História Quero que você saiba - Vai mesmo me ajudar?

Stan chegou em casa e a primeira coisa que viu foi a bota de Kyle e sua jaqueta pendurada ao lado da porta, havia um silêncio encantador, tudo o que o moreno não queria agora era encontrar Kyle, não ainda...

Ele enviara uma mensagem para seu amigo, dizendo que Kyle não o esperasse na saída, ele teria treino de futebol por duas horas naquela tarde, e ele rezou que Kyle estivesse muito cansado e fosse para sua própria casa.

O moreno tirou suas botas e jogou sua própria jaqueta por cima da de Kyle, ele subiu as escadas e quando chegou ao quarto abriu a porta devagar, um casaco de lã verde estava jogado no chão, e em sua cama ele viu Kyle dormindo um sono solto, a ushanka verde perdida ao lado da cama e o ruivo enrolado no edredom de Stan.

O moreno se aproximou para ver bem de perto, o ruivo estava agarrado no travesseiro, seu peito subia e descia e ele não parecia pronto para voltar do país dos sonhos, ou onde quer que ele estivesse.

O moreno sentou na beira da cama, tirando sua touca e jogando-a numa cadeira ali ao lado.

— Kyle! — Stan chamou, mas o ruivo nem se moveu. — Vamos lá, cara... o que você precisava tanto que não poderia dormir na sua própria cama!

O ruivo continuou dormindo placidamente, Stan tocou um cacho com cuidado, ele chegou bem perto do rosto do amigo.

— Ky... KYLE!!

O ruivo sentou de imediato com o grito.

— Droga, Stan, não faça isso! Você poderia ter me matado, sabia?!

Olhar para Kyle sabendo que o ruivo estava prestes a se declarar para alguém agora, doía um pouco em Stan, o amigo provavelmente não passaria mais tanto tempo com ele como estavam acostumados.

— Não tá tarde? O que você precisava tanto que não podia esperar na sua casa e mandar uma mensagem?

Stan se afastou dando as costas para Kyle, não queria vê-lo esfregando os olhos sonolentos, não queria ver as bochechas coradas do calor da cama de Stan.

— Você disse que ia me ajudar, lembra?

De repente Stan sentiu um frio na barriga, ele tinha mesmo prometido que ajudaria, mas o que ele poderia fazer, depois que Kyle o beijou daquele jeito...

— Ficaria mais fácil se eu soubesse quem é o seu alvo, Kyle.

— Já disse: Por enquanto não posso contar! — Kyle rodopiou os olhos.

— É uma menina ou um cara? — Ele perguntou tentando parecer indiferente.

Até hoje ele não tinha certeza da orientação sexual de Kyle, o ruivo tinha saído com algumas meninas e sempre foi popular com os caras também, especialmente os latinos, Stan pensou amargamente.

— Faz diferença? — Kyle perguntou jogando o edredom para o lado e sentando na cama, com os pés no chão.

— Claro que faz, cara! Uma menina teria um tipo de abordagem mais suave, acho que dependendo do cara você teria de ser mais agressivo. — Stan bufou. Kyle era tão disperso.

— Pois eu discordo! — Kyle objetou em seu tom de Presidente do Clube de Debates. — Tudo depende da personalidade da pessoa, e não do seu gênero, tratar de forma diferente seria sexismo.

Stan jogou os braços para cima.

— Puta merda, que seja então! Vamos fazer isso logo! — Ele disse tirando as luvas e o casaco, Kyle sorriu satisfeito.

— Certo!

O ruivo ficou de pé, ele era praticamente da mesma altura de Stan e parou na frente do amigo, havia uma distância de pouco mais de um braço entre eles. Kyle olhou para a janela, lá fora já estava escuro e nevava, era outubro e a neve estava ficando cada vez mais densa e frequente.

— Eu estou apaixonado por você! — Ele falou de supetão, as bochechas dele coraram e Stan se chutou mentalmente por permitir que seu próprio coração acelerasse. — Penso em você todos os dias!

Stan virou o rosto chateado, longos segundos se passaram.

— Desculpa cara, isso tá uma merda.

— Porra, Stan! O que tá errado?

— Por que esse papo de “Penso em você todos os dias”? Não acha muito meloso? Meio paga-pau?

Kyle pareceu pensar a respeito.

— Um pouco, sim, é... mas é verdade. Acha que não devo dizer a verdade?

Stan estava ocupado demais se perguntando desde quando Kyle era um cara que passava o dia pensando em alguma paixonite, e nem viu o ruivo se aproximar.

— De repente eu só beijo e fica tudo bem, o que acha?

Antes que Stan respondesse, Kyle puxou seu rosto segurando ambos os lados, e desceu os lábios apertando-os contra os do moreno.

Agora Stan não sabia o que estava acontecendo, sua cabeça girou e ele não sentiu seus pés enquanto Kyle o abraçou pela cintura o apertando-o contra si, a língua macia escorregando lentamente para dentro da boca de Stan, o gosto de Kyle era uma novidade surpreendente e Stan se entregava ao beijo sem notar.

Porém, quando Kyle abriu a boca pronto para aprofundar o beijo, o ruivo deixou escapar um gemido grave, foi apenas um som baixo, murmurante, e uma onda de emoção correu do pescoço até a virilha de Stan, ele sentiu seu pau endurecer entre as pernas.

O moreno empurrou Kyle, o ruivo caiu sentado na cama.

— Mas que porra, cara! Pega leve!

Stan não queria mas soou irritado, ele deu as costas para Kyle e sentou na cadeira em frente à escrivaninha, tentou a todo custo esconder a ereção que, graças a Deus, não fora despertada por inteiro.

— Desculpa, acho que to meio destreinado! — Kyle falou sorrindo e brincando com um cacho de cabelo que caía em seu rosto.

Ele não queria demonstrar para o moreno o quanto estava nervoso.

— Não é isso, cara, você só... tá... sei lá, tá indo muito rápido! Parece desesperado, porra!

— Ah... — Kyle começou a afofar o travesseiro de Stan, queria que sua própria ereção não tivesse aparecido ainda, mas ele tinha certeza que Stan não percebera isso. — Por isso pedi ajuda, cara! Por Abraão, estou muito fudido!

— Vamos devagar, okay? Eu vou te ajudar, Ky... Você vai conquistar essa pessoa...  — Stan falou respirando fundo, “seja lá quem for, não é você, Stanley, se acalme, seu amigo conta com você” ele pensou.

O quarto ficou em silêncio, cada um perdido em seus pensamentos, Kyle suspirou jogando-se de costas na cama do amigo. Ele aos poucos se acalmou, sentia-se tão bem, envolvido pelo cheiro do moreno.

Aquele cheiro era a coisa mais calmante para Kyle, mas de uns tempos pra cá só causava agitação e necessidade.

— Stan. — Kyle chamou interrompendo o fluxo de pensamentos que se desenvolviam dentro da sua cabeça. — O que você vai fazer quando eu começar a namorar?

Kyle percebeu que o moreno perdeu a fala, ele desviou os olhos e brincou com um lápis perdido em cima da escrivaninha encarando o objeto como se a resposta estivesse bem ali.

— Eu... vou torcer por você, Kyle. Você sempre torceu por mim e a Wendy, não é? — Stan respondeu suavemente. — Mesmo que não tenha dado certo, eu sei que você torceu.

— Sim... é sim. — Kyle levantou da cama apanhando a ushanka e colocando-a na cabeça, ele juntou o casaco verde e vestiu-o também. — Obrigado, Stan, te vejo na escola amanhã. Você é meu Super Melhor Amigo.

E assim ruivo saiu pela porta, fechando-a calmamente, o moreno ficou parado, grudado a cadeira, quando ouviu o som da porta batendo no andar de baixo ele se ergueu e caminhou até a cama, alisou o lugar onde Kyle estivera deitado antes, o calor do corpo do seu amigo ainda prevalecia, não só na superfície do lençol, mas também no coração de Stan.

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A tela da televisão ficou totalmente escura novamente, uma nova vitória do player 2 dançou na tela, a segunda em menos de 5 minutos, um par de olhos castanhos piscaram frustrados por isso, e um bufo entediado foi ouvido no lugar de uma comemoração.

— O que você tem afinal? Que bosta!

A voz de Clyde chamou a atenção de Craig, o moreno do chullo azul com bola amarela voltou seus olhos azuis frios para o amigo.

— De onde você tirou que eu tenho algo?

Clyde não se deixava enganar, Craig estava estranho fazia alguns dias, talvez semanas.

— Vamos lá, parceiro, você pode conversar com o Clyde aqui! — Clyde declarou jogando o controle de videogame para o lado. — Eu perguntaria se é alguma gatinha que tá miando na sua cabeça, mas sei que tá mais pra algum porquinho da índia, ou... — Clyde balançou as sobrancelhas e Craig mostrou-lhe o dedo do meio.

O silêncio seguiu, Clyde resolveu mudar a estratégia, há dias tentava descobrir o que estava acontecendo com seu amigo, que estava extremamente mais distraído que nunca.

— Tem algum trabalho de Literatura pra entregar? — Clyde falou indo até a televisão e desligando-a.

— Não. — Craig falou pensativo. — Não, que eu saiba, não.

Clyde pegou sua mochila e atirou por cima do ombro, ele ainda queria jogar, sua adrenalina estava a toda por causa do treino de mais cedo, mas estava começando a escurecer e Craig não estava nenhum pouco nesta frequência.

 — Estranho isso, porque vi o Tweek e o Kenny na biblioteca juntos mais cedo. — Clyde falou olhando suas unhas. — Fui lá pegar a Bebe antes de vir pra cá e vi os dois com as cabeças unidas, focados nos livros. Bebe me falou que eles estavam terminando um trabalho de Literatura sobre a Odisseia.

Craig aprofundou as sobrancelhas, ele sentiu algo frio deslizando dentro dele, “por que diabos Kenny McCormick estaria com Tweek?” o moreno se perguntou.

— Quando saí ficaram só os dois lá, e como o Kenny tinha a chave da Biblioteca, por algum motivo acredito que ainda estão no mesmo lugar.

— Impossível! A escola deve fechar em meia hora! — Craig falou pela primeira vez mudando seu tom de voz, Clyde sorriu.

— Para uma questão de esclarecimento, hoje é dia do primeiro encontro do Clube de Artes, e não sei se você já percebeu, mas o Tweek está neste grupo, a Bebe comentou que ele foi convidado pessoalmente pelo professor responsável, para ser o Presidente do Clube, isso fez uma horda de meninas e alguns caras se inscreverem pro Clube também.

Craig agora parecia realmente chocado, seus olhos estavam enormes, ele deu um passo para trás como se uma lufada de vento o atingisse.

— Que porra que você tá falando, Clyde? Acho que as pancadas nos jogos de futebol atrofiaram seus neurônios, seu cuzão.

Clyde não aguentou e riu sonoramente.

— Onde caralhos VOCÊ estava, Craig Fucker, que perdeu o quanto seu ex-falso-namorado se tornou tão popular e interessante?

Clyde jogou um olhar sapiente para Craig e saiu, deixando para trás alguém totalmente incapaz de raciocinar devido a surpresa da revelação.

Craig jogou-se na cama, ele apanhou o celular e rapidamente correu seus contatos, procurou pelo nome de Tweek, abriu uma mensagem e escreveu:

Comprei um jogo novo, quer vir testar?

Ele enviou e ficou aguardando, eram 18:30, ele esperou por 20 minutos olhando pacientemente para a tela do celular, mas nada aconteceu.

O moreno jogou o celular para o lado, evitando assim de se arrepender por ter enviado a mensagem em primeiro lugar, ele se ergueu da cama e remexeu em sua mochila apanhando alguns exercícios de Matemática que deveriam ser feitos com Clyde, Craig concluiu a tarefa bastante rápido e lançou mão de roupas e tolha para tomar um banho.

Debaixo do chuveiro ele tentou se convencer de que estava apenas levemente contrariado por Tweek não ter dito a ele que precisava fazer o trabalho, o ano letivo recém começara e já tinham uma série de trabalhos e tarefas para entregar, os dois fizeram juntos trabalhos de Física e Biologia recentemente, claro, eram as áreas que Craig tinha mais facilidade, eles ainda faziam juntos, ou com os outros da Gang, trabalhos e lições de Matemática, História, Geografia e Inglês, geralmente na casa do Tolkien quando todos se uniam inclusive para ajudar Clyde, porém nunca iam até a Biblioteca da escola... Literatura era um caso à parte, a disciplina por si só era tediosa para o moreno e o trabalho dele não estava nem perto de ser começado, na verdade Craig nem lembrava que havia um.

Ele enxaguou o cabelo observando a água indo ralo adentro, tentando se lembrar quando ele se importou tanto sobre com quem Tweek fazia seus trabalhos.

Ele voltou ao quarto vestido para dormir, mesmo que fosse ainda 19:45, Craig continuou secando os cabelos escuros com a toalha que trazia jogada nos ombros, ele se aproximou da cama e observou o celular, ele hesitou um momento, mas acabou cedendo e apanhou.

Na tela do aparelho estava a notificação:

“Por acaso é The Last Maharaja?”

A mensagem fora enviada há 7 minutos, Craig terminou de secar o cabelo, vestiu uma blusa de manga comprida e deitou na cama, tentando manter sua compostura, ele digitou:

Sim, 10 missões inéditas, você vem?

Ele enviou e atirou o celular para o lado, no entanto uma notificação dizia que a resposta de Tweek foi instantânea.

“Hoje não. Preciso chegar em casa, vejo você amanhã?”

Craig torceu o nariz, algo viscoso contorceu-se dentro dele pensando que Tweek estava na rua, provavelmente com outra pessoa e acabara de declinar um convite dele. O moreno decidiu finalizar a conversa.

Ok

Outra resposta surgiu quase imediatamente.

“Boa Noite, Craig!”

O moreno jogou o celular na mesinha ao lado da cama e resolveu dormir bem mais cedo hoje.

Em frente ao Parque sob a luz de um poste, Tweek encarou a tela do celular até que ela se apagasse, ele suspirou, enfiou o aparelho no bolso do casaco e ergueu o rosto observando as estrelas do céu de South Park, era tão simples quando eles eram apenas crianças e bastava Craig erguer a mão e ele pegaria.

O problema é que Craig não parecia nada interessado em erguer a mão uma outra vez, seria Tweek quem teria que fazer o movimento.

— Mrmph mmrph mpr, mrmph? — Uma voz abafada surgiu de trás de Tweek, o loiro deu um pequeno pulo assustado.

— ARGH! PORRA, KENNY!! — Ele gritou sem poder se conter, algumas aves noturnas bateram asas na copa de uma árvore próxima. — Não me assuste assim, caralho!

Uma cabeleira loira mais escura surgiu quando Kenny tirou o capuz expondo o rosto sardento, ele gargalhou, em seguida tentou se conter respirando, adorava assustar Tweek.

— Desculpe, mas você estava aí todo compenetrado conversando com o céu... pensei que ia ser abduzido, levado por gnomos ou algo assim... — Kenny esclareceu divertido.

— Não brinca com esse negócio, cara! — Tweek latiu irritado, ele se virou e continuou caminhando.

Kenny o seguiu, ele soprou as mãos tentando aquecê-las pois estava sem luvas, em seguida sua feição mudou.

— Está tudo bem, cara?

Tweek pensou um segundo.

— Acho que tomei uma decisão errada em algum momento, agora tenho que tentar reverter a situação. — Tweek respondeu olhando para todos os lados e respirando fundo o frio ar da noite, ele precisava urgente de uma xícara de café quente.

Kenny suspirou andando ao lado dele.

— Ainda bem que você tem uma situação pra reverter, cara. Eu aqui tenho que trabalhar a coisa do zero. — Kenny respondeu chateado, mas sorriu novamente passando o braço nos ombros de Tweek. — Mas com a minha ajuda você vai conseguir o que quer, garanto.

Tweek parou e encarou Kenny por alguns instantes, seus olhos verdes aveludados tentando encontrar alguma zombaria nos olhos azuis de Kenny.

— Você tá falando sério? — Tweek questionou urgentemente, a voz dele era pouco mais que um sussurro. — Vai mesmo me ajudar?

— É claro que eu vou, cara! Isso que você precisa, só eu posso ajudar! — Kenny declarou balançando as sobrancelhas um pouco arrogante.

Tweek revirou os olhos.

— Sério. Eu poderia ter pedido ao Tolkien ou o Stan, ambos são ótimos nisso também. — Tweek respondeu sem muita certeza, Kenny riu.

— Não. Eles não são, não! — Kenny largou o ombro de Tweek e parou no meio da calçada. — Você quer começar quando?

Tweek franziu as sobrancelhas.

— Não sei... preciso... preciso comprar algumas coisas... sabe...

— Eu tenho algo em casa, podemos usar... eu posso trazer. — Kenny ofereceu.

— NÃO! — Tweek gritou pela segunda vez, ele então encarou os sapatos e apertou a alça da mochila, corando. — Eu quero... que seja... com as coisas que eu escolher.

— Tudo bem, você que manda, Tigrão! — Kenny sorriu, lambendo os lábios. — Eu vou pra lá, quando estiver com as suas coisas compradas, me avise. Só compre com sobra, talvez precisemos de muitas reposições, entende?

Kenny piscou mordendo o lábio inferior, e Tweek girou os olhos.

— Lá se vai minha mesada e as gorjetas!

Kenny acenou dando as costas para Tweek, ele consultou seu relógio e começou a correr na neve fofa da calçada, Tweek ficou para trás perdido em seus planejamentos, que tempo teria para fazer algo com Kenny agora que tinha, além da escola, o Boxe, a Cafeteria e o Clube de Artes?

“Ah... Muita pressão!!!”

Ele pensou voltando seu olhar para as estrelas mais uma vez naquela noite, esperava conseguir, afinal Craig valeria a pena tanta pressão e esforço...

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Butters empurrou o último carrinho com bolas de vôlei, colocando-o no fundo da quadra, em seguida ele alcançou a própria sacola esportiva e apanhou uma toalha seca, passou ela no rosto limpando o suor que já começava, o loiro observou a quadra dividida em duas, onde de um lado as meninas jogavam vôlei, e do outro, alguns caras treinavam acertos na cesta de basquete, era lá que ele deveria estar, mas no final acabou atendendo a um pedido de ajuda.

— Hey, Gatinho! — Lexus correu se jogando nos braços do loiro. — Muito obrigada, Amorzinho! Sem você, eu teria quebrado minhas unhas que fiz ainda ontem, olha!

Butters sorriu para ela, feliz que pôde ajudar, ele retribuiu o abraço, apertando o corpo esbelto da ruiva contra seu peito.

— Lexus, Querida, como eu iria negar um pedido seu! — Ele falou e ela se afastou — A propósito, suas unhas estão divinas!

— Não é? Esta cor nova de esmalte ficou incrível! Obrigada por ter comprado para mim, você é mesmo um amorzinho!

Ela sorriu radiante e saiu para se juntar às amigas que faziam exercícios de aquecimento na lateral da quadra, Butters deveria mesmo se juntar aos garotos que faziam cestas de três pontos, afinal ele era do time de Basquete, mas estava exausto, ele na verdade nunca quis se juntar ao time, foi uma exigência de seu pai, que intimou Butters a fazer algo mais “másculo”, em troca de poder manter as aulas de dança e o Clube de Artes.

Ele sentou no degrau mais baixo da arquibancada e observou Tolkien e Kyle comemorando uma cesta, aparentemente eles dois estavam vencendo contra a outra dupla composta por Kevin e Bradley Biggles, Butters colocou a toalha na sua sacola esportiva e jogou um olhar para o lado oposto de onde estava, próximo à entrada dos vestiários, onde Kenny conversava de perto com Tweek, ambos vestiam o uniforme de Educação Física, mas estavam parados e conversando, Tweek sentado na arquibancada e Kenny no chão.

Butters franziu as sobrancelhas, por algum motivo aqueles dois estavam mais próximos nas últimas semanas, Butters quase não via Kenny com seus outros amigos.

— Hey, Butters! O que está fazendo aí parado? — Uma voz simpática soou e Butters sorriu ao ver Stan sentando ao lado dele.

O moreno tinha o uniforme de Educação Física totalmente suado.

— E aí, Stan! Estava fazendo cestas com os caras? — Butters perguntou sorrindo.

— Sim! Mas não é a minha coisa, certo? Prefiro algo com mais impacto, sempre! Fiz dupla com o Kyle e batemos o David e o Kenny de lavada! — Stan contou animado.

— Mas o Kenny não é bom nisso! Ele é do time de Futebol Americano como você! — Butters apontou.

— Bem, é verdade, embora o Kenny só esteja lá porque era obrigatório estar em pelo menos um clube para manter a ajuda de custo para estudos que a família dele recebe. — Stan revelou com a voz contida para ninguém mais ouvir.

Butters parecia surpreso, ele voltou a olhar para Kenny que agora ria jogando um braço sobre Tweek.

— Caramba, eu não sabia! Pensei que ele fazia isso para se manter popular! — O loiro falou impressionado. — Ser um jogador de Futebol sempre faz o cara mais desejável.

— Você não está tão errado, mas algo me diz que o Kenny tem um alvo, ele não está nenhum pouco empenhado em ser popular, Butters!

Do outro lado da quadra, Craig e Clyde se juntaram a Kenny e Tweek, Craig não estava vestindo o uniforme completo de Educação Física, apenas a camiseta, Kenny e Clyde bateram as mãos em um cumprimento, mas quando Kenny se dirigiu a Craig o moreno se resumiu a mostrar-lhe o dedo do meio. Tolkien e Kevin chegaram em seguida e se reuniram com os outros, Kenny olhou para a direção de Butters e Stan, o loiro acenou para eles, se despediu dos outros e começou a dar a volta na quadra, provavelmente indo ao encontro deles.

Butters se condenou por sentir o coração bater acelerado quando Kenny se jogou no chão, sentando praticamente aos pés de Butters, Kenny sorriu para Butters com olhos fechados e a sensação de calor se intensificou no pescoço do pequeno Stotch.

— Ficou com medo de ter a bunda chutada pelo David, lá, Stan?! — Kenny perguntou rindo.

Stan deu de ombros.

— Impossível perder quando estou com o Kyle! Ele é o melhor do time! Sem ofensas, Butters. — O moreno acrescentou urgente.

— Kyle é bom de pontaria, ele dificilmente erra as cestas, sim, mas o Leo é o melhor armador! — Kenny declarou.

Butters sentiu o calor subir de seu pescoço para suas bochechas.

— Obrigado, Ken, mas na verdade os melhores do nosso time são o Kyle, o David e o Tolkien. Eu sou apenas esforçado.

Kenny se limitou a sorrir, e Butters não o encarou, Stan observava atento Kyle vindo em direção a eles, David correu até o ruivo pulando nas costas dele e ambos riram quando Kyle foi surpreendido, próximo dali Rebecca encarava a cena com olhar invejoso.

— O que os bichinhas estão fazendo hoje? — Uma voz implicante surgiu, quando os quatro garotos voltaram o rosto, apenas Butters sorria verdadeiramente.

— Oi, Eric! — Ele acenou.

— E aí, Butters, ainda chafurdando no fora da sua ex canadense, ou resolveu dar uns pegas na piranhinha do Raisins?

Butters suspirou.

— Ela nem trabalha no Raisins mais, Eric. E não, Lexus é só minha amiga.

— Ela deve estar trabalhando em algum clube de strip tease! Do jeito que você anda popular no time de Basquete, logo logo vai estar pegando qualquer uma.

— As pessoas não entram em clubes pra caçar romances, Cartman. — Stan falou de repente. — É a segunda vez que ouço isso hoje.

— Você não, né, Stan, mas deveria. Até porque a única pessoa que você quer pegar, já tem um harém, olha. — Eric Cartman apontou para Kyle conversando com Rebecca e David.

A garota estava firmemente agarrada ao braço de Kyle, e ele ria com a cabeça para trás mostrando o pomo de Adão.

— Não dá pra negar que ser de um clube dá uma ajuda pra popularidade, Stan. — Kenny falou, Butters encarou Stan com as sobrancelhas levantadas.

Stan parecia inflar como um balão, Eric sorria satisfeito, então Butters encarou Kenny que agora tinha a atenção totalmente voltada para Tweek e a Gang de Craig do outro lado da quadra, Tweek se afastou do grupinho acenando discretamente para Kenny, Craig estava distraído falando com Clyde e não percebeu quando Kenny se levantou e seguiu Tweek.

Butters observou com o coração apertado quando Kenny colocou o braço por cima do ombro de Tweek e puxou o loiro para fora do ginásio.