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História Quente, mas não porque é verão - Que dure todas as quatro estações


Escrita por: CosmicProject e MiaChan_

Notas do Autor


Oie gente, espero que esteja tudo bem com vocês!

Hoje venho com o último capítulo dessa fanfic, mas antes de terminar, quero agradecer por todos que acompanharam.
Eu realmente adorei muito desenvolver esse plot e fico feliz em saber que muita gente gostou.
Foi uma experiência única e divertida! Muito obrigada por todo apoio!

Agora desejo a vocês uma ótima leitura! Que vivam muitas emoções assim como eu quando estava escrevendo. ❤

Capítulo 3 - Que dure todas as quatro estações


Fanfic / Fanfiction Quente, mas não porque é verão - Que dure todas as quatro estações

[...]

Abri os olhos e respirei fundo, pegando o celular. Senti meu coração bater forte ao ver que era uma mensagem de Taehyung

– Não vou conseguir te buscar hoje, Guk. Prometi que iria buscaria uma amiga minha, mas pode deixar que amanhã eu apareço. Espero não estar avisando muito tarde!

Uma risada sem graça escapou dos meus lábios. Não respondi, apenas fiquei encarando suas palavras e sentindo meu coração se apertar.

Desde que voltamos da viagem, eu comecei a refletir sobre meus calafrios, pensamentos e borboletas no estômago toda vez que Taehyung estava por perto. Agora eu sabia muito bem o que tudo aquilo significava, e sabia também o quanto doía já que o ruivo parecia não sentir nada daquilo.

Bloqueei a tela e deixei o celular de lado, encarando o teto por alguns segundos. Dei um longo suspiro e então me levantei, caminhando sem pressa alguma até o guarda-roupa. Peguei um casaco preto, uma calça moletom cinza e um tênis branco, vestindo todos com muita lentidão. Estava triste com toda aquela mistura de sentimentos, junto com o peso de ter que guardar aquilo apenas para mim.

Coloquei a mochila nas costas e desci as escadas em silêncio, depois forçando um sorriso para minha mãe antes de sair. A última coisa que queria era a mais velha preocupada com o vazio que existia dentro de mim.

Fazia tempo que eu não me sentia dessa forma e agora era ainda mais estranho porque nunca tinha amado um garoto antes, muito menos feito sexo.

Fui para universidade com os olhos fixos no chão, assim como na primeira vez. Estava inquieto, que nem o primeiro dia. Meu coração batendo forte, o medo de não se encaixar me dominava novamente.

E então, depois que finalmente cheguei na porta, respirei fundo. Levantei a cabeça e encarei o céu por alguns minutos, pensando em absolutamente nada.

–  Guk! –  uma risada me fez tomar um susto. O ruivo me abraçou com força e então abriu um enorme sorriso, me fazendo querer chorar por não conseguir retribuir de forma sincera. – Fico feliz por te ver! Achei que não conseguiria vir.

–  Obrigada pela carona, Tae – uma garota que nunca tinha visto antes surgiu e entregou um capacete ao ruivo, depositando um beijo em sua bochecha.

Eu apenas fiquei parado, com as mãos no bolso e meu corpo tremendo da cabeça aos pés com o sorriso que ele abriu para ela.

–  Mas e então? Foi difícil se adaptar com a correria novamente? –  voltou seus olhos para mim.

– Um pouco – dei de ombros – E agora preciso ir ao banheiro, Tae. Mais tarde nos falamos – não esperei por uma resposta, apenas dei as costas e caminhei apressado para o banheiro, deixando um garoto confuso para trás.

Me tranquei em uma das últimas cabines, sentei no chão e respirei fundo pela milésima vez. Fechei os olhos e coloquei a mão no peito, vendo meu coração disparar.

Por que amar é tão difícil assim?

Um choque percorreu todo meu corpo ao lembrar da cena que acabei de presenciar. Era algo besta, eu sabia. Mas o que me deixou inquieto foi o sorriso que o ruivo deu, um sorriso que ele só dava para mim.

Então escutei o barulho do sinal, peguei a mochila e fiquei de pé, encarando meu reflexo distorcido na descarga antes de sair com raiva do banheiro e ir para sala, em profundo silêncio.

[...]

Sentei na última carteira da fileira do canto e mantive meus olhos fixos nos cadernos a aula inteira. E quando o sinal bateu, apenas juntei minhas coisas e joguei embaixo da carteira, sem olhar para nenhuma das pessoas da sala

–  Você está bem? – senti meu estômago se contorcer ao ver o olhar sério do ruivo sobre mim, um pote azul em suas mãos – É misto quente, fiz pra você – estendeu o pote para mim, sem sorrir. Na verdade, seu olhar era de medo.

– Obrigado – por um momento, um pequeno sorriso surgiu nos meus lábios.

– Espero que compense a furada de hoje – sentou em cima da carteira – Quer ir para onde?

Dei de ombros, guardando o pote azul no bolso. Fixei os olhos em qualquer canto da sala, precisava evitar contato visual com ele.

– Tanto faz.

– Então vamos pro refeitório. Pode ser? – segurou minha mão e ficou parado, provavelmente me encarando. Depois logo soltou – Desculpa.

Desculpa? Pelo que?

– É melhor a gente ir – me afastei e apressei o passo em direção ao refeitório, apertando minha mão contra o peito.

Como eu deveria agir ao lado dele? E por que ele parecia diferente comigo?

– Ali. – ele me alcançou rápido, segurou em meus ombros e me guiou até uma mesa, onde alguns amigos seus riam, inclusive aquela garota.

– Desculpa a demora – o ruivo sentou num lugar qualquer, dois garotos entre nós dois. – O Guk não estava se sentindo muito bem...

– O que houve? – reconheci a voz de Hobi, estava sentando bem na minha frente.

Amor. Sabe sobre os efeitos que ele trás? Pois é.

– Só não acordei muito bem... –  dei de ombros, tirando o pote azul do bolso. –  Mas já vou melhorar, não se preocupa.

Mentira! Eu não sabia nem mesmo controlar o que eu estava sentindo.

– Ah, que bom então. Pode falar comigo se precisar, estarei aqui.

Abri um sorriso, seguido de um suspiro. E dessa vez ele tinha sido sincero, eu precisava de uma palavra de apoio, mesmo que não fosse de Taehyung.

– Eu também estou mal, Tae – não me esforcei para ver de quem era a voz – Você vai cuidar de mim também?

– Eu cuido de você sim, bebê.

Bebê?

Ri forçado, revirando os olhos discretamente. Pelo jeito eu não era o único bebê dele como pensei que era naquela noite, quando o ruivo me chamou assim.

– Você só me usou, né. – murmurei, ficando de pé. O pote azul em cima da mesa, sem ter sido aberto.

– Jungkook? – Hoseok franziu a testa.

– Eu vou no banheiro – falei sério.

– De novo, Guk? Você está bem? – perguntou Taehyung – Não quer que eu te leve pra enfermaria?

– Não quero ajuda. – meu olhar para ele era frio, me sentia um idiota – O bebê Guk pode se virar muito bem sozinho. – senti minha visão ficar desfocada, estava lacrimejando. Então rapidamente me afastei e corri para o corredor, ele não poderia me ver dessa forma.

Depois de dar algumas voltas, finalmente encontrei a porta do banheiro. Então não hesitei e entrei, me trancando na primeira cabine que vi. Abracei meu próprio corpo e cai no chão descuidado, deixando as lágrimas escorrerem pelos meus olhos.

Estava enganado, desde o começo. Não sou especial para Taehyung, sou apenas mais um amigo que ele trata de forma igual aos outros. Aquela noite, aquela maldita noite em que fizemos sexo não foi nada além de uma gentileza para ele.

– Eu sou um idiota – ri, nervoso – Eu sou um idiota!

Apertei os olhos com mais força, odiando qualquer tipo de lembrança que surgisse na minha mente sobre nós dois.

Tudo não passava de coisa da minha cabeça, de uma paixão idiota que eu tinha criado pelo meu melhor amigo. Algo que desde o começo eu deveria saber que não daria certo.

– Jungkook – meu corpo tremeu.

Fiquei em silêncio e abracei meu corpo com mais força. De jeito nenhum eu abriria a porta, principalmente para Taehyung. Nem ele nem ninguém poderia saber do meu estado, do motivo para meu corpo estar tremendo tanto.

– Jungkook, eu sei que você está aí – sua voz parecia mais suave, pude ver seu corpo se movimentar e o ruivo sentar no chão, na porta da minha cabine – Então por favor, só me diga que está tudo bem.

Revirei os olhos, olhando para suas costas com desprezo. Era óbvio que eu não estava nem um pouco bem. Ele era idiota ou o que?

Continuei em silêncio, agora encarando meus próprios pés

– Você está me evitando de novo, Guk.

Senti o vazio devorar boa parte do meu corpo, eu não queria ouvir esse apelido de novo. Principalmente num momento como esse.

– Está agindo estranho novamente – ele continuou – Foi por que eu não te busquei hoje?

– Acha que eu sou uma criança ou o que pra ficar irritado com isso? – minha voz estava rouca e me xinguei mentalmente por respondê-lo.

O ruivo não disse nada, ficou calado por alguns minutos.

– Vai embora, Taehyung. Eu quero ficar sozinho.

– Você está chorando, Jungkook – sua voz era baixa e séria – Acha que eu posso te deixar aqui assim? Só vou embora quando você abrir essa porta e me dizer o que é que está acontecendo.

– Então vai ficar aí pra sempre – solucei – Porque eu não vou sair enquanto você não sumir desse banheiro.

Sinceramente não queria falar nada disso, mas meu coração estava apertado. Eu queria esquecer tudo, queria nunca ter entrado nessa maldita universidade. Ou melhor, gostaria de ter me atrasado alguns minutos naquele dia para nunca ter dado de cara com o garoto ruivo, aquela pilha de livros e um sorriso gentil. Queria que ele jamais tivesse sido meu mentor, porque assim nada disso estaria acontecendo.

– Ótimo, então vou ficar aqui pra sempre – disse ele – Sou mais teimoso do que você. Uma hora ou outra meu bebê vai ter que sair dessa cabine e falar comigo.

– Deixa de ser idiota, Taehyung – um ódio se acendeu dentro de mim – Não me chama assim!

– Mas Guk...

– Nem assim, por favor – fiquei de pé e cerrei os punhos, sentindo uma quantidade absurda de lágrimas tomarem conta do meu rosto – Apenas finja que nunca nos conhecemos. Que aquela noite não passou de uma conversa nossa, nada daquilo aconteceu de verdade.

– E por que eu faria isso? – sua voz era séria – Eu pensei que tivesse sido bom pra você, Guk. Pensei que estava feliz que nem você disse.

– Você só queria saber de tocar em mim, Taehyung. Imagino com quantas pessoas você deve fazer isso! Até aquela garotinha na moto hoje, não quero nem pensar no que vocês já fizeram. Só aquele seu sorriso já diz tudo.

– Não fala merda, Jungkook..

– Merda? – eu ri, limpando os olhos – Até parece que é mentira. Posso até imaginar agora o motivo de você fugir daquela rodinha quando tocaram no seu nome. Talvez porque eu sou só mais um brinquedo seu.

– Jungkook, por favor. Para com isso!

– Parar? Por que? A verdade dói tanto assim? – meu corpo tremeu – Você achou que eu iria ficar no seu joguinho até quando?

– Não é um joguinho, Jungkook. Eu nunca faria isso com você!

– Mas destruir a merda do meu coração você faz, né – soquei a porta, apertando os olhos – Deve ser simples pra caramba fazer sexo comigo e depois agir como se nada tivesse acontecido.

– Eu não sei do que você está falando...

– Não sabe? – suspirei – Ah, não sabe.

– Me sinto mal por isso, Guk. Por fazer você chorar. Eu só queria entender o motivo e pedir desculpas...

– Será que não está claro, Taehyung? – minha voz estava falha – Você.. você acha que eu simplesmente transei com você porque queria perder a merda da minha virgindade? Acha que eu sou o tipo de cara que transa, depois faz de conta que aquilo não foi nada?

O sinal bateu. Eu precisava voltar para sala, não poderia perder a aula.

Ele continuou em silêncio e meu coração batendo de forma acelerada. As lágrimas escorrendo, uma confusão de sentimentos dentro do meu peito

– Você acha mesmo que perder a virgindade com você não significa merda nenhuma pra mim, Taehyung? – soquei a porta mais uma vez – Seu idiota! Eu te disse que nunca liguei pro fato de ser virgem nessa idade então por que motivo eu teria simplesmente feito aquilo se não confiasse em você? Se não quisesse perder algo tão importante justamente com você?

– Me desculpa, Guk... eu...

Abri a porta sem cuidado algum, ela batendo com força contra a parede. Então avancei para cima de Taehyung e o empurrei contra uma cabine, olhando bem no fundo dos seus olhos. Eles estavam assustados enquanto os meus, cobertos pelas lágrimas.

– Eu odeio pessoas assim. Odeio o fato de ter oferecido algo tão significativo pra você porquê te amava e pensava que era recíproco – minhas mãos tremiam – Eu pensava que seria especial para você da mesma forma que foi pra mim. Mas pelo jeito, diferente da minha pessoa, isso foi apenas mais um sexo para você.

– Jungkook, não diga isso, por favor.

– Será que você não entende? – minhas pernas estavam perdendo o equilíbrio – Eu fiz aquilo porque amo você, Taehyung. Eu sorrio, sinto calafrios, perco metade do meu dia rindo enquanto encaro a parede... tudo por você. Tudo porque enquanto eu sou apenas um melhor amigo, você é meu mundo.

Seus olhos estavam arregalados, ele parecia assustado enquanto escutava atentamente minhas palavras.

– É isso, Tae. Eu te amo, eu imaginei nesses últimos dias uma vida inteira ao seu lado e torci para te ver novamente. – estava chorando sem parar – Acordei cedo e esperei ansioso por ouvir aquela buzina, não porque queria vir pra faculdade mas sim porque queria te ver. Queria sentir seu cheiro de baunilha de novo, seu hálito de hortelã e a porcaria do seu sorriso. Eu só queria tocar esse cabelo chamativo de novo, dormir abraçado com você novamente e dizer várias vezes o quanto eu te amo. Só queria isso, Taehyung... só queria ser correspondido.

– Jungkook, eu... – ele segurou meus ombros, me fazendo tremer.

– Eu prometo que essa será a última vez – segurei seu rosto, sentindo as lágrimas escorrerem cada vez mais dos meus olhos – Juro que depois disso não vou mais seguir você, Tae. Já decidi que vou mudar de turma e te ignorar caso a gente se esbarre nos corredores alheios.

– Não diga isso, Guk. Eu imploro, por favor – podia ver medo em seus olhos, mas eu não poderia voltar atrás agora.

– Desculpa, mas não consigo olhar pra você sem sentir nada. E não quero que seja desconfortável ficar ao meu lado, Tae. A única coisa que eu peço é pra te beijar só mais uma vez, depois disso eu sigo meu caminho e você segue o seu. Saiba que estarei sempre torcendo pela sua felicidade, espero que encontre alguém que te ame de uma forma imensa. – era doloroso dizer aquilo, mas eu precisava – E me desculpa, me desculpa por isso tudo. Foi realmente novo pra mim todas essas coisas... nunca me apaixonei por um garoto antes, muito menos dessa forma.

– Guk... – o ruivo me segurou pela cintura, colou bem os nossos corpos e nossos lábios. Pude sentir lágrimas escorrerem de seus olhos, suas mãos tremendo. – Me desculpa por isso – murmurou em meio ao beijo – Eu nunca, nunca quis te deixar mal dessa forma.

Segurei seu rosto com firmeza, beijando com toda vontade do mundo. Com todas as forças e sentimentos diversos que me controlavam agora.

– Eu amo o seu sorriso. – sussurrou ele, seus lábios indo para o meu pescoço e me fazendo se contrair – Eu amo sua voz, sua risada.

– Não – apertei os olhos – Não, Taehyung.

– Eu amo quando as suas bochechas ficam coradas, Guk. Ou quando você se anima com algo tão simples, coisas bobas que eu faço.

– Para... por favor... – murmurei.

– Suas expressões são as mais bonitas que eu já vi. Amo todas elas, preciso de todas elas, Guk.

– Você não precisa... não precisa...

Ele se afastou, segurou meus ombros e me olhou bem nos olhos

– Independente de tudo, saiba que eu jamais vou me esquecer de você. Não quero que mude de turma, que ignore todas as brincadeiras e conversas que tivemos, não quero que finja nunca ter me conhecido.

– Desculpa, Tae... – abri um sorriso fraco, acariciando seu rosto – Mas não posso continuar com isso. Machuca, sabe? É difícil.

– Por favor, Guk. Pensa direito...

– Eu já me decidi – beijei seus lábios com muita calma – E esse é o certo a se fazer.

– Mas...

– Eu tive os melhores momentos da minha vida ao seu lado, Tae. Me diverti muito, ri com todas as minhas forças e te amei na mesma intensidade. Independente de tudo o que aconteceu, obrigado. Obrigado por fazer parte da minha felicidade, por ter sido o motivo do meu sorriso. Obrigado pela viagem, por ser meu mentor, por me levar a corrida de motos, por me buscar em casa... obrigado por tudo.

– Não faça isso, Guk... por favor, eu preciso de você.

– Eu que preciso de você – suspirei – Não sou bom em socializar que nem você, então não é tão fácil assim me enturmar. Mas vou ficar bem e eu sei que meu ruivinho também vai.

Ele riu, mas sua risada era triste.

– Eu não posso te deixar ir embora.

– Tudo bem, vai passar – solucei, me afastando e abrindo um sorriso – Você é incrível, Tae. Sei que ainda vai fazer muitas pessoas sorrirem, serem felizes da forma que você me fez ser.

– Não vou, Guk...

– Obrigado por tudo. Sinceramente foi maravilhoso – dei as costas, sentindo meu coração ser despedaçado – Eu te amo, Tae. Nunca se esqueça disso.

E então fui embora, sem olhar para trás. Sem olhar para o garoto ruivo que eu amava, a pessoa que eu mais confiava e desejava ver todos os dias.

Esquecer dele certamente seria difícil, mas eu teria que fazê-lo

– Seja feliz, Taehyung. – murmurei pra mim mesmo – Você merece.

[...]

Taehyung POV’s

Fiquei em silêncio, apenas observando aquele garoto tão único se afastar. Queria dizer algo, queria pedir para ele ficar mas minha voz não saia. Meu corpo também não se mexia, estava totalmente imóvel.

Jungkook fazia meu coração bater de uma forma que ninguém nunca fez bater antes e agora eu sabia que esconder aquilo tinha sido a pior escolha da minha vida.

Desde o início eu estava apaixonado por aquele sorriso de coelho, por aquela expressão assustada que ele fazia quase sempre, pelo seu abraço apertado ou pela forma como ficava louco quando eu o olhava bem nos olhos.

Eu gostava dele, tinha ciúmes dele, queria estar ao lado dele mas nunca disse isso a ele, por medo. E agora, tinha perdido aquele garoto para sempre.

Cai no chão, sentindo lágrimas escorrerem dos meus olhos sem controle algum. Dei um longo suspiro e cobri o rosto com as mãos, desejando apenas voltar no tempo e arrumar toda a cagada que eu tinha feito.

Então meu celular tremeu, me causando um arrepio. Gostaria que fosse uma mensagem dele ou que seus passos fossem de volta para aquele banheiro e me dessem mais uma chance.

– Merda. – sentia como se metade dos meus órgãos tivessem sido arrancados de mim. Me sentia vazio, inútil, babaca.

E sem animação alguma, enfiei a mão no bolso, tirando de lá o aparelho que não parava de tremer. Então abri as conversas, vendo Jimin digitar que nem louco:

“Tae, onde você está?”

“Me responde”

“Você e Jungkook sumiram, todo mundo está estranhando”

“Me diga que está tudo bem, Tae. Por favor”

“Namjoon e eu estamos preocupados”

“Não dá nem pra prestar atenção na aula desse jeito...”

“Onde você está?”

“Onde Jungkook está?”

– Jungkook.. – ver o nome dele fazia meu peito doer.  Eu poderia estar feliz ao lado dele, mas tinha ferrado com tudo. – Jungkook... – chorei ainda mais – Me desculpa, Guk. Por favor, me desculpa... eu nunca quis nada disso. Nunca quis brincar com você.

“Tae!”

“Me responde, cara. Por favor!”

Respirei fundo, pegando o celular e digitando sem ao menos prestar atenção no que estava escrevendo

– Preciso de ajuda, Jimin. Estou no banheiro. – e então bloqueei a tela do celular, afundando o rosto entre as pernas e chorando alto.

Eu acabei com tudo.

[...]

Namjoon e Jimin estavam parados na minha frente, em silêncio.

Quando vi os dois entrarem, minha vontade de chorar apenas aumentou mas foi o suficiente para eu jogar pra fora tudo que estava sentindo, todas as merdas que tinha feito

– Eu sou um babaca. E–eu não sei o que fazer agora. Ele deixou bem claro que essa seria a última vez que nos veríamos.

– E pra onde ele foi? – Jimin estava sério.

– Não sei. Ele apenas saiu, pensei que tivesse ido para sala.

– É, ele não foi pra sala – murmurou Namjoon.

– E você não foi atrás dele por qual motivo, Taehyung? – Jimin me olhava sem expressão – Hein? Por que não correu atrás do garoto e disse o que sentia?

– Calma, Jimin. Ele deve ter ficado nerv… – Namjoon o segurou.

– POR QUE EU NÃO CONSEGUI, TÁ LEGAL? – gritei – FOI DIFÍCIL PRA MIM ESCUTAR TUDO AQUILO E DEPOIS TOMAR ALGUMA ATITUDE CARAMBA.

– E ESTÁ GRITANDO POR QUE?

– Jimin, por favor. Para de ser idiota! – Namjoon suspirou, segurando o garoto pelos ombros – Ele nos chamou aqui porque precisa de ajuda. Ele sabe que errou e você dizer isso não vai ajudar em nada.

– Eu me sinto um lixo, um babaca. Só queria arrumar a merda toda que fiz – minha cabeça doía – Eu só queria não ser assim...

– Tae, por favor. Para com isso – Namjoon me envolveu em seus braços – Ficar se culpando não vai resolver o problema.

– Eu sei, Nam...mas... mas não tem volta – meu corpo levou um choque – Não tem como reverter... tudo. Arrumar a merda que eu fiz e...

– Calma, primeiro se acalma. – ele me abraçou mais forte – Você está gelado, Taehyung. Precisa manter o controle e respirar fundo.

– Me desculpa, Tae... eu... – Jimin se encolheu – Não consegui me controlar.

– Vai buscar uma água pra ele, Jimin. Eu vou tentar acalmá-lo.

O garoto assentiu, se levantando em silêncio e caminhando para fora do banheiro

– Agora se acalma, Taehyung. Eu peço por favor.

– Sim. – murmurei, voltando os olhos para o teto.

– Respira fundo, uh?

– Uhum... – fiz o que ele mandou, aos poucos mantendo a calma.

– Isso, continua. Respira e solta, respira e solta.

– Obrigado, Nam. – finalmente fiquei mais calmo depois de repetir várias vezes o exercício que ele me propôs – Obrigado.

– Agora me diga, Tae. O que você quer? – ele sentou ao meu lado, um dos seus braços envolta do meu ombro.

– Quero ele de novo, Namjoon. Quero que ele fique ao meu lado, como antes...não consigo ver meu dia sem ele.

– Mas ele está machucado, Tae. Se ficar ao seu lado, vai se machucar mais e você com certeza se sentirá culpado – disse ele – É por isso que ele escolheu se afastar, pode apostar.

– Eu sei, mas...mas isso machuca.

– Machuca ele também.

– Ma–mas eu não posso, Namjoon – olhei em seus olhos – Só de pensar em não ver mais aquele sorriso me faz se sentir vazio, me faz entrar em pânico.

– Você tem outros amigos, Taehyung. Pode ver o sorriso deles.

– Mas o Jungkook é diferente – meu corpo tremeu – Ele é um amigo que eu não consigo tirar da cabeça, Namjoon.

Ele suspirou, seu olhar era sério

– Ele é um amigo?

– Sim, ele... – murmurei – Ele é um amigo especial.

– Um amigo especial?

– Uhum – meu corpo estava tremendo. Tinha alguma coisa errada.

– Especial porque ele te dá calafrios, faz seu coração bater mais forte, te faz se sentir vazio e sem rumo quando diz que vai sumir?

– É.

– Taehyung – ele segurou meus ombros – Fala sério, um amigo especial? Não tem uma forma menos infantil de classificá-lo?

– Namjoon, eu não sei o... – parei de falar no momento em que vi a sua testa franzir e um olhar de desaprovação se formar em seu rosto – Eu gosto dele.

– Você gosta dele?

– Eu amo ele – senti meu rosto queimar – Eu amo ele, Namjoon. É isso, eu quero estar ao lado dele, quero fazê-lo sorrir, quero abraçá-lo e...

– Shh... – ele tampou minha boca e abriu um enorme sorriso – Não é pra mim que você precisa dizer isso, Taehyung.

Senti meu corpo tremer e ele então abriu caminho, me olhando fixamente.

– Diga isso a ele, Tae. Diga o que sente, o que quer. – sua voz era calma – Mesmo se ele não aceitar, pelo menos diga a ele que sente o mesmo.

– Eu... – com as pernas trêmulas, fiquei de pé.

Namjoon estava certo. Eu precisava dizer a ele como me sentia, independente da forma como ele iria reagir a isso. Não poderia deixá-lo ir sem antes mostrar que a nossa noite naquela viagem significou muito pra mim também, que na verdade todos os momentos que vivemos juntos eram as minhas melhores lembranças.

– Eu vou atrás dele. – não faço a menor idéia de onde veio aquela força, mas fui correndo para fora do banheiro.

[...]

Eu estava matando aula, sabia disso. Mas isso nada disso importava, nada que não fosse encontrar Jungkook importava agora.

Meu coração batia forte dentro do peito, minha respiração estava falhando e minhas pernas doíam. Só me restava apenas um lugar e torcia para que o garoto estivesse lá.

Então que me apressei, indo em direção ao chafariz, onde pude enxergar uma silhueta masculina familiar, encolhida e virada para a água.

– Guk! – por um momento pensei que meu coração sairia pela boca, mas mesmo assim corri em sua direção.

Por outro lado, o garoto se assustou com o barulho e se virou para mim, com os olhos arregalados.

– Jungkook! – o abracei com força, sentindo lágrimas escorrerem dos meus olhos quase de imediato – Jungkook!

Ele não disse nada, nem mesmo retribuiu o abraço. Ficou apenas parado, seus peito subindo e descendo. Parecia nervoso e com vontade de me empurrar para longe.

– Jungkook... – recuperei o ar e olhei bem no fundo dos seus olhos, estavam assustados e seu rosto sem expressão – Eu te amo. – abri um enorme sorriso e ele arregalou os olhos – Me desculpa por não dizer isso antes, mas estava nervoso. Eu te amo e estou falando sério! Sei que te fiz chorar, ter ciúmes e sofrer. Mas agora eu juntei coragem suficiente para dizer isso.

Um sorriso bobo surgiu em seus lábios. Pelo jeito ele nem tinha percebido que estava sorrindo.

– Eu quero continuar ao seu lado – falei – Quero que sorria pra mim todos os dias, me abrace como quiser, me chame por apelidos diversos e conte todas as suas loucas experiências em Busan. – segurei seus ombros – Quero que me fale o que está sentindo, quero ser seu abraço nas horas difíceis e te levar para passear, para conhecer os lugares mais bonitos dessa cidade.

Não tinha mais um sorriso em seu rosto e sim lágrimas.

– Por favor, Guk. Me perdoe por não mostrar a você o que sinto, por criar tantas e tantas dúvidas na sua cabeça, por te fazer se sentir mal, – continuei – Jamais quero me separar de você, jamais quero esquecer de todos os momentos divertidos que tive ao seu lado. Nunca quero deixar de te zoar, te buscar em casa, assistir aquelas corridas malucas de moto ao seu lado. Ainda quero dividir muitos energéticos de gostos péssimos com você, comer panquecas com milk-shake, ver vagalumes e visitar outras cachoeiras por aí. – segurei seu rosto e respirei fundo – Quero viver cada momento da minha vida ao seu lado. Quero que seja a primeira pessoa que vejo quando acordo e a última quando durmo. Por favor, não desista de mim, Guk. Eu não passo de um nada longe de você! Não posso ser feliz se você for embora.

– Taehyung... – murmurou, seus lábios tremendo.

– Eu prometo que vou estar ao seu lado mesmo se todos ficarem contra você. Vou te buscar em casa todos os dias, segurar sua mão e dizer com muito orgulho que somos namorados.

– O–o que vo–você disse?

– Nesse meio tempo eu fiquei refletindo, Guk. E agora tenho certeza do que eu quero.

Quero ser seu namorado, quero ficar do seu lado e cuidar de você, te fazer feliz todos os dias.

Um sorriso se abriu em meu rosto, seus olhos brilhavam. Então me afastei, segurei sua mão e respirei fundo.

– Desculpa mas não tive tempo de comprar uma aliança.

– Bobo... – sua voz estava rouca.

– Jeon Jeongguk, você quer namorar comigo?

– Isso é sério? – ele corou.

– Claro que é! – sorri, me levantando e abraçando sua cintura – Mais sério do que qualquer outra coisa. Eu te amo e quero ser seu namorado, Guk. – afastei os fios de cabelo do seu rosto – Você aceita?

– Eu aceito. É claro que eu aceito!

Meu coração por um momento parecia que ia explodir. Então segurei sua nuca e abri o maior sorriso da minha vida.

– Então eu te farei o garoto mais feliz do mundo. – selei nossos lábios, suas mãos firmes envolta do meu pescoço – Porque você merece o universo, Guk.


Notas Finais


Muito obrigada mais uma vez, espero que tenham gostado! ❤ 🐰🐯


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