História Quando as cerejeiras florescem - imagine Bakugou Katsuki - O caçador de dragões e a feiticeira

Sakurai Harumi P.O.V.

Tudo a minha volta pareceu desacelerar, escutei uma explosão vinda detrás de mim, as pessoas se afastaram abrindo um roda, o rosto do rapaz bêbado fez uma expressão de medo genuíno e ele afrouxou a mão no meu braço, permitindo que eu finalmente pudesse me desvencilhar. No mesmo momento, senti outra mão envolver minha cintura e me puxar bruscamente para trás.

Outra pequena explosão. O garoto loiro irritado encarava o rapaz bêbado como um demônio prestes a abocanhar sua nova presa. Restou ao rapaz cambalear tonto, fugindo entre a multidão que lhe dava passagem.

Então tudo voltou a acelerar no tempo normal, o garoto bomba se virou em minha direção ainda com uma aura de raiva lhe cercando, mas assim que notou meu medo — e possivelmente meus olhos marejados —  ele suavizou o olhar e respirou fundo.

— Eu juro que faria aquele merda em pedacinhos — ele murmurou sombrio. — Porque nenhum desses vermes fez nada? — dessa vez ele esbravejou para as pessoas que lentamente preenchiam o buraco que o garoto havia feito na multidão.

Não tenho certeza se eu estava em choque, mas não conseguia dizer uma palavra sequer. O garoto me encarava com o cenho franzido, de perto seus olhos carmesim eram ainda mais hipnotizantes. Quando respirei fundo para me acalmar tive a surpresa de sentir um perfume masculino cítrico misturado com cheiro de açúcar queimado...

     — Você tá legal?  — ele perguntou. Achei incrível como ele podia ter sido mal encarado minutos antes e mesmo assim ter me salvo. — Alôô, você tá bem? —  ele repetiu e eu percebi que havia me distraído. Encabulada assenti com a cabeça em afirmação. Eu queria dizer algo, queria agradecer, mas neste momento Todoroki Shoto entrou em cena:

— Harumi! — ele chegou em meio a multidão e rapidamente me puxou para si — O QUÊ VOCÊ FEZ SEU PLAYBOYZINHO? — ele esbravejou para o garoto bomba. O garoto trincou o maxilar e estreitou o olhar, podia ver a aura de ódio lhe tomar conta novamente.

— O QUE VOCÊ DISSE SEU MERDINHA FURADOR DE FILA? — ele retrucou, mas Todoroki apenas revirou os olhos e o olhou com desdém, fazendo o garoto bomba ferver mais ainda em ódio. Tentei puxar Todoroki-kun pela manga da blusa para explicar o que havia acontecido, mas foi em vão.

— Fica fora disso Harumi — Todoroki me alertou enquanto puxava as mangas da camisa para cima. Antes que virasse um mal entendido enorme precisei intervir e corri para me entre por entre os dois.

— Todoroki, não! — contestei afastando os dois com as mãos em seus peitos. Senti a pele nua e quente do do peito do outro garoto e corei, tirando a mão rapidamente.  —  Foi só um mal entendido.  —  Todoroki me olhou confuso com essa declaração. — Ele me ajudou com um cara que queria me agarrar, ok? O cara já foi embora— expliquei melhor. —  Agora vamos nos misturar antes que os seguranças cheguem. — Sugeri, mas quando me virei para agradecer meu herói ele já estava se afastando.

Confesso que havia ficado um pouco decepcionada por não conseguir agradecer ao garoto apropriadamente, em parte porque era educado, mas também porque queria ter a chance de conversar com ele por mais alguns minutos e perguntar seu nome.

Todoroki me chamou para dançar, em poucos minutos já estávamos rindo, gargalhando e eu já havia esquecido sobre o rapaz bêbado. Era meu aniversário, eu queria me divertir e esquecer os problemas só por algumas horas.

Nós dançamos a noite inteira, não teve um só momento que tenhamos parado. Era revigorante ter Todoroki ao meu lado, ele sempre sabia me fazer rir e, principalmente, sabia fazer com que um dia fosse especial e inesquecível.

Perto da 1h da manhã nossas energias começaram a se esgotar e Todoroki se ofereceu para buscar água, contestei dizendo que eu iria, mas ele insistiu usando o argumento de que era meu aniversário, então foi impossível revidar.

Enquanto esperava Todoroki voltar com as águas me desloquei até um canto mais vazio do ambiente, próximo à parede, para descansar. De canto de olho avistei os dois garotos barulhentos que estavam comigo na fila mais cedo, aqueles que estavam acompanhando o garoto bomba. Despretensiosamente olhei ao redor procurando pelo garoto, mas não havia nem sinal dele.

— Procurando alguma coisa? — uma voz grave indagou, vinda detrás de mim. Quando me virei lá estava ele, escorado na parede, os braços cruzados e uma expressão de profundo tédio.

— Sim… — respondi e fui até sua direção, me escorando cautelosamente na parede ao seu lado.

— E encontrou? — ele perguntou enquanto mantinha o olhar fixo na pista onde as pessoas dançavam.

— Sim… Você… — respondi levemente insegura do que estava fazendo. Percebi que ele me espiou com o canto do olho e em seguida voltou o olhar para a pista. Podia sentir o perfume dele novamente e acho que aquele cheiro estava me deixando embriagada. — Não tive a oportunidade de agradecer antes…

— Ah — ele disse apenas. Alguns segundos constrangedores se passaram até ele falar novamente. — Então?

    — Então o que? — perguntei. Eu não estava entendendo onde ele queria chegar.

    — Você disse que ia me agradecer… — senti em sua voz que ele estava perdendo a paciência.

    A verdade era que eu estava com uma ideia de agradecimento que me deixava meio nervosa. Bem, a verdade verdadeira mesmo é que esse agradecimento era uma desculpa para fazer uma coisa que eu estava imaginando desde que havia o visto na fila… e agora tinha a oportunidade nas mãos.

    Me desgrudei da parede e parei de frente ao garoto, ele olhou levemente para baixo me encarando com seus lindos olhos carmesim… Me inclinei alguns centímetros e fiquei na ponta do pé, tive de apoiar aos mãos em seu peito — que continuava sem camisa —  para não cair e quando aproximei meu rosto do garoto selei carinhosamente meus lábios em sua bochecha.

    Quando me afastei senti que meu rosto devia estar queimando de vergonha e o garoto me olhava com uma expressão surpresa, levemente ruborizado e foi então que escutamos seus amigos o provocando alguns metros longe:

    — UHUUUUU Kacchan, o rei delas — eles provocaram mandando beijinhos.

    — Tsk, idiotas — Kacchan murmurou e fingiu estar coçando o nariz para poder esconder o rubor do rosto com uma mão.

    Lentamente voltei a me escorar de volta na parede, enquanto um turbilhão de pensamentos cruzavam minha cabeça, pensando sobre o beijo e em possíveis assuntos para continuar a conversar.

— Gostei da sua fantasia... —  foi a primeira coisa que consegui falar. —  Você é um o que mesmo? — perguntei.

— Domador de dragões — ele respondeu, dessa vez mais receptivo à conversa do que minutos antes.

— De fato você conseguiu domar aquele dragão bêbado... — no momento em que falei essa piada eu ganhei o dia, ou melhor, a noite. Porque, surpreendentemente ele acabou cedendo e sorrindo. E devo dizer que foi o sorriso mais lindo que eu já tinha visto. Não esperava que ele tivesse um sorriso tão bonito atrás daquela carranca.