História Psycho Love II. - Segunda chance.

Justin Bieber Point Of View.

 Não sei quantos copos de bebida eu virei enquanto esperava que ela chegasse em casa. Mas sei que já é tarde o suficiente quando ouço a porta se abrir e ela aparecer.

 Sou forte para bebidas, mas a essa altura minha visão já estava meio embaçada, e quando me coloquei de pé tive que me apoiar no sofá pois pensei por um momento que iria cair.

– Então… como foi a sua noite? - pergunto, e tento ignorar o fato de que minha voz sai um pouco arrastada e embargada pela bebida.

 Selena me encara e eu faço o mesmo. Seu vestido está meio amassado, seu cabelo levemente bagunçado e a maquiagem um pouco borrada. Só de pensar no que ela estava fazendo o sangue em minhas veias ferves. Aperto o copo que seguro em minha mão e por um segundo imagino que seja a garganta de Peter entre meus dedos.

 Ele havia tocado em Selena está noite. Havia beijado-a, provado-a. Ouvido os seus doces gemidos, feito-a perder a cabeça.

 Ele havia tomado-a de mim. Minha própria mulher, de baixo do meu nariz.

– Você fede a bebida. - diz Selena, enquanto começa a andar. Ela tenta passar por mim, mas a impeço segurando em seu pulso.

 Penso em gritar com ela. Em despejar palavras de raiva e indignação ou qualquer coisa que possa machucá-la do mesmo modo em que ela estava me machucando. Mas sei que não seria justo.

 Eu também havia a machucado. Ela deveria estar me odiando tanto quanto eu me odeio agora.

 Eu respiro fundo enquanto tento controlar a leve ardência que cresce em meus olhos.

– Por que está fazendo isso comigo? - sussurro, enquanto sinto-a se soltar do meu toque. – Pare com isso, Selena.

 Ela balança a cabeça enquanto diz com certa raiva:

– Vai pro inferno.

– Selena…

– Eu não quero falar com você. - Ela me dá as costas.

 Por um momento de angustia, jogo o copo em minhas mãos cotra a parede que liga ao corredor. Ela para de andar e se vira para mim meio assustada.

 Não penso exatamente no que vou dizer. Deixo o álcool agir e apenas permito que as palavras escapem dos meus lábios com facilidade.

– Isso dói, está bem? - digo em alto tom. – Dói pra caralho o modo que você está me tratando. Como se eu não fosse nada… Como se eu não importasse mais para você. Ouvir você me despejar palavras de ódio e indiferença. Dói pra caralho. - Eu passo as mãos pelo meu rosto e tento segurar as lágrimas que querem descer pelos meus olhos enquanto caminho até ela. – Eu sei que eu errei. Sei que te traí e eu sinto muito. Está me ouvindo? Eu sinto muito. Não há nenhuma célula em meu corpo que não tenha se arrependido desse erro idiota. Não há uma parte de mim que esteja me odiando por ter feito isso com você. Você não merecia isso. Eu sei que não. Mas eu… Eu nunca quis te machucar assim. - Eu me aproximo ainda mais dela, enquanto olho em seus olhos. – Mas você… Você está fazendo isso tudo para me machucar. Está fazendo sofrer de propósito.

 Selena vacila. Eu a sinto vacilar. No entanto, tão rápido como isso acontece ela se recompõe.

– Você me machucou primeiro. O que você achou? Que eu seria o tipo de garota que iria te perdoar facilmente após ter sido traída? - Sinto sua mão sobre meu ombro e ela me empurra para longe. – Você me traiu. Beijou outras mulheres, tocou outras, transou com outras…

– Eu sei, eu sei. - a corto, pois ouvi-la dizer o meu erro em alto tom só fazia doer ainda mais. Eu respiro fundo enquanto penso no que poderia dizer para tentar corrigir essa situação. Mas o que eu poderia dizer quando palavras não eram de perto o suficiente para fazê-la me perdoar por algo tão forte? – Eu não transei com todas elas, foi apenas com uma. E eu nunca pensei nelas do mesmo jeito em que eu penso em você… - tentei começar a me explicar, mas ela me cortou rudemente.

– Eu não me importo! E porra, eu honestamente não quero ouvir as suas desculpas. Você já está errado e me traiu no momento em que olhou para outra mulher com segundas intenções e a desejou, mesmo que por um segundo. Você já estava me traindo no segundo em que pegou o seu celular e marcou um encontro com uma daquelas cópias desprezíveis… - Ela para de falar por um momento. Então soluça baixinho e tampa a sua boca com as mãos tentando controlar o choro que estava por vir. Em um reflexo de proteção eu volto a me aproximar de si para abraçá-la, mas ela me afasta com a sua mão. – Não. Não se atreva! - Ela respira fundo enquanto me olha. Todas as partes do meu corpo querem apenas puxá-la para os meus braços e aninhá-la. Dizer que eu a amo e que eu me arrependo profundamente do que eu fiz. – Você me machucou e agora eu estou apenas retribuindo o favor. - murmura ela.

– Nós estamos destruindo um ao outro desse jeito… - digo baixo.

– Talvez só sejamos isso mesmo um para o outro. Um poço profundo de destruição e dor.

– Não… - eu me aproximo dela, e dessa vez a deixo contra a parede, impedindo-a de fugir de mim e impedindo que a mesma me afaste. – Você sabe que isso é mentira. Nós fomos muito bons um para o outro. Você me salvou de diversas maneiras e eu salvei você. Nós nos amamos, Selena.

 Ela abaixa o olhar quando uma lágrima escorre por seus olhos.

– Eu não amo você. Eu amo o Peter.

 Eu pude sentir a vacilação em suas palavras. Pude sentir a mentira dita nelas. A dor.

– Não, você não o ama.

– Eu o amo sim.

 Encosto minha mão em seu queixo e o simples toque em contato com a sua pele me faz desejar por mais disso. Eu ergo o seu rosto fazendo olhá-la para mim. Tudo o que seu olhar transmite é angustia.

– Você não o ama como me ama. - murmuro, e dentro de mim torço para que Selena nunca posa enxergar Peter novamente como o único cara que a faz feliz e que a protege. Quero continuar no coração dela para sempre. Como o único que ela ama. O único em que ela pensa. O único que pode verdadeiramente lhe trazer felicidade. – Não tente se convencer do contrário, pois você sabe que é mentira.

– Não, não, não… - ela começou a murmurar enquanto voltava a olhar para baixo. – Eu não te amo mais. Eu não posso.

– Não diga isso, por favor. - imploro. A simples menção de Selena dizer que não me amava, mesmo sendo mentira, fazia meu coração doer de uma forma inexplicável. Eu não queria perdê-la. Agora sabia disso mais do que nunca. Não iria suportar essa ideia. Mas pior do que a ideia de perdê-la, era a ideia dela me odiar e me trocar por outra pessoa. Eu volto a segurar em seu rosto e faço com que ela me olhe. Não me importo com as lágrimas que descem de meus olhos. Não me importo com mais nada. – Você me ama do mesmo jeito que eu te amo. E acredite em mim quando eu digo o quão arrependido eu estou por ter errado com você. Mas eu… Eu não consigo viver sem você. Eu não consigo sequer respirar sem você. Eu já perdi tantas coisas em minha vida, não posso perder você também… Se houver alguma coisa que eu possa fazer para reparar isso tudo, me diga. Eu farei. Sou capaz de fazer tudo por você, Selena. Eu iria até o céu e o inferno por você… - Eu acaricio sua bochecha enquanto vejo-a chorar em minha frente. – Só me diga o que eu preciso fazer. Por favor.

– Justin… - ela sussurra o meu nome com pesar enquanto chora baixinho. – Eu não posso.

– Sim, você pode. - murmuro, e beijo sua testa com ternura enquanto as lágrimas escapam de meus olhos com a possibilidade de eu realmente ter estragado tudo de vez entre nós. – Você pode me perdoar babe, eu sei que pode. Por favor, apenas tente. Tente me perdoar. - Eu passo a distribuir beijos por toda a sua face calmamente. Porem, quando chego perto de seus lábios eu vacilo. A respiração de Selena pausa por um momento.

 Penso no quanto eu tenho saudades de beijá-la e no quão bom isso seria, mas também tenho medo de ela me rejeitar. Ela já me rejeitava tanto e cada vez doía mais do que a anterior. No entanto, sinto Selena me tocar. É um toque leve, quase imperceptível, mas ela leva uma de suas mãos para a barra de minha camiseta a aperta-a entre seus dedos. Com isso, eu tomo coragem o suficiente para colar meus lábios aos seus e beijá-la.

 Ela me concede a passagem após alguns segundos de hesitação.

 Não sei como poderia descrever o momento. A parte em mim que ainda estava com medo de ser rejeitado, se aliviou quando eu a senti retribuir o beijo. Uma pequena chama de esperança se acendeu em meu peito, me dizendo, gritando que eu ainda poderia a ter de volta. Eu tomo seu rosto em minhas mãos, acariciando suas bochechas enquanto a beijo calmamente e permito que todo o mínimo requisito de esperança me preencha. Selena toca em minhas costas timidamente entre o beijo e para a minha surpresa, ela não o corta. Ela está apenas aqui, me beijando como se ainda me quisesse, mas estivesse relutante em me perdoar.

 Eu sussurro que a amo entre o beijo. Sussurro isso uma, duas, quatro vezes, querendo que ela acredite e confie nessas palavras com todo o seu ser. Eu nunca iria mentir quanto a isso. Eu a amava tanto que morreria por ela.

 Em algum momento, o ar estava se fazendo necessário. Foi Selena quem cortou o beijo, mas não me afastou de si. Eu colei nossas testas enquanto por alguns segundos apenas ouvíamos a respiração do outro. Continuei acariciando o seu rosto e a sussurrar que a amava. Eu abri os meus olhos, mas ela continuava de olhos fechados. Seus lábios tremiam levemente e ali eu soube que ela já estava se sentindo arrependida por ter me beijado.

– Selena… Olhe para mim. - sussurro. – Doce, olhe para mim.

 Ela abre os olhos, mas não olha para mim. Olha para baixo, como se estivesse envergonhada e com raiva de si mesma pelo o que fez.

 Eu precisava saber. Precisava que ela me dissesse se iria tentar me perdoar. Se existia realmente uma chance para que nós voltássemos a ficar juntos novamente.

 Ela pareceu ler os meus pensamentos quando me empurrou um pouco para longe e murmurou:

– Eu não posso fazer isso.

 Ela se desvencilha de mim e caminha rapidamente para longe. A próxima coisa que ouço é a porta do quarto sendo batida.

"Você tem que ir e ficar com raiva de toda a minha honestidade
Você sabe que eu tento, mas não sou bom com desculpas
Espero que eu não fique sem tempo, alguém pode convocar um referendo
Porque eu só preciso de mais uma chance de ser perdoado

Eu sei que você sabe que eu cometi aqueles erros, talvez uma ou duas vezes
Quando digo uma ou duas, quero dizer talvez umas cem vezes
Então me deixe, me deixe me redimir esta noite
Porque eu só preciso de mais uma chance de ter uma segunda chance".

Sorry - Justin Bieber.