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História Quatro rosas pela manhã - Para seu próprio bem


Escrita por: Sonumber

Notas do Autor


Olá! Como estão? Bem? Eu espero que sim!
Essa OS eu criei quando estava no fb e vi uma postagem. Me deram o nome para a fic e eu logo arranjei um plot, então aaa. Amei escrever ela e amei o desafio! <3
Bem, eu usei uma linguagem um pouco diferente do que estou acostumada dessa vez. Eu segui as correções do word, mas não tenho certeza de que está certinho. Estou ainda experimentando. Se sabe que algo está errado, venha me avisar sem medo! Estarei apta a ouvir.
Espero que gostem!
Boa leitura <3

Capítulo 1 - Para seu próprio bem


 

Ele o entrega quatro rosas pela manhã, Kyungsoo, eu sei disso. 

Sei pois sou eu quem as entrego a ele e sou eu quem lhe escrevo aqueles cartões. Você sabe que Chanyeol nunca o faria por si mesmo. É romântico, mas não tem tato. Faz bem em atos, mas pouco sabe fazer em palavras. A letra porca não combina com o tamanho amor que ele sente por ti. Então toda manhã ele me visita na floricultura, Kyungsoo, e me pede por buquês e cartões. 

 “Bom dia, Baekhyun.” Ele me diz, assim que aproxima do balcão aos fundos. Seu casaco está sobre o corpo, mas o sobretudo ele tira sempre antes de entrar. Ele escolhe as rosas brancas, hoje. Exatas quatro rosas, em um buquê minúsculo, que eu arranjo com mãos ágeis e carinho exacerbado. Ele me olha e sorri o tempo todo. Tão apaixonado, Chanyeol... Tão apaixonado, e não pela pessoa certa.

 Porque tu és maravilhoso, Kyungsoo. Sorri como se tivesse o mundo nas mãos, e como se ele fosse lindo. Caminha até o jardim toda manhã com as flores que Chanyeol te dá e as coloca no chão gramado junto às outras. Exatas quatro flores. Você tem cheiro de rosas, ele me disse uma vez. E então eu escrevi isso num cartão.

 “Bom dia, Chanyeol.” Eu o respondo, apenas depois de terminar o buquê. Meu sorriso é meio de lado, meio sem graça. Daqueles que não se sabe o que faz no rosto. Seus dedos raspam nos meus quando deixo o arranjo de flores no balcão à sua frente. “O que quer no cartão, para hoje?” 

 Quando o questiono, ele dá de ombros. Ele olha para meu rosto como se eu fosse aquele que mais soubesse. Olha como se eu fosse o artesão e ele fosse só algum leigo a pedir a arte. Ele dá de ombros outra vez e toca a nuca, tira os olhos dos meus.

 “Não sei, Baek. Você é quem sabe dessas coisas.” E ele entrega tudo à minhas mãos. Eu concordo, ele é o cliente. E eu penso sobre você e me enfio nos fundos da loja. 

 Ali atrás, minhas se desatam a mãos tremer. Essa não é uma manhã comum, Kyungsoo. Não é, porque sei que amanhã não haverá quatro flores no teu café da manhã. Amanhã não haverá mais quatro rosas e um bilhete do lado da tua cama. 

Escolho o cartão amarelo que é o que irá combinar com as flores. Escrevo teu nome atrás. A caligrafia é perfeita. Eu desenho um pequeno pássaro verde na capa do cartão, um galho sob seus pés pequenos, o bico aberto em canto. 

 “É para que não me esqueça,

 Que eu ofereço a ti estas quatro rosas apenas,

mas espero que o amor te aqueça,

quando o desamor for ferida em tuas penas.”

Escrevo para você o bilhete. No final, arranho mais algumas palavras, doloridas. E no lugar de pôr o nome de Chanyeol... É meu o nome que ponho no verso. E esperava que entendesse que nada fiz que fosse para te machucar. Porque você é lindo, Kyungsoo... Mas Chanyeol está amando a pessoa errada. 

E Chanyeol é lindo também, entendo o quanto o admira. Chanyeol sorri e é como um dia quente depois de um inverno inteiro. Ele olha para ti e eu invejo. Eu quero alguém que me olhe desse teu jeito, apaixonado, de quem sabe que tem o amor em mãos. Ele te abraça e eu desmorono por dentro. Porque tua casa é aqui em frente e ela é linda. É a casa que quero para mim, para criar um jardim de flores e um labrador. É nas paredes amarelas o aconchego que me falta toda vez que me comparo. É nas almofadas e tapete o colo que não sinto quando sou beijado.

E é desde meu primeiro verso que sinto-me desse jeito, dividido. Minha outra metade está por aí nas mãos de alguém de quem não posso arrancar. De quem não ousaria tomar. Por mais que não mereça Chanyeol, Kyungsoo… Que é que eu mereço depois do que fiz?

Chanyeol te dá quatro flores todos os dias... Mas eu tenho um jardim todo delas. Eu tenho flores subindo pelas paredes, trepadeiras e botões. Eu tenho um coroa de flores sobre os cabelos avermelhados. Eu tenho flores em vasos e revestindo toda a entrada. E elas andam murchando ultimamente. O amor que eu não recebo, eu não sei dar à elas. 

Ele sai e leva o cartão para ti. Ele não se dá ao trabalho de olhá-lo, não mais, agora que confia que manterei a muda promessa. Mas antes de sair, deixa para mim um recado, depois segue caminho. Eu o vejo atravessar a rua e o teu canteiro de flores. Ele tira a cerca branca do caminho e entra em casa. Pelas venezianas, o vejo encontrar-te dentro da sala de estar. Você está de pé e recebe as flores. O amor transborda pelos teus olhos, Kyungsoo, e eu sinto o amargor na boca. Porque tu és o perfeito esposo, e eu queria ser mais do que aquele que vê Chanyeol amar a pessoa errada sem fazer nada. 

E me olha de lá de dentro. Eu mal vejo teu rosto, mas você sorri e agradece como se eu tivesse te feito algo. E fiz. Fiz para que soubesse que quatro flores, sem tirar nem pôr, tem seu motivo. Porque, Kyungsoo, você é tão lindo. E teus gestos são por si a maior beleza que existe. Teu modo de vestir e de andar, e como trata das flores do jardim. Como toma o café quente logo de manhã, e eu o assisto da floricultura. Como pinta outra vez de branco todas as portas e as janelas, para que tua casa nunca perca o brilho. Como olha para lua à noite, mais apaixonado que qualquer um esteve um dia, simplesmente por amar a vida e tudo o que ela cria. 

 E eu quero tirar a sua, Kyungsoo. Arrancá-lo de seu jardim como Chanyeol faz com as flores, só para plantá-las em um outro canto melhor. Dá-lo de presente a quem te merece. Porque Chanyeol anda amando a pessoa errada, Kyungsoo, e eu o odeio tanto...

 Ele te entrega quatro rosas por sarcasmo e desamor. E me faz chorar saber de cada uma delas. Não deviam ser cinco? No começo eram cinco. São quatro agora, Kyungsoo. 

 Uma delas ele entrega pela mãe falecida, não é por ti. É porque a mãe gostava de flores, e gostava de você por gostar das flores também. E Chanyeol a amava... Chanyeol a venerava e sente de sua falta um buraco que não sabe como preencher. 

A segunda ele entrega pelo bem-estar, Kyungsoo. Ele entrega porque gosta de ver as coisas enfeitadas, gosta do romantismo e gosta de tudo em seu lugar. E tu proporcionas isso a ele desde que se casaram, ainda tão novos. Tu proporcionas a ele um lar e o cheiro do conforto está em teu colo, Kyungsoo. Assim como o cheiro de rosas que ele sorve da tua pele todos os dias. 

 A terceira ele entrega que é por agradecimento. Ou seria um pedido de desculpas? Tu és sempre tão bom para ele... É tanto amor que dedica à Chanyeol que ele não sabe fazer mais nada que não seja agradecer com flores. Mas ele também sabe que o que faz não é certo, Kyungsoo, então ele deixa essa flor para lhe pedir desculpas, mesmo que vá fazer isso de novo e de novo todos os dias.

E então ele te entrega uma que é para representar o quanto ele ama quando você está tão submisso sob seus braços protetores. Que é para dizer que ama tua beleza e como é macio sob seus dedos. Que significa o quanto ele te ama quando traz o jantar e quando senta em seu colo à noite. Que é para dizer com cada palavra florida que tu és o esposo que mais o serve, porque o serve. Porque ama-o cegamente e serve. Porque é tão delicado quanto uma moça, e tão bobo como um virgem. Porque vê inocência onde há vida e mantém a casa limpa. Porque se banha por ele e se mantém em alinho por ele. E Chanyeol te ama errado, mesmo lhe dedicando algumas poucas das flores do arranjo.  

 Chanyeol vêm te amando errado há um tempo longo, Kyungsoo. Porque a quinta flor ele dá a mim, desde que cheguei à cidade. A mim, que não soube por tanto tempo que eram casados. Para mim, ele era teu irmão, bobamente interpretei isso de um traço ou outro que tinham em comum e da simplicidade com que falava de você. Até vê-los de mãos dadas numa tarde quente. 

E ele vinha me beijar de manhã mesmo que eu dissesse que não queria mais. Disse que descobri, descobri porque beijaram-se à soleira da minha floricultura, e ele arrancou para mim uma das flores do buquê. Chanyeol já me amava mais do que amava a ti, ainda que eu não pudesse dar o que ele precisava para receber em troca um buquê inteiro.

Nunca fui tão perfeito quanto você, Kyungsoo, então não entendo. Se aquela rosa entre meus dedos significava silêncio, segredo, se significava desejo, esmaguei-a entre meus dedos. Tentei por muito tempo te odiar e pensei que ele amava a pessoa errada, Kyungsoo. Para mim que Chanyeol devia me amar, deixar você de lado e dedicar-se a mim do jeito certo. Mas pela forma como te trata, quem ama errado é você. 

Porque Chanyeol não é capaz de dedicar-se a ninguém, nem um nem outro, só a si mesmo. E também porque eu queria poder te dar muito mais do que quatro flores porcamente significativas todas as manhãs, ou cartões escritos por outros que têm mais afeto por ti do que aquele que o entrega. E não digo isso a ti simplesmente porque não posso. 

 Porque tu és puro e eu sou sujo, e eu não quero sujar de lama todo o teu gramado impecável.  

Então eu mando todos os dias os cartões e desejo que me entenda, Kyungsoo. Desejo que saiba que o que sinto por ti todos os dias é paixão e pena. É vontade de tirar-te do teu mundo falso e trazer-te para o meu no colo. É vontade de beijar teus lábios com amor de verdade, e não amor de boneca. Porque eu sei que tu, Kyungsoo, não merece entregar seu carinho a alguém que a isso distorce para submissão. Não merece ter sua delicadeza mal interpretada. Não lhe cabe não ser valorizado por ser nada além do que és. 

Tu é simples, Kyungsoo. Enxergo o enorme esforço que faz para improvisar sua perfeição todos os dias, vejo seu trabalho duro e vejo que é que é bom demais justamente porque Chanyeol é bom de menos. 

E eu te odiava até que vi quem era de verdade. Até que olhei até enxergar. Porque olhava-te como se fosse o vilão e por tanto tempo não vi que aquele Chanyeol que venerei e me entreguei com tanta sede era feito de uma pilha de mentiras. E quando escrevia todos os dias para ti, Kyungsoo, eu, que beijei teu marido noites inteiras sem saber que era seu, e que estava preso a alguém que não tinha nem mesmo vergonha em pedir-me, seu amante, para escrever a seu esposo... Quando escrevia os cartões, e lhe entregava flores, deixei de odiar fazer parte disso para tentar consolar-te pela verdade que nunca o dissera. Quem dava as flores era eu. Quem dizia nos cartões era eu. 

“Chanyeol te trai, Kyungsoo... Todo dia quando acorda e vem buscar tuas flores na minha floricultura. É para teu bem que te digo isso. Ele ama metade do amor que jura ter por você.”

 Eu tinha escrito, dentro do cartão, depois do poema. 

 Porque Chanyeol era romântico, mas não fazia o romance, e quem sabia escrevê-lo era eu. 

 Eu, que lhe dava uma flor por ser tão lindo, uma flor por ser tão doce, uma por ser tão bom e outra por te amar tanto. E a quinta eu guardava como segredo para mim, para que não se machucasse nunca, mas que certamente voltaria a colocar no buquê em outro momento, num pedido de desculpas que jamais seria suficiente para arranhar sequer a dor que te causei. 

Porque flores machucadas caem logo, Kyungsoo. E não é culpa das flores que elas sejam tão ternas e tão frágeis... A culpa é de quem as pisa sem dó sabendo de sua natureza delicada. E queria eu te reerguer como o bom jardineiro que sou… Mas seu sustento é Chanyeol, e ele é teu sol, tua água e a terra em que você está enraizado.

E de certo será a imensa a falta de amar-te secretamente em forma de flores e cartões. Contudo, sempre agarrei-me ao fato de que terminaria antes mesmo de começar; meu amor por ti não vingaria nesse deserto em que nos perdemos; morreria de sede. 

Mas se te entrego hoje esse bilhete, é porque te amo demais e porque sei que não és flor nenhuma. Tu és homem e és forte, e é também seu próprio jardim e seu próprio jardineiro. Sei que é capaz de livrar-se sozinho da erva daninha que é Chanyeol. 

Sei que as flores irão murchar um inverno inteiro antes que abram novos botões mais vivos, e não ouso pedí-lo para nascer tão logo que morres. Não precisas vir ao meu jardim, sequer precisa perdoar-me. Me contento desde que eu ainda possa olhar-te todos os dias da floricultura pintando outra vez as janelas da sua casa. Quem sabe se apaixone por ti igual eu me apaixonei. E eu amo o que vejo, como vida própria e única, antes de amá-lo por ser meu.

E tu não é meu, Kyungsoo. Mas espero que um dia possa deixar de ser de Chanyeol também.

 


Notas Finais


Espero que tenham gostado <3
Não tenham medo de comentar o que acharam. Eu sei o que é ser fantasminha, mas fiquem tranquilos, eu não mordo. Cada palavrinha é especial para que eu saiba o que estão pensando. Então <3
Até uma próxima, quem sabe.


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