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História Queen of death - Capítulo 34


Escrita por: Uzumaki_san

Capítulo 34 - Capítulo 34


NIETH

Quando cheguei a Grimôr, a cara de reprovação de meu pai e a de satisfação de Hedaj eram suficientes para que eu soubesse que eles já foram informados do ataque ao pequeno acampamento. Caminhei tranquilamente na direção do Palácio e escutei Nitio levantar voo, ele estava fugindo.

 

- Você ficou maluca? - papai vociferou. - Eu deveria prendê-la no calabouço por uns dias para que deixe de loucura.

- Qual, exatamente, é o motivo desta fúria? - perguntei curvando-me levemente o cumprimentando. - Alteza.

- Menina tola. - ele bufou. - Ainda sou seu pai e exijo que me obedeça.

- Ainda não entendo do que se trata. - voltei a caminhar para as portas de entrada e o ouvi me seguir, assim como Hedaj.

- Todos falam de seu passeio com Cayden, milady. - Hedaj falou casualmente. - Falam inclusive, de que houve um ataque em um acampamento em Amenon.

- Amenon é uma terra sem lei, muitos ataques ocorrem por lá, provavelmente foram os espectros.

- Não se faça de idiota. - papai parou e me puxou o braço. - Seja lá o que estiver planejando, faça-o o mais breve possível.

- Há uma razão pra isso, meu pai? - puxei o braço levemente incomodada, ele nunca havia se comportado daquela maneira.

 

Papai suspirou irritado e se afastou, voltando para o exterior do Palácio. Encarei Hedaj ali parado e ele tossiu desconcertado.

 

- Há frotas se espalhando pelo mar do ocidente, milady. Frotas de Darnôr. - ele se moveu levemente. - Findra também ordenou que seu exército marchasse em nossa direção.

 

E então senti um choque em meu peito, assustada. Aquilo definitivamente não era o que eu esperava, não tendo recebido a visita da Rainha Vadia a pouco mais de dois dias. Aquele era o tipo de ação que eu não esperava dela tão rapidamente.

 

- Quantos dias para que cheguem aqui? - perguntei preocupada.

- Terão que passar por Sanôr e Lunôr antes, presumo que 10 dias de Darnôr para lá. E se passarem, um ou dois dias até aqui.

 

Estremeci ao pensar o que poderia acontecer, tínhamos que agir imediatamente ou ela atacaria os outros reinos e então nós. 

 

- Escute, Cayden e eu, encontramos um acampamento de Darnôr na floresta. - ele elevou uma de suas sobrancelhas. - Descobrimos que Findra estava tentando levar consigo os espectros, não sei se ela já capturou algum, mas fizemos o que era possível para que não houvesse mais.

- Está dizendo que ela pretende os soltar entre os exércitos?

- Estou dizendo que ela não deseja uma Guerra. - respirei fundo. - Ela deseja um extermínio.

 

*

 

Procurei por Irreth e Tahiel quando Hedaj se retirou, ambas estavam na biblioteca do Palácio e pareciam ler livros sobre feitiços. 

 

- Majestades. - me curvei profundamente. - Venho com notícias.

- Já sabemos. - Irreth fechou o livro em sua mão e se levantou. - Inteligente, minha neta, porém um pouco tarde.

- Findra pode estar planejando atacar Sanôr, precisamos partir com um exército imediatamente. - olhei para Tahiel e uma nuvem de terror cobriu seus olhos. - Do que está falando, majestade? 

- Pensei que falava do Príncipe de Zimôr. - Irreth me olhou espantada. - Procure seu pai e Gadrin, chame-os aqui.

 

Tahiel sequer se despediu ou falou algo, passou por mim como um furacão e sumiu através das portas, mais tarde soube que ela havia unido sua corte e partido às pressas para o seu reino. Papai estava com Hedaj comandando e organizando as tropas, procurei por Luke ou Gadrin e não os encontrei. 

 

- Meu pai.- o chamei.

- Escute...- ele me puxou pelo braço para longe da multidão de soldados se organizando. - Me perdoe por mais cedo, eu fiquei furioso com os boatos de que estava com aquela criatura nefasta.

- Não se preocupe. - engoli seco, ele me mataria se eu contasse sobre o casamento. 

- Gadrin partiu com Luke e algumas frotas para o Norte, irão interceptar os navios de Darnôr antes que cheguem aqui.

- Luke? - perguntei surpresa. - Não deveria tê-lo enviado para o mar, ele deveria lutar conosco, como o protegeremos?

 

Meu pai suspirou, sôfrego e cansado, eu sabia o que aquilo significava. Luke deveria tê-lo implorado para ir, tenho certeza de que papai ameaçou Gadrin para ficar de olho nele.

 

- Vamos para Sanôr, Tahiel irá preparar o exército dela e parte dele se unirá a nós para seguir em direção ao Norte.

- E os outros reis? - perguntei apreensiva.

- Galion está preparando sua legião e nos encontrará em 5 dias. 

- E Bradir?

- Não o encontramos no reino.

 

Como um covarde, ele havia fugido como um grande e incrível covarde. Enchi os pulmões e soprei ao vento, um único sussurro de aviso e um pedido de socorro. 

 

- Não se preocupe. - falei. - Reúna a todos que puder levar, não deixe o reino desprotegido. - me afastei. - Marchem juntos, leve meu pelotão com você, meu pai. Eu os encontrarei em alguns dias. - e então corri na direção da floresta, à procura de Nitio.


 

CAYDEN

Não tenho como explicar em palavras o quanto fiquei furioso com a fuga de Nieth e o quanto Matthew ria de minha irritação. Não estava irritado pela fuga em si, mas havia coisas que Nieth e eu precisávamos conversar, como a Guerra que se aproximava, como as coisas que nos esperavam, como o que estava acontecendo quando fomos interrompidos. Onde ela estaria agora?

 

- Deveria tê-la impedido. - olhei para Lauriel que descascava maçãs espreguiçada em uma cadeira da sala de jantar.

- E perder a mão? - ela ergueu uma de suas sobrancelhas. - Jamais faria.

- Não pretendia mantê-la presa aqui, pretendia? - a voz grave e rouca do Rei soou, vi Lauriel levantar desajeitada. 

- Como se isso realmente o interessasse, não é?

- Não sei se quero saber o que pretende. - ele caminhou até Lauriel e lhe beijou a têmpora. - Minha filha. - a cumprimentou. - Tenho razões para acreditar que precisaria estar aqui daqui em diante.

 

Uma brisa violenta e desesperada entrou pela porta e correu por toda sala, o sussurro. Um calafrio percorreu minha espinha e minha magia se agitou. Havia começado.

 

- Tenho informações valiosas. - ele pegou uma das maçãs que Lauriel comia e a mordiscou. Uma batida forte soou na porta e por ela passou todo comitê de Guerra do Reino. - Os convoquei aqui, pois tenho péssimas notícias, Findra espalhou parte de seus exércitos pelo território, sua intenção é atacar. Não irei esperar para que chegue até nós.

- Não há como, meu pai. - Lauriel o interrompeu. - Nosso reino é praticamente invisível, não temos visitantes a milênios, não há como saberem onde estamos, nossas entradas. 

- Infelizmente, isso não há como termos certeza. - seus olhos escuros me encararam. - Tivemos visita esta noite e tenho razões para querer evitar qualquer ataque. 

 

Ela está vindo, preciso de você e de quantos puder levar consigo. Proteja sua cidade, proteja o povo. Eu o encontrarei em alguns dias.” - o seu sussurro ecoou novamente em minha mente.

 

- Precisa cumprir com seu acordo, meu pai. - enfiei as mãos nos bolsos da calça e sorri preguiçosamente. - Ou não perdoarão a covardia. 

 

Os olhos escuros pareciam enevoados, como se ele estivesse cego e refletiam os horrores de guerras passadas, aos quais meu pai participou ainda jovem.

 

- É exatamente por isso que estou aqui. - a voz firme, como eu já havia ouvido antes, ainda que poucas vezes. - Minha filha ficará no reino com um exército e nós partiremos com o restante. Vamos interceptar Darnôr antes da tomada de algum reino.

 

Aquilo me preencheu com alívio, lá estava o macho que tantos falavam, o que fazia tudo por seus súditos e seu reino. Lauriel gemeu em protesto, mas foi silenciada por meu pai com um único levantar de sua mão antes de se retirar levando consigo os demais. Estavam todos em silêncio quando chegaram e partiram da mesma forma, encarei minha irmã que fechava e abria as mãos irritadiça e antes que eu pudesse consolá-la ela se retirou. 

 

- Uriel. - o chamei. 

 

O macho carregava poderes aos quais eram inexplicáveis, ele e o irmão eram como Yin e Yang, com poderes opostos mas complementares. Uriel sabia e sentia quando o chamavam, tinha o poder de se transportar e de ouvir até o sussurro de uma abelha, além de se transmutar (poder ao qual apenas o irmão já o vira fazer), e eu sabia que havia outros talentos secretos em sua magia. Os dois foram encontrados por minha mãe, fomos criados juntos como irmãos. 

 

- Estou aqui. - em um segundo ele estava parado de pé encarando a enorme janela de vidro e a montanha abaixo.

- Preciso que diga a Verena que me encontre nas Montanhas Negras. 

 

Os olhos claros do macho se desviaram e finalmente me encararam, eles expressavam dúvida e desconfiança.

 

- Para quê, exatamente? - Ele deu as costas à janela e se encostou ao peitoril. - Espero que se lembre das leis, não pode ir para as montanhas.

 

Estiquei os braços dando de ombros e então ajeitei os punhos da camisa que vestia por baixo da túnica. Aquilo era bobagem.

 

- Prefere que eu a peça para vir até aqui? - pigarreei.

 

Uriel suspirou irritado e então desapareceu, deixando para trás o rastro de suas sombras azuladas, eram extremamente parecidas com a de Nieth. Eu não sabia o que esperar dos próximos acontecimentos, mas providências precisavam ser tomadas, não só por mim mas por todos. 


 

ARION

Ainda era noite, estavam todos sentados diante de fogueiras enquanto tomavam das piores bebidas que pudessem ser fabricadas por eles. Os olhares de todos oscilavam entre a coragem e o medo, a determinação e a raiva, mas havia muitos suspiros de esperança ali também.

 

- Senhor. - Hedaj se aproximou de minha tenda e me entregou uma espécie de pergaminho. Um laço de ouro a amarrava e um pequeno pingente com uma montanha esculpida balançava na ponta. Zimôr.

 

Fitei o exército espalhado pelo acampamento, oito mil entre machos e fêmeas, desde os mais experientes aos recém chegados. Voltei a atenção para aquele papel em minha mão e então para Hedaj.

 

- Chegou a poucos minutos, Arion. - ele trocou o peso de seu corpo para a outra perna. - É de Bradir. 

 

Eu sabia que era de Zimôr, a fita os denunciaram, o ouro ao qual o Rei tanto escondia em seus subsolos como um dragão protegendo seus tesouros. Desatei o nó dado para fechar a carta e o enfiei no bolso da calça cinza, suspirei levemente e abri o pergaminho. A letra era curvada e um pouco difícil de se decifrar, como se estivesse sido escrita às pressas.

 

- “Arion, estou partindo com parte de meu exército em direção a Sanôr. Uniremos os nossos exércitos para interceptar Darnor e impedir que avancem. Enviei um pedido para Galion na esperança de que ele envie seus batedores para avaliar nosso inimigo. Nos encontraremos em breve.” - li em voz alta.

- Pensei que ele fugiria. - Hedaj confessou.

- Fico feliz que não o fez.

 

Encarei o exército novamente e então me permiti sentir medo, por eles e por suas vidas.

 

- Alteza. - um soldado gritou ao longe, ele corria de forma desajeitada. Atrás de si havia outros dois soldados segurando suas espadas. - General. - quando se aproximou, tropeçou levemente mas foi impedido de cair por Hedaj.

- O que há de errado? - Hedaj o segurou pelo ombros.

- Encontramos aqueles dois espreitando o palácio a mais ou menos uma hora. - ele apontou para as duas silhuetas sendo empurradas entre as tendas do acampamento. - Tentamos perguntar a eles o motivo de estarem ali, mas eles se recusaram a falar.

 

Os dois soldados empurraram os dois em nossa direção, um deles perdeu o equilíbrio e caiu. O estado de ambos era decadente, roupas sujas de sangue e lama, marcas arroxeadas e sangue em seus rostos, mas sorriam como dois idiotas, pareciam ladrões, a julgar pelos cintos presos em suas pernas e botas, além da pequena bolsa na lateral de sua corpos.

 

- A única coisa que falaram é que desejavam ver a princesa. - um dos soldados falou. - Este aqui. - ele empurrou com o bico da bota o tronco do macho deitado. 

- Quem são vocês? - Hedaj se agachou rolando o corpo do macho jogado ao chão. - O que querem aqui? O que querem com a princesa? 

 

O macho no chão riu baixo e se negou a falar, mas subitamente parou gemendo em seguida e a julgar a forma como abraçava o próprio tronco, deveria estar com as costelas quebradas.

 

- Perguntarei de novo. - Hedaj se levantou e empurrou o outro, o fazendo cambalear. - Quem são vocês e o que querem com a princesa?

 

O macho no chão riu novamente, mas dessa vez ele sussurrava palavras desconexas no idioma antigo, ele repetia as mesmas coisas.

 

- Odrio no tu nore. *- Ele sussurrava repetidas vezes. 

 

Hedaj ameaçou socá-lo, porém eu o impedi. Conhecia aquelas palavras e conhecia bem.

 

- Odrio tu sore ai. *- eu o respondi.

 

Os olhos escuros do macho se arregalaram e então ele parou de sussurrar. Para quem entendesse cada palavra dita saberia que aquilo era uma saudação Darnoriana na língua mais antiga, quando o Rei ainda era vivo, quando ainda havia paz em Darnôr. Moeth ensinava ao povo algumas palavras e saudações, mas aquela em específico era pouco usa, apenas a realeza de Darnôr poderia saber. 

 

- O que significa? - Hedaj perguntou.

- Meu senhor. - o macho rastejou levemente e me tocou os pés. - Preciso falar com sua filha, preciso...

 

Me agachei para lhe tocar o ombro e o ajudei a se sentar, estava magro e descuidado, mas a tatuagem da Guarda real ainda lhe marcava o pescoço. “Odrio no tu nore.” - um sussurro em meus sonhos, em minhas lembranças.

 

- Vamos. - o ajudei a levantar. - Tragam comida e roupas limpas, traga uma curandeira também. - falei para o soldado que os havia trazido. - Ajude-me com o outro. - pedi pra Hedaj. 

 

Apoiei o corpo magro e machucado daquele macho ao meu e o levei para dentro de minha tenda. O sentei na cama improvisada e puxei um banco para perto do mesmo, Hedaj colocou o outro sentado ao lado do jovem de olhos escuros, pude ver a tatuagem no pescoço dele também.

 

- O que querem aqui? - perguntei. - O que aconteceu?

- Só iremos falar com a princesa. - o outro finalmente falou, a voz era mais fina, porém firme. Era uma fêmea? 

- Ela não está. - foi a vez de Hedaj falar. - Se quiserem que nós ajudemos, terão que falar conosco.

 

O macho olhou para o lado como se pedisse que a mesma se silenciasse, como se pedisse que ela o deixasse resolver.

 

- De onde conhecem a princesa? - perguntei. - Como sabem que existe uma princesa? 

- Nuri. - ele se limitou a falar. - Haviam...boatos.

- Vieram até aqui por boatos? - Hedaj riu. - São apenas ladrões. - ele se dirigiu a mim. - Melhor os jogarmos nas ilhas mortas.

- Não. - a fêmea gritou. - Não queremos ir presos, não somos ladrões. - ela se exaltou.

- Então quem são? 

 

Os dois permaneceram em silêncio e Hedaj parecia perto de estar perdendo a paciência.

 

- Muito bem...- pigarreei. - A tatuagem, porque carregam esta tatuagem? 

 

A fêmea levou a mão ao pescoço cobrindo a tatuagem. Os cabelos caramelo eram tão curtos que mal poderiam esconder-lhe as orelhas, quem dirá aquela negra e pequena tatuagem. Hedaj puxou a mão da fêmea com força e examinou o desenho, ele desviou o olhar para mim confuso. Ninguém sabia daquele símbolo, ninguém nunca soube.

 

- Vocês fugiram? São desertores? - ofereci um cantil com água para eles.

- Seria uma extrema desonra, meu senhor. - o macho bebia da água desesperadamente. - Jamais iríamos abandonar o nosso ofício. 

- Então o que aconteceu? Por que estão aqui? 

 

A fêmea suspirou pesadamente, os olhos que lembravam o pôr do sol, um castanho claro e brilhante. Ela secou uma pequena lágrima que escorreu em suas bochechas imundas e suspirou.

 

- Ela matou a todos. - a mesma respondeu com pesar. - Outros foram escravizados, nós...eu não...acordamos na floresta  deitados sob os corpos de nossos amigos, cobertos de sangue, grama e lama. Desde então vivemos nas florestas, como ladrões e fugitivos. Vinte anos, até ouvirmos.

 

Um aperto em meu coração, foi o que senti. Estavam mortos ou escravizados, reduzidos a nada. 

 

- Depois que a Princesa morreu, ela nos caçou como animais. - foi a vez do macho.

- E porque querem falar com uma princesa que, como dizem, está morta? - Hedaj caminhou para longe dos dois e encostou na pequena mesa de madeira do lado oposto da cama. 

- Nuri, a Deusa. Ela nos pediu para procurar a princesa. - o macho respondeu. - A filha.

- Quando? - perguntei curioso. - Ela apareceu para vocês?

- No dia da morte da princesa Moeth. - ela sussurrou. - Era uma fêmea de beleza magnífica e extrema elegância e poder. - ela encarava as mãos como se estivesse enxergando a deusa ali. - Estávamos na floresta, tentando encontrar Moeth quando ela apareceu e nos disse para fugir, para procurar a sua filha quando estivesse na hora. 

- No dia não entendemos, principalmente quando soubemos da morte de Moeth. Mas havia boatos, escutamos entre as árvores, escutamos nas cavernas e dos pássaros. 

 

A Guarda Real eram guerreiros do mais alto escalão, treinados para a proteção pessoal de Moeth, eram seus espiões e únicos amigos, eram feéricos da mais pura magia, nenhum relacionado a morte ou a escuridão. Eles eram filhos da terra, escutavam os pássaros, as florestas, a natureza. 

 

- Olhe para mim. - pedi para o macho. - Preciso saber quem você é.

 

Os olhos escuros do mesmo que fitavam o chão desviaram para mim, a mandíbula era marcada, os cabelos claros como pétalas de girassóis. Eu o conhecia, não tinha como esquecer. 

 

- Inore. - o reconheci, era claro que era ele. Como me esqueceria do macho que havia protegido Moeth por séculos?

- Meu senhor, me desculpe. - ele desviou o olhar. - Eu não protegi nenhum de nós, eu...

- Está aqui agora, está conosco e o ajudaremos. - apertei seu ombro e sorri. - Como é bom vê-lo, meu amigo.

- Meu senhor, preciso que saiba. - ele olhou para os lados, como se procurasse espiões. - Há forças no exército de Findra que não são daqui.

 

Engoli em seco com a afirmação e desviei o olhar para encarar Hedaj.

 

- Monstros e demônios assombram até as florestas mais calmas do reino feérico, e há...há um macho ao seu lado. Um tão poderoso que temo por nós. 

- Era isso que queria falar para a princesa? - perguntei aflito e ele acenou a cabeça positivamente.

- São cerca de 50 mil soldados. - a fêmea completou. - Fora as bestas que eles raptaram e invocaram.

- E o armamento? - perguntou Hedaj.

- Eu não sei. - ela respondeu. - Não ouvimos nada sobre isso. 

 

Olhei com receio para Hedaj e ele pareceu entender o olhar. Tínhamos oito mil soldados aqui e dois mil estavam em alto mar, tínhamos que contar com a contribuição dos outros reinos.

 

- Descansem o quanto precisarem. - falei para ambos. - Estão trazendo roupas e comida, peçam qualquer coisa que precisarem.

- Obrigada, Arion. - os olhos escuros de Inore brilharam em gratidão e eu me retirei.

 

Hedaj me seguiu para fora da tenda, ambos íamos em direção ao centro do acampamento. 

 

- Cinquenta mil, Arion. - ele parou subitamente. - Devemos nos preparar para uma aniquilação. 

- Não! - respondi entre dentes. - Nós temos chances. 

- Temos? - ele perguntou aflito. - Nós treinamos o maior exército entre os reinos, sabemos que Lunôr não tem tantos soldados assim e que Zimôr não trará todos os seus. 

- Ainda sim, temos chance. - falei furiosamente. - A promessa de paz, Hedaj. Lembre-se disso. - apontei para o exército reunido nas fogueiras. - Aqueles são os melhores soldados, não importa quantos enfrentaremos, mas aqueles lá embaixo nos salvarão.



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