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História Puppets Of Destruction - A Banda


Escrita por: Ashmedhai

Notas do Autor


OiOiOi chuchuuuus <3
Como prometido, cá estou postando o segundo capitulo de POD!
Irei adianta-los que será citado ao decorrer do capitulo alguns "termos técnicos" ou instrumentos. Caso tenham interesse, disponibilizarei explicações nas notas finais, mas tenham total liberdade de imaginar tais coisas como quiserem, é apenas uma dica do que imaginei ao escrever e que talvez possa facilitar a "criação de imagens" das situações/coisas pra vcs.
Tia Ash vos ama <3
Boa leitura!

Capítulo 2 - A Banda


Fanfic / Fanfiction Puppets Of Destruction - A Banda

Naquela quinta-feira pela manhã, quando Jimin achou que poderia dormir até as dez horas, um ruído de microfonia, além de lhe acordar, quase o deixou surdo.

Ainda atordoado pelo barulho, sem entender quase nada do que acontecia a sua volta, o Park se sentou na cama e logo deu de cara com Taehyung jogado desleixadamente sobre a cadeira da sua mesa do computador, girando descontraidamente enquanto dedilhava sua Ibanez Jem*.

- Jimin, tu tem que trocar o acordoamento dela. Ta toda enferrujada! – A voz do Kim ecoou na cabeça do rapaz que ainda estava sonolento, e como se aquelas falas acionassem um gatilho em sua cabeça - só então percebendo a realidade sua volta - Jimin saltou da cama imediatamente, avançando sobre o amigo e retirando sua amada guitarra branca das mãos de quem ele chamava de “pestinha bisbilhoteiro” naquele momento.

- Quem foi que deixou você colocar sua mão suja na minha amada Marylin? – Esbravejou enquanto abraçava o instrumento e acariciava a madeira gélida, arrancando um riso do primo.

- Deixa de ser ciumento! Eu cuidaria dela melhor do que você! – Disse Taehyung empurrando o ombro do mais velho e já se jogando na cama bagunçada dele, levando as mãos até a cabeça e relaxando o corpo como se aquele leito fosse seu.

Ser acordado por Taehyung já era quase que uma rotina para Jimin, mas ainda assim, não deixava de ser um incomodo. Duas vezes por semana o rapaz de cabelos castanhos claros tinha folga do estagio no escritório do tio onde trabalhava, então suas ocupações se resumiam ao conservatório no período vespertino e faculdade à noite, e tal cronograma dava-lhe a liberdade de perturbar o sossego do primo pelas manhãs. Atividade essa que cumpria religiosamente e com afinco, sendo odiada e amaldiçoada com a mesma força pelo Park, que todas as terças e quintas-feiras rezava para uma cratera se abrir no corredor de acesso ao seu quarto, impedindo que o mais novo viesse lhe perturbar, mas ao que tudo indicava, mais uma vez seus pedidos não foram atendidos, e agora teria que lidar com um aspirante a saxofonista lhe atormentando a mente.

Desistiu por fim, de ralhar com o rapaz que já se esticava para capturar algum quadrinho seu de uma das prateleiras que ficavam sobre a cama. Logo Jimin decidiu que iria começar o dia de uma vez. Pegou uma toalha, cueca limpa, uma camiseta larga e uma calça de moletom, indo ao banheiro para se banhar. Enquanto se lavava sob a água aquecida do chuveiro, a impressão de que tinha algo para fazer naquele dia lhe tomava os pensamentos, mas por mais que se esforçasse, não conseguia se lembrar o que era.

Saiu do chuveiro, se secou parcamente, vestiu-se e escovou os dentes, perdendo alguns minutos para observar seu rosto e amaldiçoar sua falta de barba. Pensava que se tivesse talvez um pouco dos característicos pelos faciais, possivelmente seu rosto não tivesse feições tão infantis, mas logo a paciência para se olhar ali esgotou-se, fazendo-o voltar ao quarto, e ao ver Taehyung segurando em mãos a folha de sulfite impressa que haviam retirado do mural do conservatório no dia anterior, finalmente se lembrou o que tinha para fazer naquele dia.

Ignorando totalmente o rapaz que tinha um grande “Que?” estampado na cara, caminhou diretamente à sua escrivaninha, ligou o computador e se jogou na cadeira de forma desleixada enquanto esperava a maquina ligar.

- Tu vai ligar pra esses caras? – Questionou o mais novo, e capturando o celular de cima da mesa de cabeceira, Jimin respondeu.

- Já liguei, na verdade. – Desbloqueou a tela e achou a mensagem de texto recebida na noite anterior, logo entregando o aparelho para que o Kim lesse.

- Puta que o pariu, Jimin! Tu já ouviu alguma dessas musicas? – O desespero presente na face do rapaz fez o mais velho se assustar, mas preferiu não dar o braço a torcer.

- Yep! Nem são tão difíceis assim. – Disse dando de ombros já se voltando para o computador. – Dez anos, lembra? Toco bateria há dez anos, querido!

A sensação que o Park tivera desde o dia anterior, quando se encontrou com o primo em frente ao mural da escola de musica, fora que ele não o apoiaria e tentaria fazê-lo mudar de ideia a qualquer custo quanto a entrar naquela banda. Talvez fosse realmente por querer experiência, ou talvez fosse só para provar ao Kim que ele estava errado quanto a não dever fazer aquilo, mero orgulho provavelmente, o motivo real Jimin não sabia, mas o fato era que quanto mais via Taehyung “torcendo o nariz” para aquela ideia de ele participar de uma banda de Metal, mais vontade tinha de seguir em frente.

O baterista já estava cansado de ser subestimado pelo mais novo, cansado de ser obrigado a tudo pelo pai, cansado de ficar trancado em seu quarto vendo a vida acontecer la fora. Cansado de tudo. Ele precisava experimentar algo novo e ali estava uma bela oportunidade sendo posta a sua frente, e iria agarrar ela, por mais assustadora que pudesse parecer.

Meio receoso com o que poderia ouvir, Jimin levou seu headfone até sua cabeça, posicionando-os sobre os ouvidos, procurou um site de vídeos e digitou o primeiro nome.

“Territory – Sepultura”

Foi impossível não se assustar com a sonoridade da “canção”. Era pesada demais, assustadora até, e quando seu ouvido procurou separar o som da bateria dos demais instrumentos, seu primeiro instinto foi o de se jogar no chão, abraçar os joelhos e chorar em posição fetal pois para si, demoraria séculos para desenvolver a técnica necessária para a execução perfeita daquela musica. Ao fim dela, quase pegou seu telefone para desmarcar o teste, totalmente disposto a engolir seu orgulho perante ao Kim, admitindo que aquilo era realmente uma loucura, e quando já estava quase levantando, viu Taehyung logo atrás de si, com a cara quase colada ao monitor, assustadoramente perto do seu rosto, o fazendo pular para trás quase que por instinto.

- MAS O QUE DIABOS VOCÊ TA FAZENDO?? – Perguntou com a mão no peito, assustado, e percebeu que o rapaz de cabelos claros mal prestava atenção em si.

- Ei! Deixa eu ouvir essa musica? A letra dela é muito foda! – Respondeu ignorando o surto de Jimin, já retirando o headfone da cabeça dele e colocando em si, clicando em “replay” no vídeo logo em seguida.

E foi só nesse instante que Jimin percebeu que o vídeo que havia escolhido era do tipo “lyrics”, então dessa vez, tentou colocar a estranheza quanto aquele monte de ruídos que chamavam de musica de lado, e se esforçou para entender o que o compositor quis dizer através daqueles berros.

Ao se limitar unicamente em ler a mensagem, sem os sons perturbando sua cabeça, Jimin se viu realmente impressionado. Não era uma letra fútil sobre qualquer assunto cotidiano, mesmo sendo sobre algo bem presente na vida de quase todo mundo. A musica falava sobre como a população simplesmente segue os governantes, sobre como as “Guerras por Território” se tornam algo que todos sabemos ser vergonhoso, mas mesmo assim ensinávamos nossos filhos a seguir o que era imposto para nós e não contestar aquilo. Alienação na sua mais pura essência.

Quando finalmente tirou os olhos da tela do computador, pode ver Taehyung embasbacado, verdadeiramente admirado. Os olhos arregalados, a boca entreaberta e os olhos brilhando deixavam claro que ele não havia se assustado em nada com aquela musica ao contrario de si, e quando cansou da “cara de paspalho” dele, pediu os fones de volta.

- Você sabe que ta fodido pra “tirar” essa musica né? – Perguntou o rapaz se jogando na cama novamente.

- Eu vou ter que me mudar pra dentro do conservatório por mais dez anos pra conseguir tocar isso! – Disse rindo sem humor e logo percebeu o primo lhe apertando o ombro em sinal de apoio.

- Não acho não, Jiminie! Vai ser um desafio, afinal, ta bem longe dos blues, Jazz e até dos Rock’n rollzinhos que a gente sempre toca e tudo o mais, mas acho que você consegue sim! – Um sorriso grato se fez na cara do mais velho e para tentar anima-lo, o Kim resolveu prosseguir no assunto, mudando o foco. – A mensagem tem o nome de três musicas... Coloca outra aí pra gente ver. – Pediu e observou Jimin se voltando novamente para a tela do computador.

“PainKiller – Judas Priest”

Dessa vez, o anfitrião desconectou seu fone do gabinete do computador e ligou a caixa de som antes do play, possibilitando ao Kim que escutasse a musica consigo. A sonoridade daquela canção tinha um quê menos agressivo, mas não menos desafiador. Foi com surpresa que Jimin percebeu Taehyung murmurando a letra, tentando encaixar ela ao ritmo e em poucos segundos, o mais novo já balançava a cabeça animadamente, realmente apreciando a canção e quando ela se findou, os dois se encararam e entenderam, um no olhar do outro, a mensagem de que poderiam sim gostar daquilo e dessa vez com os ouvidos mais despidos de preconceito musical deram replay nas duas canções novamente e já abrindo novas guias no navegador do computador com os vídeos relacionados das bandas que eram sugeridas pelo site de vídeos.

Após algum tempo, o novo gênero musical deixou de incomodar os ouvidos sensíveis e bem treinados dos garotos. Quando procurou a terceira musica escrita na mensagem, Jimin teve a impressão de que aquela sonoridade não lhe era completamente estranha e quando viu nos vídeos relacionados a musica tema de um dos animes que mais gostava, percebeu de onde aquele vocal lhe era familiar.

Angra era uma banda da América latina, não sabia ao certo de que país, mas ao escutar as outras musicas deles, alem da abertura do anime, lembrou-se do jogo que fora motivo de tormento da sua família toda por meses: “Guitar Hero”**.

Nem precisou procurar no jogo em si para saber qual banda era parecida com aquela. Ainda nos vídeos relacionados achou uma performance ao vivo da musica que lhe tirara o sono naquele jogo: “DragonForce - Through The Fire And Flames”. Nessa canção suspirou aliviado, afinal, o desafio maior dela era para o guitarrista e não para si, apesar de não ter o ritmo mais fácil dos que ouvira naquelas horas.

Por fim, os primos ficaram tão fascinados e entretidos em frente ao computador que mal perceberam quando a hora do almoço chegou. Após comer a deliciosa refeição feita pessoalmente pela mãe do Park, os dois se apressaram em pegar suas coisas para rumarem para fora de casa com destino à escola de música e quando passavam pela porta, foi a vez de Jimin se surpreender.

O Moreno já estava se preparando psicologicamente para enfrentar o caminho até a instituição de ônibus, acostumado com o peso da sua Bag de pratos às costas, quando notou o mais novo caminhando até o outro lado da rua e destravando uma pick up de pequeno porte e mesmo sutilmente confuso, segui-o, logo assumindo o banco do caroneiro.

- Antes que pergunte: Quando se obedece o papai, têm-se algumas vantagens. – O riso debochado do Kim inundou o espaço e ele logo prosseguiu. – Semana passada eu reclamei pro meu pai que tava foda pra eu ter que trabalhar, ir pro conservatório e depois pra faculdade, tudo de ônibus. Fiz uma planilha expondo os custos, falei do tempo que perdia no transporte publico e anexei minha grade de notas e Voilá! Ele ficou com dó de mim e me deu essa coisinha. – A expressão admirada de Jimin se fez presente, lhe parabenizando pela inteligência enquanto Taehyung dava a partida. – É o carro que eu queria? Não. Mas pelo menos tenho transporte pra me ajudar até eu conseguir comprar um do meu gosto.

Tal fato fez Jimin ficar relativamente pensativo por algum tempo, fazendo-o ponderar sobre as vantagens de se fazer as vontades dos pais e cogitou tal possibilidade em seu âmago. Era verdade que nunca havia olhado sua situação por aquela ótica. Se ele realmente cedesse aos planos do seu pai e começasse fazer faculdade, seu pai lhe daria todas as coisas que queria? Jungsoo muito raramente lhe negava dinheiro, mas coisas um pouco maiores ou mais caras eram realmente difíceis de se arrancar do velho sob a eterna justificativa de que ele não era merecedor.

No entanto, mal teve tempo de ponderar perfeitamente sobre tudo porque quando menos percebeu, já estava em frente ao conservatório, e foi com grande felicidade que naquele dia, viu Taehyung indo consigo até a sala onde sua RMV Road Up*** estava montada. Aquela sala era a mais ampla de todo o prédio. Haviam quatro fileiras com cinco baterias em cada uma. A maioria eram da mesma marca e modelo do instrumento de Jimin, algumas maiores, outras menores, mas não muito diferentes umas das outras. Logo Jimin se pôs a montar seus pratos no rack destinado a isso, fixos ao chão por pedestais cromados e logo entregou a chave do seu armário ao Kim.

- Pega o outro pedal no meu armário, fazendo um favor? – Perguntou e notou o cenho do rapaz franzindo em duvida. – Tu não ta achando que tem como tirar aquelas musicas com um pedal só não, né? – Falou e logo o espanto tomou a expressão do mais novo.

- Você vai mesmo praticar elas? Você vai fazer o teste de verdade? – Questionou com os olhos arregalados e tal expressão arrancou o riso do Park.

- Vou! Agora anda logo que eu preciso calibrar os dois pedais certinho antes de começar. – Ditou e imediatamente viu o rapaz andando até o fim da sala enquanto ele se mantinha na tarefa de apertar parafusos e posicionar melhor os pratos metálicos.

Quando finalmente Taehyung voltou, Jimin sentou-se em sua banqueta e sem muito esforço montou seu Czarcie kopyto**** e ao vê-lo pronto para ser usado, lembrou novamente das palavras de Taehyung.

“Quando se obedece o papai, tem-se algumas vantagens.”

Lembrava-se perfeitamente do dia que vira o anuncio de venda daquele pedal duplo de ponta em uma loja online qualquer, feito em ligas de alumínio e aço, que prometia uma performance acima do normal e uma leveza melhor que a de qualquer outro pedal disponível no mercado. Faziam anos que Jimin o havia ganhado, mas lembrava-se perfeitamente do seu pai, em um primeiro momento desgostoso com o pedido devido ao valor alto daquele assessório, mas que logo abriu um sorriso e lhe emprestou o cartão de credito para a compra quando lhe disse que o ajudaria a arrumar os arquivos da sua empresa no fim de semana seguinte. “Talvez Taehyung esteja certo...” Era o que pensava.

Por fim, passou esparadrapos pelas primeiras falanges dos dois indicadores, retirou suas baquetas da mochila, sentou-se mais confortavelmente na banqueta, fez os últimos ajustes na posição dos tambores e dos pratos e logo plugou o fone de ouvido em seu celular e deu play nas musicas que havia baixado mais cedo, enquanto o Kim se sentava na banqueta da bateria ao lado para lhe assistir e a cada musica que o Park finalizava, ouvia atentamente a opinião do mais novo sobre o que precisaria melhorar e o que estava sendo bem feito.

Naquela quinta-feira ao fim da tarde, quando o rapaz de cabelos claros precisou deixar a escola de musica para ir à faculdade, Jimin preferiu continuar praticando e já era quase 23 horas quando finalmente pegou um táxi e foi pra casa, agradecendo aos céus por seus pais não estarem no seu caminho da entrada da residência até seu quarto. Foi bem fácil dormir naquela noite devido ao cansaço que lhe cobria por inteiro, afinal, as musicas eram rápidas, tinham um ritmo frenético que exigia muito da sua musculatura e nesses momentos pensava que havia sido um mal negócio abandonar a academia meses atrás, quando seu pai ameaçou deixar de lhe pagar as aulas no conservatório, fazendo-o abandonar os exercícios afim de economizar o dinheiro da sua mesada para pagar ele mesmo as aulas de musica e seu arrependimento era ainda maior ao perceber que tal ameaça nunca fora cumprida de fato e o dinheiro economizado acabou sendo gasto em quadrinhos que só eram lidos por Taehyung.

Na sexta-feira, mesmo que tivesse vontade de continuar na cama, acabou optando por levantar cedo. Naquele dia Taehyung teria estagio então não o veria até a tarde e com isso, apressou-se em tomar um café reforçado, perturbar sua mãe para que lhe desse dinheiro para o almoço e transporte alegando que sua mesada já havia acabado e aproveitando o ensejo para pedir um aumento – sumariamente negado-, e antes das nove horas da manhã, já rumava novamente até a escola de musica, dessa vez com uma quantia de dinheiro extra para pagar um táxi na volta porque como seu teste seria no sábado, teria que levar seus pedais e seus pratos para casa consigo naquele dia e já se via preocupado sobre como fazer para ir até a tal da “Suga’s Truck” com todo aquele equipamento pesado.

Ao contrario do que pensara, Jimin tinha total domínio sobre as três musicas solicitadas já no fim daquela manhã. Com um sorriso orgulhoso no rosto, o rapaz foi a uma lanchonete na esquina em frente a escola de musica para almoçar e quando voltou, encontrou Taehyung na recepção e mais uma vez o mais novo abdicou das próprias aulas para acompanhar o moreno que lhe mostrara a performance das musicas pedidas e logo começou praticar as outras musicas que tinha encontrado dos dois grupos citados na mensagem de texto.

Iron Maiden, no começo lhe agradou bastante. As musicas lhe soavam bem, eram harmônicas e a voz do cantor era muito boa na sua opinião, mas quando pensava no próprio instrumento, apesar de perceber uma técnica perfeita na banda, ainda sentia que era como se tudo soasse “Harmônico demais”, “Melódico demais”. O Park gostou muito, mas ainda sentia a falta de algo e foi aí que pesquisou a segunda banda.

Quando digitou “Metallica” no navegador e apareceu uma musica chamada “Fade to Black”, Jimin teve vontade de chorar ao ver o cronometro do vídeo indicando mais de oito minutos. Achou que era grande demais para se ter paciência de ouvir inteira, mas resolveu dar uma chance e oito minutos depois, foi como se sentisse que sua vida tivesse mudado e passado a fazer sentido a partir dali. Ao contrario das letras que havia lido até então, aquela em especifico não tratava de assuntos gerais ou algum tipo de revolta contra o sistema e sim sobre os sentimentos do autor. Remetia a solidão, a sensação de desanimo generalizado. Como o próprio nome dizia, era como se as coisas escurecessem a sua volta, perdessem o brilho, e foi mágico para Jimin sentir tudo aquilo através daquela canção, fazendo-o facilmente preferir aquela banda ao invés da primeira e com isso, passou quase a tarde toda e a noite tocando mais aquelas musicas, até porque para si, as canções de Iron Maiden eram mais fáceis e com poucas tentativas, já executava-as perfeitamente.

Foi com um alivio imenso que o Park acordou próximo as onze horas do sábado. Outra vez seu sono fora arrancado de si por Taehyung que novamente bisbilhotava as suas coisas, mas ao ouvir do mais novo que ele o acompanharia em seu teste, se sentiu imensamente feliz por ter seu melhor amigo lhe dando apoio e também por ter seu problema de transporte resolvido.

Ao meio dia, quando a mãe de Jimin chamou os garotos para almoçar, o anfitrião engoliu em seco ao ver seu pai sentado à mesa também. Foi desconfortável para os dois rapazes o dialogo que Jungsoo forçava durante a refeição, enaltecendo o “filho perfeito” que o Kim era, se perguntando qual havia sido a diferença na criação dada pelo cunhado ao filho, da criação que dera a Jimin, jogando na cara do Park mais novo que ele deveria ser como seu primo e deixar de perder tempo com bobeiras, e quando finalmente se viram satisfeitos com a comida, o moreno arrastou o mais novo escada acima para se arrumar, preparar suas coisas e finalmente seguir para o tal galpão que era o destino deles para aquela tarde.

Quando saíram de dentro da casa munidos dos pratos, da mochila com as baquetas e a case com os pedais da bateria do Park, ambos se arrependeram de ter escolhido calças jeans para usarem naquela tarde escaldante. O Sol brilhava forte e o calor era tanto que ao olhar para o asfalto, tinha-se a impressão de que ele derretia e para evitar o desconforto exacerbado, apressaram-se em entrar no utilitário do mais novo, já ligando o ar condicionado e programando o GPS para o endereço passado a Jimin.

Durante todo o percurso, a trilha sonora dentro do veiculo fora a mesma que havia ocupado a cabeça dos dois rapazes naqueles últimos dias. Taehyung também se interessara pelo gênero e acabara pesquisando varias outras bandas por si só e o mais velho se sentia impressionado sobre a quantia de coisas que o loiro havia descoberto acerca dos músicos, das técnicas deles e até sobre que instrumentos eles usaram em um ou outro álbum que para o moreno, lhe soava até estranho aquelas informações peculiares devido ao fato de não ter “estudado” tanto assim sobre aquele assunto.

Quando finalmente deixaram a rodovia, assumindo a marginal que guiava ao aeroporto, exatamente como a mensagem dizia, logo avistaram um barracão imenso e ali ambos entenderam o porque da referencia a “Suga’s Truck”. Era uma mecânica de caminhões e enquanto estacionavam no pátio enorme que havia em frente a construção, podiam ouvir o barulho de motores funcionando em seu interior e alguns gritos desconexos.

Desembarcaram observando as imediações e o nervosismo acabou por cobrir o Park. Era seu primeiro teste, o lugar era praticamente deserto e não havia nenhuma outra construção a vista, apenas o barracão e a rodovia do outro lado do canteiro que a separava da marginal e mesmo parecendo tudo abandonado e decadente, não podia deixar de ver certa beleza na paisagem a frente.

Com passos incertos, os dois rapazes caminharam em direção ao grande portão de entrada que estava aberto, e já dali conseguiam ver três caminhões estacionados, um com o capô aberto e outros dois com as cabines completamente erguidas. O ronco dos motores eram ainda mais altos ali dentro e em meio àqueles barulhos, podia se ouvir vozes e o som de metal se chocando, algo como uma marreta batendo contra lata.

Mais alguns metros e finalmente Jimin avistou bem ao fundo do galpão um rapaz de cabelos pretos também, desalinhado, com a camiseta branca que trajava coberta de graxa e as calças rasgadas nas coxas e nos joelhos. Ele parecia distraído olhando alguns papéis sobre uma mesa e logo gritando na direção do caminhão como se houvesse mais uma pessoa escondida no veiculo e não demorou nem um minuto para essa pessoa aparecer. Era outro rapaz que saltou de cima do caminhão até o chão em um pulo só, já levando as mãos até as calças e esfregando-as como se quisesse limpá-las. O segundo garoto tinha os cabelos quase brancos, as roupas na mesma situação do rapaz moreno e era perceptivelmente menor que ele. Por algum tempo os primos ficaram apenas observando enquanto os anfitriões conversavam concentrados e chegaram a duvidar sobre aquele ser de fato o endereço dos ensaios, mas ao olhar para fora e lembrar que não havia nenhuma outra construção nas proximidades, acabaram por aceitar que era ali mesmo e assim, tentando deixar a ansiedade e o nervosismo de lado, caminharam os dois até onde os outros estavam e um arrepio desconfortável percorreu a espinha de Jimin quando fora fuzilado pelo olhar do loiro.

- Posso ajudar? – Questionou o de cabelos claros com os olhos em fendas e um ar nada amigável e o esforço que Jimin fez para não gaguejar fora imenso.

- A-acho que sim. – Respondeu se amaldiçoando internamente por ter falhado e logo notou o rapaz de cabelos escuros se aproximando, atento a si. – Bem, eu vi o anuncio de uma banda informando que estavam fazendo testes para baterista, entrei em contato e me passaram esse endereço para o teste. – Falou já tirando o celular do bolso e abrindo a mensagem que havia recebido. – Aqui! Eu falei com Monster por telefone e depois ele me mandou essa SMS. – Concluiu entregando o aparelho ao rapaz mais baixo e logo notou o olhar dele se suavizando.

- Alguém tem que enfiar na cabeça do Namjoon que esse nome é horrível! – murmurou rindo soprado enquanto olhava para a tela do aparelho e logo franzindo o cenho de novo antes de se voltar para o seu colega. – Quem foi que pegou meu celular sem eu deixar? Ele recebeu a mensagem do meu numero! – Bufou colocando o aparelho na frente do rosto do rapaz moreno e o mesmo se encolheu todo, como se aquele ser pequeno a sua frente fosse de fato assustador.

- Eu sei la, YoonGi! Tu larga as tuas coisas de qualquer jeito por aí e acha que eu que tenho que cuidar? Se liga! Deve ter sido o Namjoon mesmo, ué! – Respondeu em meio à risadas escancaradas, como se o medo que demonstrara com relação ao loiro no primeiro momento nunca tivesse existido e o riso daquele rapaz fez com que Jimin se sentisse mais confortável naquele lugar que cheirava deliciosamente a óleo diesel. – Enfim, ignora esse velho mal humorado aqui! – Disse se voltando para os primos e logo lhes estendeu a mão. – Eu me chamo Jung Hoseok. O tal do “Monster” comentou que teria alguém para fazer o teste, mas não falou quantas pessoas nem o nome... – Proferiu como se esperasse as respostas enquanto tomava o telefone da mão de YoonGi, devolvendo-o ao dono e logo Jimin se adiantou.

- Prazer, Jung Hoseok! Eu me chamo Park Jimin. Esse é meu primo, Kim Taehyung. – Disse respondendo ao aperto de mão firme e áspero do rapaz.

- Vocês dois farão o teste? – Questionou e logo o mais novo se adiantou a responder.

- Não! Apenas ele vai fazer o teste. Digamos que eu sou uma espécie de motorista dele. – Disse rindo e sendo acompanhado pelo anfitrião bem humorado que logo acenou positivamente com a cabeça.

- Aquele baixinho rabugento se chama Min YoonGi. Não levem em consideração o mal humor dele. Ta sendo bem difícil deixar aquele caminhão pronto e o dono vem buscar daqui a pouco, então venham comigo que eu vou dizer onde vocês poderão montar o seu equipamento. Daqui a pouco o resto da banda já chega e aí começamos o teste, tudo bem? – Perguntou e teve como resposta dois acenos frenéticos e animados e já seguiu a passos rápidos para o lado direito de onde estavam, ainda dentro do barracão.

Enquanto caminhavam, tanto Jimin como Taehyung deixavam seus olhos vagarem por aquele lugar. No pensamento deles, aquele prédio todo deveria ser quase do tamanho de um quarteirão inteiro –se não o fosse, faltava muito pouco -. Além das três carretas que estavam estacionadas ali dentro, haviam dois carros grandes mais a frente, mas que não conseguiram reconhecer quais eram por serem visivelmente muito antigos. Passaram por um grande espaço onde havia apenas maquinários de torno, algumas serras e lixas industriais e quando estavam quase no fim daquele lugar imenso, viram uma escada metálica diagonal fixa à parede, levando a um segundo andar que tomava metade da construção, fazendo-os ter uma visão parcial do que tinha naquele espaço quando olhado de onde estavam e ainda la de baixo conseguiram ver apenas algumas fotos e posteres fixas na parede e o que parecia ser sofás e mobílias de sala.

O Park fez uma oração mental para que o espaço de ensaio não fosse naquele segundo andar porque se fosse, cansaria demais só de carregar suas coisas até la e sorriu aliviado quando viu Hoseok estacando no meio do caminho antes de andar até um arquivo metálico vertical daqueles de escritório e dali, tirar uma pasta, e do fundo da pasta, uma chave.

Com a chave, o rapaz abriu uma porta fixa em um tapume, formando uma sala improvisada, dividida do resto do galpão. O restante da parede improvisada era dividida na metade sendo a parte inferior de madeira e a parte superior de vidro fumê. Observaram o Jung entrar e fechar a porta atrás de si e por um tempo, os primos se encararam confusos quanto ao rápido abandono para logo em seguida verem o rapaz voltando com um tapete imenso enrolado sobre os ombros, logo jogando aos pés dos rapazes.

- Vocês podem montar a bateria encima disso. Estiquem ele rente àquela parede ali e podem colocar as coisas de vocês aqui. – Disse o rapaz apontando para a parede da esquerda e depois para um armário que ficava ao lado do arquivo. – Se quiserem cerveja, tem aqui. – Disse batendo na tampa de um freezer horizontal que se assemelhava muito com os freezers que o Park já vira serem locados para festas e eventos de grande porte. O refrigerador ficava bem ao lado do espaço que lhe fora denominado para o Park montar seu instrumento, bem ao pé da escada, e o sorriso lhe atingiu em cheio ao pensar que tomar algumas cervejas enquanto tocava era uma boa ideia, principalmente com o calor escaldante que fazia naquela tarde de sábado.

Logo eles foram guiados a uma outra sala improvisada que parecia um deposito de infindáveis quinquilharias e ali, lhes foi permitido a entrada, podendo assim ver os dois bumbos, a caixa, os três tons e os dois surdos empilhados no chão, que Hoseok afirmou serem o que ele usaria no teste. O nariz do Kim se torceu imediatamente após serem deixados a sós e o suspiro pesado escapou de Jimin ao observar de perto todos aqueles tambores de tamanhos variados, fazendo-o se sentir desgostoso pelo visível descuido com o qual tais peças foram tratadas, mas logo tratou de deixar a pequena irritação de lado e se pôs a levar todas aquelas coisas para onde o tapete estava.

Quando terminaram de posicionar os tambores, Jimin e Taehyung foram à caminhonete do mais novo e pegaram as coisas que haviam trazido. Para o Park, seus pratos eram uma verdadeira relíquia e não só pelo valor sentimental como também pelo valor monetário deles. Juntando o Set B8 Performance da Sabian*****, mais os pratos remanescentes que havia comprado separadamente, o valor daqueles 9 discos metálicos eram quase que o mesmo valor do veiculo utilitário simples de Taehyung. Ao observa-los enquanto montava um a um, outra vez Jimin teve o pensamento de que no fim das contas, seu pai não era tão ruim assim para si, o que precisava era apenas ser mais compreensivo consigo e talvez o rapaz até o entendesse, afinal, o velho acabava sempre cedendo às suas vontades, mas ele nunca lhe correspondia como era esperado de si.

Depois de montar os pratos, Jimin retirou seus pedais da case e ao se abaixar em frente aos bumbos para fixa-los, sentiu uma mão em seu ombro lhe puxando pra trás, fazendo-o cair sentado. O Park Já estava prestes a xingar quem o havia derrubado quando olhou para cima e viu um rapaz de cabelos castanhos bagunçados e uma cara de criança, sorrindo largo ao lhe tomar o pedal com uma mão enquanto com a outra, puxava a calça para cima como se quisesse ajeita-la ao corpo, e tal gesto fez o baterista se sentir intimidado pelo tronco musculoso desprovido de qualquer vestimenta.

- Caralho! Você tem um Czarcie! – Falava o garoto com olhos brilhantes e logo se voltou para a entrada. – Jin, corre aqui! O cara tem um Czarcie! – Berrou e logo Jimin pode ver um outro rapaz loiro vindo calmamente na direção em que estavam.

- Jungkook, vai vestir uma camisa que eu não sou obrigado a ficar vendo esses seus ossos o tempo todo. Você ta suado! Que nojo! – Ralhou o recém chegado, já próximo a eles, tomando o pedal da mão do rapaz moreno e o observando com a mesma veneração que ele enquanto Jimin já se levantava, pronto para estrangular aqueles dois malucos mal educados que estavam passando sua outra relíquia de mão em mão. – É um Kopyto original! – Exclamou sorridente e logo se voltou ao dono do assessório. – Isso deve ter custado uma fortuna! – Completou devolvendo o pedal a Jimin que não conseguiu disfarçar sua irritação, pegando bruscamente a peça e se abaixando mais uma vez para instala-lo, ignorando aqueles rapazes. – Enfim... Eu me chamo SeokJin, aquele imbecil mal educado é o meu irmão mais novo, Jungkook. Perdoe a animação exagerada do moleque. É raro pra gente ver material de ponta por aqui. – Concluiu rindo soprado e a educação daquele loiro fez Jimin se sentir mal por estar sendo tão rude quanto o outro logo no seu primeiro contato com aqueles garotos.

- Tudo bem, não foi nada. Me chamo Park Jimin e esse é o meu primo, Kim Taehyung. – Falou apontando para o amigo que já estava sentado no tapete com as costas escoradas na parede, descansando e observando o primo enquanto ele terminava os últimos ajustes.

- Prazer em conhecê-los! Bem, Só falta o Namjoon chegar e os outros garotos montarem as coisas deles e logo vocês começam. – Falou mais uma vez o loiro e quando Jimin levantou o olhar para lhe acenar afirmativamente, pode ver Hoseok se aproximando com um amplificador imenso que ele não conseguia identificar e uma case nas costas.

- Hoje eu que vou usar a Rich*! O YoonGi que vá chorar no colo do Namjoon porque semana passada foi ele quem usou! – Disse o rapaz enquanto colocava os equipamentos no chão e entrava novamente no tal deposito, voltando logo em seguida com um amontoado de cabos nas mãos e outra vez a irritação por ver as coisas sendo tratadas de qualquer jeito, atingiu o Park. “Será que esses imbecis não sabem que se dobrar os cabos assim, eles quebram por dentro?” – Pensava.

- Se eu fosse a sua guitarra, nunca mais funcionaria pra você por ser rejeitada assim... – A voz rouca e relativamente grave reverberou pelo espaço chamando a atenção do Park e do Kim e logo viram que era YoonGi se aproximando, também com um amplificador e outra case nos ombros.

- Pois é! Mas ela, assim como você, não tem sentimentos então to tranquilo em troca-la por um dia! – Respondeu Hoseok com um sorriso debochado e logo o Min deu de ombros enquanto abria o zíper da bag que trouxera consigo.

- O bom guitarrista é bom com qualquer instrumento. Eu não preciso de uma BC Rich pra te provar que sou superior! – Retrucou com o ar desdenhoso, seguindo a fala por uma piscadela e para os novatos, foi quase visível as faíscas que saiam dos olhares dos rapazes.

- Ok, agora que as mocinhas terminaram a briguinha idiota, vocês podem começar a montar essa porra toda logo. O Nam mandou mensagem dizendo que fechou o posto e já ta vindo. – Interrompeu Jungkook enquanto caminhava até o deposito e voltava de la com dois pedestais e dois microfones, logo plugando-os a uma caixa de som que fora trazida por SeokJin.

Quando finalmente o Park sentiu que já havia ajustado os pedais devidamente, o pânico lhe atingiu. Se amaldiçoou por ter pensado em tudo menos em algo que enquadrava como parte da lista de itens “principais”: Sua banqueta. Rapidamente passou a olhar a sua volta e ao perceber que não haviam bancos ou cadeiras por ali, deu-se por vencido e perguntou a YoonGi sobre ele ter algo para lhe emprestar que servisse para que ele se sentasse e rapidamente viu o loiro sumindo por entre os maquinários e voltando com um galão de óleo lubrificante de 20 litros.

- Usa isso aqui. – Disse entregando o recipiente metálico ao moreno e logo Jimin posicionou-o atrás dos pedais, sentou-se e a cara de dor foi automática por conta da superfície dura. – Espera um pouco, eu já volto. – O loiro disse correndo em direção as escadas e poucos minutos depois, voltou com uma almofada, entregando ao baterista que imediatamente aceitou-a, colocando-a sobre a lata e sentando-se, ajeitando melhor os tambores e pratos já se sentindo mais confortável.

Era assim que Jimin se sentia sentado atrás do seu set. Confortável, em casa.

Mesmo que não estivesse sentado em sua banqueta acolchoada, anatomicamente adaptada ao seu corpo, ainda assim era confortável. Seu espírito se sentia confortável atrás dos pratos e bumbos, com as baquetas em mãos, sentindo aquela necessidade de executar e ditar um ritmo crescendo em cada célula sua.

Logo seus pés foram aos dois pedais e o som dos bumbos, graves e rápidos, reverberou pelo espaço. A sequencia de teste que sempre fazia, consistindo em dois rufares na caixa, dois em cada tom e dois nos surdos para logo subir aos pratos também se fez, e após aqueles poucos segundos, sua sensação era de que poderia conquistar o mundo. Estava confortável e seguro. Era só isso que precisava.

- Se vocês começaram sem mim, terão o trabalho de procurar um baixista melhor que o papai aqui! – A voz berrou da entrada chamando a atenção dos seis rapazes que estavam ali e logo Jungkook se pronunciou.

- Não é como se isso fosse muito difícil de encontrar! – Ralhou o castanho divertidamente e já se colocou em posição defensiva com os punhos em frente ao rosto quando o homem dono de uma voz grave se aproximou, fazendo Jimin e Taehyung presumirem que ele era o tal de “Monster” - ou Namjoon -, como haviam escutado YoonGi o chamando.

- Jin, tu ta precisando dar uma surra no teu irmão pra ver se ele deixa de ser desrespeitoso assim com os mais velhos. – Disse direcionado ao loiro que apenas deu de ombros e logo o rapaz de cabelos estranhamente rosados recém chegado, se voltou ao baterista. – Você foi o cara que me ligou, né? – Um aceno afirmativo veio como resposta e logo Namjoon sorriu simpaticamente. – Seja bem vindo, cara! Espero que a gente se dê bem, porque sinceramente, mais ninguém entrou em contato. – A gargalhada alta se fez e o bufar irritado de YoonGi interrompeu o rapaz.

- Ok, Ok! Vamos parar de enrolar que essa bosta tava marcada pras 14 horas, já passou das 16 horas e tu nem ligou tuas coisas ainda. – Falou o loiro empurrando o rapaz pelos ombros em direção a entrada do barracão, sentindo-o hesitante em sair dali para pegar suas coisas. O Min seguiu o olhar do baixista, notando-o ainda sobre o novato e entendeu o que fazia Namjoon teimar em ficar onde estava. – Esse cara se chama Jimin. Jimin, esse imbecil que não sabe o que relógio significa se chama Namjoon. Que bom que vocês estão felizes em se conhecer! Agora CORRE PEGAR SUAS COISAS DE UMA VEZ, FILHO DA PUTA! – O urro irritado do baixinho arrancou ainda mais gargalhadas dos companheiros de banda enquanto os dois novatos ali apenas se assustavam e se encolhiam, temerosos com a personalidade do rapaz que até parecia doce, se olhado quietinho, mas que ao abrir a boca, parecia respirar veneno.

- Não liga pra grosseria do YoonGi, não. Ele é bem gente boa quando ta de bom humor... – Falou Hoseok rindo sem graça e logo sendo interrompido por Jungkook novamente.

- Ou seja: Nunca! – Um tapa forte fora desferido na nuca do mais novo e os dois novatos realmente ficaram com medo dos irmãos “Saírem no soco” pela cara que um fez para o outro, mas logo a atenção deles fora chamada por Namjoon pedindo ajuda da porta.

O irmão mais velho revirou os olhos e seguiu até onde o outro estava, logo tomando uma bag das mãos dele - essa que tinha o mesmo formato das bags de Hoseok e YoonGi - e voltando para perto dos demais, ajudando-o a plugar os cabos e fazer os últimos ajustes no cinto que apoiava o instrumento ao corpo do rapaz de cabelos rosados e quando por fim Namjoon já estava pronto, pode ver a expectativa no olhar de todos ali. YoonGi e Hoseok já dedilhavam as guitarras descontraidamente, um provocando o outro, incomodando e espezinhando em uma rivalidade que quase todos ali sabiam não existir. Jungkook ajustava a altura do pedestal do seu microfone enquanto chamava atenção de Hoseok para que fizesse o mesmo com o seu enquanto SeokJin caminhava até o freezer e pegava cervejas para todos. Finalmente o olhar do baixista pousou sobre o rapaz de cabelos escuros e bochechas redondas, de aparência quase tão meiga quanto a de um bebê, e ali, viu um mar de ansiedade que chegou achar graça.

NamJoon já nem sabia dizer quantas vezes vira aquele mesmo brilho esperançoso no olhar de alguém. Não sabia dizer quantos caras haviam entrado em bandas suas ao longo dos anos para após um tempo, apenas acharem que “aprenderam o que precisavam” e saiam para “crescer em uma banda de verdade”. Tais pensamentos e memórias o irritavam em demasia, e quando parou para prestar atenção no equipamento daquele garoto a sua frente, teve a impressão de que “mudara o ator, mas o filme seria o mesmo”. Com tal ideia pairando pela cabeça, Namjoon caminhou a passos lentos até a bateria. Olhou de perto para cada um daqueles pratos, bem ciente do valor deles. Esticou a cabeça por cima dos tons e pode ver as letras finas e o ultimo “O” em formato de pentagrama. “Um Czarcie Kopyto. Esse filho da puta tem dinheiro...”

Sentindo a boca amargar por achar saber bem onde aquilo tudo poderia parar, Namjoon soltou o cinto do baixo e desplugou o cabo, logo abandonando o instrumento sobre o freezer e já caminhava para a saída novamente, sem dizer uma palavra sequer em meio a tal ação que fora notada imediatamente por todos a sua volta e contestada de prontidão.

- O que caralhos você pensa que ta fazendo? – Perguntou Hoseok com o cenho franzido, mas o rapaz de cabelos rosados o ignorou. – Aonde você vai, Nam?

- Eu não quero ele na banda. – Respondeu sucinto, ainda no meio do caminho, e a balburdia generalizada em forma de protestos se fez.

- Posso saber o porquê? – Questionou YoonGi confuso sendo seguido pela mesma pergunta vinda de SeokJin, Jungkook e Hoseok, fazendo o baixista finalmente perder a paciência.

- Vocês querem saber o porquê? – Caminhou de volta apressadamente até o baterista que se encolheu, sem entender nada do que acontecia ali, sentindo-se extremamente mal por estar sendo rejeitado sem sequer ter tido a oportunidade de demonstrar suas habilidades. – O cara tem todo o set de pratos da Sabian e um Czarcie Kopyto. Só o que a gente ta vendo do equipamento dele aqui, vale mais que o meu carro. Por isso eu não quero ele na minha banda.

- “Sua banda” o caralho! E isso não é motivo pra não querer ele! Você nem sabe se ele toca bem ou não! Você ta sendo o cara mais escroto e preconceituoso da vida agindo assim, Kim NamJoon! – Vociferou SeokJin e logo o rapaz loiro se encolheu, arrependido do que havia dito, quando notou o amigo se aproximando de si.

- Em primeiro lugar: Babá do vocalista não tem direito a voto! Em segundo lugar... – Um bufar sôfrego, até triste Jimin diria, escapou dele e como se mudasse a linha do seu raciocínio, voltou a falar, com um tom debochado, irônico, irritado por estar sendo contestado. - Deixem eu contar uma historia pra vocês: Era uma vez uma banda de garagem feita por quatro malucos e um irmão mais velho chato, que precisava de um baterista pra poder começar a fazer algo alem de barulho num galpão. Essa banda achou o baterista perfeito. O cara tinha técnica, tinha uma bateria boa, tinha presença, era camarada e por fim, ficou meses na banda, fez amizades, ganhou confiança e na primeira oportunidade, jogou TUDO NO LIXO POR CAUSA DE UM MALDITO SELO E DINHEIRO! – O riso sem humor reverberou no espaço que tinha apenas a voz do Kim e o barulho distante dos motores dos caminhões como som-ambiente enquanto todos os outros abaixavam as cabeças e o ouviam calados. – Sabe o legal? Nessa historia, a gente pode colocar, sei la, uns sete nomes? Deixa eu me ver se eu lembro de todos... – Falou já começando a contar nos dedos. – Minseok, que saiu pra tocar Black Metal com o Jongdae e aquele bando de arrombados. Siwon, que encontrou Jesus e foi tocar na igreja perto da casa dele. Também tem o Jooheon, que preferiu tocar synphonic, o Junghoo, o Hyukjae... Enfim! Todos eles tinham a vida de filhinho de papai que, provavelmente, esse moleque engomadinho aí também tem! Ele vai entrar, vai tocar com a gente, vai fazer o nome dele e quando a gente já estiver acostumado com esse babaca convivendo com a gente todo dia, ele vai simplesmente dar no pé, nos deixando na mão de novo! Eu não quero isso! – O olhar irritado do rapaz pousou sobre SeokJin novamente, caminhando até bem perto dele e colocando o indicador rente ao seu nariz, proferiu. – Eu já falei que eu não quero saber de você colocando a merda do anuncio naquele conservatoriozinho de bosta! Só vem babaca de lá!

Antes que qualquer outra palavra fosse dita, Hoseok agarrou o braço de Namjoon e o arrastou pra fora do galpão. Jimin e Taehyung estavam tão nervosos que poderiam ter um colapso ou uma crise de choro a qualquer momento. Notando o desconforto dos dois rapazes que não tinham absolutamente nada a ver com o passado conturbado daquele grupo de amigos, SeokJin pegou mais cervejas no freezer e entregou aos garotos que suspiravam pesadamente.

- Eu realmente quero me desculpar pelo Nam. Acreditem em mim, ele não é um cara ruim. Ele só... Ta muito magoado, sabe? O sonho da vida dele é ver essa banda “ir pra frente” e sempre que a gente ta quase conseguindo essas coisas acontecem... Jimin, pode ficar tranquilo que você vai fazer seu teste sim e tudo vai se resolver. – Falava o loiro calmamente, tentando passar segurança e confiança para os rapazes, anima-los de fato e logo viu YoonGi se aproximando também.

- Tu vai ganhar teu voto de confiança, moleque. O que eu quero saber é se você está disposto a fazer por merecer isso.


Notas Finais


*Ibanez Jam: http://www.ibanez.com/products/images/sig/pastmodels/JEM77B_RMR_00_01.png
**Guitar hero: https://pt.wikipedia.org/wiki/Guitar_Hero
***RMV Road Up: Perdoem minha inabilidade com o paint >> http://imgur.com/a/bX8Ty
****Czarcie kopyto : Aqui, ele está montado para usar em um bumbo só http://a4.ec-images.myspacecdn.com/images02/93/a592310695e749d9bf107caef30cbf01/l.jpg
E aqui, para dois: http://www.czarciekopyto.com/wp-content/uploads/2013/12/Czarcie_Kopyto_split.jpg
*****B8 Sabian performance: http://shopblob.blob.core.windows.net/1260-produtoimagem/zoom-SABIAN%20B8%205003%2010.jpg
*BC Rich Warbeast: http://www.chorder.com/images/reviews-articles/5315-desktop.jpg (Guitarra do Yoongi que o Hobi quer usar.
PLAYLIST DO CAPITULO:
PS: Coloquei a versão live de Fade To Black pq olha... AMO FORTE!
PS²: Não citei nenhuma musica do Iron Maiden, mas vou deixar na playlist a que eu gosto mais <3
https://www.youtube.com/playlist?list=PLq5McRfwTofngn_82coHaUNNNKsXMapxm
ENFIM
Quero do fundo do coração agradecer pelo carinho de vcs e pedir paciencia!
OT7 apareceu agora, logo os couples e as tretas começam.
Vamos rezar para Hoseok mozão convencer nosso amado Monster a deixar nosso Jiminie fazer seu teste, sim?
Até semana que vem, tenham uma semana maravilhosa!
KissKiss
~~Ashmedhai


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