Autora POV
Os próximos dez dias foram monótonos. Os seis estavam empenhados em pesquisar sobre o verdadeiro paradeiro do demônio de olhos amarelos. Ou melhor, Dean, Amylee, Bobby e Elliot estavam. Sam e Kathryn estavam discretamente desviados da pesquisa para encontrar um modo de salvar Amylee do fim inevitável. O clima não havia melhorado em nada: Elliot ignorava os Winchesters e estava mais frio do que nunca com Amylee, como se ela houvesse cometido um pecado imperdoável.
- Achei um caso - Dean se sentou ao lado de Amylee, que estava nas cadeiras que ficavam na varanda improvisada de Bobby.
- Que bom - Amylee respondeu, olhando o céu azul brilhante.
- E eu estava pensando em levar você comigo - Dean continuou - Sam disse que prefere ficar, com Kathryn - ele acrescentou e Amylee o olhou, sorrindo.
- Que bom - Amylee repetiu e Dean suspirou, olhando os carros dispostos pelo pátio do ferro velho.
- Desculpe por ter estragado as coisas entre você e seu pai - Dean disse depois de um tempo e Amylee levou sua mão até a dele, entrelaçando-a na sua.
- Não foi sua culpa - Amylee disse, olhando-o seriamente.
Dean olhou a mão dela na sua, segurando-a entre suas mãos.
- Nós sabemos que foi - Dean respondeu - desde que eu entrei na sua casa, tudo saiu dos trilhos.
- Eu fico muito feliz que você tenha entrado em minha casa - Amylee comentou e Dean sorriu - sem dúvidas.
Os dois ficaram em silêncio por alguns instantes, apenas observando alguns pássaros voando, o som do vento que soprava o ar quente de uma tarde ensolarada.
- Quando você quer ir? - Amylee perguntou e Dean a olhou.
- Quando você quiser - ele respondeu e Amylee suspirou.
- Vou pegar minhas coisas.
⛤
- Como está a pesquisa? - Amylee perguntou ao encontrar Sam e Kathryn no quarto em que ela dividia com a irmã.
- Lenta - Kathryn respondeu enquanto Amylee pegava sua mochila - onde vai?
- Dean achou um caso.
- Ah é? - Kathryn indagou, já com um sorriso malicioso no rosto.
Amylee revirou os olhos, colocando a mochila nas costas.
- Tchau, Sam - Amylee disse e Kathryn a seguiu para o lado de fora.
- Não faça nada que eu não faria - Kathryn disse e Amylee a olhou.
- Existem poucas coisas que você não faria, Kath - Amylee respondeu.
- Exatamente - ela concluiu e suspirou - fico feliz que as coisas estejam dando certo entre você e Dean.
- O único problema é o papai - Amylee respondeu - acha que ele vai parar com esse drama algum dia?
- Claro que vai - Kathryn deu de ombros - ele só está com ciúmes. Vai superar.
- Espero. Agora preciso ir - Amylee respondeu, sentindo um aperto estranho no peito ao se despedir da irmã.
- Eu sei - Kathryn respondeu e Amylee a abraçou, apertando-a - para que isso?
Amylee não respondeu, apenas continuou abraçando a irmã.
- Nos vemos em breve - Amylee disse e soltou ela do abraço.
- Tudo bem - Kathryn sorriu - quero boas novas - Amylee já se distanciava pelo corredor - leve aquele homem para cama, garota! - Kathryn disse em um tom mais alto ao mesmo tempo que Amylee deu de cara com Dean.
- Pode deixar! - Dean respondeu em voz alta e Amylee sorriu sem graça, sentindo seu rosto esquentar - pronta?
- Sim - Amylee respondeu e Dean pegou sua mão, acompanhando-a para o lado de fora.
De dentro da casa, Elliot os encarava pela janela.
Amylee POV
Dean dirigia o Impala por uma rua escura ladeada por florestas negras devido à escuridão da noite. Tudo parecia desconfortavelmente deserto, até as luzes dos faróis do Impala iluminarem uma silhueta feminina no meio da rua, acenando para que parássemos.
- Dean! - gritei e Dean pisou no freio abruptamente, fazendo o carro parar pouco antes de atingi-la.
- Caramba! - Dean resmungou e eu olhei para a figura apavorada em frente ao carro.
- Vocês têm que me ajudar! - ela gritou batendo no vidro da janela - por favor. Por favor!
- Tudo bem - eu disse, abrindo a janela - fique calma. Conte-nos o que aconteceu.
⛤
- Tinha um homem na rua - ela disse. Estávamos do lado de fora do carro - eu desviei e nós batemos. E quando eu acordei… O carro estava destruído. Meu marido está desaparecido. Fui procurar por ele, mas foi quando o homem na estrada começou a me perseguir.
- Ele parecia ter sido atropelado por um caminhão? - Dean perguntou e ela o olhou, espantada.
- Como sabe disso?
- Um palpite.
- Como se chama? - perguntei.
- Molly. Molly McNamara.
- Acho que você poderia vir conosco - sugeri - podemos levá-la para a cidade…
- Não posso - Molly interrompeu - tenho que achar David. Ele pode ter voltado para o carro.
- Devíamos levá-la a algum lugar seguro - Dean argumentou - depois, eu e Amylee podemos voltar pra cá. Podemos procurar pelo seu marido.
- Não. Eu não vou sair daqui sem ele - Molly disse de um jeito determinado - poderiam me levar de volta para meu carro? Por favor.
Dean me olhou e eu suspirei.
- Claro - Dean concordou - vamos.
⛤
- O carro está ali - Molly disse, seguindo mais à frente - eu não entendo. Eu sei que estava aqui - ela disse, apontando para as árvores - nós batemos naquela árvore. Isso não faz o menor sentido.
- Dean - eu sussurrei e Dean me olhou - temos que sair daqui. Greeley pode surgir a qualquer instante.
- O que você vai dizer à ela? - ele respondeu e eu balancei a cabeça.
- A verdade?
- Ela vai sair correndo na direção oposta.
- Sei que parece loucura - Molly disse e nós a olhamos- mas eu bati naquela árvore. Não sei quem poderia ter levado o carro. Estava arrebentado. Por favor, precisam acreditar em mim.
- Ouça - falei - acreditamos em você, está bem? Mas, é por isso que precisamos tirá-la daqui.
- Mas e quanto ao David? Aconteceu alguma coisa com ele. Eu tenho que ir até a polícia.
- Polícia? - Dean respondeu - é uma ótima ideia. Aliás, nós vamos levá-la à delegacia. Então, venha conosco. É a melhor forma de nós ajudarmos você e seu marido.
- Certo - Molly concordou, ainda hesitante.
Voltamos ao Impala e Dean dirigia pela rua novamente.
- Era para estarmos no Lago Tahoe - Molly disse e eu olhei-a de relance.
- Você e David? - perguntei.
- Sim. Nossas bodas de aniversário.
- Que belo aniversário - Dean disse, ironicamente.
- Pouco antes, tivemos uma briga boba. É a única hora em que brigamos, quando nós estamos no carro. Sabem a última coisa que eu disse a ele? Que ele era um cretino. Meu Deus. E se foi a última coisa que eu disse à ele?
- Molly - Dean disse - nós vamos descobrir o que aconteceu com seu marido. Eu prometo.
Naquele instante, o rádio começou a tocar “House of the Rising Sun” do The Animals.
- Foi você? - Dean perguntou, olhando-me.
- Não - respondi e ele franziu a testa.
- Legal. Tive medo que dissesse isso.
- Essa canção - Molly disse, inclinando-se para frente.
- O quê? - perguntei.
- Estava tocando quando nós batemos - ela terminou a frase e eu olhei para Dean, começando a ficar em pânico.
- Ela é minha - uma voz atrapalhada pela interferência ecoava ao fundo no rádio.
- Segurem-se - Dean disse e eu desviei meus olhos do rádio para a rua, vendo um homem no meio da estrada.
- O que está fazendo? - Molly perguntou desesperada do banco de trás e eu prendi minha respiração.
Dean acelerou o carro ainda mais e atropelou o espírito, que se desmanchou no ar.
- O que foi que aconteceu? - Molly gritou e eu olhei para trás, vendo que o espírito realmente havia desaparecido.
- Pode deixar, Molly - falei - vai dar tudo certo.
- Eu acho que foi otimista demais, Amy - Dean resmungou ao mesmo tempo em que o Impala começava a pifar, desligando - eu acho que ele não vai deixá-la ir.
- Isso não pode ser real - Molly disse assim que nós descemos do carro.
- Bom - falei enquanto via Dean pegar armas do porta-malas - acredite, é bem real.
- Certo - ela disse ao ver as armas - obrigada pela ajuda, mas eu acho que já posso me virar sozinha.
- Espere - eu disse ao vê-la se afastar - espere.
- Só me deixe em paz.
- Não. Precisa me escutar.
- Fique longe de mim.
- Não foi uma coincidência nós a encontrarmos, está bem? - tentei impedi-la a qualquer custo.
- Do que você está falando?
- Já estávamos aqui - Dean respondeu - caçando. Fantasmas.
- São loucos - Molly disse em um sussurro.
- Sério? Tão loucos quanto um cara que some com as tripas pra fora? - rebati e Dean pegou meu braço, sussurrando em meu ouvido:
- Não queremos assustá-la, Amylee - ele disse e eu o olhei, recebendo seu sorriso torto fascinante.
- Você sabe bem o que viu - continuei - achamos que ele se chama Jonah Greeley. Era um morador local que morreu quinze anos atrás, nesta rodovia.
- Já chega - Molly pediu.
- Uma noite por ano, no aniversário de morte dele, ele assombra esta estrada. Por isso estamos aqui, Molly. Para tentar detê-lo - Dean explicou.
- É, suponho que esse fantasma fez meu carro sumir também? Quer saber, pra mim já chega. Eu vou até a polícia sozinha.
- Não quero ser insensível, mas acho que não vai muito longe - Dean respondeu.
- O que isso quer dizer?
- Quer dizer que o plano A era tentar te tirar daqui - falei - é óbvio que isso não foi possível com o cara da estrada.
- Molly - eu disse em um tom mais calmo - falamos a verdade. Greeley não vai deixá-la sair dessa estrada.
- Vocês… Vocês estão falando sério, não é? - ela perguntou.
- Estamos - Dean respondeu.
- Todo ano, Greeley acha alguém para punir pelo que aconteceu com ele. Hoje, essa pessoa é você - expliquei.
- Por que eu? Eu não fiz nada.
- Não importa. Alguns espíritos vêem o que querem.
- Quer dizer que o tal Greeley levou meu marido? Meu Deus!
- Molly, ouça, vamos ajudá-la, está bem? - Dean disse - mas antes, precisa nos ajudar.
- Ajudá-los? Como?
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.