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História Quod Auten Chorus Flores (A Dança das Flores) - Ataque


Escrita por: Debra25Vicyuu

Notas do Autor


Enfim... Finalmente, um novo capítulo!
Espero que gostem!

ATUALIZAÇÃO: Pois então, minha gente!!! Eu estou tentando desde O DIA 31 vir aqui publicar, mas sempre que colocava TUDO aqui e apertava no botão "Enviar Capítulo", o site simplesmente trava. O botão fica paralisado, imóvel, como se não estivesse ali. Pois então, cá estou eu, vindo colocar e publicar, novamente. Formatar é difícil, minha gente. Não é simples não. Me deu quase um desanimo aqui, kkkkkkk ("A vontade de rir é grande, mas a de chorar é maior.") Pelo ou menos, estou rindo e de boas.

Capítulo 22 - Ataque


Fanfic / Fanfiction Quod Auten Chorus Flores (A Dança das Flores) - Ataque

Dia 18 de dezembro de 2021, à noite:

- Estamos prontos? – questionou Draco, colocando-se à frente de toda a Guarda da Luz.

Todos se dirigiam à entrada cerrada da sala de treino, localizada no terceiro andar da mansão. À pergunta do alquimista, os presentes assentiram com a cabeça. Yuuri e Viktor caminhavam ao lado dele.

- Ótimo. Ao trabalho, então. – Draco comandou novamente.

Três dias haviam se passado depois da reunião e, com eles, os preparativos para o ritual. Todos estavam ansiosos e apreensivos, ainda que um e outro não demonstrassem, mas era possível ver em seus rostos o esforço para controlar o desassossego.

Yuuri era um dos que mais se encontrava perturbado, pelo simples pensamento do que teria que fazer, mas, com a decisão cravada em seu coração, e com a companhia dos seus amigos e do Viktor, conseguir manter parte da calma e se focar em sua missão. Até Nikiforov parecia mais nervoso que ele. Ainda que o namorado não houvesse posto em palavras, sabia que seus pensamentos o levavam a expectativa de, finalmente, não estar mais sujeito aos pensamentos e tentações do Voldemort. Tal constatação o motivava ainda mais a querer acabar logo com tudo aquilo, para tirar Viktor e todos os outros daquela situação de medo e desesperança.

Draco, austero, virou-se de costas para os membros e pegou a varinha em um bolso escondido no blazer, fazendo uma conjuração de ventania. Escancarou as portas sem esforço nenhum, revelando, dentro do ambiente, a ampla sala de treino tomada por completa escuridão e, no meio dela, uma estrela de nove pontas – formada por três triângulos – a demarcar em fundições o chão de cimento, com um círculo ao redor da forma e, ainda, com nove pequenas esferas para fora da estrela, em cada uma das pontas. Junto a tudo isso, dezoito velas acesas tremulavam ao redor do modelo, e cortinas grosas tampavam as três janelas circulares no centro do teto arredondado, aumentando a sensação mágica do ambiente. 

- Guardiões, podem se aproximar. – instruiu Draco, ocasionando uma andança ritmada dos nove bruxos dos patronos para dentro da sala – Rose, Longbottom. – impediu o caminhar deles, fazendo ambos o encararem - Fizeram o que eu solicitei? – indagou, a austeridade em seu tom e semblante alvo e fino.

Ambos anuíram.

- Okukawa realizará a tarefa, como indicado. – Rose indicou às costas dela.

Diante do nome pronunciado, Yuuri viu os três bruxos olharem por sobre o ombro para Minako, que, séria, ergueu ambas as mãos, mostrando um pequeno frasco de vidro transparente que segurava protetoramente entre os dedos. Era um líquido amarelo-escuro, e Yuuri o reconheceu como a *poção do Sono Profundo. Nos dias anteriores, todos haviam concordado que seria necessário, para a ocasião, darem a poção ao Viktor, para ele não ser perturbado durante o ritual e dormir profundamente, permitindo ao Yuuri ter completa concentração na realização da magia, sem distrações.

- Ótimo. – deixando Ellen Rose, Neville e Minako acompanharem os guardiões para dentro da sala, Malfoy concordou, inexpressivo, volvendo os olhos para o lado esquerdo – Nikiforov, pode acompanhar a Okukawa.

Viktor concordou, silencioso. Lançou um olhar cheio de significado ao namorado, e os olhos de ambos se encontraram, em conexão sentimental.

- “Eu confio em você” – mudo, gesticulou com os lábios, sorrindo gentilmente, antes de girar no eixo e caminhar em direção à tia do Katsuki.

O jovem observou o namorado se afastar, com um aperto no peito.

- Sullivan, Potter. – chamou Malfoy.

Os dois bruxos, com mais outros dois aurores atrás, aproximaram-se.

- Quero que vocês dois, juntamente aos aurores, fiquem aqui fora da sala, caso aconteça algo. – semicerrou os olhos – Nada e nem ninguém pode entrar aqui dentro, exceto pelo meu sinal ou algo completamente urgente, compreendido? – fixou a atenção no Potter, austero.

Yuuri compreendeu que era um claro sinal de alerta ao bruxo grifinório para ele se controlar e não interferir no processo, mesmo tendo sua esposa fazendo parte dele.

- Sim. – concordou Harry, ríspido.

- Sim, senhor. – disse a auror Têmis.

- Katsuki. – suspirou, antes de olhar para o jovem lufano ao seu lado – Pode entrar no centro.

Enquanto Potter e Têmis saíam da sala, Yuuri caminhou apressado para o meio, ficando ao lado do namorado. Viktor estava com uma camisa escura, de mangas longas, e jeans negros, sentando bem ao centro da estrela, e tomando a poção amarelada que Minako lhe entregou, com uma careta caricaturizando seu rosto alvo por conta do sabor amargo do líquido.

- Estamos prontos? – Malfoy, por sobre o ombro, lançou um olhar interrogativo à Okukawa.

- Sim. – ela concordou, recebendo o frasco vazio do Nikiforov, e se erguendo – Estamos prontos.

Viktor virou o rosto por sobre o ombro para o avô em pé às suas costas e ambos trocaram um silencioso olhar de cumplicidade.

Okukawa rumou para a saída da sala, em direção à porta, e Yuuri se agachou ao lado do companheiro, no exato momento em que o outro inclinou o tronco para trás e se deitou ao chão.

- Está tudo bem? – indagou baixo, em tom doce, fazendo um carinho gentil em seus cabelos platinados.

Viktor sorriu fraco, as pupilas começando a piscar mais devagar, por conta da poção que já estava fazendo efeito.

- Bem melhor agora. – disse, apreciando o carinho – Você é um ser iluminado...

Yuuri não pode conter um riso, envergonhado pela frase.

- Você ainda tem de me levar para patinar numa pista de gelo trouxa... – soou mais lento, arrastado, e riu curto, tonto - Você prometeu, lembra-se?...

- Aos não mencionados – a voz do Malfoy enunciou -, fiquem à espera do nosso sinal e não se distraiam. Sem ladainhas perto da porta. Precisamos de completo silêncio. – reiterou a ordem pela segunda vez naquele dia – Começaremos agora!

A porta, fechando-se, soou pelo cômodo, mergulhando-os em uma escuridão parcial que era quebrada somente pelas luzes das chamas amareladas das velas. Um sorriso amoroso marcou os olhos e lábios do lufano, vendo as ondas bruxuleantes das velas dançarem pelo rosto e pelo corpo do Nikiforov.

- Claro que eu me lembro. – disse, sem se importar com a possível atenção que estavam recebendo.

- Eu também me lembro do dia em que você disse que eu era uma pessoa boa... – riu de forma suspirada e engraçada, a satisfação em seu sorriso fraquejado, e piscou os cílios mais demoradamente, as cerúleas íris embaçando-se mais ainda – ...e também que me amava...

Sentindo um calor bom dentro do peito, Yuuri levou a palma livre à uma das mãos do Nikiforov, amolecidas sobre o torso, mas que ainda retribuíram, de forma fraca, ao toque de seus dedos.

- É verdade. – concordou – Vamos, pode dormir agora...

- Yuuri... – chamou sussurrado, já quase sendo levado pelos efeitos do sono – Vai dar tudo certo...

Uma expressão de compaixão e afeto intermináveis tomaram conta do peito e da alma do jovem, que, com as linhas faciais ocasionando um juntar de sobrancelhas, sorriu de forma terna, lábios juntos. De certa forma, aquelas palavras apertaram seu peito de uma forma inexplicavelmente ruim e incômoda. Por quê?, questionou-se.

- Eu sei... – proferiu, baixo, mas o suficiente para que um relance de sorriso realçasse os lábios finos e fáceis do Nikiforov, no instante em que suas pálpebras se fecharem por completo, e um ressonar profundo tornar sua respiração serena.

Aproximou o rosto e, retirando uma mecha de cabelo, depositou um beijo suave na testa dele, antes de se afastar com um suspiro fundo e erguer a vista para o lado, justamente para o Nikolai, que os fitava emudecido. Apesar de seus olhos quase não estarem visíveis, por conta da escuridão, Yuuri pode ver a confiança que eles lhe depositavam.

Assentindo a cabeça, como em uma forma de mostrar sua percepção ao anfitrião, o jovem voltou a atenção para trás, para o Malfoy, que o esperava com a expressão iluminada de maneira bruxuleante pelas velas.

- Estou pronto. – proferiu o jovem.

- Muito bem. – anuiu, inexpressivo – Em seus lugares.

Yuuri aquiesceu, erguendo-se e se firmando em sua posição, enquanto Malfoy direcionava cada um a seus lugares destinados, conforme lhe instruía o pergaminho que trazia às mãos: Valentino sentou-se à uma esfera, logo diante do Katsuki, de pernas cruzadas, com uma expressão franzida de incômodo no rosto, ao olhar para baixo, o que chamou a atenção do alquimista.

- Valentino, está tudo bem?

Um sorriso confortante, mas com uma linha forçada, apareceu no semblante dele, juntando as sobrancelhas.

- Eu só acho que estou com uma sensação estranha... – respondeu, em um murmúrio, antes de suspirar.

- Precisa de um chá, Simon? – Luna, logo sentada ao lado dele, perguntou, atenta à conversa – Se quiser, podemos...

- Não, não. Não é nada demais, eu acho. – tentou descontrair, balançando uma mão ao ar, como se não fosse nada – Não acho que seja necessário.

O jovem, na mesma hora, estranhou a troca das palavras “sinto” para “acho”, mas não comentou nada.

Após todos se posicionarem, sentados, de pernas cruzadas dentro das nove esferas, e varinhas em mãos, Malfoy entrou para o centro da estrela, de frente ao Katsuki, com o corpo inconsciente de Viktor entre os dois. E, enfiando uma mão dentro do blazer verde, retirou, por entre os dedos pálidos, um pedaço embrulhado de tecido.

- Guardiões, não fraquejem nas suas tarefas. Foquem em seus pensamentos felizes e fortaleçam a horlux. – proferiu, claro e neutro – Não se esqueçam disso.

O silêncio foi quem respondeu, anunciando a compreensão de todos. Assim, Malfoy voltou os olhos cinzentos para o jovem, tendo o rosto tomado pelo breu da sala.

- Lembre-se do treinamento, Katsuki. – disse, sério, o bruxo – Capture o ponto de ligação da alma do Nikiforov com a do Voldemort, desfaça-a e, só depois, transporte a alma dele para a horcrux, e a do Nikiforov de volta para ele.

- Certo.

- Não importa se demorar, o importante é executar da maneira perfeita. – reiterou, semicerrando os olhos - Senão, desandaremos na nossa missão.

Yuuri engoliu em seco, mas logo apertou firme as mãos.

- Sim, senhor.

- Você guiará o ritual. – aclarou ele, reconfirmando coisas que já haviam conversado naquela manhã – Não posso ficar dentro da estrela, então, depois que sair dela, não poderei entrar. Mas eu ficarei por perto, caso, em alguma urgência, precise interferir. – parou por um momento, como se hesitasse por uns instantes, antes de finalizar: - Estamos contando com você.

O anuir do lufano foi o suficiente para fazer Malfoy abrir o embrulho e o depositar ao chão, ao lado do sonserino adormecido, revelando o broche em seu interior. Ergueu-se, afastando-se a passos mansos, e saiu da estrela.

Malfoy se curvou para um contorno específico da estrela, entre Neville e Ellen Rose, puxou a varinha e colocou sua ponta dentro da fundição. Yuuri pode ver que ervas e outros orgânicos secos preenchiam os traços marcados do círculo que cercava o desenho do astro ao chão.

- Guardiões, posicionem as varinhas! – proferiu Draco, claro.

Os nove bruxos estenderam as varinhas e, cada um, colocou o bico da madeira na específica ponta da estrela que entrava em sua esfera, emudecido.

Com um suspiro fundo, Malfoy murmurou:

- Aqua luminus*.

Fina água encantada, tomada de brilhosa cor celestial, começou a escorrer da varinha do bruxo e misturar-se com as ervas jazidas ao caminho e às varinhas dos guardiões, dando uma claridade de azul ao ambiente, como se estivessem no fundo do mar. E, de pouco em pouco, atravessando as linhas fundidas ao chão, tomando todo o círculo traçado, as esferas pequenas e as pontas da estrela, a água iluminada preencheu toda a forma demarcada.

Satisfeito, Draco finalizou a conjuração e se ergueu, olhando para o jovem ao soar:

- Comece quando estiver pronto.

Yuuri apertou os lábios, sentindo a ansiedade querer tomá-lo. Contudo, buscando o controle emocional, puxou profundamente o ar, estufando o peito, ao tempo em que baixou os olhos para o Nikiforov, jazido deitado perto de seus pés, dormindo em um sono tão profundo, pela poção, que quase lhe dava um aspecto de não estar vivo.

Eu prometo que vou te salvar, Viktor, jurou a si mesmo, com afeto. Eu prometo.

Confiante, ergueu a cabeça para frente e, lentamente, cerrou as pálpebras, posicionando as palmas abertas para cima, de frente à barriga, mantendo o tronco ereto.

- Pronto. – sussurrou, baixinho.

Em instantes, ouviu proferirem:

- Expecto Patronum!

Apesar de estar com as pálpebras cerradas, Yuuri pôde ver um intenso brilho prateado possuir toda a água da estrela e das esferas, criando ondas de calor quente da magia para dentro do jovem e potencializando o poder dos patronos em harmonia à sua alma. E, ainda que não visse, soube que a sala estava mais clareada ainda pelas varinhas dos nove guardiões.

Concentrou sua mente a ir em busca do que queria e, quando se deu conta, mergulhou em imagens que invadiram a sua alma:

 

Viu-se se materializando em um plano distorcido e escuro, vazio e sem ninguém. Varreu os olhos sobre todo o lugar, procurando o foco das suas intenções, mantendo a ansiedade controlada no peito. Então, ao longe, quase no fim do horizonte inexistente, encontrou uma mistura embaralhada de dois brilhos opostos: luz e trevas.

Compreendendo o que era, obrigou seus pés a andarem rumo ao que via, e, a cada instante de aproximação, mais as pulsações aumentavam e mais enxergava o que de fato era o que já imaginava: a parte da alma de Voldemort, totalmente formada de escuridão e visualmente mais orgânica e material, grudada com raízes sombrias à alma do Viktor, que ainda se encontrava preenchida de claridade e luz.

Vibrações de energia pesada da alma quebrada exalavam em sua direção, e Yuuri, atento, observou que a essência de seu amado se retorcia, como a suplicar por sair da agonia que a escuridão do Voldemort lhe promovia.

“O que eu faço?” – questionou-se.

“Se concentre nas raízes, Yuuri” – ouviu a voz do Nikolai ecoar pelo plano de sua mente acima dos murmúrios dos outros oito bruxos - “É onde se encontra o ponto fraco da alma dele no Viktor”

As vozes de todos murmuravam conselhos para ele, ou diziam uns com os outros, em completa harmonia dentro de sua mente, o que não causava nenhum incômodo. Assim, assentiu consigo mesmo:

“Certo” – respondeu – “Confio em vocês” – completou, antes de voltar a se aproximar lentamente.

O silêncio reinou dentro de sua cabeça e, então, observou o pedaço de alma sombria se remexendo, como um órgão vivo, ao sentir sua presença tão próxima. Por um instante, percebeu a fúria e o receio permearem o lugar.

Sem dizer nada, mas sentindo o peito doer por tal comoção ruim, direcionou-lhe ambas as palmas, abertas e, centralizando nelas sua magia, fechou os olhos, mentalizando em sobrepor o controle sobre as raízes do Voldemort com a mão direita, enquanto que, com a esquerda, conduzia calma para o Nikiforov. No mesmo instante, as pontas das raízes se contorceram diante do seu brilho prateado ao tempo em que uma energia de agonia lhe sobressaiu, pois começou a recolher, sutilmente, as raízes malignas para si mesmo.

“Está funcionando”, foi o que pensou consigo. “Está funcionando, eu...”

 

- ATAQUE!

O grito de guerra que soou do lado de fora fez com que Yuuri arregalasse os olhos físicos, interrompendo abruptamente o ritual e, antes que alguém ali chegasse a comentar algo, uma explosão reverberou em alto som, com violência, fazendo com que o chão tremesse com tanta brusquidão, que o Katsuki caiu de joelhos, enquanto terra e poeira começavam a cair do teto.

- Mas que merda é essa?! – disse Malfoy, abrindo os braços ao tentar se equilibrar, enquanto gritos ecoavam do lado de fora.

Todos os guardiões pararam sua mentalização na mesma hora, e Nikolai, com a varinha em mãos, estendeu-a para cima, movimentando-a em um feitiço mudo e veloz para retirar as cortinas sobre as três janelas no topo do teto. Nesse instante, uma explosão verde foi ouvida acima do céu, que já escurecia, e gritos de alerta repercutiram, vindos de todos os lados.

- Puta que pariu... – Gina xingou, trincando os dentes.

- Malfoy! – o ribombar de batidas soou da porta de entrada, com Harry exclamando por seu nome – MALFOY, ABRA A DROGA DA PORTA!

Sem perder tempo, o bruxo lançou um feitiço transparente à entrada e, no mesmo instante, as portas se escancararam, iluminando a sala com a claridade de fora, e revelando Harry e Sullivan, acompanhados dos demais aurores, adentrando ofegantes e revelando urgência nos olhares.

- O que está acontecendo? – exigiu Nikolai, ainda tentando se erguer do chão.

- Estamos sendo atacados! Os Comensais invadiram! – Têmis Sullivan pronunciou, os olhos frios caindo sobre todos, enquanto barulhos altos do lado de fora podiam ser ouvidos – Teremos que interromper o ritual. Precisamos proteger vocês e levar Katsuki e Nikiforov para um lugar seguro. Agora!

Yuuri, horrorizado, aproximou-se de Viktor, engatinhando, e levou as mãos ao seu rosto pálido, analisando seu estado adormecido.

- Viktor não pode...

- Ele não vai acordar tão cedo. – interrompeu Malfoy, agachando-se ao seu lado e capturando a horcrux do chão, antes de olhar atento para a face do Nikiforov – Mas que merda! – xingou consigo mesmo, guardando o broche dentro do blazer - Vamos ter que carregar ele.

Yuuri, sem pensar duas vezes, logo pegou um dos braços do rapaz e passou por cima dos seus ombros, começando a puxá-lo para cima, mas percebeu que não tinha força para o carregar sozinho. Então, ao ouvir mais um barulho violento do lado de fora, dessa vez, parecendo estar mais perto ainda da sala de treino, sentiu-se entrar em pânico.

- Alguém me ajuda, por favor?! – chamou, aflito.

Nikolai ia se aproximar, mas Draco, que já estava bem próximo, prontificou-se rapidamente e, puxando com pressa o outro braço livre do Nikiforov para cima de seu pescoço, ajudou a levantá-lo. Com ele e Yuuri segurando-o firmemente, começaram a o carregar para fora da sala de treino, com o Sr. Plisetsky e os outros guardiões caminhando ao encalço, todos buscando sair do cômodo sob a escolta dos aurores, que apareciam cada vez em maior número.

- Montsho! Ângela! – proferiu Sullivan, mais à frente do grupo, fazendo com que dois aurores se aproximassem, ambos de pele escura – Vocês comandam a proteção deles junto com o Potter, e não saiam desse posto até receberem ordens diretas minhas!

- Sim, senhora! – responderam eles.

- Espera! – Hermione impediu Sullivan, antes de ela se afastar – Como eles conseguiram invadir?

- Nós não sabemos ainda, ministra. – disse, a expressão tensa visível – Parece que enfraqueceram a nossa proteção e entraram.

- Mas temos a proteção mais desenvolvida da Inglaterra! – repugnou – Não é possível que eles tenham invadido por conta disso. Foi outra coisa...

- Ainda estamos recebendo informações, mas agora não é hora, ministra. – disse a auror, impaciente – Tenho que lutar ao lado dos meus soldados, senhora. Com licença. – retrucou, antes de se afastar definitivamente.

- Yuuri!

Quando o jovem olhou para a direção do chamamento, observou Yurio e Christophe chegando correndo pelas escadas e passando direto pela auror, que as descia às pressas.

- Chris! Yurio! – exclamou, aliviado.

- Eles estão atacando aqui em cima. – Yurio se adiantou, olhando atento para o seu primo desmaiado, segurado pelos dois – De alguma forma, eles sabem que vocês estão aqui.

Confuso, Yuuri arregalou os olhos, sentindo assombro.

- Mas como...

- Katsuki. – Draco o interrompeu, fitando seriamente o jovem – Continue sem mim. Aqui, peguem! – aproximou-se do Giacometti e lhe entregou o braço do Viktor, ainda desacordado – E fique com a horcrux. – pegou o embrulho dentro do blazer e o deu ao Yuuri - Se protejam em um lugar seguro e não sejam pegos.

- Mas nós temos...

- Yurochka, não! – Nikolai apareceu atrás deles, a voz firme e dura – Vocês não vão se envolver nisso. Se pegarem Yuuri ou Viktor, perderemos. Sua tarefa é protege-los e não deixar ninguém encontrar vocês quatro.

- Eu não vou deixar...

- Vão para onde a luz da manhã não toque, entendeu? – Nikolai gritou para o neto tais palavras confusas.

O tremor voltou sob os pés deles, e as paredes da mansão pareciam ruir, fazendo com que todos se desequilibrassem, cambaleando. Enquanto isso, os guardiões desciam as escadarias, cercados pelos aurores, que os protegiam diante das possíveis ameaças.

- Entendeu?! – repetiu em um esbravejo o avô, batendo a bengala no chão ao fitar duro seu neto mais novo.

Por um momento, Yurio apertou os lábios ao franzir a testa, emudecido, até que...

- Entendi! – respondeu, enfim, apertando os olhos antes de fitar os dois amigos – Vocês dois! Me sigam! Agora!

E, sem mais, puxou a varinha do bolso, enquanto Yuuri guardava o embrulho no bolso de sua calça. Tendo Viktor apoiado aos ombros, correram ao encalço do amigo, em uma descida desesperada pelos degraus da escadaria.

- Vocês dois: escoltem eles! – a voz do Nikolai ecoou e, em seguida, um par de aurores se apressaram para junto dos estudantes.

- Para onde estamos indo, Sr. Plisetsky? – um deles, uma auror, muito alta e de pele preta, perguntou para Yurio assim que chegou perto, em meio à descida veloz, enquanto o outro auror, um homem mais atarracado e de pele pálida, ficou atrás do grupo, protegendo-os na retaguarda.

- Precisamos chegar até à sala oeste! – explanou, no momento em que passavam na frente da entrada da biblioteca, no segundo andar – Lá estaremos seguros.

- Sim, senhor. – disse ela, correndo mais à frente do jovem, com a varinha a postos, para resguardar o grupo, em uma descida veloz.

Os gritos de feitiços de proteção e os de ataque eram proferidos furiosamente e sem cessar, de fora da mansão, ao passo em que os tremores se tornavam cada vez mais bruscos e violentos, sob os pés deles e aos lados, nas paredes.

O coração do Yuuri parecia que ia sair do lugar a qualquer momento, de tanto nervosismo, com a respiração começando a se tornar falha, devido à correria e ao peso do Nikiforov, ainda que compartilhado com Giacometti. Sua mente gritava, exigindo que pudesse salvar o Viktor e a todos que estivessem em perigo.

"Makkachin!” – começou a chamar mentalmente, com o desespero palpável em seu semblante – “Potya! Valúte! Fuyu! Me encontrem na sala oeste agora, e fujam da confusão! Onde estão? Respondam!”

“Estamos a caminho!” – gritaram-lhe as gatas.

“Estou indo, amigo!” – Makkachin respondeu.

“Yuuri, estou chegando!” – sua coruja proferiu.

Uma lágrima de alívio escorreu por seu rosto ao ouvir as confirmações, e não conteve o sorriso. Não sabe como iria suportar se um deles sequer fosse pego em meio àquela guerra. Seus amiguinhos não mereciam sofrer.

Com isso, ele, junto aos outros, percorreu agilmente os corredores do primeiro andar em direção às escadarias e, logo ali do alto, eles encontraram dois Comensais lutando com Minako e Hiroko, em meio aos destroços e à neve que vinha do lado de fora, diante da entrada que fora arrombada.

- Estupefaça! – gritou a auror que corria à frente deles, em direção ao inimigo mais perto, que lutava contra Hiroko, lançando-o de encontro à parede ao lado.

Graças ao ataque da auror, o inimigo em questão caiu desacordado, no mesmo instante, permitindo que o golpe surpresa distraísse o segundo adversário e contribuísse para que Minako lhe lançasse um feitiço certeiro.

- Filho! – Hiroko exclamou, aliviada, correndo em direção a Yuuri.

- O que aconteceu? – Minako indagou, observando o Nikiforov – Ele está...

- É a poção. – respondeu, rápido – Ele ainda não acordou, e...

- Senhoras Katsuki e Okukawa. – interrompeu Yurio, tentando conter a rudeza – Nós não temos tempo para explicações no momento.

- Temos que ir para a sala oeste, Sra. Katsuki. – Christophe intrometeu-se, tentando soar passivo – Lá ele estará seguro, garanto.

A auror que os escoltava, fechou as portas da entrada bruscamente, impedindo que a tempestade de neve do lado de fora continuasse adentrando e, com um feitiço azulado saindo da ponta da varinha, quedou-se numa posição imóvel, selando as portas, de modo a os esconder de quaisquer outros invasores que pudessem aparecer.

- Vão agora! – exclamou ela, ainda em meio ao feitiço – Scott! Proteja-os!

O auror, que estava atrás do grupo, assentiu rapidamente e, determinado, correu até a entrada aberta da sala indicada, averiguando o interior. Voltou-se para os jovens:

- Venham!

Hiroko olhou para o auror por um instante, antes de encarar o filho, e sorrir pequeno.

- Se cuidem. – proferiu.

Yuuri assentiu e, segurando firmemente Viktor, afastou-se da entrada, com Christophe e Yurio. Rumaram o mais rápido que podiam para a sala, deixando o auror a cerrar a porta. Ao adentrarem, encontraram os quatro animais chamados pelo Katsuki.

“Yuuri!” – Fuyu piou, pousada nas costas de uma poltrona, abrindo as asas.

“Vocês vieram!” – o jovem se animou.

“O que houve com o Vitya?” – Makkachin se aproximou, aflito, cheirando ansioso o humano.

“Ele está bem” – disse Yuuri, calmo – “Ele só está dormindo”.

O auror tampou as janelas com as grossas ventanas, impedindo qualquer visão possível pelo do lado de fora.

- Você os chamou? – perguntou Christophe.

- Eles também precisam ficar seguros. – respondeu Yuuri.

- Aqui! – exclamou Yurio, desviando-se dos animais ao atravessar o cômodo em direção ao grande piano, posicionado sobre um tapete, e, com força, começou a empurrar o grande objeto rapidamente.

- O que você está fazendo? – indignou-se Christophe.

- Isso aqui, porcaria! – esbravejou, afastando o suficiente o instrumento e retirando o tapete que cobria o chão, revelando uma porta secreta de um alçapão.

- Um porão? – proferiu o lufano, em choque.

Yurio puxou um colar que carregava ao peito e pegou a chave que estava pendurada à corda, ajoelhando-se e destrancando uma fechadura.

- “Onde a luz da manhã não toque”... Como não sabíamos disso antes? – falou o corvino, transtornado.

- Porque o vovô confiou o segredo só a mim, criatura. – retrucou ele, logo abrindo a porta do alçapão e revelando uma escadaria mergulhada na escuridão – Estão esperando um convite? Entrem logo!

Christophe e Yuuri se entreolharam, antes de arrastaram o Viktor com eles e se aproximarem da abertura ao chão. Giacometti soltou o braço do sonserino e o entregou ao Yurio, descendo à frente a estreita escadaria. E, com isso, ambos entregaram o Nikiforov para o corvino. Em seguida, Yurio adentrou.

“Vão agora vocês!” – disse Yuuri, abrindo espaço para os animais – “Entrem agora!”

Sem mais um minuto de espera, de um por um, foram adentrando, até que Fuyu, a última, desceu voando para o buraco.

- Vão! Que disfarçarei a entrada! – o auror proferiu, do lado de fora, com a expressão severa.

Yuuri assentiu, taciturno, mas quando pôs o pé direito sobre o primeiro degrau, um grito do lado de fora ecoou:

- LIKHO AVISTADA! AURORES, AO ATAQUE!

Tais palavras o paralisaram, fazendo-o arregalar os olhos e voltar a cabeça para uma das janelas fechadas. Likho?!, pensou, consigo, horrorizado. Como?... Será que foi ela que invadiu a segurança da casa?, considerou, apavorando-se. Só pode ser...

- Ei!

Acordou de seu transe ao escutar o chamado do Yurio e, quando olhou para dentro do alçapão, encontrou-o de pé ao final da escadaria. Christophe estava agachado ao chão, ao lado do Viktor, que fora devidamente deitado, tendo os animais perto.

– Entra logo! – Yurio gritou novamente.

Seus músculos congelados o impediam de fazer o corpo descer para o lugar secreto e sua expressão, extática, endureceu seu rosto. Alternou o olhar entre o porão e as janelas da sala e sentiu as emoções de terror e morte retornarem, quando as recordações de Hogsmeade lhe sobrevieram à mente.

Tomando uma decisão, fechou os olhos ao pronunciar:

- Não! – negou – Eu vou impedir a Likho!

- O quê?! – Yurio indignou-se, enfurecido ao voltar a subir as escadas e apontando-lhe o dedo, em riste – Não, você não vai! Você vai entrar nessa porcaria de porão e ficar seguro aqui com a gente!

“Entra, amigo Yuuri” – chamou Makkachin.

- Entrem! – o auror disse – Vou proteger vocês!

- Eu não vou entrar. – retrucou, firme, para o amigo, sem olhar para o bruxa que os fitava, não entendendo – Eu sou o único que consegue parar a Likho! Se eu não fizer algo, ela matará todos, um por um até nos en...

- Sua missão é proteger o Viktor! – ele esbravejava, e era possível ver o temor em seus olhos – Você tem que ficar seguro com ele aqui. Eu não vou...

- Yurio! – chamou Christophe, fazendo ambos o olharem, ainda ajoelhado ao lado do Nikiforov – Deixe-o ir!

- Como é? – vociferou – Não vou!

- Essa é a missão dele. – continuou o corvino, antes de fitar de modo enigmático o Katsuki – Não podemos impedi-lo.

Yurio mais esbugalhava as pálpebras a cada milésimo segundo, sentindo o ar se tornar rarefeito em seu peito.

- Eu sou uma horlux, Yurio. – disse Yuuri, carinhoso, ganhando a atenção dos olhos do outro – Minha missão não é proteger só o Viktor, mas sim, todos vocês. Eu tenho que parar essa guerra e impedir Likho de matar todos.

O horror e a incredulidade se apossaram do rosto alvo do jovem Plisetsky, ainda desacreditado ao fitá-lo. E, sem que o lufano esperasse, ele envolveu os braços ao seu redor, abraçando-o com vigor.

- Volte vivo. – murmurou, quedando a cabeça por alguns instantes sobre seu ombro e tendo os demais membros do corpo a tremer, apesar de a expressão ainda estar raivosa – Senão, eu e Viktor não iremos te perdoar.

Sorrindo, agradecido e feliz, Yuuri assentiu, pondo as mãos nos ombros do Yurio.

- Eu prometo. – e, enfiando a mão ao bolso, puxou o embrulho que continha o broche – Cuide da horcrux. Estará mais segura com vocês.

“Yuuri!” – Fuyu piou, aflita. – “Não vá!”

“Fique, Fuyu” – respondeu, mirando o olhar para o interior do alçapão e fitando a ave aflita – “Vocês ficarão seguros aqui”.

Lançando um último vislumbre a seus amigos, percebeu Christophe anuindo mais uma vez e repousou, por um segundo, os olhos no semblante sereno de Viktor, que dormia profundamente, ao chão. Ao se virar, sentiu uma sensação que mesclava medo e confiança o dominar.

- Fiquem seguros. – disse, já de costas, e saiu correndo à direção da entrada.

- Ei, espera! – o auror alertou, erguendo uma palma para frente, ficando entre o jovem e a porta – Katsuki, volte...

- Deixe a horlux sair. – Yurio respondeu, o tom firme.

Yuuri observou o homem olhar desacreditado para o jovem Plisetsky, os olhos escuros evidenciando seu choque. Percebendo que não havia outro jeito, Katsuki levou a mão esquerda sutilmente para trás das costas, e mentalizou sua magia para fora dos dedos.

- Lamento. – disse o homem, rígido – Mas recebi comandos de seu avô para que...

Veloz, o jovem estendeu a mão esquerda e lançou uma esfera de luz prateada logo na cabeça do auror, fazendo-o ser afetado pela magia. O homem cambaleou, tonto, antes de cair de joelhos e fechar os olhos. Quando ele inclinou o tronco para trás, Yuuri amparou sua cabeça e ombros, deitando-o devagar no chão, para longe da porta.

- Desculpe. Vai durar menos de um minuto. – murmurou ao ouvido dele e voltou os olhos por sobre o ombro, fitando o amigo Plisetsky – Entra!

Yurio, emudecido, entrou apressado para o alçapão e fechou a abertura, ao tempo em que Katsuki apontou a varinha na direção da portinhola no chão.

- Mobili tapete. – murmurou baixo o feitiço, movendo o carpete no chão para cima do alçapão, disfarçando a entrada.

- RETARDAM O INIMIGO! – o comando de alguém soou – VAMOS!

Os gritos vinham do lado de fora, e os tremores pareciam estar aumentando. Pensou no medo dos animais, dentro do alçapão, pois sabia que sensibilidade deles ao som era muito maior e, por isso, permitiu-se preocupar-se. Foi, então, que uma ideia clareou em sua mente e, sem hesitar, proferiu o chamado:

- Ginji!

Um segundo se passou e, antes que Yuuri pensasse que foi em vão, levou um susto grande no momento em que um estalo alto soou na sala no exato lugar onde uma fisionomia peluda e tímida do demovoi desaparatou.

- Ginji! – chamou, feliz, correndo em direção à criatura.

- Sr. Katsuki! – cumprimentou, curvando-se rápido, com os olhos amarelos arregalados ao tremer de medo – Ginji às suas ordens. Precisa de algo do Ginji?

- Sim, por favor. – agachou-se à frente dele, ficando do seu tamanho - Ginji, por favor, aparate para dentro do alçapão que tem bem ali dentro, embaixo do piano, – apontou para a direção – e leve os quatro animais que estão lá dentro para... para...

Onde eles iriam?, questionou consigo, tentando pensar o mais rápido possível. Uma luz veio à sua mente.

- Sabe onde fica a mansão Malfoy?

O elfo assentiu, frenético.

- Sim, senhor Katsuki Yuuri. Fica no condado vizinho, ao lado...

- Ótimo, leve-os para lá. – disse, rapidamente, ansioso.

- Sim, sim! – confirmou a criatura.

- Yurio e Christophe estão lá dentro. – indicou o alçapão novamente – Quero que depois volte e fique com eles lá, e não fale para ninguém. Se eles perguntarem algo, diga que eu mandei você para levar os animais para um lugar seguro.

- Sim, senhor. – anuiu, abrindo um sorriso peludo - Ginji fará!

Sem anunciar, o demovoi aparatou diante de seus olhos. Yuuri, então, correu veloz para a saída do cômodo e escancarou a porta, atravessando a abertura.

Em meio aos comandos de ataque soando por toda a parte, seus pés correram em desvios dos grandes destroços das paredes demolidas caídas ao chão e, logo nos primeiros passos para fora o portal da entrada principal da mansão, pôde ver o caos que ocorria.

Na trilha longe e central de ladrilhos da mansão até os portões da propriedade, a paisagem branca da neve do inverno realçava as luzes e elementos de feitiços que cortavam o ar em direções aleatórias e confusas: raios verdes, azuis, vermelhos e invisíveis rasgando em direção aos alvos, o bem contra o mal guerreando com fogo nos olhos.

Vendo que não havia caminho por ali, e sem encontrar Likho, correu em direção à escadaria oeste e subiu com ímpeto os degraus, para o primeiro andar, tendo os estrondos e as chicotadas de magia sendo escutadas com clareza por seus ouvidos sensíveis.

Já no caminho, avistou Comensais no topo da escada. Antes que pudessem lançar algum feitiço, Yuuri mentalizou uma luz forte nas próprias mãos e a lançou na direção deles, desacordando-os.

- LIKHO DESCEU DO ÚLTIMO ANDAR! – o proferir da Sullivan soou – NÃO A PERCAM DE VISTA!

Seguindo a gritaria que o informava, subiu para o primeiro andar e, de imediato, avistou Yakov e Gina, a qual lutava ao lado de seu filho, tendo, também por companhia, dois aurores. Batalhavam contra três Comensais encapuzados.

- Ei! – chamou a atenção deles e, no momento em que as cabeças de todos se voltaram para ele, Yuuri abriu os braços – Aqui!

Gina, Feltsman e Thiago arregalaram os olhos ao vê-lo ali e, no mesmo instante, um dos Comensais movimentou a varinha em conjuração:

- Cruci...

Sem dar tempo a eles, ou dos membros da Guarda fazerem algo, o Katsuki ergueu a mão direita para cima, puxando-a com violência para baixo, promovendo uma profusão de luz que saiu de seu corpo e desmantelou as pernas dos três inimigos, lançando-os de encontro ao chão.

- Katsuki! – proferiu Thiago, aproximando-se.

- O que você está fazendo aqui?! – Gina chegou perto do rapaz, ao tempo em que dois aurores, às costas deles, desmaiavam os inimigos abatidos com suas conjurações mudas.

- Cadê o Nikiforov? – inquiriu Yakov – E a horcrux? – conteve a voz.

- Estão seguros. – adiantou – E eu estou procurando a Likho.

- Essa é a tarefa dos aurores! – a frase saiu do Thiago, transtornado – É para você se proteger...

- Likho precisa ser interrompida, e só eu posso fazer isso. – determinado, parou um momento, pressentindo algo em seu peito, olhou para Feltsman – O senhor sabe que ninguém a derrotará. Não sabe?

O professor apertou os lábios, antes de suspirar.

- Ela está na biblioteca. – disse, ressentido – O bruxo que a comanda está lá também.

- Obrigado. – disse, antes de começar a se afastar.

- Thiago. – a voz de Gina soou – Proteja o Katsuki.

Yuuri olhou por sobre o ombro no momento em que viu o jovem Potter assentir, destemido, e se apressar em sua direção, sorrindo ladino.

- Anda, cara! – bateu o ombro no do alheio, maroto – Seja o herói da vez, ué. Estou na cola.

Concordou, mudo, e, lado a lado, ambos começaram a correr pelo corredor, em meio aos gritos que soavam às “costas” da mansão. Quando fizeram a curva no corredor, Yuuri olhou de relance para a abertura quebrada que dava vista para o jardim e vislumbrou mais aurores pelejando contra bruxos encapuzados. Pôde avistar alguns rostos conhecidos da Guarda dentro da confusão, lutando com valentia e bravura. Mas antes que começassem a subir as escadas, Thiago gritou:

- Se abaixe! – alertou, ao proteger o rapaz de um feitiço imperdoável vindo de um Comensal no meio da escadaria.

Yuuri saiu da escada e fez o que foi mandando, mas, ao olhar para trás, viu outros dois inimigos aparecerem do corredor esquerdo, e outro ainda do direito. Sem perder um segundo, recolheu as mãos abertas para dentro e conjurou uma proteção de luz circular envolta do Thiago e dele, impedindo que os feitiços dos quatro inimigos os afetassem.

- O que faremos? – questionou Thiago, absorto com a magia pura, ao tempo em que os bruxos encapuzados começarem a se aproximar.

Emudecido, Yuuri, de supetão, dobrou um joelho ao se agachar no chão e lançar as palmas para baixo, criando outra onda vigorosa de sua magia para fora do escudo e lançando os inimigos para longe deles em direção às paredes.

- Vamos! – recuperando-se da energia exalada, que reverberava por seu corpo, Yuuri gritou e pegou no pulso do rapaz Potter, acordando-o de seu fascínio e levando-o escadaria acima.

Subiram até o segundo andar e, já de lá, escutaram gritos de feitiços e luzes de varinhas saindo da biblioteca:

- Azulacios! – a voz de Potter soou.

- Incendio! – reverberou uma outra, desconhecida.

No momento em que subiram o último degrau e pararam à entrada do cômodo, o choque os arrebatou: com as janelas da parede à frente deles, tomando do chão ao teto, e completamente quebradas, em múltiplos cacos, estava totalmente visível o céu nublado, com a neve adentrando. Harry e outros aurores, em meio às estantes caídas e aos livros ao chão, lançavam feitiços atrás de feitiços, na direção de um bruxo completamente encapuzado e com pano escuro por baixo dos olhos, enquanto que, logo às costas dele, Têmis Sullivan era enforcada, de encontro ao chão, por uma fumaça obscura de um não-ser.

O horror arrebatou os sentidos do jovem ao sentir a sensação de morte e agonia que exalava da Likho e matava a bruxa.

- Não! – gritou.

Estendeu a mão e, institivamente, uma luz pura prateada saiu de suas palmas e rasgou o ar em direção ao não-ser, fazendo a fumaça se afastar e desaparecer no ar.

Diante daquela cena, Harry, o bruxo e os outros aurores pararam de guerrear e olharam na direção da entrada, para os recém-chegados.

- Katsuki?! – exclamou o Harry Potter – O que faz aqui?

Os olhos escurecidos do comensal se dirigiram especificamente em direção ao jovem Yuuri, estreitando-se e avaliando, misteriosos.

- Ora... Olha só quem apareceu. – a voz saiu abafada por detrás do pano que cobria seu pálido rosto, deixando somente os olhos de fora – Se não é o bruxo da luz! Parece que temos companhia, minha linda. Não é mesmo?

No mesmo instante, os aurores, que haviam se distraído, logo voltaram a atenção ao inimigo, ao tempo em que o vulto fumacento da Likho, em sua forma imaterial, ergueu-se às costas do homem desconhecido, espiralando-se no ar ao planar acima do chão.

- Sim, mestre. – a voz mestiça em dois tons, masculino e feminino, resoou em ecos.

Thiago Sirius se pôs à frente do Yuuri, a varinha apontada, e Harry Potter se colocou entre o Comensal e os dois rapazes, igualmente a postos, ao lado dos seus colegas aurores.

- Você não vai se aproximar dele, Asmodeus. – ameaçou Harry, frio, para o inimigo.

Yuuri buscou com o olhar a auror Sullivan, e percebeu a energia obscura das trevas que serpenteava, como um órgão vivo, o pescoço e outros partes do corpo dela, já imóvel. Era a Morte, que a abraçava como a uma velha conhecida...

- Ela não tem mais salvação, bruxo da luz. – pronunciou Asmodeus, fazendo o Yuuri volver os olhos para ele e surpreendido por seu olhar desumano e vazio – Sua morte foi aprazivelmente dolorosa e lenta, não se preocupe.

Aflição e culpa colidiram ao peito do jovem, sem poder acreditar em tal naturalidade e crueldade. Mas, ao observar o bruxo das trevas, percebeu uma corrente de prata envolver seu pescoço coberto de tecidos escuros, com uma pedra verde, cheia de nebulosa obscuridade, cravada no pingente oval pequeno que carregava.

- Como pode dizer uma coisa dessas? – pronunciou, desacreditado e lento, antes de proferir firme: – Eu vou ter a certeza de que vocês não levarão mais ninguém!

As linhas dos olhos do bruxo estreitaram, em uma expressão que denunciava que ele sorria, e um brilho maligno perpassou suas pupilas.

- Veremos! – disse ele, antes de erguer a varinha e conjurar um feitiço mudo.

Harry foi ainda mais rápido e impediu que o feitiço do Comensal atravessasse o caminho e chegasse aos rapazes, fazendo com que luzes verde e vermelha se colidissem, lançando clarões de magia pelo ar.

Então, de repente, o invasor deu um passo para trás, e Likho, às suas costas, planou ameaçadoramente para a frente, colocando-se sombria diante dos aurores e manifestando sua dominação direcionada sobre um deles.

Yuuri, como um raio, correu para a frente dos aliados e se posicionou à frente do não-ser, erguendo suas mãos.

- Não se aproxime! – exclamou.

O não-ser se recolheu um centímetro, como se ponderasse, e, subitamente, um grito fez-se ouvir:

- Yuuri, socorro!

O jovem arregalou os olhos ao reconhecer a voz desesperada de seu pai, o que lhe desestabilizou e baixou imediatamente sua guarda. Sentiu um aperto sofrido ao coração, e a imagem dele sendo dominado pelos Comensais e torturado até a morte tomou-lhe a mente por completo. Porém, resistiu a olhar para trás, que era de onde parecia vir o chamado, e se obrigou a encarar o não-ser, que, de pouco em pouco, parecia fixar seu horrendo e único olho somente nele.

Não é ele..., disse consigo mesmo, conflituoso. Não é ele...

- Yuuri, me ajude! – o grito soou novamente, agonizante.

De uma vez, usando de toda a força que sentia possuir, apertou os olhos e conjurou magias de luzes prateadas, de suas mãos, na direção do não-ser. Isso fez com que Likho fosse impedida de continuar com sua dominação e começasse a guinchar alto, retornando à sua forma fumacenta e começando a se afastar para perto de seu mestre. De modo obscuro, ela envolveu-se, como fumaça, ao corpo do bruxo, aumentado a densidade de seu vulto e cobrindo o Comensal, de modo consistente. Eles estavam fugindo.

Yuuri, sem hesitar, começou a correr na direção deles.

- Katsuki! – gritaram Harry e Thiago, enquanto rajadas de feitiços voavam por sobre sua cabeça em direção aos inimigos, que se evadiam da sala.

O vislumbre de um brilho abominável tomou as pupilas da única parte visível do bruxo Asmodeus, segundos antes de o Katsuki pular sobre ele e o não-ser, que o abraçava. Yuuri agarrou-se ao braço do comensal e aparatou junto aos dois, para desespero de Harry, Thiago e os aurores, que não puderam impedi-lo.


Notas Finais


E então? O que acharam do capítulo? Bem na parte empolgante, eu termino o capítulo, kkkkk. Fazer o quê? Deixar o leitor ansioso é a missão de um escritor. KKKKK
Bom, bora para as explicações, não é?:
Poção do Sono Profundo*: Digamos que é uma poção inventada, mas com os sintomas e efeitos misturados de duas poções já existentes no mundo de Harry Potter. Uma delas é "Drenhose", que faz a pessoa dormir mais rápido e ter um sono sem sonhos e pesadelos, e a outra é a "Poção do Morto Vivo", que já pelo título, dá para entender que faz a pessoa ter sono muito rápido, e uma sonolência tão grande, que só a possibilita de ficar murmurando, ficando com um aspecto de quase morta mesmo. KKKKK
Aqua luminus**: é um feitiço inventado por mim, ainda que exista sim um feitiço no mundo de Harry Potter que conjure água, chamada "Aguamenti". Vamos por parte; "Aqua" significa literalmente "água" no latim, e "luminus", é uma palavra inventada, não existe uma origem específica, mas ela denota notoriamente algo relacionado com "luz", "iluminado". Pois bem, juntando tudo, vem "água iluminada". Criei esse feitiço com esse nome para poder dar a entender que é um feitiço poderoso e puro - mas não tanto como o "Expecto Patronum" - e usada para uma ocasião especial, como no caso o ritual sendo liderado por uma horlux, um bruxo de luz.
Bom, é isso! Foi uma explicação longa, mas necessária.
Ótimo? Trasgo? Deixe seu comentário - se assim desejar - que isso aquece muito o coração da moça escritora aqui.. 🤗🤗🤗🤗🤗 Vou ler e responder a todos!
Pois, finalizo aqui por hoje. Beijos de luz e cerejeiras a todos, fiquem bem, se cuidem, e bebam muita água! Sayonara!


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