História Quem sou eu? - Capítulo 23

Cheguei na praça, depois de dar duas voltas na quadra e certifiquei-me que não estava sendo seguido.
Samanta estava sentada, tensamente, em um banco, próximo ao que encontrei Belle pela primeira vez. Andei discretamente até sua direção e me sentei ao seu lado.
Ela não reagiu, nem olhou para mim, então percebi que ela tremia e estava chorando.
- O que aconteceu? - me assustei, e levantei seu rosto, para que pudesse ver seus olhos, foi quando vi seu pescoço marcado, como se alguém tivesse tentado enforcá-la.
- Ele sabe! - foram suas palavras.
- Ele quem? Sabe o que? O que aconteceu com você? Quem fez isso? - comecei a remangar, as mangas do casaco de Sam, estava calor, não havia motivos para ela usá-lo. Foi quando vi que seus braços estavam marcados, com muitos roxos e queimaduras.
- Ele sabe de tudo, e vai acabar com você! - acrescentou, tremendo e com a voz falha.
- Hayes descobriu? Como? Ele fez isso com você? Juro que o matarei? - me assustei, quando caiu a ficha.
- Não adianta... - ela sorriu em meio a tremedeira de medo - Ele vai matar você, vai matar todos nós... Essas vinte e quatro horas de tortura, foi como se eu tivesse morrido... Várias e várias vezes! - uma lágrima enorme escorreu, como se lembrasse de tudo que passou.
- Samanta, olhe para mim! - segurei seu rosto e fixei meus olhos nos seus - Ele não vai fazer nada com você, me desculpe por lhe meter em tudo isso, estava desesperado, não pensei... Eu vou protegê-la, prometo! 
Peguei em suas mãos, para tirá-la dali, e começamos a caminhar, iria dar um jeito de mantê-la a salvo.
- Não adianta fugir! - ela sorriu e chorou - Ele vai nos matar...
O barulho estrondoso de um tiro, agarrou minha alma e me fez pensar, quem poderia ter sido atingido, ou se o tiro fora real, ou só em minha mente.
Quando Sam desabou para frente, caindo em meus braços, pude ver o sangue se espalha do rapidamente em sua roupa.
Um tiro pelas costas? Nem o pior trapaceiro aceita esse tipo de atitude. O tiro foi de longa distância, pois não a atravessou, mas certamente fora certeiro. Acertar um tiro a distância, é trabalho de um profissional, e eles não erram.
O grito de Belle me puxou de todo e qualquer pensamento que eu estava tendo naquele momento. 
Olhei para ela, que estava a poucos metros de nós, estava apavorada, seus olhos estavam tão arregalados que pude vê-los caindo de seu rosto. O rapaz ao seu lado, estava tão apavorado quanto. 
Deitei Sam no chão, senti seu pulso, estava quase parando. Em um piscar de olhos, Belle estava ao meu lado, ajoelhada, chorando horrores. Um choro de desespero. Ela não sabia o que fazer. Não sabia se me questionava ou se agarrava a amiga e levava ao hospital. 
O rapaz continuava paralisado. Não reagiu. Parecia ter congelado.
Olhei para Sam, depois olhei para Belle. Eu era o culpado por aquilo estar acontecendo. Envolvi um inocente. Eu prometi protegê-la, mas falhei. Nunca me perdoarei por isso.
Tentei me levantar e correr atrás do responsável pelo disparo. Conseguiria rastreá-lo facilmente, se não perdesse mais nem um segundo. Mas a mão de Samanta, segurando a minha, com força , me impediu de sair dali.
A olhei com desespero e culpa no olhar, mas ela sorriu para mim, mesmo sendo minha culpa.
- Salve-a! - foi o que ela consegui falar, quase que sem voz.
- Sam! - Belle chorava - Irei chamar um médico! - Christopher, me ajude! - gritou - Ligue para um médico. Alguém por favor, nos ajude!
A praça, felizmente estava vazia, assim não coloquei a vida de mais nenhum inocente em risco.
A respiração de Sam começou a falhar, então foi diminuindo a intensidade. Eu sabia o que estava acontecendo. Belle também percebeu.
- Samanta, fique comigo! Vai ficar tudo bem, fique calma, respire, Samanta! Respire! - suas palavras foram em vão.
A mão que antes apertava a minha, havia afrouxado, e esse era o fim.