Felipe
Eu estava entediado, a lanchonete quase não tinha ninguém e já estava escuro mais nem assim o Senhor José não fechava. Fiquei ali sentado olhando as ondas leves do mar e como a praia já estava vazia.
- Ei, meu pai já vai fechar finalmente! - a Mary disse do balcão.
- Legal, já estava começando a ficar entediado. - respondi desanimado.
- E o que você acha de vir ate o meu quarto comigo? - ela falou já perto do meu ouvido e chegando perto do meu rosto.
- Acho melhor não! - falei me levantando e tirando meu uniforme.
- Qual é, parece que tem medo de mim gato!
- Medo não, so não quero misturar as coisas.
- Já ouviu falar em amizade colorida? - ela falou e eu me aproximei e falei no seu ouvido.
- Acontece que eu não quero ter amizade colorida com você nem com ninguém. - falei e sai.
- Vai se arrepender! - ela falou da porta.
- Pode ter certeza que não!
Ouvi ela resmungar algo do tipo: “Ainda levo esse garoto pro meu quarto!”. Ri comigo mesmo, ela nunca desistia. Cheguei na pensão e entrei rápido antes que a minha vizinha inconveniente visse, mais para minha sorte ela estava parada na porta do meu quarto. Respirei fundo e fui pegando minhas chaves e coloquei na fechadura, ela pegou meu braço:
- Estou te devendo uma visita! - ela falou se virando.
- Não me lembro de ter te convidado!
- Não seja cruel Felipe, só quero te fazer uma visita!
- Eu tenho uma ideia melhor, você vai pro seu quarto e eu vou pro meu, ok!
- Eu tenho uma ideia melhor, que tal você ser gentil e abrir a porta para nos! - ela me encostou na parede me encurralando.
- Não! - falei invertendo e colocando ela na perede, ela usava uma blusa fina e um short curto provocante.
- Hum... - ela sussurou no meu ouvido e eu sorri.
- Que tal outro dia...
- E por que não agora? - ela perguntou passano uma das pernas em mim.
- Não! - repeti tirando sua perna e abrindo a porta.
- Boa noite Lucy! - falei indo dar lhe um beijo no rosto.
- Boa noite Felipe! - ela virou o rosto na hora do beijo e conseguiu o que ela queria, beijar pelo menos de leve minha boca. Reprovei com a cabeça e ainda olhei ela de cima a baixo e fechei a porta. Eu só queria dormir e esquecer de tudo, fui ate a janela e olhei a pequena plantinha ali:
- Parece que o tempo aqui não te favorece muito! - peguei ela e coloquei em cima da cômda.
Deixei minhas coisas e me sentei na cama com um caderno e um lápis, desenhei de novo ela, e como era linda, eu me lembrava exatamente do seu rosto perfeito. Fiquei olhando o desenho e pensando se a veria de novo. Peguei uma toalha e sai rápido, fiquei ali pensando na minha vida desagradável e completamente chata. Vesti minhas roupas e sai enxugando o cabelo e dei de cara com a Lucy.
- Você de novo! - falei.
- Acho que você esta me seguindo...
- Ou sera o contrário? - falei passando por ela e indo em direção ao meu quarto.
- Felipe! - me virei devagar.
- O que?
- Meu convite ainda esta de pé!
- Hoje não! - falei lhe dando um beijo de leve.
- Isso já é um bom começo! - assenti e sai entrando no meu quarto. Peguei uma garrafa de uisque que eu tinha pegado da clínica e pelo menos isso era algo de bom que eu me lembraria de la. Coloquei num copo e bebi um pouco, era bom, meu corpo agradecia e eu me sentia mais forte. Me deitei na cama olhando o desenho e sorri com minha sorte ruim, como eu sempre me ferrava quando ia fundo com uma garota.
Foi uma noite tranquila e com bons sonhos, de manhã eu escovei meus dentes, vesti uma calça e uma camisa branca com uma jaqueta, ou melhor a única ainda boa que tinha, coloquei os sapatos e sai, passando que nem um raio na portaria e indo direto pra lanchonete.
- Bom dia! - a Mary falou assim que eu entrei.
- Bom dia! - respondi pegando o uniforme e colocando um boné que eu achei ali mesmo.
Atendi alguns clientes como de costume e depois entrei na cozinha para fazer mais pedidos, a Mary de repente me puxou para perto da porta e falou baixo:
- Tem um homem la fora querendo falar com você!
- Comigo? Você sabe quem é?
- Não conheço.
- Tá, eu já estou indo, obrigado.
- Por nada amor!
Deixei a bandeja e fui ate onde ela me mostrou, um homem claro e alto de cabelos grisalhos estava sentado ali observando a paisagem.
- Queria falar comigo senhor? - perguntei e ele se virou e seus olhos brilharam, ele se levantou e estendeu a mão.
- Sim. Eu sou o João Natimezin, muito prazer! - peguei sua mão tentando ser educado.
- Felipe, prazer!
- Felipe... eu queria falar com você sim.
- Claro, só que eu estou no meio do espediente. Poderia ser depois? e alias é sobre o que?
- Creio que é de sua importância e sim podemos falar depois que você sair do trabalho.
- Tudo bem então, eu deixo mais cedo hoje, ai nos podemos conversar.
- Claro, obrigado, então mais tarde eu passo por aqui. - ele falou sorrindo satisfeito.
- Ok- respondi e claro que fiquei desconfiado, um cara que eu nem conhecia veio falar comigo.
A manhã passou rápido, assim como a tarde e eu sairia as 17horas. Assim que meu espediente tinha acabado eu peguei minha mochila e guardei o uniforme e já estava proto pra sair.
- O cara tá ai fora de novo! - Mary falou
- Ata, obrigado e tchau Mary!
- Vem cá, o que ele quer?
- Conversar sobre um assunto importante. - um assunto que nem eu sabia, mas é claro que eu estava pronto se fosse uma armadilha.
- Entendi, mais toma cuidado você nem conhece ele!- ela falou preocupada.
- Pode deixar, sei me cuidar, agora ate amanhã! - lhe dei um beijo na testa e sai em direção ao homem que estava ali imóvel encostado despreocupadamente.
- Olá! - ele falou educadamente.
- Oi!
- Podemos conversar ali naquele restaurante pequeno? - ele perguntou apontando pro “Comida de praia”.
- Pode ser! - eu gostei pois era ate movimentado e não tinha como ele fazer nada comigo, mais ele realmente não parecia querer me prejudicar.
Andamos em silêncio e eu fiquei agradecido a mim mesmo por ter colocado aquela jaqueta, assim o maldito símbolo no meu braço esquerdo ficava tampado. Sentamos numa mesa que ficava fora do restaurante e ele pediu água e eu não quis nada, primeiro porque não tinha dinheiro e depois eu não estava com fome.
- Trabalha muito tempo por aqui Felipe?
- Um ano e alguns meses, eu acho.
- Entendo. Olha eu vou ser bem direto, eu vim ate aqui para tentar ver se realmenete era você, mais quando eu te vi, pude ter certeza. - eu me engireci e fiquei mudo.
- Não vim te prejudicar, preciso de sua ajuda!
- Olha eu não sei do esta falando! - finalmente minha voz saiu e ele riu da minha mentira.
- Eu aposto que você tem uma igual a essa no braço esquerdo! - ele me mostrou um papel que tinha um desenho igual ao da marca no meu braço. Fiquei ali parado pensando no que faria agora, como esse estúpido sabia da tatuagem?
- Olha eu tenho coisas bem mais importantes pra fazer, o senhor me desculpe mais preciso ir. - me levantei e ele me segurou pelo braço, respirei fundo para não fazer uma besteira.
- Espere por favor! - ele falou em voz baixa. E eu me virei devagar sentando de novo.
- Olha, eu não sei o que o senhor quer e também não me interessa, mais eu não sei do que esta falando e realmente preciso ir. - eu lhe falei já um pouco irritado, ele me olhava com calma e tocou de leve o meu braço direito e eu senti ele estremecer, o chão debaixo dos nossos pés tremeu, vi os seus olhos mudarem de cor e de repente eles estavam castanhos e trincavam assim como os meus ficavam quando eu me irritava muito e o poder me dominava. As árvores ali perto sacudiam com o vento forte que logo se formou, eu não sabia o que estava acontecendo e puxei meu braço rapidamente e tudo voltou ao normal e meus olhos estavam arregalados:
- Eu sou parecido com você Felipe e estou aqui pra te ajudar, responder todas as suas perguntas, ajudar a controlar todo esse poder que esta ai dentro de você.
- O que foi isso? - foi so que eu consegui dizer, ele não podia ser um dominador pelo o que eu sabia só tinha um de cada e o dominador da terra infelizmente era eu.
- Esse é um dom que tenho meu jovem!
- Quem é você?
- Já disse e digo mais, eu ajudo jovens mutantes que não tem controle de seus dons, os levo para um lugar seguro e lhe ofereço o que precisam e estou aqui porque eu posso te ajudar e sei como é dificil pra você.
- Eu não pedi ajuda de ninguém! - falei com raiva.
- Vejo que você não tem muita confiança nas pessoas!
- Por que eu teria? As pessoas não são confiáveis.
- Eu te garanto que so quero ajuda-lo. Veja:- ele pegou no bolso outro papel que tinha mais dois desenhos.
- O que tem isso?
- Você conhece?
- São símbolos da água e do fogo e daí?
- Então você tem conhecimento!
- E daí, eu já vi isso em algum lugar!
- Ser o dominador da terra é muito importante Felipe, exige muita responsabilidade e você pode ter certeza que existem muitas pessoas atras dos dominadores e não querem ajudar.
- Quer saber eu não ligo pra essas pessoas idotas, porque eu nunca pedi esse dom idiota e também não vou ficar aqui perdendo meu tempo com esse assunto idiota e então eu vou embora e o senhor passar bem! - falei me levantando e saindo antes que ele me impedisse e eu quebrasse seu braço.
- Felipe espera! - ele falou se levantando e vindo atras de mim.
- Olha aqui... Eu não te conheço, e de maneira nenhuma eu quero te machucar, então eu sugiro que me deixe me paz. Agora se você me fizer o favor de sair da minha frente eu agradeço. - falei já com raiva e ele saiu da frente me olhando com tristeza.
- Por favor, pense bem e se mudar de ideia aqui esta! - ele estendeu um papel, pensei em não pegar, mais enstedi a mão pegando o papel e guardando no bolso e sai furioso sem olhar pra tras.
Esse homem idiota queria me ajudar, ate parece! Eu estava com raiva e entrei rápido demais sem falar com ninguém.
Eu não confio nas pessoas porque não merecem.
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