História Quando eu voltar - Will

Estava de bobeira em casa quando escutei meu telefone tocando, corri, pois estava na cozinha e o telefone na sala, e ao atender descobri que era Lucas.

-Cara, precisamos conversar! - Disse ele eufórico.

-O que aconteceu? - Perguntei sem entender o motivo de tanto nervosismo.

-Já é quarta-feira e ainda nem alugamos nossas fantasias para o Halloween. A festa da Max e nessa sexta, temos que escolher logo as nossas roupas.

-Não combinamos de ir cada um com uma roupa diferente?- Perguntei estranhando

-Achei que iríamos como personagens Halloween normais. Vampiros, lobisomens,  zumbis e múmias.

-Então, foi o que eu disse. Achei que cada um iria com uma roupa diferente. Ainda não consegui entender motivo por estar me ligando com tanta ansiedade.

-Cara! As fantasias já estou acabando, precisamos reservar logo nossas ou ficaremos sem. - Como uma breve pausa ele voltou a falar. -Podemos ir hoje à tarde, o que acha?

-Às seis? Esta bom?

-Isso pode falar com Mike para mim por favor?

-Sim. Nos vemos mais tarde.

Assim que desliguei corri para o quarto, onde estava o número de Mike. Olhei no quadro verde pendurado em uma das paredes e disquei com pressa e assim que ele me atendeu falei:

-Mike, escolher as fantasias, hoje, às 6 horas.

-Hoje? Não pode ser amanhã?

-Como assim? Nunca adiou uma escolha de fantasia de Halloween. O que tá acontecendo? - Achei estranho, ele nunca cancelava nada nem tinha compromissos marcados. Foi aí que me lembrei da menina de sexta passada.

-Eu estarei ocupada. Não poderei comprar a fantasia pois eu tenho que comprar a fantasia com outra pessoa, aliás, eu tenho que falar com a Max saber se ela quer vir conosco.

-Conosco quem?- perguntei imaginando a resposta.

-Lembra da menina de sexta? - Ele parecia querer uma resposta. - Então, ela é nova por aqui e foi educada em casa. Nunca foi a um baile de escola de halloween então eu irei leva-la no que haverá na sexta. - Parou para respirar. - Muito obrigada Will. Vou ver com Max se ela quer ir conosco.

Ele havia desligado o telefone na minha cara, mas entendo que foi por pura empolgação. Quando terminei de falar com os meninos, liguei para Mike novamente e disse:

-Eu só vou falar uma vez. Esteja na  Fantasy House, hoje, às seis, de banho tomado e feliz por ir arrumar uma fantasia.

E desliguei na cara dele. Quando vi o que havia feito naquele momento, distanciei o telefone dos meus ouvidos e fui fazer minhas coisas. Minha mãe tinha pedido para que eu lavasse a louça da noite anterior. Havíamos nos mudado para uma casa muito mais próxima do centro graças ao xerife Hopper, que estava namorando com minha mãe fazia uns quatro anos. Ele se mudaria para nossa casa em alguns dias, no fim de semana do Halloween. Jonathan, que dividia uma casa pequena com Nancy, iria ajudar na mudança para a casa nova com Nancy.

Quando estava organizando a louça no armário, alguém bateu na porta dos fundo. E assim que abri tive que sorrir. Callie, minha vizinha e melhor amiga, estava batendo lá. Eu olhei para ela e me afastei da porta fazendo um gesto de reverência com o corpo.

-Por aqui, Mileide. - E ela entrou saltitando e subindo na mesa de centro.

-O que vamos fazer hoje no seu dia de folga? - Perguntou sorrindo e balançando as pernas no ar.

-Que tal escolhermos sua fantasia de halloween? -Ela sorriu largo.

-Bem que a Max poderei conosco, não acha? - Ela perguntou aquilo como se fosse algo normal. Eu não falava direito com Max mas não era uma das piores pessoas que eu conhecia.

-Na verdade o Mike vai chamar ela para ver com ele e a Jane fantasias. Porque não combinam combinam de vocês irem juntas, só as meninas? -Dito isso ela ligou na mesma hora para Max e contou tudo para ela. E Max disse que falaria com Mike e Jane.

Passamos a tarde vendo filme já que era nosso dia de folga. Callie escolhia filmes de terror e eu sempre escolhia filmes de Romance. A grande verdade é que eu estava perdidamente apaixonado por ela mas eu não sabia como dizer. Não sabia como ela iria encarar, eu tinha vinte e mesmo ela tendo dezoito, o que não é tanta diferença, eu tinha medo dela me rejeitar, medo dela querer ser apenas minha amiga. Medo de me entregar. Conforme a tarde foi passando o frio foi chegando. Eram apenas quatro horas e o frio já estava se instalando dentro de casa.

-Nossa, esfriou muito rápido hoje. - Disse ela se aproximando.

-Como assim? Vai mesmo roubar minha coberta toda? - perguntei me esforçando para ela não notar que a proximidade entre nós era gostosa. Que eu estava gostando, por isso sempre fazia piada quando ficávamos muito próximos.

-Eu sou a devoradora de cobertas quentinhas e eu vou devorar a sua! - Dito isso, ela se jogou no meu colo e tentou me fazer cócegas, mas a única coisa que conseguiu foi ganhar todas elas em si mesma.

A cada cosquinha ela se encolhia mais e parecia que o vento tinha diminuído de temperatura. Ela estava ficando toda bagunçada e a cada toque ela se enterrava mais no canto do sofá, como se aquilo fosse me fazer parar. Os dois já estavam deitados no sofá quando um toque na cintura dela foi errado. Num deslize em meios ao sorriso encantador dela, ao invés de continuar as cócegas eu a puxei com força para perto de mim. As risadas dela diminuíram e as minhas, se moveram de altas a inexistentes. Olha me olha com um olhar de alívio, porém, com um pouco de vergonha.

-Se eu fizer uma coisa, promete que isso não vai afetar nada? - Perguntei sem conseguir me aguentar.

-Como assim? - Disse ainda rindo.

-Sim ou não? - Falei decididamente.

-Ah, sim. - Ao dizer isso, a encarei nos olhos.

Dois segundos. Nos olhamos no fundo dos olhos por dois segundo até que eu a beijasse. Foi calmo e sutil, de início ela não correspondeu, mas depois, relaxou o corpo e me beijo de volta. Eu a apertava pela cintura, puxando mais e mais contra meu corpo, esperando que o espaço inexistente entre nós, diminuísse mais ainda. Quando paramos, estávamos ofegantes.

-Me desculpa. - Disse me sentando, caso ela quisesse ir embora.

-Eu nunca te disse, mas, eu sempre quis te beijar. Nos últimos dois anos eu queria te beijar. Mas achei que isso nos afastaria.

-Nada, nem a distância vai nos afastar, entendeu? - Perguntei sério.

-Que bom que consegui falar isso. É um alívio.

Quando deu cinco horas, ela foi para a casa e eu permaneci na minha. Tomei banho, me arrumei com roupas e sapatos básicos e então, peguei o carro e fui até a Fantasy House. Ao chegar vi os meninos. Mike me puxou para um canto e agradeceu por eu ter mandado as meninas irem juntas. Então, entramos na loja de fantasias.