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História Rabo da Akira - Capítulo 75


Escrita por: Nathalia2004

Capítulo 68 - Capítulo 75


“Preciso acabar comigo mesmo!!! Virei um monstro e preciso aniquilá-lo antes que machuque outra pessoa!!!” e desci com toda minha força a adaga em direção de minha barriga, esperava que com um pouco de sorte ela atingisse a artéria aorta inferior, isso me mataria em questão de um minuto... talvez dois; encontrava-me tão absorto nessas ponderação que nem mesmo senti a dor da perfuração, o mais estranho era que os baixos gemidos de dor não vinham de minha boca! Instintivamente abri meus olhos e, chocado, constatei que Akira encontrava-se perante mim segurando a lâmina da adaga com ambas as patinhas!!! E a ouvia murmurar:

- Acorde querido... por São Miau acorde... São Miau... não deixe meu... querido se machucar – tremendo de dor.
- A... Akira-chan! – voltei a mim, completamente estupefato – o que está fazendo?!?! Larga isso agora!!!
- Não!!! Nunca! – respondeu chacoalhando a cabeça vigorosamente – não largo isso de maneira alguma! Não enquanto não tiver certeza... que meu querido está... ai... bem!
- Mas por que Akira-chan!!! Por que por algo inútil como eu!!! – ordenei chacoalhando minha cabeça também – pare de se ferir e largue isso assim posso acabar logo com isso!
- Nunca!!! Não solto!!! De maneira alguma! – gritou Akira, energicamente – prefiro perder minhas patas a soltar!
- A... Akira-chan... – a força de minhas mãos estava cada vez menor – por que... iria tão... longe por mim...?
- A... alguns meses atrás... São Miau... achou melhor... levar a pessoa mais... importante de minha vida... minha mamãe... para o céu... – respondeu olhando para o alto – estava muito triste... no dia que você me comprou... pedi para São Miau... outra pessoa... para ser a mais importante... em minha vida... e ele me deu... você querido... por isso... prefiro morrer... do que deixar... acontecer algo... com você!

Neste exato instante, o que Akira disse mais a sensação de algo morno caindo sobre meus pés, trouxe-me de volta a realidade, o sangue que escorria das patas da minha nekomimi molhava perto do calcanhar; foi então que recuperei minhas faculdades mentais e larguei a adaga, assim que não a detinha mais, a nekomimi também a soltou e ajoelhou-se no chão, chorando baixinho e olhando para suas patas que sangravam, imediatamente corri até ela e, agarrando o lençol de minha cama, envolvi-as com ele e carreguei a chorosa pequena em meu colo até a sala da Enmie; assim que lá chegamos já encontrava-se acordada, ao ver-me com a minha zeladora pessoal com panos ensanguentados em suas patas, ordenou-me:

- Para enfermaria, agora mesmo! – já correndo em disparada para o local.

Chegando ao local, retirou o lençol que cobria as patas de Akira, emitiu então um grito de surpresa e perguntou a ela:

- Akira-chan! Que corte extremamente profundo!!! Como isso aconteceu? – examinando atentamente a ferida.
- E... ai... eu no escuro... tentei pegar uma coisa... que caiu no chão... – respondeu desviando os olhos – e sem querer... peguei a adaga... do querido...
- Mas como... – ia respondendo Enmie, quando seu semblante se transformou, mudando de assunto – realmente, foi um acidente sério... Akira, confia em mim?
- S... Sim! – fez sim com a cabeça energicamente.
- Então preciso que abra suas patas – mostrou como devia fazer com as suas – desta forma, vai doer muito... mas se não fizermos isso não conseguirá mais usá-las normalmente... se precisar... ajudo você a fazer isso...
- Ok, pode deixar... eu vou fazer isso – respondeu Akira, prestes a abrir as patas.

O grito que Akira deu ao abrir as patas fez meu coração doer muito mais do que qualquer coisa que já havia sentido antes, sim sentia remorso pelo que aconteceu com a Yumi, muito por sinal; mas o que fiz contra mim mesmo que acabou por machucar a pequena nekomimi fazia minha alma urrar de dor, ainda mais após suas palavras “e ele me deu... você querido... por isso... prefiro morrer... do que deixar... acontecer algo... com você!”; “o que queria dizer com isso?” pensei “gostaria de mim? Sentiria algo mais por mim? Um monstro como eu?”; deixei isso de lado naquele momento, visto que se machucara por meu causa e valentemente recebia o tratamento que Enmie aplicava nela; após uma hora e com o dia já raiando, terminou de dar os pontos e aplicou talas para que não mexesse os ferimentos, reabrindo-os, aplicou energia curadora e depois a instruiu:

- Tem que ficar duas semanas sem fazer força ou usar suas patas ok? – apontou para elas e continuou – quero vê-la assim que levantar, depois do almoço e antes de dormir para checar como anda a cicatrização e para aplicar tratamento energético, combinado? Agora vá descansar um pouco, parece que está bem cansada.
- Sim Enmienee-chan! Obrigada! – levantou e se curvou Akira saindo da sala em seguida, não sem antes parar na minha frente, beijar minha bochecha e dizer – até mais querido, vou descansar, não consegui dormir nada essa noite!
- Montecchio Richard... – disse Enmie tão logo Akira deixou a sala e nos encontrávamos sozinhos, fechando a porta em seguida – espero que você tenha uma ótima explicação para o que aconteceu com Akira... cuido de bom grado quem quer que seja... mas não suporto maldade...
- Acredite! Com a Akira-chan foi um acidente! – respondi pondo as mãos em minha face – não tinha intenção nenhuma!
- Oh é mesmo Richard? – comentou com uma voz gelada Enmie, encostando algo gelado em minha garganta – acha mesmo que sou tão estúpida a ponto de não notar a diferença um ferimento acidental de um provocado?
- Enmie perdoe-me, mas no caso de Akira estou dizendo a verdade – respondi com uma calma que até me assustou, visto que tinha um bisturi em minha garganta – se me deres uma chance posso explicar-te como que neste caso sou inocente.
- Está bem, sua pulsação não se alterou nem um pouco quando disse isso – sentou-se então à minha frente e olhou-me, inquisitiva – te darei uma chance de se explicar, entretanto peço que não tente me enganar Richard, lido desde criança com pessoas desonestas, sei muito bem identifica-las...
- Está certo Enmie, explicar-te-ei o motivo... – inspirei lentamente preparando-me para revelar o que me vexava naquele momento – a Akira-chan se machucou daquela maneira no momento em que tentei cometer suicídio...
- Suicídio Richard? – perguntou Enmie com uma cara confusa – está certo que a morte de Kikuri te deixou triste, mas até onde eu saiba não a amava para explicar essa sua atitude... poderia me esclarecer isso?
- Enmie... me ajude... – comecei a chorar no mesmo instante que me lembrei do que fiz – eu sou um monstro... mate-me...
- Te matar Richard? Ok isso realmente é algo fora do comum – ponderou Enmie, olhando-me atentamente – já te vi, no pouco tempo em que nos conhecemos e pelo que pude apurar de seus trabalhadores que sim, já cometeu erros graves, mas tudo o que fazia era beber, ficar triste e taciturno; mas ficar a ponto do suicídio... deve ter acontecido algo de extrema gravidade... diga-me o que aconteceu por gentileza.
- Enmie... queria apenas dizer que não sei como isso ocorreu... mas não adianta esconder nada de ti, por isso aqui vai – passei então a narrar tudo o que ocorreu antes de Akira se ferir, inclusive o que se passava em minha cabeça; Enmie ouvia calada o relato, mas era visível que estava, no mínimo, chocada - ... por isso tentei dar cabo de minha vida... queria acabar com esse monstro antes que ele nascesse...
- Richard... – começou a falar Enmie, visivelmente perturbada, remexendo-se em sua cadeira – não posso dizer que o que me disse não me incomodou; muito pelo contrário, estou tão chocada que normalmente me levantaria e iria embora para nunca mais ter que olhar para sua cara...
- Compreendo Enmie e não a culpo se o fizer – respondi olhando para o chão, cheio de vergonha.
- Entretanto, isso seria errado... – ergueu então meu rosto com sua pata em meu queixo – visto que há certos detalhes do que me contou que me levam a crer em outra coisa... já que um descrente não os saberia...
- E o que seria isso Enmie? – perguntei intrigado.
- Apenas te direi se tirar esta ideia estúpida de se matar da cabeça – olhou-me seriamente.
- Se isso me ajudar, tirarei com toda a certeza! – respondi fazendo sim com a cabeça.
- Bem, se procuras um médico, principalmente quando o consideras o melhor de todos – disse Enmie, com a feição totalmente mudada, parecia uma senhora falando – buscas o tratamento correto? Espero então que ouças e reflita, mesmo que os métodos sejam menos ortodoxos e comuns do que esperaria... se não, irei-me embora, podes concordar com isso?
- Sim... juro por meu nobre nome que ouvirei e me despirei de todo e qualquer preconceito – respondi colocando a mão direita sobre meu peito – apenas peço que perdoes minha ignorância e me explique tudo o mais detalhada e sinceramente possível.
- Está bem então comecemos – começou Enmie – é possível estar sob o julgo de um espírito obsessor... – emendando logo em seguida visto minha cara de espanto – lembra-te do dia que puniste Yumi ao tronco?
- Sim... – respondi com muita tristeza em minha voz.
- Perguntei se havia alguma pessoa que era tua inimiga em vida, pois os senti ao teu lado tentando influenciar tuas decisões – apontou então para meu lado – ainda estão aqui...
- Como assim? Como podem espíritos intervir tão diretamente em nossas vidas? – perguntei, estranhando essa lógica – estás me dizendo que todos esses assassinatos e maldades que ocorrem, não são culpa dos criminosos, mas sim de algum espírito?
- Negativo Richard – respondeu Enmie – e já esperava esta resposta vinda de ti; quando Mewsus disse “tenha mais medo dos vivos do que dos mortos”, pensava exatamente em casos como esses; quem vive pode te afetar até o ponto de o assassinar, já o morto não o pode, pois tudo o que consegue é influenciar
- Mas Enmie, acabaste de dizer que estou obsidiado, isso não significa que ele me controla? – perguntei confuso.
- Não, apenas influencia... temos o livre arbítrio que o criador nos deu; este é absoluto, porém assim como qualquer pessoa mal intencionada, pode tentar por meio de persuasão e implantação de ideias, guiar-te para o mal caminho... por isso, qualquer coisa que fazemos é nossa própria culpa, pois podíamos ouvir ou não a má companhia...– ponderou um pouco, continuando em seguida – entretanto reparaste como as pessoas que são consideradas “boas” ou “santas” pelos outros, quase nunca são vitimas de tal julgo?
- Sim, estava prestes a perguntar isso, o que seria isso Enmie? – perguntei intrigado.
- É que para que possam afetar uma pessoa encarnada... – Enmie apontou então para meu peito – eles precisam de algo que os atraia.
- Como no magnetismo? – perguntei tentando fazer uma comparação.
- É parecido, entretanto um pouco diferente – respondeu Enmie – ao contrário do magnetismo, aqui os afins se atraem; ou seja se há um ou mais espíritos querendo te prejudicar, apenas caso encontrassem em ti sentimentos negativos poderiam fazer algo; por isso os “santos ou bons” quase nunca são afetados, pois eliminaram os maus sentimentos de seu coração.
- Se isto está correto – ponderei, visto que não entendia uma coisa – por que foram capazes de me afetar? Até onde eu saiba não tenho nenhum sentimento tão ruim que pudesse ser usado por eles...
- Talvez Richard, isso é o que todos nós pensamos mas... – respondeu Enmie, olhando para o teto – tu disseste que gostava muito da Yumi, ao ponto de achar que a amava... entretanto que não era raro os momentos que a vontade de tê-la a qualquer custo, correto?
- Sim... só que quando achava que estava a ponto de fazer, esse “amor” que agora sei não ser o verdadeiro, impedia-me de fazer algo.
- Entendo... bem como notaste nunca a amara – jogou em minha cara Enmie – mas ainda assim se importava com ela visto terem crescido juntos; todavia a aparição de uma nova pessoa em tua vida fez brotar o verdadeiro amor, mesmo que este ainda se encontre nos primeiros estágios de desenvolvimento, o que fez o sentimento “bom” com relação a Yumi diminuir e levando-se em conta as afrontas que alegas que ela faz, aumentou os “maus” luxuriosos...
- Responda-me uma coisa Enmie – perguntei, sentindo que algo faltava – mas apenas desejar algo luxurioso ou até mesmo imaginar-se transando com outra pessoa, é o suficiente para que espíritos sejam capazes de nos influenciar tanto? Se não provavelmente haveria muito mais molestadores a solta...
- Tens razão neste ponto... – apontou então para meu peito novamente – mas talvez possas ter algo escondido ai que seja a “ponte” que eles precisem para chegar em ti... disseste que durante o estupro... lembrou-se de algo que não se lembrava antes, correto?
- Sim... mas ainda assim foi um instante apenas que serviu apenas para alimentar minha ira – respondi envergonhado – entretanto por mais que eu tente agora, nada vem-me a mente!!!
- Deve ter sido algo realmente traumático – ponderou Enmie, que disse após alguns instantes – e algo me diz que o evento talvez gere os sentimentos negativos que te deixam vulnerável...
- Mas... por que não os consigo lembrar? – perguntei intrigado.
- Pois provavelmente você se dissociou do ocorrido – explicou Enmie – para que a dor e os maus-tratos causados a ti não te machucassem ainda mais... trancaste todas estas experiências dentro de um outro “Richard” passivo e sem vida, acostumado a estas sensações...
- Mas como iremos saber se não tenho acesso às memórias? Hipnose? – perguntei, de certa forma desanimado.
- Não hipnose nem sempre é confiável – respondeu apontando para minha cabeça – podemos, entretanto, usar a visão remota.
- Mas Enmie! – exclamei, surpreso – sempre que me lembro disso, acabo ficando violento, tenho medo de perder o controle novamente! E nem ao menos controlo isso!
- Não te preocupes quanto a perder o controle, irei contigo, basta estar tocando em ti quando começarmos – respondeu olhando em volta – já para acionar teu poder, precisas que o alvo esteja com as defesas mentais baixas, como tu entrarás neste outro “Richard” que agora está vulnerável; temos uma ótima oportunidade, precisamos apenas de algo que tenha uma grande conexão com aquela época, qualquer coisa que tenha muita presença naqueles dias...
- Temos a maca desta sala Enmie, sempre que voltava a mim – apontei para ela – estava ou machucado ou muito agitado, então a Nina trazia-me aqui.
- Ótimo! – respondeu Enmie pegando minha mão com suas patas, puxando-me para o local – apenas toque na maca; sintonizarei meu poder em ti e juntos iremos até lá; apenas lembre-se, nada mais é que um filme de suas lembranças, não está acontecendo, ok?
- Certo, confio em ti – disse e toquei na maca, imediatamente tudo começou a borrar e dentro de instantes me encontrava naquele fatídico lugar novamente, vinte e dois anos atrás...


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