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História Queen of death - Capítulo 46


Escrita por: Uzumaki_san

Capítulo 46 - Capítulo 46


NIETH

Eu não estava fugindo, não daquela vez. Na manhã daquele dia ela havia feito um acordo com Bradir, estava na hora de marcharem para Sanôr e pra isso não poderiam deixar os reinos do Sul desprotegidos. Foi quando ele pediu ajuda, no começo ri e debochei do pedido, afinal era Bradir, mas depois entendi que ele estava recorrendo ao seu último recurso, eu. Ele me orientou a emprestar minha magia para alimentar uma parede mágica que repele qualquer ser vivo que tente ultrapassar para o Sul , não conseguiríamos fazer uma que protegesse Sanor também, então criamos por toda divisão do continente, separando-os. Eu e o Rei alimentaríamos aquela parede o tempo inteiro, se um de nós caísse, a parede cairia também. Mas a pergunta que não poderíamos responder era qual seria o momento de nossa queda ou quando nós cansaríamos? 

Acariciei a narina do dragão em minha frente e suspirei cansada, estava com medo do que aconteceria, a imagem da morte brilhava com clareza em minha mente e aquilo parecia um sinal. Como se o acordo feito com Bradir para proteger o sul fosse o primeiro alerta que piscava exageradamente para que ela ficasse atenta. “Se você morrer, todos morreremos. Mas se eu morrer, garanta que aquela parede permaneça de pé, garanta que os reinos permaneçam firmes”, as palavras de Bradir ecoavam junto a cada pensamento. 

 

- Sinto o cheiro do seu medo a quilômetros. - Nitio resmungou. - Não pense demais ou todos perceberão.

- Não há mal em temer a morte, meu amigo. - me sentei na grama ao seu lado e passei a observar o acampamento a alguns metros.

- Em temer não há, mas não deixe que eles percebam. Tu és o símbolo de esperança e coragem, se perceberem seu medo, hesitarão.

- Quando a batalha começar, proteja meu pai com sua vida. - pedi. - Esqueça de mim e proteja-o, eu ficarei bem. É uma ordem.

- Sim, minha Senhora. - ele não questionou.

 

Ela gostaria de agradecer sua mãe, por tê-la deixado tantos presentes, mas principalmente por Nitio, ele era um grande amigo.

 

- Onde está sua Alteza, Cayden? - ele se espreguiçou e deitou. - Ele é como uma sombra sua, não entendo de onde surgiram os boatos de sua maldade, é como um cachorrinho. Me sinto ameaçado por seu novo animal de estimação.

 

Não consegui evitar rir da observação que Nitio fazia e sabia que se ele pudesse sentir qualquer sentimento humano ou feérico, ele estaria gargalhando ao meu lado. 

 

- Não se preocupe, numa disputa pelo cargo você venceria fácil. - dei uma última observada no acampamento e então me levantei da grama. Ao longe estava Tiron, um sentimento de culpa tomou meu coração. - Preciso ir.

 

O dragão bufou rapidamente como se não ligasse para a minha partida, eu jamais havia conhecido um animal tão preguiçoso e tão indiferente à sua mestra. Dei de ombros e corri na direção do acampamento, na direção de Tiron. Ele falava com os soldados e apontava para aqueles que cavavam as trincheiras, estava distraído e por isso não me viu chegar.

 

- Tiron. - gritei para chamar atenção, ela olhou ao redor em busca de quem o chamava. - Ei. - gritei novamente.

 

Seus olhos pousaram sobre mim e um sorriso largo desenhou sua boca, acenei brevemente e passei a caminhar. O sol estava quente e uma fina gota de suor escorreu em minha testa, estava nervosa com aquele reencontro.

 

- Ah pela mãe, Nieth! - ele se despediu dos soldados e se aproximou. 

 

Tiron deu alguns passos e abriu os braços envolvendo meu corpo num abraço, não tive tempo para reagir, apenas fiquei lá, parada e surpresa com o contato.

 

- É...- pigarrei. - Oi. - ele pareceu perceber meu desconforto e então se afastou.

- Soube que veio, mas como não a vi pensei que já tinha partido. - ele coçou a nuca, que situação. - Está mais bonita que eu me lembrava. - corou levemente.

- Quanto tempo não nos vemos. - tentei desconversar. - Onde está Nimiti? Não a vi por aqui. 

- Ela está ajudando no palácio. - ele olhou ao redor. - Com as curandeiras.

- Entendo.

 

Eu não sabia o que falar, era estranho estar naquela situação e não era como se tivesse sido intencional. Eu havia me metido numa roubada.

 

- Onde está seu guarda costas? - sua voz tornou-se séria de repente. - Soube de muitas coisas, desde a última vez que nos vimos.

- Ele está chegando. - desviei o olhar do macho para Gadrin que nos observava de longe. Ele sorria como se estivesse assistindo uma cena emocionante de uma peça teatral, estava caçoando de mim e estava se divertindo.

- O que há com você? - Tiron deu um passo à frente e fez menção em tocar meu rosto.

 

Foi como um reflexo ao ato impensado do macho, dei um passo para trás e curvei levemente o corpo, me desvencilhando do toque de Tiron, a mão se dirigiu a dele a segurando no ar evitando que ele tentasse novamente.

 

- Tiron. - respirei pesadamente. - Por favor, não.

- O que? - ele sussurrou surpreso. - Por quê?

- Só...não faça. 

 

Soltei a mão do macho e olhei pra cima, o sol estava terrivelmente quente ou era eu? 

 

- Só vim para saber como estava. - falei rapidamente. - Nada mais que isso. - encarei o macho novamente. - Você foi muito bom para mim quando estive aqui e na corte, obrigada. 

- Do que está falando? - ele permanecia sério. - Pensei que existia alguma coisa entre nós.

- Me desculpe. - pedi sinceramente. - Eu não quis depositar em você tais esperanças. - desviei o olhar. - Eu te pedi que me deixasse ir, eu te pedi. - quis chorar ao olhar para ele novamente e vê-lo tão magoado.

- Nieth...

- Sobrinha! - de repente meu tio surge como se estivesse ouvindo minhas preces para que aquela conversa não acontecesse ali, na frente de todos. - Estava à sua procura, vou roubá-la por um tempo Capitão. 

 

Meu tio jogou o braço sobre meus ombros e me puxou rapidamente sem sequer esperar uma resposta de Tiron, ouvimos apenas um palavrão curto e baixo vindo do macho o que fez meu tio sorrir.

 

- Quando irá contar para todos? - ele perguntou enquanto ainda sorria.

- Do que? 

- Não se faça de idiota. - ele parou de supetão e se desvencilhou de mim. - Sobre seu romance com o príncipe. 

- Não sei do que está falando. - dei de ombros e olhei ao redor. - Agradeço ter me salvado de Tiron.

 

Estava pronta para sair correndo e evitar ter que dar explicações a Gadrin, mas ele era tão rápido quanto era astuto. Estava ferrada.

 

- Tenho excelentes ouvidos, sobrinha. - ele cruzou os braços. - Todo o acampamento de Zimôr cochichava sobre a noiva de Cayden, seria você? Era por isso que estava nervosa ao falar com o Capitão? 

 

Muito bem, eu não teria como me livrar daquilo e nem de Gadrin. O que me restava? Contar a verdade ou enrolá-lo? Obviamente, escolhi a segunda opção.

 

- Ah sim, a noiva. - elevei uma das mãos ao rosto fazendo sombra sobre os olhos. - Ainda não a conheci.

- Que seja. - ele deu de ombros. - Sei que é você, estava estampado na cara do príncipe e agora está na sua. Seja o que for, cuide para que seu pai saiba antes de todo o resto. Ele está aflito com sua amizade e a do príncipe.

 

Não daria para enrolar Gadrin, era tão inteligente como meu pai, só um pouco mais irritante que o mais velho.

 

- Estava com saudade de você. - ele sorriu novamente. - Dessa sua cara lavada e mentirosa. 

- Tio. - reclamei e ele riu abertamente.

- Espero que eles a protejam, cuidei de ameaçar aqueles gêmeos pessoalmente e pedi que o recado fosse passado ao príncipe também. - ele deu um passo para o lado e encarou os jovens soldados cobrindo as armadilhas. - Estou com um pressentimento ruim. - ele confessou.

 

Naquele momento eu me lembrei o motivo de minhas aflições, também estava sentindo uma sensação ruim. Um prelúdio do que aconteceria naquele lugar, de quantos morreriam. 

 

- Não seja tolo. - engoli em seco. - Nos venceremos.

- É tudo que desejo. 

 

Por um milésimo de segundo eu havia esquecido a sensação, o medo da morte e da guerra. Não me sentia pronta para viver aquilo com tanta rapidez, na verdade, não queria viver aquilo nunca mais. 

 

- Cuide-se meu tio. - toquei o ombro do macho ao meu lado. - Aconteça o que acontecer, cuide-se e cuide de meu irmão. - olhei para o homem que bebia de um cantil, o rosto sujo de terra e grama. - Agora deixe-me ir, meu noivo chegou.

 

Os olhos claros de Gadrin se arregalaram levemente e então me encararam.

 

- Eu sabia! - ele exclamou. 

 

Não adiantava mentir ou tentar esconder aquilo dele, mas para os demais eu ainda manteria segredo por enquanto. Sorri quando vi a carranca que Gadrin havia feito com a descoberta mas o deixei ali, sozinho. Sentia a presença de Cayden na redondeza e a julgar o alvoroço repentino do acampamento, eles estavam ali.

 

- Seja o que for, faremos juntos. - suspirei e segui acampamento a dentro, para Cayden.

 

CAYDEN

O quanto Sanôr era quente ele não poderia dizer em palavras, mal havia chegado e já suava como um animal. O cavalo rosnou quando se aproximaram do acampamento e parecia implorar por uma sombra, assim como ele. Esperava que não precisassem ficar por muito tempo, tinha certeza de que morreria se passasse mais que alguns dias. 

 

- Acho que estamos no inferno. - Math reclamou. 

- Não acho que o inferno seja tão bonito. - Uriel replicou dando de ombros.

- Nunca mais reclamarei do verão de Zimôr. - Math murmurou.

 

Ignorei as reclamações de Math e apressei o meu cavalo, busquei Nieth entre tantos soldados e tendas, mas não a via. Estavam trabalhando a todo vapor e eu conseguia escutar os pensamentos de cada um deles, mas não os dela, por que nunca os dela?

 

- Está me procurando, sombra?

 

A voz familiar soou vinda da floresta no limite do acampamento de Sanôr, ela estava encostada em uma árvore e sorria como uma criança levada. Os cabelos branco acizentados foram cuidadosamente presos em um rabo de cavalo e alguns fios se soltavam na nuca e na testa, as bochechas e nariz estavam corados o que denunciava sua exposição ao sol, ela estava usando a bata branca da noite em que dormimos juntos pela primeira vez e as costumeiras calças pretas de couro, as botas estavam sujas de terra e havia o cabo de uma espada amarrada em suas costas. 

 

- Deve estar com calor. - ela se desencostou da árvore. - Tem um lago aqui perto, que tal? - a última frase foi sussurrada em meus pensamentos.

- Espero que seja afastado suficiente para que possamos banhar nus. - não me dei ao trabalho de lhe responder da mesma forma e pra minha surpresa ela sorriu, sem se importar de os gêmeos terem escutado e entendido do que se tratava.

 

Desci do cavalo e ela puxou a rédea do mesmo e do  seu cavalo que trazia comigo, Nieth caminhava em silêncio enquanto guiava os animais para um estábulo improvisado e eu apenas a segui. 

 

- Espero que ele não o tenha assustado. - ela cochichou enquanto amarrava os cavalos. - Gadrin.

- Como se uma ameaça de seu tio fosse suficiente. - sorri brevemente. - Vamos, quero saber onde fica o lago ao qual dissera.

 

Por um momento vi o vislumbre de uma sombra de nervosismo brilhar nos olhos de Nieth e aquilo de certa forma o deixara nervoso também.

 

- Estava mesmo a sua espera. - a voz grossa e firme de Arion soou e eu pude vê-lo parado a alguns passos atrás de mim. - Direi apenas uma vez, não sei o que está rolando aqui, mas quero que saibam que não irei me opor. - o olhar frio de Arion me causaram um certo arrepio. - Mas não esperem que eu seja a favor. - ele cruzou as mãos atrás de si e me fitou. - Amanhã, você irá protegê-la com sua vida. Se ao terminar da batalha tenha um único arranhão na pele de Nieth, serei eu mesmo aquele que devolverá a você com o dobro da gravidade. 

 

Nieth estava silenciosa e eu não sabia exatamente o que poderia estar acontecendo ali, Arion se retirou com a mesma rapidez que chegou e então eu finalmente encarei a fêmea ao meu lado. Ela tinha uma expressão de divertimento e os lábios se curvavam levemente em um sorriso. 

 

- Espero que você fique trancada dentro do Palácio, não desejo ferir meu belo rosto. 

 

Nieth não pode segurar o riso quando eu saí do meu estado de choque, sim eu estava em choque. Estava perdendo completamente minha reputação e por qual razão? Nieth.

 

- Isto é maravilhoso! - ela secou o canto dos olhos e então suspirou divertida. - Nasci para vê-lo com medo de algo.

 

Estava pronto para arrastá-la floresta adentro quando uma corneta soou alto. Todos começaram a correr, pegando armas e vestindo suas armaduras apressados.

 

- O que está acontecendo? - Nieth perguntou aflita.

- Acho q estamos sendo atacados. - concluí.



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