História Racers of Life - Marcando encontro com Sasuke

Sasuke:

Mais uma vez eu velo o sono de minha mãe. Não que ela precise, na verdade mostrou muita vitalidade hoje, mas estou sem sono, e quando não estou em meu carro é aqui que me abrigo.

Gosto dessa sensação de calmaria que ela me passa, e o sorriso inconsciente enquanto dorme me faz crer que tudo vai dar certo daqui pra frente.

Meu pai não me cerca mais depois do nosso último encontro e conseguimos uma doadora para minha mãe. Uma doadora bem maluca e atraente...

Sakura, é o nome dela. Apareceu como um furacão e tá mexendo com a nossa vida de um jeito bom.

Quando entrei em casa hoje, ainda sabendo que ela estaria aqui, me surpreendi com sua presença. Tão tímida e deslocada que era muito engraçado.

Tomei banho me lembrando dela, das feições, do corpo... bem bonitinha. Diferente das garotas que estou acostumado a sair. Tem uma beleza limpa, sem acessórios chamativos ou qualquer coisa exagerada. Bem simples. Gostei disso.

Quando estava descendo as escadas, vi-a chorando abraçada a minha mãe, como se sua vida dependesse daquilo. Fiquei estático. Não sabia o que fazer, o que pensar ou que falar. Fiquei ali, parado, sem fazer barulho a vendo se desculpar. Sorri ao vê-la afirmar que ela vai salvar minha mãe e a acolhida dela para nossa família.

Fiquei extremamente grato por ela proporcionar isso a minha mãe. Mas fiquei curioso com a atitude dela. Parecia frágil demais...

Nosso jantar foi ótimo, meu pai não estava e Sakura foi se soltando aos poucos. Percebi que Itachi não dava em cima dela, algo muito estranho, já que ele nunca perde uma oportunidade. Me surpreendi muito com ela durante este jantar, e acho que ela também se surpreendeu...

Vi algumas atitudes estranhas nela, ás vezes pareca arisca, empertigada, desconfortável... dava pequenas sinais que ao invés de me darem respostas, me deixavam ainda mais intrigado.

Eu via nos olhos dela a mesma paixão que eu tenho. Quando disse que ela poderia ver meu carro, senti toda a animação dela palpável a meu redor. Ao chegarmos a garagem ela mal se continha e mais uma vez ela me impressionou e me surpreendeu detalhando meu carro só com os olhos e as mãos curiosas.

Nunca, jamais, eu conheci uma garota que soubesse tanto de algo assim. Na verdade tenho contato com garotas que não são tão inteligentes. Ela se mostrou muito interessante.

Devo confessar que ela foi a primeira garota a entrar no meu carro. Eu não gosto que elas invadam aquele espaço. Ele é importante pra mim. Só entra lá quem entende o valor dele, e ela conseguiu me deixar pasmo.

Ali estava alguém que sentia tanto ou mais paixão por carros, mais especificamente pelo meu carro.

Foi agradável ficar ao lado dela. Foi como se eu estivesse olhando para mim mesmo e todos os meus problemas fossem para o ralo e a música do meu motor fizesse o resto ficar perfeito.

Ali, juntos, não havia malícia, segundas intenções... eramos duas pessoas compartilhando a mesma sensação e paixão.

Ela se mostrou merecedora e ela foi a primeira pessoa a andar no meu carro.

Entrar nele, eu até deixava, mas andar? Nunca.

O caminho para a casa dela foi divertido, ela fala pelos cotovelos e não tem nenhuma vergonha em parecer bruta. Não me jogava charme, não tentava me seduzir e acho que foi isso que ela conseguiu.

Ela me deixou confortável a seu lado e assim eu pude analisá-la melhor. Era linda. Eu tinha que beijar ela. Era instinto. Ela me provocava sem saber. Mas...

“Sabe, se você não fosse o que é, eu cairia nessa sua cantada.”

Se eu não fosse o que sou? Como assim?

Ela saiu e eu fiquei frustrado.

Não estou com insônia por conta disso, mas ás vezes a cena vem até minha cabeça e não consigo entender o que aquilo significa, não sou de ficar me preocupando com isso, mas é... ah, não sei!

Se bem que eu poderia me arrepender depois de ter feito algo. Poxa, a garota pode salvar a minha mãe. Não é uma garota qualquer que conheci no racha... é uma garota que tem algo precioso e de que precisamos e vai dar a minha mãe de boa vontade sem pedir nada em troca e sem nos conhecer, além de que, pelo jeito ela vai estar sempre por aqui, conhecendo bem a minha mãe, ela já deve ter adotado a garota e sua presença vai ser constante...

Até que isso não me desagrada.
 

***
 

A campainha na casa dos Hyuuga soa persistente fazendo os dois irmãos se entreolharem certos de que se trata de Naruto.

Hinata lança um olhar de advertência ao irmão e sobe as escadas rapidamente. Neji bufa jogando a cabeça para trás quando Naruto aparece dando um sorriso em cumprimento.

– E aí, cara? - diz Naruto se sentando no outro sofá.

– Fala, Naruto. - cumprimenta Neji se ajeitando no sofá. - tava etediado e como seu que você é um vagabundo...

Naruto ri sem discordar e aceita o joystick das mãos do amigo e animadamente começam a jogar.

Em meio a ofensas gratuitas, reclamações, Dorittos e gritos escandalosos de Naruto, Neji vislumbra a silhueta da irmã no alto da escada e suspira resignado dando andamento ao plano.

– Hey, e aquela sua amiga... - começa Neji chamando a atenção de Naruto. - Sabe, aquela que você levou aquele dia?

Naruto faz ar de compreensão, mas volta sua atenção para o jogo.

– O que tem ela? - pergunta distraído.

– Você tá pegando? - Neji pergunta como quem não quer nada.

– Tô nada – responde Naruto sem esboçar reação nenhuma. - Mas bem que eu queria.

Neji dá uma risadinha enquanto Hinata fecha a cara instântaneamente.

– E por que não tá?

– Ah, ela não quer... - responde ficando cabisbaixo. - E olha que gostei dela mesmo, viu... ela é toda cheia de atitude e sabe consertar um carro!

Neji dá um espiada na escada e vê Hinata se aprumando na escada.

– Cheia de atitude? E desde quando você curte mulher assim?

– Desde sempre! - afirma Naruto depois de resmungar por ter perdido a primeira rodada no jogo – Gosto daquelas que fazem acontecer, tenham presença... sacou?

– Igual sua mãe? - debocha Neji.

– É. - responde Naruto indiferente tirando um olhar engraçado de Neji. - Mas, tem uma coisa que a Sakura me falou que eu me deixou confuso...

Hinata se esconde mais tentando ouvir melhor o que mais ele tem a dizer e Neji somente mexe a cabeça pra que ele continue.

– Ela disse que tem uma garota que tá afim de mim.

Hinata e Neji prendem a respiração juntos. Hinata arregala os olhos não sabendo se mata ou abraça Sakura. Neji sente os olhos chocados da irmã em suas costas.

– Alguém... afim...? - repete Neji vendo a cara de confuso de Naruto a seu lado.

– É – ele confirma coçando a cabeça enquanto Neji pausa o jogo – e pelo eito é alguém do nosso meio, senão não me conhecia, não é? - pergunta o loiro pensando. Hinata sente seu corpo tremer e Neji o observa com expectativa esperando que ele caísse logo na real. Naruto arregala os olhos olhando surpreso para Neji. - Será...?

– O que? Desembucha. - diz o Hyuuga impaciente querendo que aquilo acabe logo.

– Não pode ser – balbucia Naruto olhando para o nada em choque. - Se é alguém que conhece tanto eu quanto Sakura, então só pode ser ela...

Hinata segura no corrimão da escada com força sentindo seu coração quase sair pela boca. Neji joga o cabelo para trás impaciente enquanto Naruto ainda encara o nada chocado com a sua descoberta.

– Naruto... - começa Neji, mas é interrompido pelo loiro.

– Mas o Gaara é meu amigo! Como a Ino pode fazer isso? Ela é bonita e tudo, mas eu não quero ser fura-olho...

Neji bate no rosto indignado e Hinata quase se joga da escada enquanto Naruto tagarela sobre o amor impossível de Ino por si.

– Por que tanta burrice? - murmura Neji olhando para o céu.

– Ele nem se lembrou de mim! - choraminga Hinata se voltando para seu quarto.
 

***
 

– Hey, Sah! Fica calma, tá?

Sakura anda de um lado para o outro no hospital onde fez o teste de compatibilidade. Recebeu a ligação no dia anterior dizendo que deveria ir ao hospital conversar com os médicos responsáveis e uns terapeutas.

– Calma? Por que eles querem que eu converse com terapeutas? Tenho risco de morrer? - pergunta Sakura apavorada olhando para o irmão. - Eles querem me prepara para o que pode vir de pior?

Sasori suspira resignado deixando a irmã se acabar sozinha em seus pensamentos malucos, quando a chegada da família Uchiha o chama atenção.

Somente Sasuke e Mikot adentram o lugar, e o mais novo ampara a mãe pelo braço para dentro do hospital.

– Sakura!

A garota olha para trás e seu sorriso se ilumina ao ver Mikoto abrindo os braços para recepcioná-la. Enquanto as duas se cumprimentam de forma muito afetiva, Sasuke aperta a mão de Sasori estranhando o encabulamento do ruivo ao puxar a mão com rapidez.

– A senhora tá linda, dona Mikoto! - diz Sakura enganchada no braço da mulher que sorri abertamente.

– Obrigada, minha linda. Esse é seu irmão?

Sasori faz um reverência educada.

– Prazer, Sra. Uchiha. Sou Sasori Haruno.

– O prazer é meu, Sasori.

Os 4 conversam enquanto aguardam serem chamados. Sakura engaja uma conversa sobre carros com Sasuke que se mostra entusiasmado em compartilhar suas experiências e conhecimentos. Mikoto observa tudo com olhos atentos e satisfeitos. Sasori também observa, vendo como o garoto consegue disfarçar bem sua opção sexual.

– Sra. Mikoto Uchiha? - chama uma enfermeira olhando para a recepção.

– Vamos, querida? - diz Mikoto tendo Sasuke a apoiando e Sakura em seu calcanhar. - Se quiser ir pra casa, Sasori, depois levamos ela.

Sasori dá passos incertos, mas decide que é melhor e despede com um aceno.

Dentro da sala, são recepcionados por um grupo de médicos constituído por Tsunade (médica responsável), Shizune (médica auxiliar) e Asuma (terapeuta).

– Bom dia. - cumprimenta Tsunade sem sair de sua mesa e Sakura já começa a sentir suas pernas falharem. Sasuke, que conversava com ela até o momento, viu o tombo que ela ia levar e a segura com o braço livre.

– Valeu. - ela sussurra se recompondo e dando um sorriso gentil aos médicos.

– Vamos explicar o procedimento para vocês para que não haja nenhuma dúvida - diz Shizune quando já estão sentados e atentos. - A primeira etapa consiste em uma semana de quimio para que as células que podem rejeitar a medula sejam radicadas, vai ser uma semana difícil e o corpo da senhora vai reclamar bastante - Shizune fala com um pouco de bom humor profissional e Mikoto a encara com um sorriso tranquilo. Sasuke se ajeita desconfortável na cadeira olhando preocupado para a mãe e Sakura sente pena. - Quando o corpo da senhora estiver apto para receber o transplante, a nossa querida doadora entra em ação. - Nessa hora Sakura engole em seco imaginando o sofrimento que ela vai passar.

– Você deverá vir em jejum e tomará algumas vitaminas se necessário - começa Tsunade pegando a palavra. Sakura sente os olhares de Mikoto e Sasuke em sua direção, mas ela se mantém firme olhando para frente e assentindo entendendo. - No dia vocês duas estarão no mesmo quarto e Sakura terá seu sangue retirado por uma máquina, nela será separadas as plaquetas e o restante do sangue voltará para seus corpo, enquanto a outra parte será transferida para a Mikoto. O processo todo demorará cerca de duas horas no máximo.

Sakura continuou olhando para os médicos esperando a parte em que a agulha entra em sua coluna, mas os três olham calados em sua direção.

– É só isso? - ela pergunta pasma depois de um momento de silêncio. - e aquela baita agulha que vai nas costas?

Mikoto solta uma risadinha e alisa os cabelos de Sakura, chamando a atenção da garota e dando um leve sorriso calmo.

– Os métodos se inovam, com o passar do tempo as pessoas começam a sentir menos dores nos procedimentos. - explica Asuma.

Sakura se ajeita na cadeira muito mais aliviada. Na verdade, todas as possíveis efeitos iriam ocorrer com a Mikoto, porém Sakura, como parte do procedimento, deveria saber também para estar por dentro do que iria fazer.

Sasuke escutava tudo com muita atenção e fazia perguntas pertinentes ao bem estar da mãe.

– Então, quando podemos marcar? - pergunta Sakura animada segurando a mão de Mikoto.

– Podemos começar a quimio hoje mesmo e na próxima quinta estaremos prontos para o transplante. - responde Tsunade olhando sua agenda.

– Tudo bem, mãe? - pergunta Sasuke atencioso.

– Quanto mais rápido melhor. - diz a mulher tirando um sorriso de todos.

Saindo da clínica, Sakura se sente mais leve e mais acostumada com presença dos dois.

– A senhora vai ver, dona Mikoto. - começa Sakura seguindo-os até o estacionamento. Esses enjôos não vão ser nada. E uma semana passa rapidinho!

– Passei tão mal na gravidez do Sasuke, que acho que vou tirar isso de letra. - diz Mikoto rindo tirando uma falsa carranca do filho mais novo quando este a ajuda entrar no Civic.

Sakura olha para o carro com um pouco de frustração. Queria dar mais uma volta no Mustang, mas não pode reclamar da carona.

Sasuke passa o inicio da viagem quieto olhando Sakura pelo retrovisor de tempos. Ela manda palavras de motivação e de otimismo para Mikoto fazendo-o se sentir ainda mais grato.

– Sasuke? - chama Sakura depois um tempo pensativa.

– Hn?

– Quem instalou o nitro no seu carro? - ela pergunta curiosa.

– Eu. - responde dando um olhar divertido na direção dela.- Só eu mecho no meu carro.

Sakura assente impressionada.

– Comprei dois cilindros pra colocar no meu carro, será que você poderia dar uma olhada e me dar umas dicas? Nesse meio eu e meu irmão nunca mexemos e tenho medo de acabar estragando o motor se fizer errado... - ela diz um pouco a contra gosto.

– Claro. - diz Sasuke dando de ombros imaginando que aquele poderia ser um jeito dela querer ficar sozinho com ele. Não iria negar isso, apesar do joguinho dela. - Vou na sua casa quando sair da empresa. Às 19, pode ser?

Sakura sorri acenando positivamente com a cabeça enquanto começa a imaginar seu Bucky finalmente correndo. Mikoto observa tudo quieta pegando cada reação do filho e sorrindo com isso. Sasuke desfaz o sorriso malicioso quando vê a mãe o observando e enrubesce na hora.

Ele deixa a mãe primeiro e depois leva Sakura por ser caminho para o trabalho.

– Sabe, até que você é gente fina, Sasuke. Nada a ver com o que o Naruto falou sobre você. - comenta Sakura cutucando a unha distraída.

Sasuke olha para ela no mesmo instante curioso.

– Por que e o que o Naruto falou de mim? - pergunta já com medo da resposta.

Sakura dá um risadinha sem graça e começa a mexer nas mãos envergonhada.

– Eu... queria dar uma volta no seu carro sabe... daí ele disse que você não ia deixar porque você era um filhinho de papai, uma pedra de gelo, um chato.... sei lá mais o que. - ela responde vendo receosa e vê Sasuke balançando a cabeça sorrindo. - Mas não conta pra ele que falei, tá?

Ele dá um sorris parando em frente a casa dela e Sakura admira-o.

– A única coisa que você tem que saber é que o Naruto é um idiota. - ele diz ainda sorrindo.

Sakura o encara por um segundo e dá um sorriso iluminado.

– Você tem um sorriso bonito, Sasuke.

Ele desfaz o sorriso na hora surpreso com o elogio repentino. Antes que pudesse dizer qualquer coisa, sente Sakura lhe dando um abraço e saindo saltitando do carro.

Sasuke sorri de lado satisfeito e sai em direção a empresa, mal sabendo que já o aguardam e esta felicidade tem horas contadas.