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História Queridas Indiscretas - Admitindo?


Escrita por: FefeFanfics

Notas do Autor


Capítulo com revelações.

Capítulo 11 - Admitindo?


Fanfic / Fanfiction Queridas Indiscretas - Admitindo?

 

Julian

Quando achei que teria de ser o primeiro a puxar a fila e responder o questionamento do Durm o Toni foi o primeiro a se manifestar.

— Precisamos nos livrar das provas do crime e de cerveja. — disse pensativo e o seguimos até a cozinha deserta, pois as fujonas deveriam estar na casa do Erik se não estivessem atravessando a cidade de Munique numa escapada desesperada.

 A carinha de assustada de Lila seria um motivo para rir toda a vez em que pensasse na cena da cebola com um feitiço que dera errado, pois de minha parte eu já tinha a total certeza do que queria.

  Reus fotografou as provas com o celular dele antes que o Kroos as queimasse dentro da pia. E Lars foi até a geladeira para apanhar as cervejas artesanais indicadas a jogadores de futebol pelas restrições de dieta.

— Vocês irão me deixar no vácuo das reflexões do certo a se fazer? — Erik cobrou observando Toni atirar as cinzas daquilo na lixeira.

 E todos nós nos sentamos ao redor do balcão com as garrafas em mãos. E estas foram abertas ao mesmo tempo.

— Um brinde as Santanas e ao porquinho que deveria trabalhar no FBI. — Kroos tossiu nos fazendo rir.

 Concordava que o suíno poderia ser contratado pela polícia, pois inteligência o suficiente para isso o rosado possuía. E o próprio seguiu trotando pelo cômodo agora em companhia dos cachorros como se fosse um chefe de gangue no meio deles.

— A primeira vez que a vi foi na entrevista. A achei linda. Não irei mentir, mas a princípio ela era apenas uma moça que estava cuidando dos meus filhos em fase de teste. Só que as poucos foi se mostrando uma alfa dentro desta casa e numa ocasião a flagrei abaixada na tarefa de guardar os brinquedos das crianças e juro que me controlei... — fez uma pausa e bebericou sua cerveja.

— Me controlei para não agir de modo imprudente em estapeá-la no traseiro como se me pertencesse, mas eu usei de toda a minha decência em me virar e sair. E também teve aquele lance no armário do hotel em Mônaco. Sofri para me controlar com o fato de que Dandara Santana me excita, mas está na hora de assumir que não é apenas fogo o que eu sinto perto dela. A personalidade, a bondade, a lealdade e o beijo dela mexem demais comigo. E eu não quero me casar com ela apenas por causa de uma mãe substituta aos meus filhos. Eu estou apaixonado por aquela teimosa. — Toni confessou do jeito dele o que sentia e respirou mal disfarçando o seu alívio em admitir o óbvio.

— Doeu reconhecer isso? — Erik riu. — Mais alguém quer aceitar que é viciado em Santanas?O primeiro passo para uma cura é a admissão. — emendou tossindo.

— Eu admito que no começo apenas queria sair com a Lila por um capricho,pois o beijo doce dela não era igual ao de nenhuma outra. Só que naquele fim de semana fui conhecendo a personalidade dela e percebi que estava diante de uma mulher e não de uma menina. É alguém divertida, maluca, amorosa e a dama certa para se pensar em ter um relacionamento sério. Não acho que mereça menos que isso e quero ser o homem a dar tudo a ela. Sim. Eu estou apaixonado como nunca realmente estive. Alguém poderia considerar isso uma tolice vinda de um ‘’moleque, ’’mas se for para passar por bobo por causa dela. Sei que isso valerá à pena. — falei de tudo o que o meu coração andava guardando em tão poucos dias.

 E me senti tão aliviado quanto o Kroos em confessar que lutaria para tê-la.

— Brandt, eu tenho de lhe dar um crédito. Seja firme no que deseja. Mais alguém tem algo a confessar ou irá se calar para sempre? — Erik estava se divertindo conosco.

— Isso é pior do que levar um sermão após uma partida ruim. — Lars resmungou.

— Ao menos após a bronca a sensação pelo menos passa. E em meu caso a minha sensação de raiva mal contida segue aqui. — Reus fez uma pausa e deu uma boa golada em sua cerveja. — Vi aquela diabinha falando mal de mim com uma das minhas irmãs e usei isso para pegar bronca dela e anular a minha vontade de grudá-la na parede e cobri-la de beijos desde o primeiro dia em que a vi entrar pela porta da minha casa. A Morena não é o tipo de garota que se impressiona com dinheiro ou fama e ela nunca me deu a mínima desde o começo. Por isso impliquei tanto, mas a cada alfinetada ela ia ganhando ainda mais a minha atenção e também observei como toda a casa foi conquistada pelos atos dela. — mais uma pausa para cerveja. — E eu tentei tirar esse desejo por ela de uma vez por todas, mas quando a minha avó passou mal e tive o aperto da mão daquela doida junto a minha, eu soube que a encrenca tinha outro nome e os beijos que trocamos apenas confirmaram isso. Ok. Eu estou loucamente apaixonado por alguém sem qualquer senso de discrição que torra e muito a minha paciência. — finalizou se rendendo e riu dando de ombros.

— Marco, eu já sabia disso desde que o vi querendo arrancar as cabeças do James e Roman. Bender, você tem de ser sincero. O que não sabemos? — Erik parecia cada vez mais feliz com as informações.

 Lars ficou em silêncio durante alguns segundos antes de gritar:

— Dane-se! Eu tinha acabado de sair de um relacionamento gelado com alguém com quem realmente nunca tive uma química real. E então a vi chegar para cuidar dos meus sobrinhos e a atração foi instantânea, mas sabia que seria errado desejar a babá das crianças do meu irmão. Por isso, eu fui grosseiro com ela para mantê-la afastada e consegui o efeito contrário, pois quando a Inaraí fica brava comigo a minha vontade de tomá-la em meus braços só aumenta. Foram meses a conhecendo e descobrindo coisas sobre os gostos dela através dos comentários de Simone. No fundo somos bem parecidos em muitas coisas e admiro a união que ela tem com as outras. Naquele fim de semana eu no fundo também tive a certeza de que já estava na lona depois de beijá-la no hotel. E não quero abrir mão dela.

— Nós estamos mesmo muito ferrados! — Toni exclamou e os outros riram.

— Não sou o melhor homem para dizer isso, mas eu conquistei a Duda sendo eu mesmo, ou seja, fiquei com cara de tonto e exagerei no excesso de gentilezas e praticamente a monopolizei quando a vi pela primeira vez no dia daquele incêndio no altar da igreja em Dortmund. E...

— Meu Deus! Sua noiva colocou fogo numa igreja? — eu me assustei.

— Bem a cara da Eduarda! — os outros gargalharam.

— Hey! Não foi bem assim. A vela caiu. A coitada não fez isso. — fez uma careta ficando vermelho. — E como eu estava dizendo. Vocês precisam continuar agindo normalmente se querem chegar nelas. — emendou.

— Não era você quem estava nos criticando? — Reus o acusou.

— Eu precisava saber se estão nisso para valer. E se mudarem um pouquinho a abordagem sem as chantagens com os compromissos e...

— Falou o homem que no meio de uma briga por causa do Lewis piloto pediu a mão da namorada em casamento. — Lars tossiu.

— Mas é diferente. Eu tinha algo com ela ao contrário de vocês que...

— Se estivesse em nossos lugares você faria o mesmo. — comentei certo disso.

— Não faria? — Toni perguntou.

— Erik? — Reus e Lars cobraram.

— Ok. Estou sendo hipócrita, pois faria tudo para manter a atenção inteira da mulher que eu amo apenas para mim. Só que eu tentaria agradá-la de algum modo até conquistá-la e não deixá-la sair do círculo. — cuspiu voltando a ficar vermelho.

— Irá nos passar a receita de como prendeu a sua brasileira? — perguntamos ao mesmo tempo e ele piscou.

— Sou um romântico incurável, eu acho. Naquele mês estava estudando a língua espanhola e assim que comecei a sair com ela meditei muito em uma música do Sin Bandera que falava muitas coisas pessoais do que estava sentindo na época. Por isso decidi agir como o personagem de ‘’ Te vi Venir’’ e segui esta canção enquanto fazia planos para chegar até ela. E acreditem. Eu fui o mais sincero que pude e tentei descobrir os segredos dela enquanto a tratava como toda mulher precisa e merece ser tratada, ou seja, uma princesa que um dia será uma rainha. — respondeu sorridente e tinha motivos para ser feliz, pois tinha a mulher que amava junto dele.

— E? — insistimos.

— Cada um de vocês deve ter a sua própria canção e segui-la a risca, pois se elas são mulheres que valem à pena, eu aconselho que não desistam tão fácil. Damas possuem pontos fracos que quando são acertados as deixam desprotegidas para o amor. Descubram os pontos delas e as terão caídas. Os pontos da minha futura esposa e mãe dos meus filhos eram um fraco por um homem doido que praticamente lesse os pensamentos dela e a mima-se com atenções. Foi complicado com a minha agenda, mas fiz algumas mágicas e também vi que tenho alguém que me apoia e a quem admiro por ser uma lutadora que salva vidas. Um entende a profissão do outro e assim iremos levando e construindo uma família. — sabia que era ruim sentir inveja, mas uma parte minha estava mesmo querendo ter a metade daquilo.

 A maioria das garotas só queria saber de baladas, festas glamorosas e eventos que as fizessem se sobressair. Por isso era raro esbarrar em uma menina que fosse normal sem aquele rotulo de Maria chuteira desenhado em sua testa. E a minha Lila era assim e não sossegaria até tê-la entregue.

‘’ Sim. É amor. O que estou sentindo. ’’ — pensei já certo de qual seria a música a seguir se tratando da Santana menor.

 Is This Love do Bob Marley combinava com tudo aquilo que passou pela minha cabeça a partir do momento em que soube que a baixinha era a pessoa para mim.

Sim! Eu a trataria bem. Teria o meu abrigo, Deus abençoaria o nosso pão e eu jogaria todas as minhas cartas na mesa, pois estava pronto para tentar o tudo ou nada.

— Acho que estou começando a entender o seu ponto de vista. — Toni tagarelou pensativo.

— Eu também captei alguma coisa. — Lars assentiu.

— Tenho uma coelha para caçar depois dessas dicas. — Reus sorriu satisfeito ao apagar as fotos de seu celular e nós tornamos a brindar nossas garrafas em comemoração aos futuros resultados daquela conversa reflexiva.

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Dalila

Nós todas retornamos a casa Kroos no meio da madrugada mesmo, pois Dara e Ina ficaram preocupadas com as crianças ainda que a babá eletrônica que estivesse com uma delas não tivesse tocado nenhuma vez.

 E antes das sete eu escutei o áudio preocupado de Nair a respeito de perguntas sobre de onde todo o montante de dinheiro tinha saído e respondi ligando de volta com uma mentira bem convincente das outras terem conseguido os valores num cassino em Mônaco durante o fim de semana de folga antes de minha chegada a Alemanha.

 E claro que ela engoliu a mentirinha, mas levei uma comida de rabo por ter contado sobre as dívidas até que no final fui agradecida por fazê-lo. E então ela se despediu não querendo falar com as meninas, pois sabia que a maldita ‘’data’’ estava chegando e seria desagradável se Morena se enfurecesse a respeito disso.

— Leon, você hoje está bem manhoso. — Dandara riu com o garotinho no colo.

E este a abraçou apertado.

— Dara, você também vai ser minha mamãe. — ele tagarelou a fazendo encará-lo feito uma boba.

— Desde o primeiro momento em que vi você e Amelie, eu passei a amá-los como meus filhos, mas ainda assim estou feliz em ouvi-lo dizer isso. — riu o salpicando de beijinho na testa.

 Desde o começo de toda esta confusão era explícito de que no fundo a Dandara não abriria mão das crianças, pois se identificava com elas pela negligência da mãe deles porque minha tia fizera o mesmo. Só que Jessica tinha partido e ‘’ Lucia’’ agira durante todos esses anos atuando como se ela e Inaraí fossem duas inconvenientes aos seus planos com um traste que nunca reconheceu as próprias filhas legalmente.

E eu também sabia que ela no fundo não deixaria o Toni apesar de estar fazendo de tudo para evitar ser afetada pelo charme dele. O que era óbvio que já tinha acontecido pelo modo como o olhava.

— Obrigada por não arrancar os meus cachinhos. — agradeci a Amelie que estava em meus braços emitindo risadinhas, pois eu lhe dera o meu celular.

— Todo mundo reclama do Heinz ser sádico, mas ele está se comportando. — Morena riu balançando o gêmeo mais danado que hoje estava um santinho.

— Ele deve estar apaixonado por você. — Inaraí tagarelou fazendo o mesmo com Oliver.

— Mas eu não faço a linha criança esperança. — retrucou e o loirinho riu ao receber um beijinho na ponta do nariz.

Nós todas estávamos paradas em frente ao balcão da cozinha olhando para a paisagem do jardim além da janela ampla depois que as crianças tinham tomado seus cafés da manhã.

— Tudo está tão calmo. — sussurrei não querendo tocar no assunto micológico de ontem com nós quatro fugindo dos meninos para evitar o flagrante.

‘’ Pelo menos o Julian agora deve estar me achando uma louca macumbeira e tenha até desistido. ’’ — refleti querendo estar feliz com isso, mas eu estranhamente estava incomodada que o loiro funkeiro estivesse me achando uma doida varrida.

O que provavelmente deveria estar acontecendo por eu estar ligando para isso.

— Sim. — as outras concordaram atuando no módulo combinado de fingirmos que aquilo nunca aconteceu.

— Talvez nós todas deveríamos ter...

— Pai e tios! — a exclamação de Leon fez com que nós todas nos virássemos rapidamente para ver a facção dos loiros parados na soleira da porta segurando cestas de cafés da manhã repleta de guloseimas. E cada uma delas levava um ursinho bonito. Bom. Exceto pela cesta que Julian segurava, pois o meu Guinho estava nela.

‘’ O que está acontecendo? Não era para eles estarem de caras amarradas ou com sorrisos irônicos?’’

— Bom dia senhoritas! — exclamaram sorridentes ao invadirem o cômodo de vez e o meu coração quase saiu pela boca quando o tonto se aproximou todo perfumado para depositar a cesta no balcão antes de tomar a Amelie de mim.

— Aposto que ainda não tomou café da manhã. Por isso ficarei com a Melie um pouquinho. — apenas disse exibindo a covinha amistosa.

— Ok. — não consegui dizer nada e a neném foi de bom grado com ele para o outro lado da cozinha.

‘’ Nada boba essa moça. ’’ — pensei agora tentando me distrair com o presente que tinha um pouco de tudo e vi pelo canto dos olhos os outros apanhando as crianças e deixando as meninas livres.

— Vocês já tomaram café da manhã? — Morena perguntou.

— Não. E esperaremos vocês se servirem. — responderam em coro.

— Nada disso! — Dandara e Inaraí resmungaram.

 E de repente os bebês foram para os carrinhos. A Amelie para o cadeirão e Leon foi sentado numa das banquetas com o celular de Toni em mãos para jogar alguma coisa que o distraísse.

— Obrigado. — agradeci a Julian pela devolução do jeguinho.

— De nada. A aventura com ele foi divertida. Só falta que você fique com o guarda roupa dele. — citou o vasto repertório de acessórios do bichinho e isso quase me fez rir.

— Aqui está. — fiz um prato para ele.

— Nem a minha mãe faz isso. Obrigado. — ficou sem jeito com a cortesia.

 Foi automático querer agradá-lo porque ele estava sendo fofo pela primeira vez desde que o nosso arranca rabo começara.

— Não conte a ela. — brinquei e nós dois rimos com gosto até percebemos que estávamos sendo encarados pelos outros.

— Sim? — perguntei amena e eles voltaram a tagarelar entre si sobre a comida.

E minhas irmãs também fizeram os pratos de Toni, Marco e Lars.

— Sobre ontem... — Dandara pigarreou.

— O Marcinho está bem e a cebola suja que ele achou lá fora foi para o lixo. — Toni respondeu dando de ombros como se nada tivesse acontecido para o nosso espanto.

‘’ Será que a zanza pegou?’’ — eu estava confusa e esfreguei o meu dedo no qual a aliança prateada ainda seguia já esperando que o Brandt fosse terminar a nossa relação fictícia que mal começara.

 Todos nós ficamos nos encarando como se os assuntos tivessem se perdido a partir daquilo.

— Eu falei com a vovó hoje. — eu rapidamente monopolizei o diálogo com outro tema que era do interesse de todos pelo jeito.

— E? — elas indagaram em expectativas e os meninos se mexeram me olhando com cautela.

— Eu disse que todo aquele dinheiro veio de jogos num cassino em Mônaco durante o fim de semana em que vocês tiveram uma folga antes de minha chegada ao país. Não se preocupem. Eu jamais diria a verdade ou do contrário a dona Nair pensaria que estamos nos prostituindo.

— Dalila! — dessa vez foram eles quem me recriminaram e Julian ainda me lançou um olhar enviesado enquanto as meninas riam.

— Ok. Eu não irei mais brincar, mas é verdade. Quem não acharia estranho uma família de mulheres que mora fora do país enviando muito dinheiro para casa assim do nada depois de uma emergência?

 — A vovó não brigou? — Dandara quis saber.

— Ela reclamou, mas depois agradeceu por ‘’salvarmos’’ a casa.

 Nós quatro éramos mentirosas patológicas, pois eram os meninos quem mereciam os confetes por terem feito aquilo.

— É bem a cara. — Inaraí sorriu.

— Ela disse mais alguma coisa? — Morena especulou.

— Se despediu bem rápido. Ela...

— Lila, você pode dizer o que está pensando. — emendou arqueando uma sobrancelha.

— Mo, eu prefiro não entrar nesse assunto. — não queria falar do evento e muito menos na frente da plateia.

— Vamos parar de fingir que amanhã não é o casamento da ‘’Lucia’’ com aquele patife que a traiu com a irmã dela. E o que mais me irrita é que sabemos que ele ainda está com a ‘’Lucena’’ para repetir o passado do qual nunca saiu. — disse dando uma risada sem humor e pares de olhos azuis se estreitaram com a conversa.

— Morena, você está se excedendo novamente sobre isso. Pare de agir como se nós fôssemos deixá-la ligar para o Pablo Jorge para enchê-lo de desaforos. — Inaraí interferiu.

— Como se ele fosse mudar de caráter com uma ligação de uma das filhas que sempre negligenciou? — Dandara tossiu.

— Odeio quando você e Ina agem como se não tivessem sido mais negligenciadas que eu e Dalila.

— E eu quando você age como se ambas fossem as culpadas por ele tê-las registrado e fingido que nós não existíamos. — Inaraí rebateu.

— Mas não ter um pai machuca menos do que ter um que sempre esteve ausente em todos os momentos. — Dandara insistiu e comecei a me estressar por achar que logo as três estariam rolando no chão.

— Meninas parem! Não vale a pena perder tempo com duas mulheres que nunca terão amor próprio por elas mesmas. Antes de amar alguém uma pessoa deve gostar de si mesma em primeiro lugar. Nenhum dos três merece o nosso respeito ou se tornarem assuntos desta conversa. Se quiserem falar de alguém... Falemos da nossa avó e sua história com o homem que deu o conjunto de pérolas a ela. — esbravejei e elas piscaram.

— A vovó finalmente contou sobre as pérolas? — quase gritaram.

— Logo depois que vocês vieram à Alemanha, eu fiquei por alguns dias adiantando coisas antes de minha partida ao Canadá e dois dias antes da viagem a dona Nair me chamou ao quarto dela e abriu a caixa para me entregar a última peça.

— O broche. — Dandara sorriu.

— Sim. Nós sempre julgamos a vovó como uma mulher de poucas palavras quando o assunto era sentimentos, mas é preciso retroceder cinquenta e cinco anos para entender o que realmente houve.

1963. — Inaraí fez a conta.

— Era verão em janeiro de 1963 quando ela acabara de ser contratada por indicação de sua madrinha a trabalho como cozinheira no casarão de uma família alemã que estava estabelecida perto do centro de São Paulo há dois anos. E na tarde daquele mesmo dia durante uma distração com um prato de porcelana se estilhaçando em meio à cozinha um jovem muito bonito invadira o espaço.

— Quem era ele? — Morena perguntou vidrada em mim.

— Um dos sobrinhos do dono da casa. Segundo ela o homem era tão formoso quanto um anjo do céu e o sorriso dele era incrível. Dona Nair achou que se encrencaria, mas ele fez uma piadinha sobre a cultura alemã de que para se quebrar louças a noiva precisaria de um noivo e então o rito estaria completo. E foi a partir daquilo que uma amizade cresceu entre ambos e isso se tornara um motivo para que sempre estivessem tagarelando sobre os assuntos mais variados.  Ela amava poesias e ele adorava dançar músicas da Billie Holiday, por isso, ambos passaram a compartilhar esses gostos em suas horas livres e quando se deram conta a amizade se tornara amor.

( Nota da autora: Quebrar louças é uma tradição alemã realizada pelos noivos na festa de despedida de solteiro de ambos junto com amigos e familiares. Eles acreditam que isso dá sorte e depois o casal tem de limpar a bagunça enquanto são zoados.)

 

— Durante meses o affair foi mantido em segredo por insistência dela em relação ao que a família dele diria sobre isso e também porque nossa avó apesar de estar muito apaixonada sabia que no final daquele mesmo ano o moço teria de retornar a Renânia por insistência de seu pai.

— As mulheres dessa família sempre tiveram os pés no chão. — minhas irmãs tossiram.

— Não posso discordar disso, mas ouçam o restante da história para que tirem suas próprias conclusões a respeito desta nossa característica. Bom. Ainda que ela soubesse que aquilo não duraria se entregou de cabeça em todos os sentidos ao que eles estavam vivendo, pois sabia que não sentiria aquilo por mais ninguém em sua vida por mais que quisesse se esquecer dele um dia. Porque já estava completamente destruída para todos os outros homens devido ao charme e as qualidades do suposto anjinho alemão. — mesmo recontando aquilo foi difícil não rir, pois a entendia perfeitamente.

— Estes alemães de bochechas coradas, carinhas de sonsos e lábias do demo realmente causam estragos nas vidas alheias quando sorriem. — resmungaram fazendo caretas e o quarteto continuou atento ao papo, mas agora com as sobrancelhas arqueadas.

— Tenho de concordar que eles causam estragos e principalmente se tiverem o cabelo dourado como o sol e covinhas. — tossi e Julian piscou. — Continuando. Ele a chamava de ‘’minha pérola negra. ’’ E no aniversário de onze meses de namoro escondido o maluco deu a ela o conjunto de pérolas negras que hoje nós todas temos em nossas caixas de joias. A vovó ficou muito brava, mas o teimoso soube ser persuasivo em fazê-la aceitar o presente. E claro que essa parte da persuasão foi editada na história, pois acho que nem morta ela nos daria qualquer detalhe do que fez e aconteceu com o ex dela. — nós todas estávamos rindo agora.

— Que apelido fofo ele deu a ela. — Dandara tagarelou.

— Como ela o chamava? — Inaraí especulou.

— Adivinhem?

— ‘’ Oba?’’ Meu Deus! Chamar um homem assim quer dizer mesmo que já era. Ela se tornou uma refém e perdeu o coração para sempre. — Morena se chocou.

 Agora minhas irmãs realmente estavam entendendo o nível de amor que Nair sentia por aquele homem.

 

(Nota da autora: Na língua africana Yorubá a palavra ‘’O-ba’’ quer dizer rei.)

 

— Como eu disse. Tudo era intenso demais entre eles e não era apenas uma paixão daquele tipo que passa como uma fogueira apagando, porém a semana de dizer adeus finalmente chegou antes do natal e sem que estivesse esperando por isso o jovem pediu a mão da vovó em casamento e prometeu levá-la com ele de volta a Alemanha para que recomeçassem do zero uma nova vida a dois.

— Uau! Ele a pediu em casamento. — exclamaram.

— Sim. Ele realmente a amava. Disso a vovó disse nunca ter tido dúvidas. Só que ela tinha uma vida em São Paulo na casa da tia e tinha planos de continuar estudando para se aprimorar na profissão que amava, mas não era só isso. Não falava o idioma materno dele e ficou com medo do desconhecido que iria enfrentar numa pátria totalmente avessa a sua. E também pensou no quanto os casamentos inter-raciais sempre foram um tabu em algumas partes do mundo e ainda mais se tratando da década de sessenta com o excesso de tradicionalismo ao redor. Por isso, ela recusou a proposta e desejou o melhor a vida e aos negócios dele no futuro. — era doloroso imaginar o quanto aquilo a feriu.

— E ele? — Dandara estava com um semblante tão triste quanto as outras.

— Insistiu que os dois conseguiriam fazer dar certo e ela teve de partir o coração dele para fazê-lo desistir daquilo. E o resultado foi que o moço retornou a Alemanha no dia seguinte e ela nunca mais o viu.

— Ela simplesmente desistiu do homem perfeito por ser cabeçuda assim do nada? Por que ela não lutou por ele? A vovó não fez a coisa certa. Talvez não tivesse dado em nada no fim, mas ainda assim deveria ter tentado. — Dandara estava lutando para não chorar.

— Eu também não o teria deixado ir embora assim. Eles eram feitos um para o outro e esse tipo de encontro acontece raramente na vida. — Inaraí lamentou.

— Eu o teria feito ficar se eu não podia ir. Se ela tivesse tentado o teria convencido a ceder ao um novo plano. A dona Nair foi imatura e um tanto histérica. Diga que ela se arrependeu? — Morena estava indignada.

— Nossa avó seguiu em frente e criou sozinha um filho dele, mas admitiu que se pudesse mudar o curso das coisas teria ido embora com ele porque ainda se arrepende disso todos os dias da vida dela. Agora sabemos por que ela nunca se casou com outra pessoa e se manteve reservada sobre todo o resto. E também o motivo dela ter insistido para que todas nós soubéssemos falar alemão.

— Não! O moço bonito é o pai do Pablo Jorge?

— Sim. E ela nunca disse ao filho sobre isso, mas guardou em uma gaveta o estojo com as pérolas e uma fotografia em preto e branco de um lindo jovem de sorriso torto para se lembrar da chance que perdeu. E neste dia ela me disse que eu e vocês devemos avaliar bem as escolhas que fazemos, pois teremos de conviver com os resultados delas durante nossas vidas inteiras. — lá estamos nós quatro chorando, pois para mim era impossível não me emocionar ao tocar naquela história.

 E estava me colocando indiretamente em uma situação bem parecida. O que me fizera sentir falta de ar e de repente banquetas foram arrastadas.

— Lila, eu estou aqui. Se acalme. Tudo vai ficar bem. Nem todas as histórias precisam ter um final triste. — Julian sussurrou ao me puxar para os braços dele e foi o suficiente para eu desabar de vez.

            Agora eu estava chorando não só por minha avó, mas por tudo o que estivera acontecendo em minha família ao longo dos anos e pela minha falta de ideia em como a minha vida seria se eu acabasse me tornando alguém como a minha mãe.

— Minha menina independente a sua avó é uma grande mulher que teve os motivos dela. Agora levante a cabeça e aja de acordo como ela a aconselhou. Não a vejo cometendo erros, mas se por ventura eles acontecerem... Sei que tem dom o suficiente para dar um jeitinho nisso. — ouvi Toni dizer a Dara e imaginei que ela também estivesse sendo amparada por ele.

— Não seja boba. E esteja orgulhosa de ter sido tão bem aconselhada e não conheço a dona Nair ainda, mas imagino que seria o mesmo que estar olhando para uma versão sua bem mais mandona. Até agora tem feito um bom trabalho em tudo. — agora era a voz de Lars soando ao som dos fungados de Ina.

— Morena, você é mais esperta do que imagina e sempre está a um passo a frente de todos. Chegou tão longe e acredito que irá muito além. Sua avó deve ser orgulhosa de tê-la como filha. Aliás, ela deve ter orgulho de todas pelo excesso de juízo e cuidado que demonstram em tudo o que fazem. As coisas darão certo. — Reus soou tão doce que nem parecia ele falando.

— Desculpe. — sussurrei contra o peito de Julian e aos poucos o aroma dele foi me acalmando enquanto sua mão acariciava as minhas costas. Ficar assim com ele estava realmente muito bom.

— Pai, mãe, tias e tios? — a voz de Leon soou confusa.

— Está tudo bem, Leon! — dissemos em coro.

E me obriguei a desgrudar do homem para ver as meninas fazendo o mesmo com os outros.

— Nós temos de ir ao treino, por favor, fiquem bem para o jogo de hoje. — disseram amenos e beijaram as crianças antes de saírem acenando em despedida.

E fomos deixadas ali nos encarando sem entender o que tinha acontecido para tantas mudanças repentinas.
— Precisamos nos mexer! — Dandara pigarreou limpando sua face.

E acabamos evitando tocar no assunto, pois tínhamos mesmo muito a fazer. E Morena se despedira para voltar à ativa na casa Reus do outro lado da rua enquanto Inaraí fizera o mesmo levando os gêmeos para ir atrás de Simone e esta última me ligara oferecendo uma vaga de consultora em nutrição em sua loja que seria inaugurada nos próximos dias.

    O que foi um emprego caído do céu com um salário maior do que o esperado a uma nutricionista iniciante, porém o que me surpreendeu mais ao longo do dia fora a ‘’chegada’’ de presentes inusitados da parte de Toni e Julian.

— Ai meu Deus! O que vou fazer com ele? — quase gritei pela décima vez ao olhar para o burrinho filhote em miniatura que estava andando por toda a casa e sendo seguido por Marcinho e os cachorros.

— Comece com um nome. — Dandara riu sentada na enorme poltrona de massagem personalizada com o ‘’apelido’’ que Toni a chamava.

— O Kroos vai me jogar para fora com burro e tudo quando souber dessa bagunça na casa dele. — ainda estava boba com o quanto o loiro endiabrado aprontava.

— Se ele fizer isso. Você pode ir levar o burrinho na casa do Brandt. — ainda estava se deliciando com o seu presente.

— Ok. Julinho, você não pode subir no sofá! — batizei o animal ao vê-lo me desobedecendo.

— Vocês não vão acreditar no que o Reus... O que? Um burrinho? — Morena adentrou a sala ficando espantada e Inaraí trombou nela.

— Pense em Julian ao vê-lo. — tossi.

— Eu acabei de ganhar um ingresso VIP para um congresso de exposição de comidas e doces na Suíça com o hotel pago junto de um cartão do Reus, mas acho que depois dessa, eu nem irei reclamar disso.  — ela riu da minha cara.

— Ganhar um Iphone novo junto de uma Case do pato Donald com um bilhetinho engraçadinho também é o de menos. — Inaraí assoviou.

‘’ Ok. Todo mundo ganhou um mimo normal e eu fui à diferentona. Mato esse homem ou não?’’ — no fundo eu estava babando em cima do bichinho.

— A macumba de vocês saiu pela culatra pelo jeito. — Eduarda surgiu ostentando uma linda pulseira da Tiffany’s. — Os loiros estão fazendo cosplay de papai Noel hoje ou é impressão minha? — emendou rindo.

— Nem me fale do feitiço. E também estou estranhando o comportamento deles com esses módulos bonzinhos demais. — Morena concordou.

— Bonzinhos ou não nós temos de nos aprontar para a partida de hoje, pois os meninos precisam de apoio e depois vocês poderão matá-los. — ela sugeriu animada e senti borboletas em meu estômago ante a ideia de rever Julian depois dos últimos acontecimentos.

‘’ Já era! Você se apaixonou por aquela criatura. ’’ — algo me avisou do óbvio e eu não tinha como correr do caminhão que me atropelaria depois disso.

                                                                                                             Continua...

 Senhoras me perdoem se o capítulo saiu depressivo,mas hoje estou triste por causa da Aretha Franklin e isso refletiu nele.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Notas Finais


Para ver imagens dos presentes olhem o Watta depois.Bom. Os meninos finalmente resolveram sair do c... doce e mudaram as atitudes. Erik deveria mudar de profissão. haaha...Acho que agora parte da história das meninas acabou de ser contada para que todas entendam que vem de uma raiz profunda esta coisa delas pulando fora de envolvimentos e agora as próprias tiveram algo em que pensar com a revelação sobre a avó. Será que agora as meninas vão admitir para eles o que sentem? No capítulo 12 que será o que vai fechar a Fanfic teremos os hots prometidos e mais surpresas. haaha Obrigada por terem tido paciências até aqui.


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