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História Querida Babá - Naquele Abraço


Escrita por: mari_rafaela_2

Notas do Autor


Oiiee 💕

Genteee obrigada pelos seus favs e comentários isiiii 💞😍

Espero que gostem desse capítulo, Becky não é nada boba viu, não leva desaforo pra casa 😋

Boa leitura <3

Capítulo 8 - Naquele Abraço


Fanfic / Fanfiction Querida Babá - Naquele Abraço

— Espera, espera — Coloquei o dedo no ouvido em uma demonstração teatral de incredulidade — Eu acho que não entendi direito. Você me chamou do quê?

Sara deu um passo à frente e encheu a boca para repetir os dois xingamentos com o prazer escorrendo como uma baba do cantinho dos lábios.

— Vadia. Ladra de namorados!

Certo. Então eu não entendi errado. Quer dizer que eu havia perdido a noite maravilhosa que Silas gostosão iria me proporcionar, dormi mal pra caramba e ainda me prestei ao papel ridículo de dormir com o meu chefe — e gostar muito disso, aliás — para simplesmente aceitar que aquela louca me insultasse daquele jeito?

Não.

Não.

Nunca!

Então por esse motivo e por todos os outros que arranhavam o meu cérebro — a frustração sexual, os problemas em casa que nunca findavam, a atual situação da minha vida amorosa desastrosa — que os meus atos a seguir foram guiados apenas pelo ódio quando eu voei para cima daquela mulher asquerosa com tanta força que nossos corpos rolaram no chão e Francisco precisou entrar no meio e me tirar de cima dela, mas não sem antes eu conseguir  arrancar alguns tufos de cabelo como lembrança.

Eu estava tão nervosa, Francisco me abraçando com força para me impedir de atacar a namorada dele, os tufos de cabelo da infeliz na minha mão, Sara gritando ameaças ridículas ao vento, que comecei a rir.

Francisco enterrou o rosto em meu pescoço, ofegante como eu, e seu corpo começou a tremer tanto que temi que estivesse chorando. Mas só então percebi que ele ria tão descontroladamente quanto eu.

Senhor!

— Você tá rindo do que, seu idiota! — Sara se levantou, usando sua atuação magistral, e colocou a mão sobre o coração como se estivesse infartando — Essa mulher dissimulada acabou de me agredir! Olhá só!  — Sara começou a chorar, mas curiosamente nenhuma lágrima saía dos olhos — Ela arrancou meu cabelo todo! Você vai demitir ela agora, não vai?

Finalmente Francisco me soltou e encarou a namorada que ainda ostentava a mesma cara patética de choro.

E então eu entendi que aquela cena toda era um plano para que Francisco tivesse um real motivo para me demitir. De repente me senti pequena, boba e insignificante. Mais ainda quando ele não respondeu nada e apenas estendeu a mão para tocar o rosto da namorada que parecia ter corrido uma maratona de tão eufórica e ofegante.

Eu seria demitida. Nunca mais poderia ver  aquela criança que eu amava. E Deus sabe o quanto vai ser difícil para ele se acostumar com uma nova babá.

Soltei os fios de cabelo de minha mão, deixando cair no chão a lembrança do dia em que perdi totalmente o controle e girei o calcanhar a fim de voltar ao quarto para buscar a minha roupa, mas Isco me interceptou.

— Onde você vai, Becky?

— Ela vai para o olho da rua, que é onde pertence! — Sara colocou as duas mãos na cintura como se ainda reunisse um pouco de honra naquela encenação horrível.

— E por que eu demitiria a Becky?

Meu coração traiçoeiro começou a martelar com tanta força que nem quando eu estava no ápice do meu momento de prazer arrancando os cabelos da Sara eu me senti assim.

— P-porquee ela… Hum, me agrediu…

— Sara, a Becky apenas reagiu à sua agressão. Você a xingou de… — Isco enfiou a mão no cabelo que ficou ainda mais bagunçado e deixou um suspiro cansado escapar da boca redondita — Daquele nome que eu não quero nem mencionar, e ainda de ladra! Quando na verdade ela fez um favor para o meu filho e para mim quando não tinha nenhuma obrigação de fazê-lo. Sara, me desculpe, mas não vai ser hoje que vai conseguir fazer com que eu demita a Becky.

Se ele continuou a falar alguma coisa, meu coração tamborilando igualzinho a uma batida de heavy metal não me deixou escutar.

— E se depender de mim, a Becky não sai daqui até pelo menos o Junior estiver entrando na faculdade — E para finalizar, aquele sorriso de urso encantador para enfraquecer meus joelhos.

— O-obrigada… — Murmurei sentindo meus lábios repuxando para os lados em um sorriso involuntário e antes que Francisco sequer pudesse responder, um berro vindo do quarto tirou a nossa atenção.

Voltei ao quarto e Junior estava choramingando enquanto coçava os olhinhos vermelhos.

— Tia Beeeeecky… — Seu narizinho vermelho fungou e ele estendeu os bracinhos — Pensei que tinha me deixado sozinho…

Mergulhei na cama para poder abraçá-lo e ele se encarapitou em mim como se fosse um filhote de canguru pendurado na mãe.

— Filho, a Becky precisa ir para casa… Você sabe que hoje é a folga dela… — Francisco apoiou o braço no batente da porta — Vem com o papai, vamos tomar café?

— Não! — O menino nem deixou o pai terminar de falar — Quero ficar com a Tia Becky!

Francisco suspirou e encarou o bico fechado na cara do filho e se empertigou antes de caminhar até a cama com uma expressão decidida no rosto.

— Agora chega de malcriação, Junior! Você vai descer e tomar café com o seu pai e vai deixar a Tia Becky ir para a casa dela!

Junior começou a espernear, as pernas minúsculas e gordinhas para todo o lado enquanto o pai o segurava com mãos firmes.

Meu coração ficou na mão ao ouvir o choro dele, mas Francisco estava certo. Junior andava muito mimado e malcriado, e eu realmente precisava ter o meu tempo, fazer as minhas coisas, tirar um tempo para mim. Do contrário eu não conseguiria cumprir o meu papel de boa babá.

Olhei para aquela cama uma última vez antes de rastejar até o banheiro e colocar meu vestido novamente. Segurei a camisa de Francisco na mão e num gesto patético, a levei até o rosto para sentir aquele perfume mais uma vez.

Quando já estava tropeçando nos meus saltos em direção ao portão de saída dos fundos, um Francisco esbaforido me chamou, correndo na minha direção.

— Becky, espera!

Tentei ignorar a pulsação acelerada e a ansiedade que brotava de meus poros e limitei-me a apenas encará-lo.

— Eu queria… — A consternação era visível no rosto dele, e somada ao cansaço, me fazia querer estender a mão e acariciar aquele vinco entre as sobrancelhas, e afagar suas bochechas até aquela preocupação sair dali — Eu queria me desculpar por tudo, Becky. Por ter dado em cima de você, por ter aparecido bêbado e… Por ser tão idiota…

Fiquei sem reação. Meu queixo provavelmente afofou a grama ao cair no chão e tentei reunir palavras para replicar.

— Tudo bem, sério. — Mordi o lábio nervosamente — Eu desculpo você…

— Não vai acontecer de novo, Beckye. Eu juro que não queria te desrespeitar.

Então não me restou muita coisa a não ser segurar a mão que estava estendida diante de mim.

— O Junior está bem? — Ele ainda segurava a minha mão, e eu mesma não fiz questão de soltá-la também.

— Não… Mas vai ficar. Desculpa te fazer ter que sair escondido, mas ele nunca ia parar de chorar.

Finalmente soltei sua mão e me preparei para partir.

— Se ele continuar chorando, tenta cantar alguma música, ele adora música. — Ele assentiu com um sorriso. — E se precisar, me liga que eu venho.

Segurei minha bolsinha de mão com força e acenei, dando as costas em seguida.

Me dei conta ao sair daquela casa que ali era o único lugar que me parecia um lar ultimamente.

 

[...]

 

— Pelo amor de Deus, dá pra baixar esse som? — Felipe berrou na porta do meu quarto e eu o ignorei completamente — Eu tô tentando ensaiar aqui!

Me joguei na cama, erguendo o pulso para conferir o horário. Eram quase cinco da tarde e eu já tinha terminado toda a faxina da casa, agora ouvia a minha playlist de divas dos anos 2000 enquanto esperava o esmalte secar.

— Não, não dá — Sibilei com um sorrisinho — Feche a porta do seu quarto, então!

— A mamãe gosta de me ouvir tocando bateria!

— Ah, é? Foi ela quem te disse isso?

No mesmo momento que as palavras saíram de minha boca, me arrependi de ter dito. Para minha sorte, Felipe apenas deu risada e apontou o dedo em direção ao meu rosto.

— Que humor negro, Rebeca! Só porque a mamãe não fala nada não significa que eu não saiba que ela aprecia a minha música.

Apenas deixei que o dar de ombros o respondesse e meu irmão se jogou ao meu lado na cama.

— Eu acho que ela nunca mais voltará a ser a mesma, Lipe. — Encarei o teto, a pintura gasta e algumas rachaduras e lascados na tinta e me prendi àquilo numa concentração absoluta — Deus sabe o quanto eu queria que não fosse assim.

Senti seu toque suave em minha mão e um suspiro longo ecoar de seu peito.

— Já pensou em… Em fazer a vontade do psicólogo?

Me levantei bruscamente, me arrastando até a janela, sentando-me no beiral. Era horrível admitir, mas o médico tinha razão quando dizia que minha mãe precisava de um tempo em uma casa de repouso. Lá ela teria especialistas vinte e quatro horas do dia para ajudá-la, além de pessoas com a mesma condição psicológica dela. Talvez o ambiente se torne mais agradável e favorável para ela ter vontade de voltar a ser o que era. Porque essa era uma escolha dela, apenas.

— Estou pensando no caso. Até lá preciso de um bom dinheiro para deixá-la em uma clínica boa.

— Então isso nunca vai acontecer, já que com o seu salário você vem bancando tudo aqui em casa.

Finalmente encarei o meu irmão, e segurei a vontade de chorar.

— Vai dar tudo certo, hermano.

— Espero que você esteja certa… — Felipe fez uma careta ao ouvir a campainha tocar e revirou os olhos — Eu atendo.

Assenti e voltei a encarar a rua movimentada lá fora. Eu morava naquela casa desde que nasci. Conhecia cada vizinho, vi as crianças crescerem, novas pessoas chegarem e dei adeus aos que estavam velhos demais e se foram. Um sentimento de melancolia invadiu o meu peito quando percebi o quão sozinha eu estava.

— Becky, visita pra você!

Eu não estava com disposição nenhuma para atender quem quer que fosse, e provavelmente se tratava de algum vendedor só para me aporrinhar.

O creck notório do assoalho gasto me fez desprender a atenção da rua e da nostalgia que ela trazia consigo e virar o rosto em direção à porta do meu quarto. E lá estava a última pessoa que eu imaginava encontrar na minha casa.

— Você?

Um calor familiar cresceu no meu peito ao encarar a figura do homem que com muita dificuldade eu tentava não me apegar.

— Você disse para eu te ligar, mas eu acho que… Precisava ver você. Desculpa por não te avisar antes… — Francisco gaguejou e pareceu levar uma eternidade para conseguir concluir sua sentença.

Eu nem deixei que ele terminasse de falar. Minhas pernas já estavam me levando para ele e simplesmente não tive controle de meu corpo. De meus braços que se jogaram ao redor de seus ombros, de meu peito que pareceu se comprimir e se expandir ao mesmo tempo, e da minha boca que alcançou sua bochecha para um beijo cálido.

Eu podia culpar a solidão, o medo e a tristeza que me rondavam no momento, mas tudo o que sabia era que não havia lugar melhor do que naquele abraço.

 


Notas Finais


😍
Espero que tenham gostado, deixe seu comentariozinho por favor ❤

Vcs já viram minha fic nova xodó?

♥Take Me To Church
https://www.spiritfanfiction.com/historia/take-me-to-church-15655367


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