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História Pupila - O que é dipirona?


Escrita por: bmt5hh e camilacinica

Notas do Autor


OLÁ FILHAS DA PUTA

COMO ESTAMOS NESTA TARDE DE SÁBADO?

ESPERO QUE VOCÊS ESTEJAM DANDO E NÃO LENDO FANFIC NO WATTPAD

ESTAMOS NÓS AQUI, COMO PROMETIDO, NO SÁBADO, PARA POSTARMOS MAIS UM CAPÍTULO DA NOSSA FILHA

ANTES DE MAIS NADA EU QUERIA DIZER QUE NÓS ESTAMOS MUUUUUUUITO FELIZ COM O RETORNO QUE A HISTÓRIA TEVE NO PRIMEIRO CAPÍTULO, FORAM MUITOS COMENTARIOS, MUITOS FAVS E ISSO É INCRÍVEL, VOCÊS SÃO MARAVILHOSOS, ME BEIJEM (sim, só a mim porque a bruna é antipática e tem medo de germes)

EU GOSTARIA QUE VOCÊS SE PREPARASSEM, ABRISSEM BEM AS PERNAS E

BRINCADEIRA

PREPAREM-SE PARA RIR

BOA LEITURA PORRAAAAA

Capítulo 2 - O que é dipirona?


O dia seguinte veio sem muitas novidades para Camila, mesmo tendo um pouco de dificuldade para pegar no sono, desistiu da batalha contra sua mente confusa logo após deitar-se e cair no sono rapidamente.

No dia seguinte, acordou com barulhos na cozinha e algumas vozes, uma distinguiu ser Ana Júlia e a outra era cedo demais para ao menos tentar identificar com certeza. Suspirou colocando o braço por cima dos olhos deixando as costas afundarem no emaranhado de cobertas.

Apesar de não estar cansada, sentia seu corpo pedindo para que não arredasse o pé da cama e era ali mesmo que queria ficar, pensar na noite passada era algo confuso, se lembrava de absolutamente tudo e isso era um de seus maiores problemas, somado com os sentimentos que achou que iriam embora ou que seriam somente efeitos do álcool ainda estavam ali.

Não precisou de muito para que sua primeira memoria fosse Lauren, sorrindo educada e divertida como sempre, estava começado ficar irritada em como a mulher havia simplesmente invadido seus pensamentos e decidido ficar. Conseguia visualizar com perfeição a forma com que seu nariz enrugava ao rir, o som de sua gargalhava, o tom calmo de sua voz e até do singelo toque em seus ombros e o pior de todos, o aperto torturante em sua cintura.

- Droga. – Murmurou negando. – Camila, já chega. – Bufou se levantando de uma vez só, ficando brevemente tonta encarando quatro havaianas no chão. Quando sentiu-se segura, caminhou até o banheiro fazendo sua higiene matinal com certa pressa, quanto mais rápido achasse outras atividades, menos pensamentos teria sobre a outra mulher.

Tocou de roupa rapidamente se encarando no espelho por alguns minutos antes de decidir que estava apresentável o suficiente para quem quer que fosse em sua cozinha junto a sua filha, que pareciam estar derrubando todas as panelas no chão. Tocou a maçaneta respirando fundo antes de abri-la, o corredor estava vazio e as vozes ficaram mais evidentes.

- Isso vai dar certo, é a receita da minha avó. – Chegou ao portal da cozinha a tempo de ver a menina enfiando um grande tabuleiro no forno. Ao seu lado estava Pedro segurando uma grande vasilha cheia de massa homogênea branca e conferindo a temperatura no forno, e para sua surpresa, sentado no balcão conferindo algo no celular estava Tiago.

- É uma reunião de família e não me acordaram? – Disse chamando a atenção dos três, sorriu abrindo os braços quando a filha caminhou ate onde estava lhe abraçando forte. Beijou seus cabelos fazendo um breve carinho em sua bochecha.

- É porque você é chata. – Tiago piscou se levantando, foi até Pedro e apertou sua mão cumprimentando rapidamente. – Ô mocinha, fica esperta, não esquece a data de pagar o balé. – O homem abraçou carinhosamente a menina.

- Obrigada, tio.

- Já disse que se esquecer de novo vou tirar da mesada. – Avisou abraçando o homem rapidamente se despedindo. Tiago agia como um segundo pai para Ana, o carinho entre eles era inegável e mesmo depois de separado de sua mãe, fez questão de continuar ajudando com os compromissos que havia assumido antes mesmo Camila dizendo que não era necessário, nas horas vagas adorava dançar e achava o máximo que a menina compartilhasse dessa paixão.

- O dinheiro do inglês e do balé esta na chaleira. Tchau pra vocês. – Camila sorriu acenando antes da porta ser fechada e então caminhou até Pedro, esse que coçava a barba distraído lendo a embalagem de um produto alimentício.

- Mãe, estamos fazendo biscoitos. – Disse orgulhosa apontando de forma teatral para o forno.

- Não sei se vai dar certo não, acho que esquecemos alguma coisa. – Seu pai comentou abraçando Camila lhe desejando bom dia.

- Juju sempre esquece de untar a forma. – Disse acendendo a luz do forno conferindo o interior.

- Mas eu fiz, mãe. – Parou ao seu lado observando as pequenas bolinhas ainda para serem desfeitas. – Como a vovó me ensinou.

- Então... – Rendeu com as mãos sorrindo para a menina.

- Bom, eu vou indo. – Pedro disse pegando as chaves do carro. – Estou cheio de trabalhos para corrigir, só vim deixar a Juju.

- Toma café. – Camila disse já a cafeteira após colocar a água para ferver.

- Isso pai, fica mais um pouquinho. – A menina sorriu abraçando sua cintura de forma manhosa, fazendo com que os dois adultos rissem divertidos, principalmente quando Pedro a levantou pela cintura e começou uma serie de cócegas em suas costelas.

Camila apenas parou o que estava fazendo para observá-los, a risada de sua filha sempre havia sido o ponto alto de seu dia, vê-la feliz e saudável sendo bagunceira como era não tinha preço. Às vezes se pegava pensado em como havia sido difícil terminar a faculdade, estudar para concurso e participar de sua infância no mesmo período, talvez fizesse algumas coisas em ordens diferentes, mas nem mesmo conseguia cogitar um mundo onde não tivesse a menina para atazanar sua vida todos os dias.

Deixou os dois brincando e voltou a sua tarefa de preparar o café, seu corpo estava pedindo por uma disse daquela bebida amarga, sentia que somente assim iria começar a entrar nos eixos. 

- Isa falou que você saiu ontem com minha dinda. – Camila quase deixou a garrafa cair ao ser lembrava abruptamente da noite longa que teve.

- Se saiu com a Demi eu tenho até medo de perguntar onde ela te levou. – Pedro brincou abrindo a geladeira e pegando algumas coisas para ajuda-las com a arrumação da mesa. Camila somente fechou os olhos controlando a respiração por alguns segundos antes de se virar com um sorriso genérico nos lábios.

- Vocês nem imaginam.

- Onde vocês foram? - Ana Júlia perguntou curiosa.

- Fomos a um bar LGBT+. - Camila respondeu, despejando água quente no coador. - Foi bem maneiro lá.

- E o que tinha lá?

- Como assim o que tinha lá?

- O que você viu?

- Gays. - Falou divertida, evitando de qualquer maneira o assunto de quem mais estava lá e de ter que reviver o seu desespero por causa de Lauren.

- Tipo... Dançando? - Ana Júlia parecia confusa e Camila arregalou os olhos, desesperada pra negar. Pedro ria.

- Não, garota, não, de onde você tirou isso? Não era uma boate, só um bar.

- Aí, queria ter idade pra ir. - Camila levantou as sobrancelhas, divertida.

- Pode deixar que quando você tiver idade pra ir, mamãe te leva. – Disse divertida.

- Era só o que me faltava! A ideia é ir sem você. - Camila olhou para Pedro.

- Isso é culpa sua. Fica deixando ela fazer o que quer na sua casa e depois ela fica querendo se livrar de mim. - Ana Júlia gargalhou.

Pedro era muito tranquilo, não gostava de dar bronca na filha, no máximo, quando precisava, sentava e conversava com ela. Ana Júlia não era uma adolescente insuportável, ela, obviamente era jovem e tinha tendência a fazer coisas que jovens fazem e eventualmente fazia alguma besteira ou desobedecia a um dos dois, mas era raro. Ela era uma menina muito tranquila de conviver.

Camila podia ser mais esquentada ou sair do sério quando Ana fazia alguma coisa que não devia, mas, no geral, ela não precisava chegar a esse ponto, então elas tinham uma relação muito boa.

- Minha? - Pedro levantou as mãos, como se quisesse mostrar que não oferecia perigo a ninguém. - Eu não tenho culpa se você criou uma rebelde. - Todos caíram na risada.

- Mas então, foi só minhas dindas ou foi alguém mais?

- Ih, a mãe aqui sou eu! - Camila riu. - Que menina fofoqueira.

- Se tá escondendo é porque foi alguém interessante, né? - Camila quase engasgou com a saliva.

- Cala essa boca, Pedro. - Ela começou a despejar café nas canecas. - Você é ridículo. Foram dois amigos das suas dindas.

- Quem?

- Lauren e Joseph. Mais alguma coisa? - Ana sorriu.

- Não, tô satisfeita. - Camila revirou os olhos e começou a servir os dois.

- Mãe eu tenho um pedido. – A menina colocou a xicara na mesa e Camila assentiu quanto passava um pouco de geleia em sua torrada. – Semana que vem, é aniversário da Vic, eu posso ir?

- E é festa? – Questionou prestando atenção do que a filha dizia. Sempre, mesmo enquanto estava ocupada demais ou atolada de serviço, procurava dar total atenção quando Ana Julia falava ou conversavam, odiava quando era de sua idade e as pessoas não lhe davam créditos. Também achava que era uma forma de se comunicar melhor, uma vez que estava entrando na adolescência de fato.

- Então... – A menina coçou a nuca rindo, deixando-a intrigada com a bomba que jogaria. – Vai ser meio que no sitio do avô dela.

- Eu disse que só deixaria se você deixasse, aliás, conhece a família deles. – Pedro disse encarando a Camila.

- Essa é a filha da Marilene? – Perguntou tentando-se lembrar de quem estavam falando. Os olhos castanhos da menina se arregalaram enquanto assentia, como se estivesse desesperada para a mãe lhe deixar ir.

- Isso, essa! Nós vamos no sábado de manhã e voltar no domingo de tarde. – Explicou. – Somente eu e mais cinco amigas, não é bem uma festa, festa. Por favor... – Juntou as mãos em frente ao rosto com o olhar de cachorrinho perdido. – Nós estamos combinando tem um tempão e a Isa também vai.

- Isso se a sua dinda deixar. – Brincou.

- Ela deixou, sério. – Camila vincou as sobrancelhas. - Mãããe... - Choramingou.

- Vou conversar com a Marilene amanhã e te dou minha resposta, tudo bem? – A menina sorriu assentindo, voltando ao seu café enquanto cantarolava alguma coisa.

Camila quase engasgou com o café quando lembrou-se do fato de que Lauren havia lhe chamado para sair dali uma semana e onde todos provavelmente iriam, logo se não quisesse ficar em casa mais uma noite com a companhia da televisão, teria que aceitar ir ao tal evento, esse que nem sabia do que se tratava.

Acordou pra vida com o balançar da mesa quando a mais nova se levantou correndo para conferir os biscoitos no forno. Suspirou colocando a xícara de volta na mesa antes de levar a ponta dos dedos ate a sobrancelha e arrastar ali, sua testa estava vincada e um semblante preocupado.

- Tudo bem? – Pulou de susto quando Pedro tocou seu braço, estava a sua frente lhe encarando curioso. – Camila?

- Oi. – Limpou a garganta balançando a cabeça de leve para espantar qualquer pensamento que não deveria naquele momento.

- Perguntei se esta tudo bem. – Ele disse com um pouco de graça dando mais uma golada no café. – Parece meio aérea e cansada.

- Estou cansada. – Confessou, omitindo o motivo de sua exaustão mental e completa falta de senso da noite anterior. – Estamos com volumes grandes na Prefeitura, cheio de problemas com a mudança das ruas no centro.

- Quer merda que ficou aquilo, hein?! – Assentiu, quase sorrindo pelo fato do homem ter mudado de assunto e assim permanecido. – Não entra na minha cabeça que alguém pense que isso irá melhorar alguma coisa.

- Não é? – Assentiu voltando a encarar seu café brevemente.

O café transcorreu sem mais delongas, conversavam amenidades enquanto comiam os biscoitos que a filha havia preparado mesmo com o pouco talento culinário que havia herdado da mãe e da avó. Quando Pedro foi embora já era próximo a hora do almoço, ainda estavam cheias e decidiram que lanchariam mais para tarde.

Aproveitaram o dia de folga e viram filmes, assistiram séries e conversaram sobre escola, trabalho, amigos e vida, hidrataram a pele e também discutiram mais uma vez a pauta Ana Julia ganhar um cachorrinho, esse que Camila estava certa que não aconteceriam devido ao pouco espaço que tinham onde moravam. Não era minúsculo, mas não o suficiente para que um filhote se desenvolvesse da forma adequada.

Camila adorava os momentos que tinha com a filha, mal se viam durante a semana, a menina era cheia de cursos e passava o dia praticamente inteiro na escola, e ela era atarefada demais no trabalho. A menina reclamava todos os dias que a mãe não mudava a rota para seu trabalho somente para deixar na porta da escola todos os dias, capricho que Tiago havia deixado para trás e estava custando para tirar, vez ou outra esbravejava em nome do ex-marido.

Quando a noite caiu, a mais velha sentou-se sozinha no sofá para conferir a agenda do dia seguinte, a filha estava no quarto conversando com algumas amigas pelo computador, e por tal motivo se permitiu dar atenção ao celular que tinha sido deixado de lado desde que acordou.

Tinha duas chamadas perdidas de sua mãe e uma mensagem pedindo para não esquecer de pegar as sandálias no sapateiro e o alicate no amolador ao lado do seu trabalho e então três mensagens de Demi. Uma era o panfleto do evento do fim de semana que vem, mostravam as atrações e preços e a segunda que ela não poderia deixar de ir.

Camila coçou a cabeça, pensando seriamente em inventar qualquer desculpa e não ir. Não sabia como iria reagir na frente de Lauren e não queria passar pelo desespero que passou na noite passada, embora outra parte dela estivesse quase doida para ver a mulher novamente e fazer as pazes com seu corpo, entendendo, finalmente o que era tudo aquilo.

Por fim, se deu por vencida. Sabia que não iria ficar em paz se não fosse e não iria ficar em paz se fosse. Das duas uma, se era para ela ter sua sanidade mental tirada de si, pelo menos ela iria fazer isso bebendo. E muito.

C: Eu vou. – respondeu após desistir de lutar conta si mesma. – que horas encontro vocês?

D: umas 20h

C: ok

Mordeu o lábio quando algo veio a sua mente. Pensou em largar o celular de lado e ir cuidar de sua vida, mas desistiu quando percebeu que aquilo poderia ajudá-la a entender o que estava acontecendo dentro de si. Ela queria ver Lauren novamente, mas não da maneira que foi na noite anterior e sabia que, se fosse no barzinho que iriam, tudo iria se repetir. A música alta, a bebida e a sua necessidade incontrolável de tocar um ponto específico do seu corpo - ou ser tocada. Ela precisava saber como era perto de Lauren estando sóbria.

C: onde a Lauren trabalha? – perguntou para Demi, na mensagem, rezando para que ela não estranhasse ou fizesse alguma pergunta. Camila não fazia a menor ideia de que Demi gargalhou quando viu a mensagem e saiu correndo para mostrar a Normani, o que provocou grandes risadas e piadas sobre a heterossexualidade da amiga indo por água abaixo.

D: naquela farmácia grande que tem na tijuca

C: qual?

Camila perguntou de volta, abrindo o Google no computador e ficando pronta para jogar o nome do estabelecimento e pegar seu endereço.

D: na Venâncio! Aquela que tem até uma área separada onde vendem cafés e etc. Na conde de bonfim.

Camila não demorou nem dois cliques para achar o endereço do local, onde ela calculou a rota de seu trabalho para lá. Não devia demorar mais que vinte minutos de carro para chegar lá e ela tinha certeza de que não estava tão ocupada assim no dia seguinte que não pudesse lhe fazer uma visitinha, usando a desculpa de que queria tirar umas dúvidas sobre umas coisas.

C: obrigada

D: por qur voce vai numa farmácia tão longe sendo que tem 78 mil onde você mora?

C: eu não disse que vou! So fiquei curiosa por causa de algo que ela disse

D: sei

C: vai arrumar o que fazer, demi

D: ta cheio de coisa pra fazer aqui, Normani já já vai fazer escândalo porque não lavei a louca

C: viu? Agora vai e me esquece

Camila iria largar o celular de lado, mas viu que Joseph Jonas lhe enviou uma solicitação de amizade no Facebook e @joejonas começou a segui-la no Instagram. Em sua cabeça doentia, ela iria entrar nas redes sociais do homem e achar alguma foto com Lauren para ver suas redes sociais, mas o pensamento mal passou pela sua cabeça e Lauren Jauregui havia lhe enviado uma solicitação de amizade também e @laurenjauregui estava a seguindo no Instagram. Respirou fundo, pronta para fazer o maior stalker da sua vida, mas não teve nem oportunidade de clicar na notificação para ver sua foto de perfil antes que Ana Júlia aparecesse na sala, exigindo sua atenção naquele minuto porque ela não estava conseguindo acessar alguma coisa no portal do aluno na escola.

- Quero que a senhorita faça uma planilha com todas as coisas que precisa pagar e as datas, eu disse sério mais cedo sobre retirar da sua mesada. – Disse ao se sentar na beirada da cama da filha, essa que assentiu ajeitando o travesseiro arrumando-se para deitar. – Mas o que é de boleto do seu pai manda pra ele, não sou telemarketing pra ficar de cobrança não.

- Você comprou aquele livro pra mim? – Perguntou mudando de assunto. Camila sorriu beijando sua testa e fazendo um breve carinho em seus cabelos, amava coloca-la para dormir, mania que tinha desde que era criança.

- No seu aniversário você irá descobrir. – Fez um pequeno mistério abraçando a mesma e rindo baixinho com a bufada impaciente.

- Falta um mês. – Murmurou.

- Viu? Se comprei da tempo de chegar e se não, tempo de pensar em comprar. – Piscou beijando mais uma vez sua testa e ganhando um beijo na bochecha. – Dorme com Deus, tenha uma boa noite e eu te amo. – Sorriu encarando os olhos castanhos brilhantes, contornou as pintinhas ao redor de seus olhos, sempre admirava seu maior amor do mundo.

- Também te amo mãe. Boa noite. – Se levantou pouco tempo depois, arrumou suas cobertas e apagou a luz antes de encostar a porta.

- Coloca esse trem pra despertar. – Apontou para o celular carregando na mesinha, Ana Julia apenas fez um sinal de positivo com a mão e fechou os olhos. A mais velha sorriu rumando para seu quarto, já estava tudo organizando para o dia seguinte, sua roupa na cadeira, sapatos, a bolsa pronta e a papelada que já fazia parte da decoração de seu quarto.

Apagou a luz depois de abrir somente um pouco a cortina, amava o ventinho da noite que entrava enquanto estava entre as cobertas, não era sempre que o clima estava agradável no Rio então aproveitava até o ultimo minuto. Deitou a cabeça no travesseiro soltando um suspiro audível, fechou os olhos como se realmente estivesse com sono para dormir rapidamente, revirou de um lado para o outro, ajeitou travesseiros, desdobrou cobertas e por fim, quase meia hora depois, se deu pro vencida. 

Pegou o celular no móvel ao lado da cama e voltou a abri-lo, ainda estava na pagina do instagram de Lauren, engoliu em seco aceitando rapidamente sua solicitação logo sentindo-se frustrada por ser um perfil privado. Bufou se conformando que precisaria esperar até que ela visse e aceitasse, portanto, julgando pela hora avançada, iria demorar um pouco.

Se contentou em ir até o Facebook e começar a stalkear, passou pelas publicações, se surpreendendo um pouco, Lauren parecia ser super descolada e engraçada, tinha muito de politica, mas eram colocações e posicionamentos concisos ao mesmo tempo que tinha muitas piadas, coisas engraçadas e marcações de amigos em varias de suas saídas.

Logo seguiu para as fotos, muitas fotos de amigos em festas, baladas, bares, era literalmente uma pessoa da noite e sociável, seu oposto em muitos aspectos. Estava sempre bem arrumada e bonita, seu estilo era algo social misturado com esporte, deixava seu jeito único de se vestir maravilhoso e super confortável, no entanto, o ponto alto de seu charme eram seus óculos de haste finas.

Vincou a testa confusa ao se pegar conferindo detalhadamente a forma com que segurava a taça de vinho sobre a mesa, ao lado estava Demi sorridente e mais alguns amigos, mas não prestou atenção. Sua mão era algo que definitivamente havia chamado muito atenção, se fechasse os olhos por alguns segundos ainda poderia sentir o toque seguro em sua cintura e os delicados em seus braços e joelho.

- Foco Camila, foco. – Murmurou trocando a foto. Abriu um sorriso ao ver Lauren segurando um bebezinho no colo todo de roupinha branca e Joseph ao lado de roupa social clara, assim como o vestido da morena, parecia mais uma foto em família. Correu os olhos para a legenda e descobriu ser a sobrinha de Joseph em seu batizado tendo Lauren e o homem como padrinhos. – Ela é fofa. – Murmurou mudando de foto.

No entanto, o sono não lhe permitiu se atentar em todos os detalhes, caiu no sono minutos depois. Sentiu-se uma velha ao acordar de madruga com o celular quase na cara, apensar colocou para carregar e voltou a descansar.

Na manhã seguinte, acordou pouco atrasada e mal teve tempo de pegar o telefone, se vestiu rapidamente ajeitando o cabelo e guardando as coisas antes de sair e deixar Ana Júlia no ponto de ônibus, mesmo enfezada querendo que a levasse até a escola.

- Filha, você tem cartão de integração. – Disse da janela, vendo a menina cruzar os braços brava, deu um sorriso. – Vai ser feliz.

- Isso não é engraçado, mãe. – Mas nem ela conseguiu não rir.

- Boa aula, te amo. – Mandou um beijou já dando partida.

- Bom trabalho, te amo.

E então partiu para a Prefeitura, quase teve uma crise nervosa ao chegar e ver que sua assistente havia simplesmente esquecido e enviar vários informativos importantes, estava uma bagunça naquela manhã e até esqueceu do seu grande plano de dar uma volta ao mundo e ir à farmácia, ou pelo menos até sair para almoçar e passar na porta de uma.

Foi almoçar lá pelas quatro horas da tarde, quando teve um tempinho de comer um sanduíche que pediu no Subway e uma lata de Del Valle pra ajudar o sanduíche a descer. Continuou trabalhando até às sete horas da noite, quando finalmente acabou tudo o que tinha que fazer e foi para o seu carro, se sentindo um caco de tão cansada.

Tirou o celular da bolsa, ainda no estacionamento, conferindo se estava tudo ok. Havia mensagens de diversos grupos, da sua filha, de Pedro e de alguns outros amigos. Respondeu somente Ana Júlia, vendo as notificações de outros aplicativos. Postou um stories no carro dizendo "eu não aguento mais trabalhar” com muitos emojis do lado da frase. Estava quase guardando o seu celular quando viu que alguém tinha respondido o seu story e que era Lauren. Seu coração começou a palpitar dentro do peito, sua garganta ficou seca e as mãos suavam levemente enquanto ela abria a notificação para respondê-la.

@laurenjauregui: nem me fala! Tá foda aqui, não sai até agora! Socorro

Camila apenas curtiu a mensagem e largou o celular de lado, decidida. Não era possível que ela havia ficado presa no trabalho o dia inteiro, não fazia ideia do horário de trabalho de Lauren e de repente ela lhe mandasse uma mensagem que dizia que ela ainda estava na farmácia. Aquilo só podia ser um sinal divino para que ela cumprisse seu plano inicial e fosse até o local para entender, de uma vez por todas, porque é que a outra lhe causava aquele nervoso.

Partiu em direção a Tijuca, sem remoer muito a ideia, pois sabia que iria desistir. Aquela hora não havia muito trânsito, pois o horário do rush já havia passado, então foi tranquilo estacionar em uma das ruas pequenas que ficavam pela Tijuca para que ela pudesse ir até a drogaria. Não desceu do veículo sem antes dar uma ajeitada nós cabelos e retocar um pouco de rímel, porque ela não precisava mostrar o quão cansada ela estava, ainda que havia postado um stories só sobre isso.

Caminhou um pouco antes de chegar na farmácia, que era muito bem organizada. Na frente, como Demi disse, havia um espaço com algumas mesas e uma vitrine onde vendiam salgados, bolos e bebidas como chá, café, sucos e refrigerante. Mais para o fundo, após os caixas, havia uma grande área onde ficavam dispostas fraldas, itens de perfumaria, xaropes, dermo cosméticos e paralelo a tudo isso havia um enorme balcão onde alguns atendentes andavam para lá e para cá pegando os pedidos dos remédios dos clientes e entregando os mesmos em uma bolsinha que tinha o logotipo da farmácia e um cartão com um número, provavelmente para que eles pudessem ganhar comissão. Entrou observando tudo com atenção e, após escanear o local, percebeu que Lauren não estava em canto algum. Provavelmente deveria ficar numa sala, lá dentro, até que fosse solicitada, porque Camila imaginava que um farmacêutico, além de tirar dúvidas de idosos que tinham perguntas sobre suas medicações, tinha muitas coisas a fazer por serem responsáveis pela loja.

Chegou perto do balcão e logo foi atendida por uma jovem simpática, que abriu um sorriso e se aproximou.

- Boa noite! Em que posso ajudar? - Camila sorriu amarelo, não sabia como iria perguntar aquilo ou se era permitido que alguém chamasse a mulher.

- Boa noite. Eu gostaria de falar com a farmacêutica, por favor? - Pediu de forma educada.

- A senhora tem alguma dúvida? Porque pode me perguntar e, se for o caso, eu passo para ela vir lhe ajudar. - Camila maneou com a cabeça, quase desistindo.

- Não! Eu só quero falar com ela mesmo.

- Vou chamá-la. Um momento. - A menina sumiu pela porta que ficava no fim daquele corredor ínfimo de remédios que se instalava atrás do balcão e não demorou nem dois minutos para que Lauren irrompesse pela porta.

Ela estava toda de branco, com o cabelo preso em um coque e havia um jaleco que tinha o símbolo da farmácia na qual ela estava. Camila sentiu o coração disparar ao vê-la em uma luz tão clara e diferente do bar onde haviam se encontrado. Era possível ver cada detalhe perfeito de seu rosto, parecia que tudo havia chamado a sua atenção naquele dia estava amplificado.

Lauren ajeitou os óculos no rosto e a atendente apontou para Camila. Depois que a expressão de surpresa em seu rosto de amenizou, ela abriu um sorriso enorme. E seu nariz e olhos se enrugavam de forma adorável enquanto seu rosto dava lugar aquela expressão de felicidade.

- Camila! - Exclamou, se aproximando dela no balcão. - Tudo bem?

Lauren falava enquanto alcançava uma pequena porta do outro lado do balcão e saía de lá, podendo, assim, dar-lhe um abraço.

Camila apenas estava percebendo que toda a gentileza que Lauren demonstrou no bar com Demi, Normani, Joseph, com ela mesma e com os garçons e qualquer outra pessoa com a qual ela interagiu era algo muito genuíno. Lauren era uma pessoal gentil, tinha um sorriso lindo e uma voz tão gostosa que dava vontade de ouvi-la falar para sempre. No bar, por conta da música alta, ela estava quase gritando o tempo todo, mas o silêncio que fazia aqui permitia que ela falasse com um tom normal e sua voz parecia ainda mais rouca, talvez por já ser noite e ela estar cansada.

Camila retribuiu o abraço envolvendo seus ombros da forma menos desajeitada que ela conseguiu, dado o quanto seu corpo estava reagindo pelo toque suave, mas firme, de Lauren em sua cintura. Seu abraço era bem caloroso, assim como Lauren em si.

- Oi, tudo bem sim! - Respondeu após alguns segundos, se sentindo inútil por não ter respondido antes. - Espero não estar atrapalhando!

- Que isso, eu queria mesmo uma desculpa pra fugir daquele computador. - Lauren se afastou por completo e tirou os óculos, esfregando seus olhos em seguida. Não tornou a coloca-los e olhou diretamente para Camila, a fazendo ficar a ponto de morrer ali mesmo.

Ela não tinha reparado no dia do bar porque estava escuro e ela usava óculos. Havia visto nas fotos do Facebook, mas ela também estava de óculos na maioria e nas que não estava, não viu nada fora do normal. Lauren era bonita independente da cor dos olhos, pois suas sobrancelhas grossas, nariz perfeitamente alinhado e lábios rosados davam um toque único ao seu rosto. Mas aqueles olhos...

Visto pessoalmente, eles eram de um verde bem profundo, pareciam que estavam cientes de cada detalhe do ambiente em volta de si e que, quando te encaravam, você não conseguia desviar devido tamanho magnetismo.

Não que se Lauren tivesse os olhos castanhos, Camila achasse que fosse conseguir parar de encará-los da mesma maneira.

- Você nunca atrapalha, que isso! Eu estou feliz de te ver! - Disse, abrindo mais um sorriso. Aquela mulher era um doce, meu deus.

- Que bom! Fico feliz com isso! - Camila coçou a nuca.

- O que te traz aqui?

- Eu... A Ana Júlia está com umas dores de cabeça meio chatas e eu queria um remédio! Então pensei em vir aqui te perguntar por que você é uma pessoa que eu conheço e não vai dar qualquer coisa pra minha filha. Sou muito cuidadosa com essas coisas. - Lauren assentiu, seu olhar escaneando os remédios atrás do balcão. Camila achava que havia arrumado uma desculpa muito aceitável para estar ali e ficou orgulhosa de si mesma.

- Entendi. Ela tá acostumada a tomar algum remédio? - Perguntou seria, analisando Camila.

- Não, ela quase não fica doente. Apenas toma constantemente uns remédios pra alergia, mas raramente sente dor de cabeça.

- Ela tem alergia a algum remédio?

- Não, não tem.

- Bom, então eu recomendo que seja dipirona mesmo. Aí se não melhorar eu recomendo que você leve ela no médico, pois não é bom ficar se auto medicando, ainda mais quando o remédio não faz efeito. - Camila assentiu e limpou os lábios, procurando o que responder, já que a solução veio tão rápido. Quando finalmente falou, se sentiu burra, mas não teve volta atrás.

- O que é dipirona?

Lauren parou o que fazia e encarou Camila com a boca levemente aberta e as sobrancelhas arqueadas, a deixando ainda mais envergonhada por ter sido tão burra ao ponto de ter feito tal pergunta. Já a mulher limpou a garganta retornando sua postura, dando continuidade a tarefa anterior, não era todo mundo que precisava saber todos os remédios, mesmo que dipirona fosse um dos mais comuns.

- Bom, dipirona é um remédio usado para dor, é fraco ao mesmo tempo que é certeiro. – Camila assentiu como se estivesse tendo a explicação da sua vida, no fundo só queria esquecer a perguntar e se afogar na imensidão verdes tão próxima de si. Via que estava explicando, apontando para a caixinha, mas não conseguiu realmente escutar.

- Hum... – Limpou a garganta retomando a atenção somente quando viu que seu rosto estava parado e provavelmente deveria dizer alguma coisa. – Eu não conheço muito dessas coisas, os remédios dela são específicos demais.

- Tudo bem. – Sorriu tocando seu cotovelo da mesma forma com que se recordava, os dedos gentis e macios. – Digo, essa é minha função não é? – Brincou sinalizando para umas das atendentes. – Se todo mundo soubesse todos os remédios eu estaria com problemas.

- É. – Sorriu voltando a ficar em silencio observando como ela era ainda mais bonita concentrada enquanto falava alguma coisa com muitos nomes difíceis para a outra mulher. Suas sobrancelhas se uniam durante a leitura e seus olhos inquietos dilatavam rapidamente, um mais que o outro, reparou alguns traços mostardas nas íris em vários tons de verdes e se perguntou como uma pessoa poderia ter beleza em todos os aspectos.

- Você parece cansada. – Chamou sua atenção fazendo a pior coisa que podia, tocando novamente seu braço sobre o balcão de vidro. O que acabou deixando Camila super nervosa, se atrapalhou e deixou o celular cair junto com a carteira e por fim esbarrou no remédio sobre o balcão e o derrubou também. – Deus... – Murmuro se abaixando rapidamente para juntar tudo, Lauren apenas mordeu o lábio inferior prendendo a risada, já havia notado como a mulher era muito atrapalhada.

E talvez esse fosse um dos maiores receios de Camila, Lauren achar que era desastrada ou descuidada, quando no fundo tinha um senso de controle e direção impecável, era raro quando alguma coisa assim acontecia. Não teve como não entender o sinal claro de seu corpo, era demais para ignorar de uma só vez e ela começa a se conformar com o fato.

- Tudo bem? – Lauren perguntou quando se levantou entregando o remédio após ajuda-la.

- Sim, sim. – Assentiu rapidamente sorrindo. – É a exaustão.

- Eu entendo. – Sorriu encostando-se ao seu lado, suspirou antes de fechar os olhos e deixar com que sua cabeça caísse para trás soltando quase um gemido baixo de cansaço. Camila arregalou os olhos piscando diversas vezes se obrigando a desviar a atenção daquela mulher perfeita, seu queixo pontudo e o pescoço claro com alguns fios de cabelo era uma perdição, chegou a morder automaticamente o lábio inferior. – Não vejo a hora de ir pra casa e descansar.

- Ih... – Riu baixinho mordendo a língua pela brincadeira que iria fazer, primeiro que ia ser invasivo, uma vez que ainda não eram amigas naquele nível e segundo que iria soar muito... irônico e ciumento?

- O que? – Lauren riu lhe encarando por trás dos óculos. Negou abrindo a carteira retirando o cartão de lá. – Ah, não, me fala. – Delicadamente segurou em seu braço sacudindo de leve, fazendo a morena deixar o cartão cair no balcão.

- Ia falar que alguém pode ficar insatisfeita se você chegar cansada assim. – Respondeu para tentar desviar a atenção de que mal estava conseguindo raciocinar com o perfume de Lauren inebriando seus pulmões. Já Lauren achou engraçado e riu negando, lhe soltando e enfiando a mão no bolso do jaleco.

- Quem dera. – Negou fixando um sorriso bonito nos lábio. – Minha listagem é dormir, dormir e dormir mais um pouco.

- Preciso de férias. – Declarou, tentando manter ao menos uma conversa decente com a outra.

- Precisa de uma vitamina. – Apontou para o outro lado do corredor, um pote branco com adesivos coloridos. – Eu tomo, é muito boa.

- Ah, não, eu não gosto dessas coisas. – Negou.

- É natural. – Explicou. – Olha, de acordo com o tempo, nos começamos a ter certas deficiências no organismo, mesmo com alimentação regrada e essas coisas...

- Está me chamando de velha, Lauren Jauregui? – Camila nunca se sentiu tão bem em sua vida quanto naquele momento, e o único motivo foi que conseguiu responder Lauren com normalidade e em uma brincadeira e o melhor, fazê-la rir.

- Não, estou te chamando de sem energia e vitaminas. – Piscou se desencostando a caminhando ate onde o vidro estava, pegou um e voltou. – Nós precisamos repor o que falta, esse é totalmente orgânico e aposto que você irá sentir uma diferença enorme. – A mulher suspirou olhando o vidro e começando a pensar com a cabeça por alguns instantes, realmente parecia algo interessante e que poderia lhe ajudar.

Sentia-se muito cansada, mesmo dormindo dentro do horário, às vezes acordava ainda mais cansada e sonolenta, já não tinha tanto animo pra sair ou fazer atividades que costumava e gostava, talvez Lauren estivesse certa.

- Eu faço um desconto pra você.

- Me convenceu antes do desconto, mas agora eu quero. – Lauren sorriu mais uma vez antes de voltar para dentro do balcão e chamar novamente a atendente.

- A senhora aceita um café? – A moça educada perguntou enquanto fazia sua notinha. Lauren estava distraída com o remédio que Camila iria comprar, não viu a mesma chamando sua atenção, não ate sentir o toque em sua mão.

- Já esta saindo? Me acompanha no café?

- Acompanho com todo o prazer se você me der cinco minutinhos pra terminar umas coisas. - Camila assentiu e foi para o caixa pagar os medicamentos os quais ela sabia muito bem que não precisava. Ok, talvez a vitamina fosse mesmo uma boa ideia, mas ela tinha pelo menos duas caixas de dipirona em casa, antialérgicos líquido e comprimido, remédios para gripe, sinusite, remédio para dor no estômago, para má digestão, para dor muscular, para enxaqueca e alguns calmantes para quando ela não conseguia dormir. Não era uma doida por remédios, apenas gostava de estar preparada para tudo, porque vira e mexe Ana Júlia sentia alguma coisa, então Camila sabia o básico sobre todos os remédios para várias coisas diferentes. Não que isso fosse uma informação que Lauren precisasse saber.

Enfiou os medicamentos na bolsa e ficou parada perto do caixa mexendo no celular. Lauren não demorou a aparecer, não usava mais o seu jaleco e não demorou para que ela soltasse o cabelo. Camila sorriu quando a viu se aproximando e até passou a mão nos cabelos, na intenção de ajeita-los. Lauren parou para instruir uma das atendentes e logo saiu de trás do balcão, indo na direção da outra. Elas seguiram para o local onde tinha o café na drogaria e foram fazer os pedidos.

Exausta e sentindo que iria cair dormindo a qualquer momento, Camila pediu um café preto forte e um pedaço de bolo para acompanhar. Já Lauren escolheu um expresso e um croassaint de queijo.

- Quanto deu? - Camila perguntou, já enfiando a mão na bolsa para procurar sua carteira.

A moça que trabalhava no caixa começou a falar, mas Lauren ergueu a mão, impedindo-a.

- É por conta da casa. - Disse de forma gentil. Camila ficou vermelha, queria enfiar a cara no chão. Ficava muito sem graça com coisas do tipo.

- Não, por favor, eu insisto! - Camila tentou reverter a situação, mas Lauren negou com a cabeça.

- Se você insistir em pagar isso, vai comer no carro, porque eu vou te expulsar daqui.

- Você faria isso?

- Sim! Todos os meus amigos tomam café aqui por conta da casa e você não vai tomar? - A moça do caixa riu, como se não fosse à primeira vez que via a cena. Camila se perguntou se Lauren também fazia isso com as meninas que ela ficava e se sentiu um pouco incomodada com a situação, mas não tinha como saber a resposta e não podia negar mais uma gentileza daquela mulher. - O Joseph quando vem aqui tira a barriga da miséria. Às vezes ele nem pede pra me chamar, eu que por acaso saio e encontro ele comendo igual a um boi aqui fora.

- É sim, os amigos da dona Lau...

- Que dona, Marlene. Já falei pra você não me chamar assim! É só Lauren. - Respondeu divertida.

Ela tratava seus funcionários de igual para igual (pelo menos na frente de Camila), com muito respeito e aqui só fazia Camila ficar mais encantada com a bela morena dos olhos verdes.

Assim que os pedidos saíram, elas se sentaram na mesa que ficava mais para dentro da farmácia, já que todo o barulho do trânsito na Conde de Bonfim parecia perturbador demais.

- Então, você decidiu ir? – Lauren perguntou tomando um gole de seu café antes de morder. Camila apenas assentiu com a boca cheia do bolo maravilhoso, terminou de engolir para respondê-la.

- Demi me convenceu. – A mulher riu. – Pretendia viajar com Ana Julia fim de semana que vem, passar um tempo juntas, mas ela tem um aniversário e vai ficar os dois dias fora então... – Juntou os ombros após um suspiro rápido. – Fui trocada por uma noite das meninas. – Compartilharam uma gargalhada e toda sua atenção foi capturada pelos olhos verdes apertados e as bochechas contraindo junto ao narizinho enrugado, características de quando ela ria.

- Esses jovens... – Comentou limpando a boca com um guardanapo. – Mas você vai adorar, garanto... – Quase engasgou com aquela mania repentina que Lauren tinha de tocar rapidamente e de forma doce sua mão enquanto falava, era algo tão espontâneo da mulher que nem devia perceber quando o fazia. Não era como essas pessoas chatas que ficavam te batendo ou empurrando enquanto conversavam, era apenas uma forma de chamar atenção e talvez intensificar o que dizia.

- Nesse bar eu nunca fui. – Se recompôs engolindo mais um pedaço de bolo. – Tiago gostava de ir em um na Gávea para dançar, sempre íamos.

- Você dança? – Arqueou uma sobrancelha.

- Não, não. – Riu. – Pra dança eu tenho dois pés esquerdos. – Lauren quis brincar dizendo que na vida também, mas já havia entendido que Camila ainda não estava acostumada com suas brincadeiras e poderia entender como um critica ou uma brincadeira rude.

- Lá não se preocupe, às vezes rola um karaokê. – Explicou. – Mas é tranquilo, ninguém passa mais vergonha que o Patrick cantando Águas de Março.

- Patrick? – Vincou as sobrancelhas, o nome não lhe era estranho, mas não conhecia.

- O namorido do Joe. – Explicou. – Ele vai e é super divertido.

- Ah sim. Como diz minha filha, seremos a vela. – Lauren mais um vez riu assentindo.

- Poxa, sim, seremos! – Deu mais uma mordida. – Eu nem ligo mais, já me acostumei. Eles estão em relacionamentos sólidos há mais tempo que eu, ou melhor... – Reformulou a frase. – Eu já tive vários namoros em todo o tempo que eles estavam em relacionamentos sólidos.

- Não imagino como alguém possa terminar com você. – Camila falou tão espontânea que nem percebeu, somente quando as palavras já estavam escapando e ela não teve como controlar seus pensamentos em voz alta. Lauren sorriu de lado dando de ombros desviando a atenção para a pequena xícara. – Digo, você é tão legal. – Tentou se ajudar após um pigarro.

- Bom, eu já tive vários relacionamentos mais longos, não de anos, mas meses e que realmente era algo legal, porque é bom ter alguém, sair e essas coisas, mas no fundo... – Deu de ombros negando. – Não era aquela coisa de olhar para a pessoa ou para o relacionamento e pensar “nossa, eu quero viver para sempre com fulano”. – Negou cruzando as pernas e encostando-se ao acolchoado da cadeira, tendo toda a atenção de Camila. – Era algo de “isso nem tem futuro, o que estamos fazendo?” entende? – Camila assentiu. – Então eu resolvi que não iria me envolver mais em nada que fosse, digamos... – Mordeu o lábio inferior procurando a palavra especifica. – Raso. – Voltou a lhe encarar com os olhos verdes mais lindos que o Rio de Janeiro poderia ter. – Uma noite é uma noite, digo, conhecer, estar com essa pessoa em uma ocasião... Não entenda mal, não é tipo “ah, é só uma noite porque a outra pessoa não importa ou não me interessa os sentimentos”, mas algo como “nós estamos juntas aqui e agora, mas é só isso, tudo bem?” - A outra assentiu mais uma vez tomando um gole de seu café.

Não conseguia ver em Lauren alguém que não se importasse com os outros, ou que fizesse tal coisa para machucar ou sair como a pegadora, via uma pessoa tão sincera e aberta que talvez fosse difícil de lê-la pelo fato de que não tinha nada para ler, expunha todas suas cartas na mesa e aquilo, de alguma forma, estava lhe cativando mais do que devia. Pessoas sinceras com seus sentimentos eram como seu ponto fraco, por mais que não estivessem fazendo mais do que sua obrigação, era difícil de encontrar.

- Eu entendo. – Respondeu após digerir a ideia de que talvez ela não tivesse um defeito e que não estava interessada em absolutamente nada no momento. – Eu estive em um relacionamento longo por comodismo, eu e Tiago poderíamos ter vivido outras experiências se tivéssemos aceitado quando vemos que já não tinha mais chão pra nós dois.

- Vocês ainda são amigos?

- Sim. – Assentiu. – Ele é uma pessoa maravilhosa, muitos caras por ai não gostam quando a mulher tem filhos e essas coisas, o que é o auge da insegurança. – Lauren concordou. – Mas ele pegou junto comigo a dificuldade de criar a Ana, o pai dela é super presente, mas vive viajando a trabalho então não era sempre que estava por perto e isso foi uma coisa que me fez fechar os olhos quando já não estava mais dando certo. – Explicou. – Eu estava insatisfeita como mulher no relacionamento, mas ele era um bom padrasto e a Ana o amava também, logo estava tudo bem. – Deu de ombros. – É aquela história, algumas mulheres são tão inseridas no cargo de mães que acabam se esquecendo.

- Nossa. – Lauren assentiu um pouco chocada com o que havia acabado de ouvir. Não eram todas as mães que conseguiam ver como a maternidade não precisava definir quem eram o tempo inteiro.

- As meninas me ajudaram muito a me enxergar, sabe? – Sorriu. – Pedro conversou muito com ele também, digo que são os homens mais perfeitos desse país. – Brincou compartilhando mais uma risada com a outra. – E diferente do que achávamos, não foi tão difícil colocarmos um ponto final na nossa relação, era hora de seguirmos por outros caminhos.

- Sua filha aceitou bem?

- Juju ficou muito triste no inicio, ela realmente gostava da vida que tínhamos, mas entendeu. Ela tinha muito medo de Tiago sumir, ela o chamava de pai dois até. – Sorriu brincando com a alça de sua caneca. – Mas ele fez questão de mostrar para ela que o que tinha acabado era o nosso relacionamento, mas a amizade e o vínculo deles sempre existiria. Eles saem, passeiam, ela conheceu a namorada nova dele final de semana passado, é bem coisa de pai e filha. Pedro que às vezes fica com ciúmes, mas entende.

- Isso é claro. – Riu baixinho. – Mas fico feliz que você esteja resolvida e talvez, próxima para outra.

- Bom... – Deu de ombros rindo lhe encarando. – Será?

Internamente, ela sabia que estava pronta sim, mas apenas se fosse com uma pessoa em específico a qual ela sabia que não tinha o mínimo interesse, principalmente após essa conversa.

- Estou solteira há um tempo. É estranho. Não quero me repetir, acho que falamos sobre isso no bar. - Lauren negou com a cabeça.

- Sim, mas muito brevemente. Fique a vontade. Deve ser uma sensação nova mesmo.

- Sim! Quase não tive tempo de fazer o que as pessoas fazem, estava sempre em um relacionamento. Por um lado, é confortável. Eu sabia que tinha alguém e mesmo depois de ficar desgastado, como foi com Tiago, eu ainda o tinha, sabe? Não ter ninguém é estranho nesse sentido. - Lauren assentiu.

- Mas você já saiu com alguém depois disso? - Camila negou veementemente.

- Não! Não sei mais fazer essas coisas. - Riu, ficando vermelha. - Não sei flertar, não sei me aproximar das pessoas. Como eu disse, se eu quisesse algum contato físico, eu sempre tinha alguém, agora, estando solteira, eu preciso ter todo um trabalho. O de conhecer alguém, flertar, demonstrar interesse, esperar que a pessoa demonstre de volta, aí ainda tem um problema, se não demonstrar eu tenho que aprender a lidar e ir para o próximo. É muito complicado. - Coçou a cabeça, sabendo que estava sendo muito sincera, de maneiras que Lauren não imaginava. - Dá muito trabalho também. Eu nem tenho todo esse tempo! Como você consegue? - Lauren deu um gole em seu café.

- Eu estive solteira a minha vida toda, praticamente. É normal pra mim. - Camila maneou com a cabeça, terminando de engolir um pedaço de bolo. - Tem horas de todo esse "trabalho" se torna interessante, pelo menos no meu ponto de vista. A questão da conquista é algo que eu gosto.

- Então você gosta de saber que conquista as pessoas? Você é pouco convencida, não? - Lauren riu da forma mais espontânea, ajeitando seus óculos em seguida. Camila não se cansava de olhar para aquela beleza única que a mulher tinha.

- Não é isso! Eu disse no sentido de que gosto de flertar. - Passou a mão nos cabelos, deixando a caneca de café sobre a mesa. - É um jogo divertido. Fico apostando comigo mesma para ver quem vai ceder primeiro eu ou a outra pessoa. - Camila levantou uma sobrancelha.

- E você cede fácil?

- Não, mas às vezes eu não consigo resistir. Tem umas mulheres que não dá, não tem condição, você tem que deixar logo tudo claro porque é um desespero pra saber se a pessoa te quer de volta ou não. No seu caso, rapazes. - Camila riu. De nervoso.

Ela estava tentando flertar com Lauren, mas não recebia nada em troca. Parecia que Lauren estava conversando e dando conselhos para uma irmã, não só porque ela falava, mas pelo seu tom. O riso frouxo, além de ser uma característica dela, não era o riso frouxo de quem está flertando e sim de alguém que está tendo uma conversa amigável.

Lamentável.

- Não me olhe como se eu fosse um alienígena, Camila. - Lauren riu novamente. - Vamos fazer o seguinte, sexta você só aponta o cara que quiser pra mim que eu te ajudo a desenrolar ele, ok? Você vai ver que é fácil e daqui a pouco vai estar pegando esse RJ todo. - Falou com naturalidade e Camila engoliu em seco. Ela não queria ficar com homem nenhum, pelo menos não no momento.

- Hm, ótimo! Vou ter aulas com a melhor. - Sorriu amarelo, colocando mais um pouco de açúcar em seu café. - Mas não sei se estou pronta pra ficar com uma pessoa que mal conheço. - Lauren assentiu com um sorriso gentil.

- Relaxa, hm? Você pode só conhecer um cara, vocês trocam telefones, se conhecem melhor e ai se rolar rolou. Não precisa ser algo tão impessoal e frio. Vai dar tudo certo.

Camila assentiu, desesperada.

Nada ia dar certo.

Camila já havia aceitado o fato de que sentir algo em relação a Lauren, fosse desejo ou algo mais, ficaria somente na área platônica. Ela com certeza não estava interessada, caso tivesse seria bem obvio, não iria oferecer para arrumar um par a ela, como havia feito minutos atrás.

- Ai Camila, você só se enrola. – Murmurou puxando o cinto do carro para travá-lo após ter deixado o estabelecimento.


Notas Finais


AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

O QUE ACHARAM DESSE CAPÍTULO?

Particularmente, foi muito divertido pra gente escrever a Camila passando vergonha e mostrar um pouquinho de como é a vida e a família dela. Vamos todos enaltecer a Ana Júlia porque ela É a melhor personagem dessa merda, Camren que LUTE

AGORA QUEREMOS OUVIR DE VOCES: COMO VOCES ACHAM QUE A CAMILA VAI SUPERAR ESSE GAY PANIC DELA? E A LAUREN, ACHAM QUE ELA PERCEBEU ALGO? O QUE VOCÊS ACHAM QUE VAI ACONTECER DEPOIS?

CONTINUEM CURTINDO E COMENTANDO PORQUE ISSO DEIXA A GENTE MUITO GRATA E FELIZ E COMO EU DISSE NAS NOTAS INICIAIS, VALE UM BEIJO

NOS NOS VEMOS NO PROXIMO SABADO (saudades acento) OU UM POUQUINHO ANTES, QUEM SABE???????????????????

LEMBRANDO QUE FANFIC TODA ESCRITA COM ATT FIXA É SÓ AQUI HEIN, NÃO VAI NO CONCORRENTE NAO (LEITORES DE BE YOUR EVERYTHING, SEM CHORO)

VÃO LER AS FANFICS DA BRUNA ELA TEM SATISFACTION E ALL ABOUT HER QUE SÃO DOIS ÍCONES ATEMPORAIS DESSE SITE, HISTÓRIAS PERFEITAS COM ENREDOS PERFEITOS ESCRITOS POR UMA MULHER PERFEITA, AMO??????????? O PERFIL DELA É @ CAMILACINICA E VÃO LÁ ENALTECE-LA PORQUE SEM ELA ESSE ICONE DE FANFIC JAMAIS TERIA ACONTECIDO

NOS AMAMOS VOCES

BEIJOS DE LUZ NO GRELO


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