1. Spirit Fanfics >
  2. Quase Sem Querer >
  3. Prefiro morrer agora

História Quase Sem Querer - Prefiro morrer agora


Escrita por: princetri

Capítulo 43 - Prefiro morrer agora


  "A morte é só uma mudança de estado. Depois dela, passamos a viver em outra dimensão" - Zíbia Gasparetto




Lauren POV



— Cacete, Watson. - Eu disse, quando vi a porta se fechar e Emma permanecer lá dentro.


 Eu já estou quase ficando inconsciente e sei que é só questão de segundos para eu desmaiar, Austin não está mais perto de nós, Camila está sentada ao meu lado, no chão, olhando a porta que se fechou há alguns minutos, senti meus olhos pesarem, então resolvi agir, puxei Camila para mais perto de mim.


— Me perdoa por isso. - Eu disse e ela franziu o cenho.


 Antes que ela falasse alguma coisa, afastei o cabelo dela para o lado e cravei meus dentes em seu pescoço, ela gritou, suguei apenas uma quantidade suficiente para me manter de pé e não desmaiar, quando me afastei, me arrependi no mesmo instante, seu rosto se contorce em dor, dói pra caralho uma mordida nossa, mas era minha única opção. Emma precisa de mim.


— Porra, eu não sou uma caixinha de suco, Lauren. - Ela disse com uma careta no rosto e os olhos marejados. 


— Desculpa, Camz. - Segurei o rosto dela entre as mãos. — Eu preciso ir ajudar a Emma.


— Eu vou com você. - Ela respondeu de imediato.


 Vi Austin parado com o telefone na mão um pouco mais a atrás, segurei na mão de Camila e puxei ela até lá.


— Não deixa ela entrar. - Eu disse pra ele, sai de lá antes que pudesse ouvir ela rebater.


 Caminhei por toda a lateral da clínica e não encontrei sequer uma entrada, tomei um susto quando de repente Austin apareceu ao meu lado.


— Que porra você tá fazendo aqui? - Perguntei irritada. — Eu disse pra ficar com a Camila.


— Eu prendi ela na mala do carro.


— Você o quê?


— Isso mesmo, a Emma está presa aí dentro, é minha culpa também, então vou ajudar, você querendo ou não.


 Eu ia chutar a bunda dele pra longe de mim, mas bem atrás dele notei um tanque de tamanho médio, com vários adesivos indicando que o conteúdo é inflamável, o que me deu uma ótima ideia.


— Você tem um isqueiro aí?


— Oi? - Franziu o cenho.


— A porra de um isqueiro, Austin, você tem?. - Apontei para o tanque.


 Ele virou pra olhar e parece ter compreendido o que eu queria.


— Não, mas no meu carro tem. - Disse e saiu correndo.


 Em pouco tempo ele estava de volta, com um isqueiro em mãos.


— Tira a camisa. - Eu disse, pegando o isqueiro.


— Que? Não, por que eu sempre acabo sem camisa?


 Revirei os olhos, levei as mãos até os botões da Camisa dele e comecei a abrir, um por um, depois puxei, ficando com ela na mão.


— Não posso julgar a Camila. - Ele disse e eu franzi o cenho, quando finalmente entendi o que ele quis dizer com isso empurrei ele da minha frente. Macho. 


 Segurei o isqueiro com uma mão e a camisa com a outra, ascendi ele perto da ponta dela e no mesmo instante o pano começou a queimar.


— Se você não quer virar torresmo, sugiro que saia daqui agora. - Eu disse, ele afirmou com a cabeça e saiu andando de costas, quando ele já estava longe o suficiente, soltei a camisa o mais próxima do tanque possível e fui para o lado dele.


 


- Qual a sensação de se mover tão rápido assim? - Ele perguntou, sem tirar a atenção do tanque mais a frente.


— Não sei, normal, eu acho.


 Ele não disse mais nada.


 Franzi o cenho quando vi que o tanque continua intacto, já estava pronta pra me aproximar novamente, quando finalmente ele explodiu, fez um barulho infernal, uma parte do metal em chamas veio certeiro em nossa direção, empurrei Austin para o lado e pulei para o outro, no tempo exato dele passar por nós.


— Eu acho que não foi uma boa ideia. - Ele disse, olhando para o enorme buraco que se formou na parede, mas está coberta por chamas, impossibilitando nossa passagem. 


 Nesse instante todas as entradas que tinham se fechado começaram a se abrir.


— O que você disse mesmo? - Perguntei sorrindo.


 Nos levantamos e saímos correndo para a porta da frente, que agora está com apenas metade aberta, nesse instante, barulhos de várias sirenes começaram a soar do lado de fora.


— Eu não acredito que você chamou a Polícia. - Eu disse, olhando pra ele.


— Eu não chamei.


 Olhei para trás e pelo portão entram vários policiais armados, parece até cena de filme, depois que alguns policiais já estavam posicionados pelo terreno, Ezra e Logan passaram pelo portão também. Quando me viram vieram em minha direção.


— Me explica esse circo. - Eu disse séria.


— Não se preocupa, o comandante deles é um de nós e esta por dentro de toda a situação. - Ezra respondeu.


— Enquanto vocês conversam a Emma ainda está lá dentro. - Austin disse.


 Me abaixei e passei por debaixo da porta, que parece ter emperrado no mesmo lugar, me surpreendi quando vi Emma vindo pelo corredor, se segurando na parede, os dois braços dela estão cobertos por sangue e tem vários cortes superficiais pelo rosto, corri até lá e fiz ela se apoiar no meu corpo, enquanto a levo para fora.


— Me lembre de não tentar mais salvar essa sua bunda branca, Jauregui. - Ela disse, quando saímos pra fora.


 Logan, Ezra e Austin vieram ao mesmo tempo em nossa direção, mais especificamente na da Emma.


— Me diga se eu não sou a sua vida. - Logan disse, abrindo o casaco que contém várias bolsas de sangue nos bolsos internos.


— Sim, você é. - Ela disse e eu bufei, mesmo sem querer ter feito isso.


 Todos riram, o que me fez fechar ainda mais a cara.


— Depois da Lauren, claro. - Ela disse tentando consertar, e puxou uma bolsa de sangue do casaco dele.


 Ele negou com a cabeça e saiu com o Ezra, pra ir falar com o tal comandante, os policiais não entraram na clínica, porque ela está parcialmente em chamas, Austin deu um empurrão em Emma, o que fez ela colidir em mim e quase cairmos no chão, não tive tempo nem de pensar direito no que estava acontecendo, porque em questão de segundos dois disparos foram feitos, olhei pra direção de onde veio os tiros, Alejandro, ele já está com a arma em nossa direção agora, mais dois disparos foram feitos, mas dessa vez não por ele, um dos policiais atirou na perna dele, fazendo ele soltar a arma e cair no chão, ele foi cercado por policiais que algemaram ele e em seguida o puxou pra fora, enquanto ele berra dizendo que vai me matar.


— Isso dói pra caralho. - Ouvi a voz de Austin em um tom baixo.


 Só então percebi que ele caído no chão, com o peito sangrando.


 Eu e Emma nos ajoelhamos ao mesmo tempo ao seu lado.


— O que você fez seu idiota. - Eu disse, enquanto Emma tenta inutilmente conter o sangramento.


— Salvei a vida de vocês, idiota. - Ele respondeu, com uma careta de dor.


— A gente não iria morrer com um tiro Austin, sangue nos ajudaria. - Emma disse, com a voz doce.


— Droga. - Tossiu. — Você poderia pelo menos deixar eu morrer pensando que fui um herói, sua chata. - Sorriu fraco.


— Isso não é momento pra gracinha, Austin, você tá perdendo muito sangue. - Emma disse, passando a mão pela cabeça dele.


 Ele não respondeu mais nada, o corpo dele começou a tremer, Emma olhou pra mim e eu apenas afirmei com a cabeça, ela já estava se curvando, pra colocar a boca no pescoço dele, quando ele levantou a mão e colocou no ombro dela, impedindo que ela se aproximasse mais.


— Não… eu não quero, eu prefiro morrer agora, do que ser condenado a viver uma porrada de anos...  e ver a todos que amo morrerem. - Ele disse, com certa dificuldade, devido a respiração alterada.


 A mão dele caiu do ombro da minha amiga e ele olhou para mim.


— Diz pra Mila que eu sinto muito por ter causado isso, e que ela me perdoe pelas coisas que eu disse a ela no dia que ela terminou comigo, eu estava magoado, mas nada foi de coração. 


 Senti um nó na minha garganta e um aperto em meu coração, apenas afirmei com a cabeça, incapaz de falar, ele sorriu fraco, o sorriso foi se desfazendo aos poucos e em milésimos de segundos ele não estava mais lá, apenas um corpo vazio e sem vida. Quando voltei minha atenção para Emma, ela estava olhando para as mãos cheias de sangue.


— Isso não é justo. - Ela disse com uma expressão indecifrável no rosto. — Ele está certo, a gente vive uma porrada de anos, e pra que? Isso só nos traz perda e sofrimento um atrás do outro, a gente tá aqui só pra sofrer, talvez sejamos mesmo aberrações que merecem morrer, quantas pessoas já matamos pra nos manter vivas? Quanta mais vamos ter que matar?


 Ela começou a passar as mãos sujas pela calça, em uma tentativa quase desesperada de limpá-las.


— Nós não temos culpa de ser o que somos, Emma. - Me aproximei e segurei as mãos dela, fazendo ela parar de esfregá-las na calça.


 Ela não falou nada, manteve o olhar firme no meu, mas não pronunciou uma palavra, desvencilhou as mãos das minhas e se levantou.


— A gente se encontra em casa. - Lançou um último olhar pra o corpo de Austin e saiu.


 Vi apenas o vulto dela passando por entre as pessoas, até a saída, de onde eu estava pude ver pelo portão a ponta do carro de Austin e a única coisa que se passou pela minha cabeça foi: “como eu vou dizer isso pra Camila?” me levantei e evitei olhar para o lado novamente. Pela primeira vez agradeci por ver o rosto do Ezra na minha frente, pedi pra ele providenciar a retirada do corpo de Austin dali e que a mídia não soubesse do acontecido ainda, deixasse pra família fazer o comunicado da forma que acharem melhor.


 Quando abri a mala do carro uma Camila irritada saiu de lá de dentro.


— Cadê aquele idiota, Lauren? Eu vou matar ele, acredita que ele me trancou aqui e ainda…


— Camz. - Interrompi. — Ele… ele levou um tiro.


 A expressão do rosto dela mudou de irritada pra preocupada.


— Não. - Ela disse negando com a cabeça. — Cadê ele? - Perguntou e virou pra passar pelo portão.


— Não entra. - Pedi segurando ela pelo braço.


— Ele…?


 Afirmei com a cabeça e lágrimas começaram a descer pelo seu rosto, puxei ela pra perto de mim e no mesmo instante ela se jogou nos meus braços, me apertando com força enquanto seu choro se torna ainda mais forte. Eu me mantive calada, o que eu poderia dizer em uma situação dessas?


 Logan se aproximou de nós.


— Toma. - Me estendeu as chaves de um carro. — Meu carro não é tão luxuoso quanto o de vocês, mas é melhor do que colocar ela… - Apontou pra o carro do Austin.


 Camila puxou a chave da mão dele e foi em direção ao carro que ele indicou.


— Tira ela daqui, daqui a pouco o corpo dele vai ser retirado, acredito que não vai ser bom ela ver isso, deixa que eu e o Ezra cuidamos de tudo.


— Obrigada. - Eu disse, me sentindo um pouco mal por ter tratado eles tão mal antes.


 Dei as costas pra sair dali, mas ele segurou no meu braço, me fazendo olhar pra ele novamente.


— Eu sei que você é apenas uma, mas tenta dá um pouco de assistência para Emma também, vi quando ela saiu daqui e não me parecia bem.


— Pode deixar.


Notas Finais


<3


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...