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História Psycho Lunatic - Good intentions are not enough


Escrita por: juusynner

Notas do Autor


OI GENTEE,
Volteiiii finalmente! E voltei DE FEERIAS, a melhor parte de todas.
Então agora nada de atrasar mais.

MAS GENTE, tenho uma coisa muito importante para falar nas notas finais então leiam lá.
Espero que gostem desse capítulo,
Boa leitura!

Capítulo 10 - Good intentions are not enough


“Good intentions are not enough”

I Am - Hands Like Houses

(Boas intenções não são o suficiente)

 

POV: Brian

Far Too Young To Die - Panic! At the Disco

“I’ve never so adored you

I’m twisting allegories now”

(“Eu nunca te amei tanto

Estou tecendo alegorias agora”)

 

Uma semana se passou desde que voltamos da turnê e tudo corria bem. Eu me encontrava na academia, tentando acertar o aparador que meu instrutor segurava para mim. Eu sentia o suor escorrendo por meu corpo e, mesmo já livre da minha camiseta, o calor me sufocava. Michelle me esperava em casa para almoçarmos com os caras, mas, como eu me comprometera em treinar Muay Thai todos os dias e, tentar, parar de beber, lá estava eu: dando socos e chutes. 

O treinador me liberou, me cumprimentando de maneira amigável, para depois se afastar. Eu fui até o vestiário, esperando não encontrar ninguém que me conhecesse, já que a aula particular era exatamente para evitar aquilo. Peguei uma toalha da academia e passei por meu corpo, tentando tirar o máximo de suor que pudesse, já que só tomaria banho quando chegasse em casa.

Olhei rapidamente meu celular, lendo uma mensagem de Michelle, que pedia para que eu avisasse quando estivesse voltando. Respondi uma mensagem curta, teclando rapidamente e dizendo que chegaria em dez minutos. Sorri quando ela me respondeu com um coração. Minha relação com minha esposa estava muito melhor e eu me sentia feliz. Durante toda aquela semana, ficamos bem e não brigamos uma única vez, apesar de Michelle ter me questionado sobre uns vídeos vazados nas redes sociais. Eles mostravam uma garota entrando e saindo do hotel, que, apesar de não aparecer seu rosto direito, eu tinha certeza de que era Jenny. Porém, quando ela me mostrou, tentei disfarçar uma expressão de indiferença e disse que ela deveria ser uma hóspede, mas não tinha qualquer relação com a banda. 

Aqueles vídeos me deixaram tenso durante um tempo, pois eu sabia que Valary reconheceria Jenny e, depois de menos de um dia, ela veio tirar satisfações comigo. Estávamos em casa e Matt ajudava Michelle a lavar a louça do jantar, quando ela se aproximou discretamente. 

— Como aquela garota que, supostamente, você dispensou a noite, estava saindo do hotel só pela manhã? — Questionou ela, com os olhos furiosos me encarando. 

— Eu não tenho a menor ideia. — Menti — Eu juro que a dispensei e não falei mais com ela, nem sabia que ela tinha ficado. 

Minha cunhada aceitou minha resposta, mas não pareceu muito convencida, apesar de não ter tocado mais naquele assunto. Já Michelle nem se preocupara com os vídeos e fingira que nada havia acontecido. Eu, por outro lado, tinha relembrado minha senha da rede social, daquela conta que eu nem me preocupava em usar e ficava entrando de tempos em tempos, só para ver os dois vídeos. Um, em que ela se aproximava tímida do segurança na porta, usando aquela roupa colada em seu corpo, que já me deixava maluco e o outro, em que, de cabeça baixa, Jenny se afastava em passos ritmados e decididos. 

Eu decidi parar de fazer aquilo e deletar o aplicativo, quando Michelle quase me pegara admirando a tela do celular. Porém, consegui disfarçar e fingir que nada tinha acontecido. Depois disso, decidi que iria seguir em frente, apesar de não conseguir tirar o bilhete dela da minha cabeça e, eventualmente, lê-lo novamente quando eu tinha certeza de que minha esposa não me veria. 

O modo que encontrei de seguir em frente, foi realmente pensar sobre o assunto e, depois de muita reflexão, do porque talvez Jenny me afetava tanto, cheguei à uma conclusão. Era óbvio que a única razão por ela ainda não ter saído de minha mente, era porque não tínhamos transado e eu ainda a desejava. Afinal, ela era brasileira e aquela bunda, definitivamente, seria difícil de esquecer, ou seja, talvez eu só me satisfizesse e conseguisse parar de pensar nela quando, e se, fizéssemos sexo. 

A partir do momento que percebi que aquilo apenas se tratava de um desejo físico, foi fácil parar de pensar nela e traçar um plano. Eu a procuraria no show em Milão e, se a encontrasse, faria de tudo para conseguir comê-la, se ela não estivesse lá, eu a esqueceria para sempre. Se tudo desse certo, todas aquelas fantasias e aqueles sonhos com ela parariam e, eu jurara para mim mesmo, que seria minha última traição.  Porque, era claro, nada daquilo era justo com Michelle.

Me troquei e sai da academia com a cabeça abaixada, sendo bem sucedido em não ser reconhecido pelas pessoas que estavam na academia. Entrei no carro rapidamente e dei a partida, sentindo meu estômago roncar de fome e minha garganta implorar por alguma bebida.

 

“Give me one last kiss while we’re far too young to die”

(“Me dê um último beijo enquanto estamos muito novos para morrer”)

 

Quando Michelle e eu entramos no restaurante em que meus amigos estavam, sentando em uma mesa conversando animadamente, não pude deixar de me lembrar do dia em que voltamos de viagem. Nossas esposas tinham combinado de sair e Zacky foi até a minha casa, me chamar para sairmos também. Encontramos Johnny e Matt naquele mesmo restaurante e passamos lá a tarde toda, conversando e bebendo.

Michelle, Val, Lacey e Meaghan chegaram, já estava quase anoitecendo e assim que se aproximaram, vi que Zacky trocou um olhar estranho com a esposa. Enquanto as outras três se sentaram na mesa conosco, Michelle se esticando para me beijar, vi que meu amigo se levantou e ficou ao lado de Meaghan. Assim que todos se cumprimentaram, ele pigarreou e disse, um pouco envergonhado:

— Temos uma notícia para vocês. Já sabemos à algum tempo, mas achamos melhor esperar a turnê acabar para contar… — meu amigo se interrompeu e olhou para a companheira, esperando que ela continuasse.

— Acho melhor todos se prepararem… — começou a dizer ela, do seu jeito tímido, mas olhando nos olhos do meu amigo — Porque essa família vai crescer um pouco mais. 

— Não acredito! Zachary está grávido? Eu percebi que ele estava um pouco mais barrigudo. — Disse Johnny, fazendo todos rirem, menos Zacky, que deu um soco no braço do amigo. 

Depois disso, todos se levantaram para cumprimentar o casal e parabenizar pelo filho que viria. Percebi que Michelle estava quieta e depois, quando a questionei sobre isso, ela dissera que já sabia da notícia, então não era exatamente uma surpresa. Me questionei se aquilo era realmente verdade, já que Val devia saber também e aquilo não diminuíra a sua empolgação, mas não continuei com o assunto. 

Uma semana depois, chegando no restaurante, a mudança que aquela notícia trouxera era notável: Meaghan estava com um copo de água na sua frente, ao invés de cerveja ou vinho; quando ela levantara para nos cumprimentar, inconscientemente colocara a mão na barriga, apesar de ainda não ter nenhuma diferença física e o assunto daquele almoço fora, basicamente, a gravidez e o bebê que estava a caminho.

Depois de cumprimentar à todos, me sentei ao lado de Zacky e Michelle em minha frente. Valary e Meaghan conversavam e eu percebi certa hesitação de minha cunhada em continuar com o assunto.

—O que você acha que o River e o Cash vão achar da notícia? — Perguntou Meaghan. 

— Ah, vão adorar! — Valary respondeu, olhando os filhos que brincavam em uma mesa só para eles e arrastavam carrinhos de brinquedo para todos os lados. 

Matt riu e disse:

— Por que não contamos agora? — Quando Zacky concordou, ele disse mais alto: — Ei, River, Cash, venham aqui! 

Os dois se levantaram e, parecendo muito bravos de ter que parar com a brincadeira, se aproximaram do pai.

— Adivinha quem vai ganhar um primo? — Perguntou Val, sorrindo para os filhos e passando a mão na cabeça do mais novo.

— O Cash? — Perguntou Cash, apontando para si mesmo.

— Vocês dois! — Respondeu o pai.

River fez uma expressão entediada e revirou os olhos, provavelmente muito irritado por ter parado a brincadeira por aquele motivo, então disse, antes de virar as costas:

— Quero que seja menino. Ai ele joga videogame com a gente.

Quando os dois irmãos começaram a se afastar, Matt riu, jogando a cabeça para trás e colocando a mão na barriga, como sempre fazia, segurando a mão da esposa. 

— Você sabe que meninas também jogam videogame, não é? — Perguntou ele, recebendo uma resposta indiferente do filho:

— Mas então só pode ser menina se gostar de jogar. 

Todos na mesa deram risada, enquanto Valary revirava os olhos. Ainda rindo, Michelle esticou a mão e eu a segurei com a minha, apertando delicadamente e me perguntando se ouvir aquela conversa era tão difícil para ela quanto era para mim. 

 

“I’ve got to have you closer now

Endless romantic stories

You never could control me”

(“Eu preciso ter você perto agora

Infinitas histórias românticas 

Você nunca poderia me controlar”)

 

A conversa não mudou muito depois daquilo. Michelle se mexeu desconfortável diversas vezes em sua cadeira e eu esperava que ninguém tivesse percebido, principalmente quando o assunto se virou contra nós. 

— Eu só quero saber quem vai contribuir comigo e com Zacky pra aumentar essa família — Disse Matt, depositando o seu copo de cerveja. 

Johnny e Lacey se entreolharam e deram risadas, para depois meu amigo responder:

— Eu já to dando conta disso. 

Todos riram quando ele deu uma piscadela para a esposa e Lacey, corando como um pimentão, respondeu com um tapa em seu braço. 

— Não fala assim, Johnny…

— E vocês dois? — Perguntou Meaghan olhando para mim e Michelle. 

Automaticamente senti Zacky ficar tenso ao meu lado e percebi que Valary e Matt prenderam a respiração olhando para nós. Meu amigo provavelmente não contara para a esposa o que acontecera e ela não devia ter visto o vídeo, graças a eficiência de Matt para tirar do ar.

Notei que ela ainda esperava uma resposta e, olhando para Michelle, respondi, tentando parecer calmo:

— Estamos pensando ainda… Mas não acho que estamos prontos. 

— Já sei o que isso quer dizer! — Disse Johnny, tentando animar um pouco a conversa — Qual é a graça de transar escondido embaixo do cobertor?

Lacey deu outro tapa no marido, enquanto eu respondia, rindo de alívio:

— Michelle e eu ainda temos muito o que aproveitar do sexo barulhento e de porta aberta. 

Dessa vez fui eu que recebi um tapa, razoavelmente merecido, enquanto todos os outros gargalhavam. 

— Zacky! — Gritou Johnny — O que vocês estão fazendo aqui parados? Leve Meaghan para casa e aproveitem os poucos meses que tem! 

Meaghan corou, e Zacky deu risada, ambos ficando tímidos com a brincadeira de Johnny. 

— Sexo de porta aberta… — Me pergunto o que é isso. — Comentou Valary, arrancando uma gargalhando generalizada. 

Depois do almoço, Matt chamou todos para continuarem a conversar e beber na casa deles, então fomos até lá, nos reunindo na sala de estar. Os meninos foram para a sala de televisão, jogar videogame, as mulheres ficaram sentadas no sofá e meus amigos se reuniram no bar, se servindo de whisky. Apesar de sentir minha garganta implorar, recusei quando Matt me ofereceu a bebida e aquilo pareceu deixá-lo satisfeito. 

Johnny e Matt voltaram para o lado de suas respectivas esposas e, antes que eu fosse também, Zacky segurou meu braço. O olhei com curiosidade, querendo saber porque ele me segurara daquela maneira, até que ele perguntou com o tom de voz baixo:

— Tá tudo bem com você?

— Tá, cara. Já disse que estamos bem. — Respondi, soltando meu braço de seu aperto.

— Eu percebi, cara. Eu só queria confirmar… Você e Michelle parecem bem e você deu uma pausa na bebida.

A afirmação do meu amigo tinha mais um caráter de pergunta, por isso eu respondi:

— Sim, estamos bem e eu não bebo desde que voltei da turnê. — Aquela era uma mentira absurda, principalmente porque no dia anterior, aproveitando que Michelle saíra com a irmã, eu comprara algumas garrafas de bebida e provavelmente o meu exagero fora responsável pela dor de cabeça que tive quando acordei. O que eu aprendera era a esconder as garrafas, tanto vazias quanto cheias, de minha esposa, beber sempre quando ela estava fora e ter certeza de que meu hálito não cheiraria à álcool quando ela voltasse. — E eu e Michelle… Bom, você viu a prova de que estamos bem espalhada pelo chão da minha casa na semana passada.

Zacky riu e me deu dois tapinhas nas costas, se aproximando do grupo para ouvir a conversa. Eu, aliviado, segui meu amigo. Me sentei ao Michelle, passando o braços por seus ombros, enquanto ela contava alguma história. Não conseguia ouvir o que ela dizia, porque tudo que eu conseguia enxergar era aquela garrafa de whisky que Matt colocara em cima da mesa. A única coisa que eu queria era quebrar na parede aquele copo de água que eu segurava e pegar a bebida. Eu queria abrir a tampa e virar em minha boca, sem me preocupar em colocar em um copo. Eu queria sentir a bebida queimando minha boca e minha garganta, finalmente trazendo o alivio que eu precisava. 

Eu já tentara entender porque eu sentia tanto a necessidade de beber e a verdade era que o álcool me ajudava a esquecer. Esquecer que o meu relacionamento com Michelle já estava morto, que o que estávamos fazendo naquela semana era apenas viver uma mentira. A confiança dela em mim já não existia e eu mesmo não tinha tanta certeza se podia confiar nela. Também me fazia esquecer de Jenny, aquele fantasma que voltava para mim nas piores horas possíveis, por mais que eu tivesse aceitado que tudo não passava de um desejo físico.

Jenny, para mim, passou a ser um marco de mudança. Eu iria beber e tentar aguentar até a turnê da Europa, depois transar com ela e esquecer que ela jamais existiu: aquela seria minha última traição. Eu recomeçaria com Michelle, me tornaria o pai dos seus filhos, pararia com a bebida, faria tudo aquilo, mas apenas depois de Jenny. O único problema que eu teria que lidar seriam os sonhos, mas depois de tantas noites sonhando com aquela garota, eu já praticamente me acostumara.

— Não é, amor? — Percebi que Michelle falava comigo e, surpreso, eu respondi rapidamente, para que ninguém percebesse que eu não prestava atenção:

— Claro, minha mulher é foda!

Todos riram e Michelle revirou os olhos, continuando a história sobre o dia que uma mulher arranjou confusão com ela no posto de gasolina. Apesar de ter relaxado, por milagrosamente ter feito um comentário pertinente, continuei atento à garrafa de whisky praticamente brilhando ao meu alcance. 

 

“I want to complicate you

Don’t let me do this to myself”

(“Eu quero te complicar

Não me deixe fazer isso comigo”)

 

Michelle abriu as gavetas da cozinha fazendo barulho. Apoiado no balcão pelo lado de fora, eu via minha esposa se movimentar pelo ambiente, primeiro alcançando uma taça, depois procurando um saca-rolhas. 

— Está na terceira gaveta do lado da pia. — Eu disse depois de um tempo. 

— E você só me diz agora? 

— Estava engraçado ver você. — comentei, sorrindo e arrancando um sorriso dos seus lábios, ao mesmo tempo que ela revirava os olhos. 

— Você não tem jeito mesmo. — Ela disse, enquanto abria a garrafa, sem qualquer dificuldade e servia o vinho na taça. Ela deu a volta pelo balcão, parando ao meu lado e apoiando o copo. Sua mão caminhou por minha perna e, depois de dar um gole, ela perguntou: — Vai querer um pouco?

Com muita dificuldade, neguei com a cabeça, segurando a sua mão para parar com as carícias: seria impossível ter um diálogo normal com ela fazendo aquilo. 

— Você diz que eu não tenho jeito… — eu disse lentamente — Mas é um crime eu gostar de ver minha esposa?

— É um crime você se divertir às minhas custas.

Eu dei risada e a puxei para minha direção, ao mesmo tempo que ela deixava a taça no balcão e passava os dois braços por meu pescoço.

— E o que você vai fazer sobre esse meliante que riu de você? — Perguntei da maneira mais sensual que pude, descendo lentamente minha mão para pegar sua bunda. 

— Eu vou proibir o meliante de me tocar desse jeito. — Ela disse, se afastando de mim e alcançando a taça novamente. 

Eu suspirei, demonstrando o meu desapontamento.

— Sabe… — começou ela — Talvez você tenha jeito sim. 

— O que quer dizer? — Perguntei, franzindo a minha sobrancelha.

— Quero dizer que você estava exagerando na bebida, mas hoje não encostou em uma gota de whisky, enquanto todos beberam um monte e recusou agora, quando te ofereci. — Disse ela, me olhando com um sorriso fraco em seus lábios — Não tenho visto você beber sozinho como fazia antes e também não tenho visto garrafas vazias por ai. Na verdade, não tenho visto nem cheias. 

— Joguei pelo ralo a última. — Eu disse, o que não era exatamente mentira, apesar do estoque que eu mantinha no meu armário, entre minhas roupas. 

Michelle se aproximou de mim de novo e depositou um beijo macio em meus lábios. O gosto suave de vinho me atingiu, mas eu consegui manter a compostura. 

— Eu te amo, Brian. — Ela disse simplesmente. 

Dessa vez, eu tirei a taça de sua mão e, segurando seus cabelos, a beijei. Apesar de ter correspondido e me beijado por algum tempo, Michelle se afastou e continuou dizendo:

— Eu ainda não acabei… Eu queria pedir desculpas para você. Por tudo o que eu já disse sobre você, principalmente por dizer que você seria um pai ruim. 

— Você não precisa pedir desculpas.

— Preciso! Preciso sim. Porque estou tão errada quanto você aqui e o almoço de hoje me fez perceber… A única coisa que eu quero é ficar bem com você. 

— Eu também, Mich. — Respondi, passando algumas mechas do seu cabelo entre meus dedos.

— E… O almoço, Zacky e Meaghan… Eles me fizeram perceber uma outra coisa. Eu sei que esse assunto é um pouco delicado. Muito delicado, na verdade. Mas acho que estamos prontos… Acho que eu estou pronta. — Ela disse, também segurando meus cabelos e fazendo uma pausa no que falava, para depois continuar: — Você quer um filho comigo, Brian Haner?

— Claro que eu quero. — Eu disse sorrindo, apesar de saber que aquele era mais um sorriso triste do que feliz, já que aquela conversa trazia à tona tantas lembranças ruins. 

Porém, Michelle não pareceu ter percebido, porque sorriu, de modo que todo o seu rosto ficou iluminado por sua alegria. Minha esposa me abraçou, apoiando sua cabeça em meu peito, enquanto fazia carinho em meus cabelos. E eu, ao mesmo tempo que beijava sua testa, pensava se aquela não era a nossa última chance de tentar salvar aquele casamento. 

 

“Fixation or psychosis?

Devoted to neurosis now”

(“Fixação ou psicose?

Devoto à neurose agora”)

 

POV: Jenny

 

Simple Pleasures - Jake Bugg

“You’ve been huntin’ round for treasure

Find it all in the simple pleasures”

(“Você tem caçado por ai um tesouro

Encontra-os nos prazeres simples”)

 

O meu celular tocou exatamente no momento que comecei a passar o meu batom. Deixando meus lábios pintados de vermelho pela metade, comecei a revirar meus lençóis, procurando pelo maldito aparelho.

— Alô? — Eu disse ofegante, quando finalmente encontrei o telefone.

— Jenny, sou eu. — Era Felipe. — Estou chegando ai na sua casa…

— Tudo bem! Vou descer então. 

Desligamos depois do diálogo curto e eu corri para encontrar a minha sandália. Era impressionante como eu conseguia deixar o meu quarto bagunçado, em menos de cinco minutos e demorava horas para arrumá-lo.  Coloquei os sapatos e sai correndo de casa, entrando no elevador apressada. Quando me olhei no espelho, para dar uma última checada, lembrei que não terminara de passar o batom e finalizei ali mesmo.

Eu sai para a rua, arrumando a minha saia e imediatamente avistei o carro preto de Felipe. Abri a porta e entrei dizendo:

— Desculpa a demora… Por alguma razão os meus sapatos sempre se perdem pela casa.

— Fica tranquila, acabei de chegar. E eu sei porque você sempre perde os seus sapatos.

— Por que? — Perguntei intrigada.

— Porque você tem uma tonelada deles e nem cabem direito no seu armário. Eu vi no dia que dormi lá. 

— Tonto. — Respondi, sem me defender, afinal, ele tinha razão.

Ele riu, dando partida no carro e ligando o rádio. Reconheci a música imediatamente e congelei: aquela era a primeira vez que eu ouvia Avenged Sevenfold desde o show. 

— Gosta dessa? — Perguntou ele.

— Crossroads é uma das minhas preferidas. 

— Sério? — Ele olhou de lado para mim, ainda atento à rua e sorrindo: — Então vou aumentar o volume. 

Ele girou o botão do rádio e a voz do Matt preencheu todo o pequeno ambiente, assim como o instrumental destruidor. Quando o refrão começou a tocar, abri a minha janela e cantei, com o vento batendo em meus cabelos. 

 

“I don’t understand this life you lead

Tryna be somebody else

Tryna be the ones who help”

(“Eu não entendo essa vida que você leva

Tentando ser outra pessoa

Tentando ser aquele que ajuda”) 

 

Sorri, quando a lembrança daquele momento me atingiu, enquanto eu arrumava a casa alguns dias depois. Aquele jantar fora incrível e Felipe e eu nos divertimos muito. Éramos uma dupla muito boa de conversa, o assunto nunca acabava e sempre tínhamos alguma novidade para compartilhar. Aquele relacionamento, apesar de eu não permitir que ele viesse em casa e nem eu na casa dele, estava dando certo e, sem contar alguns beijos esporádicos, éramos mais amigos que namorados. 

A verdade era que eu não queria começar outro namoro, sem nem ao menos ter superado o anterior, o que aquele dia que eu reencontrara Luis me provara. Então eu não permitia que Felipe se aproximasse e ele apoiava minha decisão, continuando ao meu lado, apesar de nada acontecer. Além disso, é claro, a viagem para a Itália não saia da minha mente e, com certeza, me impedia de avançar a minha relação com ele. Entretanto, aquilo poderia mudar em pouco tempo, porque, com a economia do jeito que estava e com o meu pequeno salário, eu não conseguia sair para comer sempre, então um dia fui obrigada a chamá-lo para jantar em minha casa. 

Felipe chegou exatamente 8 da noite, o horário marcado e, felizmente, eu já tinha preparado tudo. Todo o meu apartamento estava arrumado e limpo, uma lasanha gratinava no forno e uma vela tremeluzia no centro da mesa de jantar arrumada. Ele entrou quando eu dei passagem e depositou um beijo em meus lábios, era raro que nos cumprimentássemos assim, mas, talvez o fato de eu ter convidado para a minha casa, tenha aberto algumas possibilidades. 

— Tudo bem? — Perguntei fechando a porta atrás dele. 

— Tudo ótimo! E que cheiro maravilhoso. — Ele comentou, se sentando no sofá sem que eu precisasse convidá-lo. 

Apesar de sermos reservados em relação ao relacionamento, agíamos como se nos conhecêssemos à anos, provavelmente porque aquele incidente com meu ex-namorado e da noite em que passamos juntos, enquanto eu chorava e ele tentava me acalmar, instantaneamente nos tornou íntimos um do outro. 

Jantamos a lasanha e, em meio à suspiros de satisfação, Felipe elogiava a minha comida, brigando comigo por ter escondido aquele talento dele. 

— Uma das únicas coisas que ser fazer é lasanha. — Me defendi — E se jantarmos lasanha todos os dias, vamos acabar virando duas baleias. 

Felipe riu e me fez prometer que eu iria tentar cozinhar mais alguns pratos. Depois do jantar, nos sentamos no sofá e ligamos o playstation para jogar um pouco de Call of Duty. Tanto eu quanto ele éramos viciados naquele jogo, assim como em jogos de corrida, então alternamos entre os dois durante a noite toda. Quando eram duas da manhã, Felipe olhou o relógio sobressaltado e disse:

— Acho melhor eu voltar para casa, está muito tarde.

Eu me aproximei dele, deixando o controle do videogame no braço do sofá e perguntei, olhando em seus olhos:

— Você não quer dormir aqui? Está divertido. A gente pode fazer isso a noite toda.

Felipe sorriu e depois pegou meu rosto entre as mãos, me beijando com desejo. Imediatamente eu me arrependi de ter feito aquela pergunta, mas não o afastei. Eu nunca iria me perdoar se não correspondesse aquele beijo, não depois do quanto ele me ajudara, então o beijei com a mesma intensidade, segurando seu cabelo com uma das mãos. Antes que eu pudesse impedir, Felipe me puxou para o seu colo, segurando minha bunda, mas sem interromper o nosso contato. 

Em alguns minutos estávamos em minha cama, nos despindo completamente e prontos para reviver aquela primeira noite juntos. E, assim como na manhã seguinte àquele dia, eu me arrependeria quando acordasse totalmente nua, em meio aos seus braços.  

 

“Maybe it’s all a big mistake

And you live on all you take”

(“Talvez seja tudo um grande erro

E você vive em tudo o que você leva”) 

 

Me mexi vagarosamente, tentando não acordar Felipe, mas não fui bem sucedida, uma vez que os seus olhos se abriram, assim que eu levantei. 

— Bom dia. — Ele disse sorrindo — Ia fugir de mim?

— Como eu ia fugir de você se esse é meu apartamento? — Eu respondi em um tom zombeteiro, fazendo ele rir. 

Deitei ao lado dele de novo e, quando Felipe se movimentou para uma investida, eu me afastei delicadamente, me sentando ao seu lado. 

— Fe… Eu… — Comecei a dizer, segurando sua mão — Eu não posso fazer isso. E-eu não quero qualquer relacionamento agora. Principalmente com menos de um mês para a viagem… Eu não quero te prender a mim. 

“E também não quero me prender à você.” Completei em pensamento, com a mente automaticamente viajando até Brian.

— Jenny… — ele disse suspirando, enquanto se ajeitava na cama para ficar na minha frente — Você não vai me prender. A gente tem que aproveitar o tempo que temos juntos agora e depois resolvemos tudo quando você voltar. É simples, você não precisa esquentar a cabeça com isso. 

— É injusto com você, Fe. — Eu disse — Eu vou ficar seis meses lá e…

— Não importa! — Ele me interrompeu e eu percebi que o sorriso sumira do seu rosto. — Eu gosto de você e quero seu bem, só isso! Nunca disse que a gente precisava de exclusividade, que nem eu nem você podíamos ficar com outras pessoas… Só quero aproveitar enquanto a gente pode. 

— Você pode encontrar uma menina que esteja disposta a se entregar pra você. Alguém que você realmente mereça. — Eu disse, soltando a minha mão da sua. — Eu não estou, Felipe. Eu… Eu não sei se consigo me entregar para alguém de novo, não depois de Luis. 

— E é exatamente por isso que você precisa de mim por perto! — Respondeu ele, se aproximando — Você precisa de um amigo, Jenny. E se conhecer algum italiano gatinho, eu prometo que não vou ficar magoado. 

Eu suspirei, balançando minha cabeça e tentando conter as lágrimas. 

— Você não existe, Fe. — Eu disse — Você é a melhor pessoa que já cruzou a minha vida. 

— Eu tento. — Ele respondeu, me embalando nos braços, depois dizendo animado: — O que vamos fazer hoje, então? 

— Ficar em casa? — Eu perguntei desanimada.

— Não mesmo! — Ele falou, me empurrando da cama — Tira essa bunda preguiçosa daqui e vai se trocar. Nós vamos sair. 

Eu comecei a rir, enquanto caminhava até o meu armário, tentando pensar em uma roupa para usar. Escolhendo um vestido  preto e leve, pensei no quanto Felipe era bom para mim, mesmo que eu não merecesse. Decidi esquecer aquilo por algum tempo e tentar me divertir, sem pensar no fato de que eu estava morrendo de medo de me envolver e de que eu não queria sentir nenhuma culpa na Itália se, ou quando, encontrasse Brian novamente. 

Como eu era idiota por ainda ter esperanças com aquilo. 

 

“How on earth can I complain?

How in hell can I be safe

From his sudden fear of change 

This sudden fear is strange”

(“Como eu posso reclamar?

Como eu posso estar segura

Deste medo repentino de mudança?

Este medo repentino é estranho”) 


Notas Finais


E ai gente, o que acharam???

O que eu queria comentar que PUTA QUE PARIU fiquei em choque. NA SEMANA QUE EU VOU POSTAR ESSE CAPITULO, TODO SOBRE GRAVIDEZ NO POV DO BRIAN E TAL DESCOBRIMOS QUE MICHELLE TA GRAVIDA. AI JESUS, é aquele ditado né? A vida imita a arte. Hahaha juro que fiquei em choque e precisava compartilhar isso com vocês, que coincidencia né?

Enfimmmmm, espero que tenham gostado!
Comentem muito e eu vejo vocês no próximo.
Beijooos,
Juuuu.


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