História Queridinha do professor - Arrependimento? Acho que não

Tentei ligar pra Luan diversas vezes avisando que iria viajar, mas sempre dava fora de área, depois de muitas tentativas eu acabei desistindo, provavelmente eu voltaria antes dele então não causaria problemas, já comecei a arrumar minhas malas, pensando na semana que eu iria ter, não sabia o que iria encontrar no Rio, apesar de já ter certeza que meu pai tinha outra mulher eu estava com um pé atrás, e se ela me rejeitasse? E se eu sofresse mais lá do que aqui? Resolvi parar de pensar nisso, coloquei meus fones e uma boa música pra tocar, Problem da Ariana Grande foi uma boa opção pra afastar meus pensamentos negativos, jogava algumas roupas dentro da mala com o som da batida e cantava loucamente a música toda errada, é claro, eu só sei falar português. 

Senti meu celular vibrar no bolso da minha calça, tirei ele pra fora, uma nova mensagem 

Nos veremos antes de você ir? - Emerson 

Depois de tanto tempo ele vem me responder? Bufei mas respondi 

Se você vier até aqui, é claro - Thalia 

Passo aí hoje mesmo - Emerson

Joguei o celular em algum canto da cama e fechei as malas, que já estavam prontas, desci pra sala de estar pra esperar Emerson, mas ao passar pelo quarto da minha mãe ouvi um choro, abafado, provavelmente não queria que eu ou as empregadas vissem ela chorar, abri a porta devagar, a luz estava apagada e a claridade abriu uma brecha de luz na cama dela, mamãe se virou pra ver quem era, e assim que me viu enxugou as lágrimas e se fez de durona

- O que você quer? - Perguntou grossa, decidi relevar e ver se ela precisava de algo

- O que você tem? - Me sentei do outro lado da cama 

- Nada que você possa fazer por mim - Continuo enxugando as lágrimas que insistiam em rolar pelas suas bochechas 

- Olha, eu não sou a melhor filha do mundo, e se é por isso que você tá chorando eu... 

Ela me interrompeu antes disso

- Seu pai ligou - Me olhou séria - Ele disse que você pediu pra ficar uma semana com ele 

Na hora me liguei da merda que tinha feito, não podia deixar minha mãe naquela situação que eu mesma tinha causado

- O que mais ele disse? 

- Disse que... - Enxugou as lágrimas - Ele vai vir te buscar e não tem dia pra te trazer de volta 

- Como assim não vai me trazer de volta? - Encarei ela, já sabia o que iria acontecer mas não podia ser verdade

- Você vai ir morar com ele Thalia - Rolou os olhos - Era isso que você tanto queria né? Alguém que tivesse tempo de sobra pra você, que te amasse, que cuidasse de você e você conseguiu, parabéns - Foi irônica 

- Não era isso, eu só preciso de um tempo - Me defendi na mesma hora 

- Mas agora é tarde de mais pra se arrepender, você vai ir e eu não vou te impedir 

- Eu não posso ir morar lá, e meus amigos? Meu namorado? 

- Acho que você deveria ter pensado nisso antes de ligar pro seu super pai 

Sai do quarto dela derrubando lágrimas de novo, porra, agora minha vida era só chorar e ser uma garotinha indefesa? Ouvi a campainha tocar, me lembrei de Emerson e desci correndo pra atender, ele estava com um sorriso lindo no rosto que se desfez logo que viu meus olhos vermelhos marejados 

- O que aconteceu? 

- Entra ai - Solucei 

Ele entrou e se sentou no sofá, me deitei com a cabeça em seu colo 

- Fodeu, acabou tudo Emerson 

- O que o Luan fez? Eu quebro a cara dele - Disse exaltado 

- Ele é tão inocente nessa história quanto você 

- Eu? - Franziu a testa

- Eu não vou mais voltar 

- Thalia... - Ele ia perguntar algo mas eu desabafei de uma vez

- Vou morar com o meu pai, eu não vou mais voltar pra São Paulo 

Ele riu, riu alto

- Tá de brincadeira comigo né? 

- Você acha que eu sei brincar tão bem assim? - Encarei ele ainda chorando 

- Porra, você não pode ir embora - Os olhos dele começaram a se encher de lágrimas também 

- Não chora, por favor 

Era tarde de mais, vi as lágrimas rolarem pelo rosto dele, num ato meio que desesperado ele me abraçou forte 

- Me explica essa história direito porra - Sussurrou no meu ouvido durante o abraço 

Contei tudo pra ele, desde a discussão até a ligação, até o choro e até agora, ele tentou me convencer de diversas formas que eu poderia simplesmente dizer "Eu não quero ir" mas eu não podia, simplesmente porque minha mãe estava me odiando agora, e meu pai me odiaria também por causar toda essa confusão atoa, Emerson me abraçou e ficamos na sala por um bom tempo, só chorando, colocando a dor pra fora, a manhã chegou antes de percebermos, dormimos muito pouco, então a aula hoje estava fora agenda, subi pro meu quarto e deixei Emerson no sofá dormindo, tomei um banho, vesti uma roupa qualquer que achei na bagunça do meu guarda-roupas que ótimo, se já não bastasse minha vida, meu guarda-roupas também é uma bagunça fiz um coque desajeitado no cabelo e me olhei no espelho, olheiras, olhos inchados e vermelhos de chorar a madrugada toda, joguei uma água na cara, escovei meus dentes e desci, já era por volta de umas 8h da manhã, acordei Emerson com algumas sacudidas 

- Levanta bela adormecida - Zombei 

- Sai daqui Thalia, me deixa dormir 

- Não vai babar no meu sofá 

Ele rolou os olhos e se sentou no sofá, me puxando pro seu colo, nossas bocas estavam mais próximas que o normal ficavam, ele me olhou nos olhos e eu fiz uma careta insatisfeita com aquela situação, senti sua respiração e quando eu menos esperei ele me beijou, passando uma mão na minha nuca enquanto a outra me segurava em seu colo, paramos só quando faltou o ar, confesso que não foi ruim, eu teria uma amizade colorida com Emerson numa boa, é claro... se eu não tivesse Luan, ele me olhou sorrindo, também não estava arrependido do que fez, e eu sorri também, ele passou uma mecha do meu cabelo pra trás da minha orelha e eu o abracei mais forte que nunca 

- Vai ser difícil ficar aqui sem você - Ele sussurrou 

- Você tem a Mariana 

- Mariana não chega nem nos teus pés garota, se toca 

Dei um sorriso ao ouvir ele falar isso, Emerson era tão importante na minha vida e não tinha a mínima noção disso, eu largaria qualquer pessoa pra sumir por aí com ele 

- Eu te amo cara, muito - Sorri ainda abraçada com ele 

Me levantei e me afastei pra tentar segurar algumas lágrimas que ainda rolavam, porra Thalia, se acalma

- Antes de você ir, eu posso fazer uma coisa? 

- Emerson, eu só vou amanhã, não adie a nossa despedida por favor 

- Tudo bem - Ele murmurou - Então, eu passo aqui amanhã antes de você ir 

- Trás o Michel e o Lucas, eu quero me despedir deles 

- Como quiser 

Ele me deu um beijo molhado na bochecha e saiu, me sentei no sofá sorrindo de mais uma besteira que eu tinha feito, era demais pra mim, não foi bem uma besteira, mas Luan não podia nem sonhar com isso, ele já não se dava muito bem com Emerson então não era eu que ia contar isso pra ele. 

Fiquei pensando no que Emerson queria comigo, deveria ser algo importante, mas nada que ele não vá me contar amanhã, com mais calma, talvez depois desse beijo ele se arrependa e nem venha mais aqui, do jeito que ele é, tudo é possível.