeza estavam doloridos. Tirei a mochila das costas pegando um pouco do unguento que havia feito. A batalha seguia as minhas costas, estávamos pouco camuflados pelas árvores e eu sabia que estava sendo imprudente em cuidar de um ferimento desse tipo em meio as lutas, mas não podia deixá-lo agonizando ali. Cobri seus ferimentos rapidamente enquanto murmurava uma oração para Apolo. Arrastei ômega o máximo possível para escondê-lo atrás da árvore e mantê-lo fora de perigo.  

-Você vai ficar bem garoto –disse a ele antes de colocar o boné e correr para a batalha.  

Algumas das armadilhas haviam sido desarmadas e era possível ouvir os uivos agoniados dos lobos tentando desesperadamente sair das valas e do contato com a prata. Tomei cuidado para não pisar em nenhuma delas e corri até Ollie que lutava com dois lobos bem maiores que ele, não estava me parecendo uma luta nada justa. Bati com o lado da espada forte o suficiente para deixá-lo inconsciente, o segundo parecia confuso por seu amigo ter caído, aparentemente, sem motivo nenhum, e Ollie aproveitou sua distração para atacar seu pescoço. Ouvi o clap nauseante do osso sendo quebrado. Dessa vez, no momento em que seu pescoço fora quebrado, cinzas cobriram o chão aos nossos pés. Ollie espirrou tentando tirar as cinzas do nariz, olhei em volta e percebi que Lupa estava cuidando para que os corpos fossem retirados -leia-se incinerados- do campo de batalha. Ela emitia uma aura poderosa que afastava os lobos de seu alcance, nenhum deles ousava atacá-la e ela não participava efetivamente de nenhum embate, mas percebi que estava gerando forças para sua alcateia.  

Ollie e eu nos separamos, correndo para ajudar aos outros que continuavam cercados. Enquanto estava invisível, conseguia matar muitos sem que notassem minha presença. Os lobos de Lupa também ficavam surpresos ao ver seu oponente virando cinzas do nada em sua frente, mas não pareciam insatisfeitos. Embora as coisas parecessem estar indo bem, ainda estávamos em uma desvantagem numérica grande, e meu grupo já estava ficando cansado e ferido. Minha perna ainda latejava dolorosamente e eu estava começando a mancar. Os outros não estavam muito melhores, a maioria exibia grandes manchas de sangue no pelo e algumas orelhas estavam cortadas. Ollie havia sumido do meu campo de visão e os lobos aparentemente já haviam percebido as armadilhas e estavam tomando cuidado para não cair em nenhuma. Tomei vantagem da invisibilidade para acertar o máximo de rivais que conseguia enquanto corria entre os lobos o mais rápido que minha perna permitia. Meu corpo havia entrado no automático, correr, desviar, atacar e recomeçar.        

Um uivo conhecido despertou minha atenção, corri até Anork que estava encurralado, sua cabeça machucada cobria seu olho esquerdo de sangue, ele mancava de uma das patas traseiras, mas não parecia disposto a desistir de lutar. Se lançou contra um deles conseguindo abocanhar o ombro do oponente, mas logo fora derrubado por um lobo que o cercava. Antes que o animal alcançasse a jugular de Anork, o acertei em um golpe rápido com a espada e ele foi reduzido a cinzas que cobriram o chão como um manto negro. Os outros lobos que cercavam Anork agora pareciam cientes de minha presença, provavelmente o sangue que escorria da minha panturrilha estava deixando muitas pegadas, a invisibilidade não estava sendo tão útil assim. Dois deles pularam em minha direção, não pareciam saber minha localização exata, por isso consegui espetá-lo com o gládio antes que me acertasse. Meu erro foi não perceber que o outro estava na direção certa. Senti suas duas patas em meus ombros, o hálito azedo invadiu minhas narinas. Minhas costas bateram dolorosamente no chão enquanto eu tentava empurrar o lobo de cima de mim.  

A espada não estava mais em minhas mãos, e como eu podia vê-las, percebi que meu boné também devia ter caído da minha cabeça. Tentei desesperadamente distanciar os enormes caninos do meu rosto, o lobo rosnava e avançava sobre mim enquanto as garras perfuravam meus ombros. Seus olhos vermelhos brilhavam de ódio. Acertei sua barriga com meu joelho, mas aquilo parecia só deixá-lo com mais raiva, a dor estava me deixando tonta e meus braços começaram a fraquejar. Soltei um grito quando seus dentes cravaram em meu ombro esquerdo, o lugar queimava como se tivesse sido mergulhado em fogo. Segundos depois um vulto passou voando por cima de minha cabeça e levou consigo o lobo que tentou me matar. Ollie havia se atirado na lateral do lobo e o jogado a alguns metros de distância de mim, os dois agora rolavam no chão enquanto se atacavam. 

 Minha visão ainda estava entorpecida pela dor, todo o meu lado esquerdo queimou quando fiz menção de me levantar, mas com muito esforço consegui ficar sentada. Peguei a espada que estava caída aos meus pés e a usei como muleta para me içar do chão. Corri até Ollie e o lobo de olhos vermelhos, tentei uma brecha para matá-lo, mas da maneira com que eles se atacavam seria impossível conseguir acertá-lo sem machucar meu amigo. Em meio a luta percebi que os dois estavam indo em direção a uma armadilha, tentei alertar Ollie sobre isso, mas fui interrompida antes de abrir a boca. Fui atacada dos dois lados e me vi em meio a uma encruzilhada, me abaixei quando um deles saltou em mim e ele acabou voando em direção a vala, os cipós cederam e ele caiu em cheio no amontoado de prata. O lobo uivou de frustação enquanto tentava sair do buraco. 

Quando o segundo atacou, deferi um golpe em suas patas. A dor me atingiu novamente quando fiz o movimento, mas não tinha tempo para prestar atenção nela. Ele conseguiu se esquivar e tentou me atacar pelo lado esquerdo, chutei seu focinho o que o fez ficar com mais raiva, quando o lobo saltou sobre mim novamente eu o transformei em cinzas. Olhei ao redor desesperadamente a procura de Ollie, mas ele não estava em lugar nenhum. Corri a sua procura entre as árvores para o interior denso da floresta, deferindo golpes em todos os lobos que não eram da minha alcateia. A cada golpe mais meu corpo queimava e latejava de dor, mas precisava encontrar Ollie, não podia perdê-lo. Perdi a noção do tempo que passei em meio a floresta matando meus oponentes, me forcei a lutar até não aguentar mais, a esse ponto esperava que não fossemos mais a minoria. Os lobos de Licaón que não estavam mortos, agora se encontravam incapacitados nas armadilhas, no entanto os que restaram ainda lutavam com unhas e dentes e não pareciam abalados por estar na desvantagem. 

Um vulto saltou de um arbusto em minha direção, desviei a tempo antes que me derrubasse. Quando virei para olhá-lo senti meu coração falhar uma batida. O mesmo lobo de olhos vermelhos me encarava agora. Meus olhos marejaram, mas eu não queria acreditar que Ollie pudesse estar morto. As lágrimas embaçaram minha visão e a raiva me consumiu, eu estava cega de ódio quando ele atacou, mas eu já estava preparada. A prata rasgou a lateral de seu corpo e ele uivou de dor. O lobo investiu em meu lado esquerdo no mesmo local onde havia me mordido, não consegui deferir o golpe antes que sua pata me acertasse, mas o cortei ao meio antes que eu atingisse o chão.  

A dor era excruciante demais, fechei os olhos impotente e devo ter desmaiado por alguns minutos. Quando acordei, tudo que escutei foi o silêncio. De alguma forma, eu sabia que havia acabado. Quando olhei para meu corpo, percebi que ele exibia um estranho brilho prateado que não havia notado antes. Virei meu pescoço para avaliar meu ombro, e quase desmaiei novamente ao perceber que meu osso estava exposto. Minha blusa estava totalmente rasgada do lado esquerdo e o sangue a cobria por completo. Enfiei a mão no bolso da calça com dificuldade e peguei o cubinho de ambrósia, aquele pedacinho não seria suficiente para curar todos os ferimentos, mas com sorte eu conseguiria ter forças para chegar ao acampamento para me recuperar. Continuei deitada encarando o céu enquanto a ambrósia agia. O sol iluminava os arredores e esquentava minha pele, provavelmente já se passava do meio dia. A floresta não parecia tão sombria mais, e a neblina densa agora era inexistente.  

Alguns minutos depois consegui forças para me sentar, uma película fina de carne nova cobria meu ombro fraturado o que nem de longe era uma cura, mas já era um começo. Minha calça havia se transformado em uma bermuda, a panturrilha exposta e alguns pequenos buracos com sangue seco por toda a perna podiam ser vistos. Me apoiei em uma árvore para me levantar e andei lentamente até o local onde a batalha acontecera. Percebi que tinha medo do que iria encontrar, medo de saber se tínhamos ganhado ou perdido e acima de tudo, de saber se Ollie estava vivo ou morto. Me arrastei até a clareira tentando adiar as informações, pela primeira vez na vida, eu não tinha curiosidade de saber o resultado de alguma coisa. Meu coração pesava uma tonelada no peito.  

O primeiro que avistei foi ômega, que balançou o rabo animado ao me ver, parecendo totalmente curado. Anork embora ainda mancasse parecia não ter nenhum outro ferimento no corpo. Percebi que a Lupa tinha seu próprio método de cura para com os lobos, sua áurea irradiava uma energia palpável mesmo a distância, percebi que os ferimentos dos outros iam se fechando à medida que ela se aproximava. Olhei ao redor rapidamente, senti minha garganta se fechar ao ver um amontoado castanho em um dos cantos. Andei mais rápido até Ollie, as lágrimas escorrendo por meu rosto. Me ajoelhei ao seu lado afagando suas orelhas.  

-Ei amigo, eu estou aqui –disse em meio as lágrimas.  

Ele me olhou da mesma maneira como sempre fez, os olhos castanho brilhantes de animação. Seu corpo estava coberto de sangue, o pelo castanho sujo e grudado. Olhei para Lupa que não parecia ter notado minha presença. 

-Ele vai ficar bem, não vai? -perguntei. 

Ela se sobressaltou ao ouvir minha voz, parecia exausta. Seu pelo antes lustroso agora estava apagado, assim como seus olhos. A Deusa me olhou parecendo surpresa e veio rapidamente até mim. 

-Eu achei que estivesse morta! Os lobos te procuraram por toda parte, quando Ollie se arrastou até aqui sozinho, achamos que você tinha morrido.  

Franzi a testa confusa e percebi que ela ainda não havia respondido minha primeira pergunta.  

-Ollie vai ficar bem?  

Lupa parecia em um estado de choque completo. 

-Ele vai ficar bem, só precisa de um tempo de descanso.  

Suspirei aliviada, um elefante parecia ter saído de minhas costas. 

-O que aconteceu? -perguntei.  

-Eu não sei muito bem, depois que Ollie desapareceu com o outro lobo pela floresta, você foi atrás dele. Eu te chamei para que voltasse, haviam muitos lobos de Licaón por lá e você estava com o ombro exposto, mas você não me ouviu. A guerra por aqui acabou a horas e você não voltou, haviam muitos feridos, não pude sair daqui. Não tive tempo de raciocinar o que aconteceu. Quando você não voltou, deduzi que estivesse morta e que os lobos haviam recuado. O que aconteceu com você?  

Contei a ela minha versão dos fatos, quando terminei ela me encarava abismada.  

-Annabeth, se o que está me dizendo é verdade, você matou quase metade do exército de Licaón sozinha...  

Abri a boca para responder, mas fui interrompida quando percebemos uma movimentação entre as árvores. Todos se voltaram para o arbusto apreensivos, nenhum de nós estava em condições de lutar. Para nossa surpresa, um cervo dourado surgiu entre eles. Seu pelo metálico reluzia como o sol e eu poderia dizer que os chifres eram de ouro puro. Um dos lobos fez menção de atacar a presa, mas Lupa o impediu antes.  

-O cervo sagrado de Ártemis -murmurei encantada com a beleza do animal.  

Uma garotinha ruiva que aparentava ter quatorze anos saiu dos arbustos atrás do cervo, as aljavas presas nas costas junto ao arco. Os lobos se curvaram em respeito, quis fazer o mesmo, mas me contorci de dor ao tentar.  

-Lady Ártemis -cumprimentei.  

-Diana, é sempre um prazer revê-la –disse a loba. 

Ártemis sorriu para Lupa e fez uma pequena reverência em cumprimento. 

-Adoraria passar mais tempo pela floresta, mas temos pouco tempo antes que meu pai sinta minha falta. Agora que estou proibida de ver minhas caçadoras minha vida anda muito monótona, mas recebi sua prece, Annabeth e resolvi ajudar. Minha primeira-tenente ficaria muito triste se perdesse a amiga. Espero que a benção tenha sido útil.  

Eu estava boquiaberta. 

-Muito obrigada lady Ártemis, não sei como agradecer... 

-Poderia retribuir entrando para as caçadoras -disse Ártemis simplesmente.  

Arregalei os olhos sentindo meu rosto corar, por sorte antes de ter que me explicar Ártemis riu. 

-Não se preocupe querida, foi uma brincadeira. Além disso, Percy é honrado, para um homem. Sinto muito, mas preciso ir, foi um prazer revê-las. E Lupa, vou abençoar essa floresta para que não falte alimento para sua alcateia. É um agradecimento por ter treinado tão bem minha futura tenente -Ártemis piscou para Lupa, que pareceu compreender.  

Lupa agradeceu e Ártemis brilhou junto ao cervo, desaparecendo em meio aos arbustos. Eu estava tão entorpecida com sua presença que havia esquecido da dar do ombro, segundos depois a queimação voltou e fiz uma careta de dor. Lupa percebeu e me encarou preocupada. 

-Desculpe Annabeth, mas não tenho mais energia para curá-la, a hora de sua partida chegou.  

Olhei para Ollie deitado em meu colo sentindo meu coração pesar. 

-Não se preocupe, ele vai ficar bem. E você é bem vinda para nos visitar quando quiser, na verdade... se quiser ficar, creio que Anork não irá se opor em deixar o posto de alfa... 

Raciocinei por um segundo sobre o que a Deusa disse. Olhei para Anork que mancava em um canto da floresta.  

-Oh, senhora é uma honra, mas terei que recusar. Preciso voltar para meus amigos, minha família... sinto falta deles. -Completei mentalmente que não poderia viver sem Percy e que provavelmente ele já estava louco de preocupação. -Além disso, Anork é um ótimo líder para o bando. 

-Eu entendo, mas saiba que sempre será da família. 

Lupa colocou uma das patas sobre a espada de prata ao meu lado e eu encarei maravilhada a lâmina enquanto uma fumaça metálica subia dela. No local onde a pata de Lupa pousara a marca de sua pegada havia ficado e era possível ver algumas escrituras em latim que não reconheci.  

-Entregue a espada para seus pretores, eles saberão o que significa. Siga até Nova Roma, filha de Atena, é hora de retornar para casa. 


Notas Finais


Espero que tenham gostado <3
A parte em que Ártemis agradece por Lupa ter treinado sua futura tenente é uma referência a TOA, quem pegou, pegou kkkkkk. Não vou dar spoiler.
Bjs e até o próximo <3


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