Praga
Por : Tabuaa & TiaCissah
São Paulo - Brasil
O som era constante, o giz batia e desenhava na lousa, no fundo da sala, vozes eram ouvidas, gritos, risadas, tudo junto em uma grande bagunça. Já era a sexta e última aula, ele não aguentava mais a algazarra, os alunos não lhe respeitavavam como professor, não lhe respeitavam como ser humano.
No meio das vozes uma testacava-se com facilidade, a voz grave do jovem fluia por todo o local, constante, sarcástica, maldosa. Luís poderia ser uma aluno normal se não tivesse uma língua tão afiada quando o assunto era o professor substituto Senhor Ferreira, ou como era conhecido pelos corredores da escola Minhocão. Senhor Ferreira sempre dava aula no lugar da professora de português Márcia, que estava licença-maternidade.
O professor era alvo de muitos alunos como Luís, porém o aluno do 2° Grau era diferente. Luís era conhecido por toda a escola, suas pegadinhas eram cruéis e poucos eram aqueles que olhavam-lhe nos olhos, seja por medo de ser o próximo alvo ou por achar o aluno desagradável. Luís era a única pessoa que tinha coragem o suficiente para chamar Senhor Ferreira de Minhocão na sua frente, e isso era de extremo desagrado.
- Ooh, o Minhocão tá nervosinho. - Debochou, algumas risadinhas foram ouvidas, o homem que escrevia na lousa segurou-se para não sair correndo dali, sair era mostrar fraqueza, sair era dar mais liberdade á eles.
- Ele não vai responder vai? Ele tá com medinho. - A voz de Luís entrava pelos ouvidos do homem, causando mais ódio, mais rancor. Aquele jovem era mais um, mais um ser humano horrível na face da Terra.
O professor largou o giz, pela escola inteira o som agonizante do sinal ecoou.
- Luís, eu quero que você fique. - A voz do homem interrompeu a conversa dos menores.
Luís, no fundo da sala chiou, os olhos escuros brilhando de puro sinismo.
Todos sairam, todos querendo saber o por quê de Senhor Ferreira chamar pela primeira vez um aluno, de maneira firme, intimidadora.
- O Minhocão ficou bravinho mesmo? - Luís riu de sua própria piada sem graça.
- Luís não seja infantil. - O mais velho ralhou, segurando fortemente um dos livros pesados de português que a escola oferecia.
- Ooh, ele tá bravinho. - Fez um biquinho tosco, a voz pingando falsidade. - Será que o bebêzinho vai chorar? - Luís aproximou-se do professor. - Vai chorar, vai?
Senhor Ferreira apertou o livro, sua mente girava em puro ódio. Tentava identificar o que mais sentia, a vontade incrível de jogar o livro no outro.Ele queria Luís morto, á sete palmos do chão. Luís era uma praga, uma praga pronta para ser extinta.Luís exalava maldade, respirava maldade, transbordava maldade. E sim, ele pensava em Luís como algo do passado, por que no futuro ele seria apenas uma lápide cinzenta.
- Minhocão, Minhocão. - O garoto continuou com o bullyng.
O livro voou pelo ar, parando somente ao acertar o rosto de Luís, um estalo longo e torturante foi ouvido e então o corpo mole do garoto caiu no chão. Cabeça virada cerca de 80° para a esquerda, olhos parados, sem vida, focados no professor.
O homem poderia dizer que não gostou, mas Luís era uma praga não era?
Oh, porque o mundo é cruel.
E num mundo cruel, pessoas são cruéis.
- Desconhecido
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