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História Que Sorte a Sua - Mas também não tão azarado


Escrita por: Guachenim

Notas do Autor


Eu sei que vocês estavam esperando por isso há muito tempo, mas a verdade era que essa cena estava pronta, só não se encaixava com nada que eu escrevesse.
Foi aí que eu tive a brilhante ideia de mudar minha abordagem: usar a cena em outro contexto!
Me desculpem a demora, mas o processo de escrever capítulos tão grandes e elaborados leva tempo e eu estou tentando manter atualizações mensais de todas as minhas histórias, então fiquem de olho nas notificações, eu não abandonei nenhuma delas, só preciso de mais tempo pra me dedicar e não deixar vocês com atualizações rápidas e de qualidade baixa.
Eu realmente prefiro que meu trabalho seja lento e bem feito/desenvolvido do que curto, rápido e desleixado.
Em breve teremos atualizações de "E se...?" também!
Observação muito importante: seja conscientes com a bebida, jovens, porque o Nines com certeza não é kkkk - vocês vão entender.

Capítulo 4 - Mas também não tão azarado


Nines 

Era estranho aparecer no Bar do Jimmy no meio da semana, mas depois de tudo o que tinha acontecido, era melhor encher a cara do que ficar me lamentando ou lembrando do corpo na banheira e todos aqueles corpos, tinha sido bastante desconfortável e quase traumático. Porém, o que dominavam mais meus pensamentos era o maldito Reed, estava me corroendo ao ponto de que a única coisa que poderia entorpecer certos pensamentos eram grandes quantidades de álcool bem forte e não guardava nenhuma garrafa de bebida em casa o que me deixava com duas opções: o Bar do Jimmy, que meu pai já frequentava por muitos anos e o dono me conhecia por nome e sobrenome; ou comprar uma garrafa de whisky e secá-la sozinho, jogado no tapete da sala. É óbvio que eu ainda tinha alguma dignidade e me direcionei até o bar ao invés de acabar como um bêbado solitário e os vizinhos ligarem para o meu pai e meu irmão pensando que morri. 

Eu folheava alguns arquivos do caso no balcão do bar entre goles de whisky quando o barman se aproximou. Nós precisaríamos fazer muito trabalho de campo para encontrar o assassino de Andronikov e descobrir o que todos aqueles corpos estariam fazendo lá, tínhamos uma reunião com o legista, e seria cada vez mais desconfortável fazer tudo isso com o Detetive Reed no meu encalço o tempo todo daquela investigação – eu merecia pelo menos uma bebida, mas é claro que eu não parei apenas na primeira e muito menos na segunda ou nas subsequentes, eu queria ficar atordoado. 

– Dia difícil? - perguntou Jimmy. 

– Você não faz ideia. - digo com a cabeça inclinada para baixo, copo ainda na mão e olhos nos arquivos do caso, suspiro fechando a pasta – Jimmy, o que você entende sobre Máfia Russa? - perguntei, o barman parece levar um tempo para processar a pergunta enquanto entorno o copo. 

– Sei que se eu mexesse com esse tipo de coisa, já estaria a sete palmos do chão há muito tempo. - disse com um riso seco. 

– Faz sentido. - digo o acompanhando no riso, o seu humor mórbido para esse tipo de assunto era uma das coisas que mais me agradavam no barman, nos compartilhávamos esse tipo de piadas ácidas - Ah, eu vi muitas tripas e coisas sangrentas hoje, mas não foi isso que me fez vir. 

– Então o que foi? - o barman questionou enquanto polia um copo para servir cerveja a um outro cliente. 

– Meu parceiro, ele é um idiota, nunca sei quando ele está jogando comigo ou só sendo desagradável. - resmunguei. 

– Você já disse isso antes, qual é a novidade nisso? - quis saber ele, sirvo mais uma dose antes de responder – Vai com calma, Detetive. - disse Jimmy, me impedindo de encher o copo até entornar, talvez fosse meu nono ou décimo copo daquela bebida. 

– Eu preciso não ir com calma hoje. - resmungo já começando a ficar incoerente – Aquele meu parceiro é um pé no meu saco, ele é um boçal de merda e um babaca, primeiro faz o que quer comigo me tornando seu saco de pancadas particular pela porra de seis meses e agora resolve ser bonzinho... idiota. - rosno irritado. 

– Você está irritado por ele tratar você mal ou porque ele está te tratando bem agora? - perguntou ele ainda segurando meu pulso. 

– E isso importa? Ele sempre foi um babaca, por que você acha que ele vai continuar me tratando bem? Eu estou te falando, Jim’, daqui um final de semana ele vai voltar a ser um cretino que sempre foi... - resmungo puxando a mão de volta e bebendo do copo até secar, já sentia minha língua formigando adormecida. 

– Nines, você já está bêbado e não falando mais coisa com coisa, se não te conhecesse bem eu diria que está até gostando desse tratamento diferente. - desvio o olhar do olhar do barman, encarando o balcão, ele estranha minha reação - Oh... você...? 

– Não! - quase grito usando meu tom mais frio possível, puxo a primeira nota que encontro na carteira e Jimmy me encara incrédulo - Eu vou pra casa, fica com o troco. 

– Desse jeito você não vai mesmo! - repreendeu ele – Ligue pra alguém ou eu mesmo faço, sabe qual é o acordo aqui, desde o tempo do seu pai que eu digo que se não está bem pra dirigir, ou eu chamo um táxi ou pra alguém vir buscar você. - disse tomando as chaves de minhas mãos, rosnei irritado – Você tem quem busque você? 

– Eu... - pondero por um momento. 

Eu não queria ter que ligar para alguém da minha família – ainda mais porque sabia que Connor e meu pai estavam descansando a essa hora – e estava bêbado demais para um táxi – até porque nem me lembrava do caminho de casa. A única pessoa que eu me lembrava que estaria disponível para me buscar naquele momento era justamente quem eu queria evitar a todo custo depois de um dia inteiro de trabalho. 

Não tendo escolha, começo a procurar o número de Gavin no celular mal enxergando as letras minúsculas enquanto fazia isso, minha visão já estava embaçada para isso, quando encontro o contato do Reed aperto no botão verde e faço a chamada, ele demora algum tempo para atender. 

– Alô? - a voz rouca de Gavin ecoa pelo telefone. 

– Oi, sou eu... - digo nervoso, evitando qualquer contato visual com Jimmy no processo – Pode fazer um favor pra mim? - as palavras quase não saem por causa da língua muito enrolada e dormente. 

– Nines? Você tá bem? Parece que tá... - ele bufa uma risada percebendo a situação que acontecia comigo do outro lado da linha – Meu Deus, é de família ficar bêbado desse jeito? 

– Ah, cala a boca... - resmungo me escorando no balcão, revirando os olhos e me amaldiçoando mentalmente por ter feito isso, apenas me deixou mais tonto do que já estava – Jimmy está com a minha chave, disse que era pra eu chamar alguém pra me buscar porquê... bom, eu não estou muito bem, pode vir me pegar? Só preciso de uma carona. 

– Oh, claro, princesa. - diz ele em uma voz divertida que apenas me deixa mais irritado – Busco você em dez minutos. - ele desliga e Jimmy me encara curioso, olho para o aparelho e percebo que há algo de errado: estava o tempo todo no viva-voz. 

– Não é o que você está pensando. - respondo rápido e o homem cruza os braços sobre o balcão, desvio o olhar dele e posso sentir seu sorriso presunçoso direcionado a mim. 

– Claro que não. - ri o barman voltando a limpar o balcão e servir os clientes. 

Gavin 

Aquela ligação havia me pego totalmente desprevenido, mal conseguia acreditar que o grande Detetive Nines “O Responsável” Anderson estava me ligando àquela hora da noite e completamente embriagado no meio da semana, ele parecia aborrecido de estar me pedindo para buscá-lo no mesmo bar onde seu pai costumava encher a cara até pouco tempo atrás e pelo jeito tinha sido obrigado a chamar alguém, já que o barman parecia estar com as chaves dele. Rindo disso como se fosse a melhor piada do século, pego as chaves no gancho da parede ao lado da porta e dirijo até o bar onde Nines já esperava do lado de fora, ele parecia levemente aéreo e balançava para frente e para trás nos próprios calcanhares. Procuro um lugar para estacionar quando vejo o mais novo começar a andar de um lado para o outro na calçada. 

– Ei, princesa. - chamo sua atenção segurando seu ombro, Nines resmunga de volta e vira a cabeça quase em câmera lenta para me encarar, os olhos pesados e mal se mantendo abertos – Vem, vou te levar pra casa. 

– Casa, claro... - repetiu ele como um eco. 

Ele se escora em mim e o arrasto até o carro, o apoiando no veículo para poder abrir a porta e o colocar no banco do carona em segurança, Nines abraça o próprio corpo parecendo estar com muito frio e estremece levemente antes de soltar o ar pesado pela boca, formando uma pequena nuvem de vapor com sua respiração quente no ar gelado, os olhos firmemente apertados e a cabeça baixa tentando manter o calor com o próprio corpo. Pego gentilmente em seu braço e o conduzo até estar sentado no banco do carro para então colocar o sinto, fecho sua porta e dou a volta no carro, entrando no lado do motorista e dando a partida com a chave. 

– Você tá bem? Por que não chamou seu pai ou seu irmãozinho? - perguntei em partes curioso e em partes irônico, Nines balbucia alguma coisa antes de responder realmente. 

– Não dá... dormindo... - resmungou ele esfregando os olhos e se encolhendo no banco como um cachorrinho abandonado. 

– Se lembra onde fica sua casa, pelo menos? - pergunto e ele me alcança o celular, desbloqueado e com uma localização do Google Maps marcada como “Casa” aberta no aplicativo – Entendi, vou te deixar lá. 

Ele acena com a cabeça e escora no encosto, resmungando muito e esfregando o rosto, estendo a mão para alcançá-lo e percebo que ele estava gelado por causa do álcool e da temperatura do lado de fora, devia estar lá há algum tempo me esperando antes que eu chegasse, o silêncio se instalando se não fosse pelos resmungos ininteligíveis de Nines e o barulho do motor do carro juntamente com uma música baixa que tocava no rádio. O caminho é tranquilo e não há muito trânsito naquela hora da noite se não um ou outro carro no sentido contrário – talvez jovens indo para alguma festa de fraternidade – e em pouco tempo chegamos ao destino: a casa do Senhor Perfeitinho. Ele me encara algumas vezes e finjo não perceber, os cabelos a essa altura estão caindo nos olhos e bagunçados do banco. 

Estaciono o carro na frente do prédio e demora um minuto até que Nines se dê conta disso, parecendo confuso sobre como chegou lá tão rápido. 

– Entregue e em segurança. - digo e ele parece atordoado demais para perceber. 

– Não precisa me tratar bem só porque sabe que tenho sentimentos... - responde baixinho e enrolado, parecendo um rosnado incomodado com o que eu disse. 

– Para com isso. - digo sem o encarar diretamente - Não estou fazendo isso por pena de você, Nines, você mais do que ninguém sabe que eu não sinto pena. 

Silêncio paira sobre nós outra vez. 

– Você quer entrar? - perguntou por fim, o direciono um sorriso de canto e o ajudo a sair do carro como tinha feito antes. 

Ando apoiando seu peso em mim de lado, quase o carregando pelas escadas enquanto subíamos os três lances até o seu apartamento e parando com ele em frente a porta com o número 309 – eu já deveria ter imaginado dado ao quanto ele era supersticioso com esse número – bem no meio do corredor longo e estreito, pesco as chaves de dentro do bolso do mais novo e destranco a porta com uma mão, mas algo me pega de surpresa quando passo pelo limiar da entrada com um estrondo da porta se fechando nas minhas costas – literalmente. Nines tinha me empurrado com força contra a entrada e agora pairava em cima de mim com os olhos baixos e a ponta da língua acariciando levemente os próprios lábios. 

– Nines, você tá maluco? - pergunto em um fio de voz, meus olhos estavam arregalados e assustados com o peso de Nines totalmente jogado em cima de mim, ele chia cobrindo meus lábios com o dedo. 

– Não fala nada... só me deixa ficar perto de você, não seja babaca comigo, eu quero tanto esquecer o que houve hoje... - murmurou com a boca pairando sobre a minha. 

– Você tá muito bêbado, não é você falando. - disse da mesma forma que ele tinha dito sobre minha reação no final de semana, quando dormimos juntos. 

– Por que a gente não descobre de manhã? - o desgraçado usa minhas palavras contra mim, passando a língua pelos lábios e se inclina mais perto. 

Aproximo mais o rosto do dele, nossos lábios se roçando gentilmente antes dele soltar uma respiração profunda e trêmula e eu sentir seu hálito quente e alcoólico contra a minha respiração também tão quente quanto a sua, quebrei a distância com um puxão no colarinho da camisa do de olhos azuis – talvez um pouco forte demais por sua falta de equilíbrio causada pelo álcool – o fazendo quase cair em cima de mim e nos beijamos  violentamente, causando um estalo quando nos separamos. Ele puxa minha gola e me arrasta com ele até o final do corredor, ele me puxava e eu o empurrava simultaneamente até onde eu pressupus ser o seu quarto, dessa vez as suas costas batendo contra a porta dura quando ele me virou para conseguir entrar no cômodo, tateio a maçaneta atrás de mim e quando a encontro, quase caímos no chão. 

– Que apressado você... - sussurro em seu ouvido antes de ser empurrado na cama e ter meu corpo prensado contra o colchão, entrelaçando as penas na sua cintura – Sabe, nunca imaginei que fossemos acabar assim, sempre imaginei que fosse ao contrário. 

– Você imaginou é? - disse passando as mãos por meu corpo. 

– Só algumas vezes. - disse nos virando e ficando sobre sua cintura. 

Mas é aí que me dou conta de uma coisa muito importante sobre a situação que estávamos agora... não que eu não estivesse de acordo com transar com Nines ou que eu não o achasse atraente fisicamente – pelo amor de Deus, o garoto não parecia ter nascido e sim ter sido projetado por um Deus sacana e pervertido – mas ele estava bêbado e eu não podia fazer isso com ele tão alto quanto um balão de ar quente, era errado em muitos níveis e ele poderia ficar mal com isso depois, então lentamente fui me afastando até perceber que ele tinha jogado a cabeça para trás e pego no sono. 

– Porra... não posso fazer isso com você. - digo ouvindo seus resmungos arrastados. 

– Mas eu quero... - responde ele em uma voz mimada, rio levemente antes de me sentar ao seu lado na cama – Eu posso fazer isso! 

– Não, você não pode, você mal consegue se manter de pé ou acordado. - respondo o sentando na cama – Vamos, precisamos tirar essas roupas suadas e fedidas de você, princesa. 

– Princesa é a sua bunda, Reed. - responde em um rosnado quando tiro sua gola alta e a jogo em algum lugar longe de sua vista, ele se deita outra vez enquanto tiro suas botas e coloco ao lado da cama – Resolveu mudar de ideia, foi? 

– Não, eu estou te despindo porque você está fedendo a whisky. - digo e ele franze a testa ainda de olhos fechados, desfaço a fivela do cinto, abro seu botão da calça e desço o zíper - Agora eu preciso que fique parado. 

– Parado... - resmungou ele concordando e soluçou - Não sinto minha língua... 

– Eu sei, parceiro. - disse puxando sua roupa para baixo, as calças de sarja deslizando lentamente pelas pernas longas e sardentas, era a primeira vez que lembrava de ter visto o Anderson propositalmente seminu (e era uma visão bem agradável de se ter). 

– O que você vai fazer comigo? - perguntou quando o levantei outra vez e o agarrei por baixo das pernas e dos braços. 

– Te levar pra um banho, você tá fedendo mais que gambá. - respondo o colocando gentilmente sentado no chão do box e verificando se ele não iria cair - Você vai odiar isso, mas eu admito que vou me divertir um pouquinho. 

Ele me encara confuso abrindo apenas um olho e então ligo o chuveiro... a partir daí, tudo era uma gritaria desenfreada. 

– GAVIN REED, SEU FILHO DA PUTA! - berrou Nines desesperado quando a água o atingiu com força, esperneando e gritando como uma criança fazendo birra. 

Eu? Eu gargalhava ao lado do box totalmente incapaz de me controlar com a cena diante dos meus olhos já lacrimejando de tanto rir, minha barriga doía de gargalhar sem parar de como o Detetive mais novo se debatia como um gato jogado numa banheira, o Anderson para de se debater e encara o nada com olhos arregalados e os dentes batendo uns contra os outros. Depois de todo o ataque de risos, resolvo terminar de lhe dar um “banho” e o ensaboei brevemente antes de enxaguar seu corpo e cabelo, Nines já estava praticamente dormindo outra vez antes mesmo que eu terminasse de lhe dar banho e o secar. Respeitosamente, tirei o que lhe sobrava de roupa ainda com ele enrolado em uma toalha cinza felpuda e troquei a boxer preta molhada que ele estava por uma nova e seca que encontrei nas gavetas, o deitei na cama depois de me certificar que ele estava seco e não iria se engasgar com o próprio vômito e o cobri gentilmente com o cobertor quente. 

– Gavin... - murmurou ele sonolento – A chave reserva fica embaixo do tapete, por favor, tranca a porta quando sair... fica com a chave... 

– Pode deixar, Nines. - respondo saindo do quarto depois de deixar um beijo em sua testa. 

Nines 

O dia seguinte poderia facilmente ser descrito como um inferno. 

O zumbido insistente no meu ouvido é a primeira coisa que percebo de estranho quando abro os olhos de manhã, minha cabeça latejava como se tivesse sido esmagada por um taco de baseball e uma tontura muito forte começa a dominar todos os meus sentidos, as cortinas felizmente estão fechadas, o que ameniza um pouco a ardência em meus olhos – que pareciam estar cheios de areia – eu não conseguia me lembrar de como tinha chegado em casa e muito menos na minha cama, tudo o que eu sentia era uma terrível dor de cabeça e um embrulho no estômago da óbvia ressaca. Imagens distorcidas chegam na minha memória e pego o celular com muita dificuldade da mesa de cabeceira, fragmentos de memória se emaranhando com coisas imaginadas. 

Lembro de Gavin ter ido me buscar depois que o chamei, mas isso ainda não explicava como eu estava deitado na cama apenas de cueca e muito menos como eu tinha ido parar lá, lembro de ter jogado seu corpo contra a porta e um gemido desconfortável saem dos meus lábios quando tento me sentar na cama e olhar ao redor, notando que tudo parece normal... exceto que minhas roupas estavam espalhadas no chão e a cueca que eu estava usando não era a mesma da noite anterior. As peças demorando a se encaixar na minha cabeça, não poderia ser isso. 

Mais fragmentos de memória da noite anterior alcançam minha cabeça e nem tenho tempo de processar a sensação fantasma das mãos de Gavin pelo meu corpo quando meu corpo inteiro fica rígido antes de eu correr para o banheiro, abrindo a porta em um estrondo e me debruçando na direção da privada para vomitar todo o álcool que ainda estava no meu organismo, meu corpo tremendo enquanto meu estômago parecia estar cozinhando lentamente por causa da enorme azia. Parecia que meus órgãos estavam virando do avesso, algumas lágrimas acumulando nos cantos dos meus olhos por causa do esforço e as memórias bagunçadas de Gavin e eu nos agarrando na sala me faziam sentir ainda mais vertigem. 

– Merda... - murmuro com as costas apoiadas no azulejo frio, meu corpo inteiro treme com o contato, considerando que o azulejo era desconfortavelmente gelado contra minha pele queimando em febre – Porra, o que aconteceu aqui? - me pergunto ainda escorado contra a parede de azulejos. 

Saio cambaleando em direção a cozinha, precisava urgente de café para melhorar minha cara de ressaca e de uma aspirina antes que minha cabeça explodisse de tanta dor, pego uma caneca no armário e o café para colocar na cafeteira junto com um filtro novo e começo a passar o café, apoio meus braços na bancada e enterro a cabeça entre eles para abafar um pouco o barulho da máquina funcionando. Meu momento de paz é estragado pelo telefone tocando em algum lugar da casa e volto para procurar o aparelho que provavelmente ainda estava jogado em cima da cama como quando tive que correr até o banheiro para vomitar. 

O visor da tela mostrava o número de Connor me ligando, mas não fazia ideia do que se tratava, ele quase nunca liga se não for algo realmente importante e isso acaba me deixando preocupado se aconteceu alguma coisa, mesmo assim atendi totalmente desorientado. 

– Nines! - gritou a voz do outro lado da linha. 

– Por favor, fala baixo... - resmungo esfregando os olhos, minha cabeça parecia que iria explodir. 

– Nines, o que aconteceu? Você sumiu, estão todos procurando por você! - disse mais baixo, mas não menos zangado. 

– Que horas são? - pergunto esfregando os olhos. 

– São nove horas, Nines, você perdeu o horário! - gritou Connor, meu sangue gelou. 

Puta merda, eu estou tão fodido. 


Notas Finais


Bom, era isso, espero que tenham gostado e se divertido, prometo responder todos os comentários de vocês assim que possível e agradeço de coração por cada um!
Vocês me inspiram a continuar escrevendo <3
Um beijo do Rapha e até a próxima - mais breve possível - atualização.


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