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História Rainha Vermelha - Jardim Secreto


Escrita por: HeloShe

Notas do Autor


*PRIMEIROS DIAS NO VALE DO CAFÉ*

Por alguns minutos Julieta ficou sem falar, olhando a região em todas as direções... e que região curiosa era aquela. Havia uma quantidade de riachinhos minúsculos cortando-a de lado a lado, e o terreno entre eles era dividido por uma porção de pequenas cercas verdes, que iam de riacho a riacho.
“Esse morro é tão intrigante” disse consigo mesma
“Quando você diz ‘morro’”, ouviu-se a voz da rainha em algum lugar mas não conseguia vê-la
“Eu poderia lhe mostrar morros que a fariam chamar esse de vale “
“Não, não fariam”, disse Julieta, surpresa por finalmente tê-la contestado: “um morro não pode ser um vale. Isso seria um absurdo...”
“Pode chamar de absurdo se quiser”, disse a voz da rainha, “ mas já ouvi absurdos que fariam este parecer tão sensato quanto um dicionário! Ouça bem o que eu te digo, Julieta. Você será dona de todo esse império.”

Capítulo 9 - Jardim Secreto


Fanfic / Fanfiction Rainha Vermelha - Jardim Secreto

Era uma manhã de sábado e Julieta, assim como nos outros dias, acordava junto ao sol, embora seu desjejum sempre fosse a mesa com seus funcionários, o que ela amava nesse dia é que ficaria sozinha e podia apreciar a sua própria companhia.

Cantarolava distraída enquanto descia as escadas e direcionava-se a sala de jantar, assim que adentrou ao cômodo uma nota musical se prendera em sua garganta a fazendo engasgar com o susto que acabara de levar. 

-Sr. Cavalcante?!- pigarreou e levou a mão direta ao peito acalmando o coração que batia forte.

-Bom dia, Srta. Sampaio- ele disse sorridente enquanto folheava o jornal e bebia seu café matinal 

- O Senhor me assustou, não esperava vê-lo por agora- disse se sentando a mesa 

- Porque não esperava?- 

-hoje os funcionários estão de folga- encheu sua xícara com o café 

- ah sim! Meredith me informou, mas por hora não tenho nenhum lugar para ir, me indicaria algo?- perguntou oferecendo um pouco de açúcar a sua chefe, que foi recusado, ela preferia o café forte e amargo 

-não sou uma boa pessoa para indicar passeios- 

-por certo conheces mais o vale do que eu, não conheceria nenhum?-

- não sou muito de passear, os lugares ao qual estive se tratavam de gabinetes e escritórios- 

- Uou! Se me permite dizer, acho que precisa se divertir um pouco- ele disse e Julieta deu de ombros 

- talvez um dia quando eu tiver tempo- 

- bom... hoje é um ótimo dia , já que está de folga e nem pense que a deixarei entrar naquele escritório- 

Julieta já estava ficando incomodada com o rumo que essa conversa estava tomando, ficava intrigada como Aurélio parecia se sentir à vontade em sua presença, geralmente as pessoas não conseguiam falar nem três palavras com ela. A verdade é que ninguém conseguia intimidar o ex combatente de guerra, apenas seus pesadelos, e Julieta não conseguia ver pois estava muito ocupada distanciando qualquer tipo de sentimento que fosse, mas Aurélio a olhava de um jeito diferente.

Nem ele podia negar que se surpreendeu com a visão que teve de sua chefe, não a imaginava tão jovem e tão bela, e todos esses dias que passou ao lado dela o fez se vislumbrar ainda mais, descobriu que mulheres fortes eram seu ponto fraco e todo esse ar gelado que Julieta carregava a deixava mais sexy e todas as noites pensava em maneiras de despir camada por camada desse enigma que é Julieta Sampaio. 

- o que o faz achar que pode me impedir de fazer o que eu quero?- a rainha alfinetou fazendo-o sair do transe em que se encontrava 

- nada! Somente o seu médico- ele a viu revirar os olhos, um ato que causou um arrepio em sua espinha

- pelo jeito já encheram sua cabeça com essa palhaçada- 

Alguns meses atrás Julieta foi encontrada em seu escritório desacordada e quando levada ao médico, descobriu-se que a causa do desmaio era o excesso de estresse e trabalho, sendo super obrigada então a tirar dois dias de folga por semana. 

Claro que Aurélio soube disso e tratou de trancar o escritório com todos os documentos e esconder a chave.

- hoje é seu dia de folga e eu estou aqui para garantir a sua segurança e isso também vale para sua saúde-

- eu posso muito bem cuidar de mim mesma, fiz isso durante todo esse tempo- recostou na cadeira, cruzou os braços e empinou o nariz como uma adolescente mimada

- e os seus pais?- essa pergunta a fez congelar, nunca ninguém se atreveu a fazer uma pergunta tão pessoal como essa e isso a assustou

- o que tem eles?-  perguntou incomodada 

- estou perguntando por eles, eles cuidaram de você, não? Onde eles estão?- ele a observou se enrijecer e prender o ar, e antes que ela respondesse completou – me desculpe, se não quiser falar sobre isso não tem problema- Julieta nada disse, apenas o olhou e esse olhar era um gesto de agradecimento 

- eu já sei o que podemos fazer hoje!- disse trocando de assunto, afim de mudar o clima tenso que fora instalado 

- podemos?- os planos de Julieta era quebrar a porta do escritório e trabalhar

-desde que eu cheguei o que mais ouço por esse casarão é que o melhor lugar para se estar é em seu jardim- ele não sabia como era possível essa criatura divina ser mais bela do que já é, mas ela conseguiu provar que escondia mais beleza que ninguém pode imaginar.

Quando Aurélio viu o sorriso de orgulho estampado no rosto de Julieta era como se tivesse surgido em sua frente o mais lindo dos anjos e ele naufragou nessa visão por alguns segundos até que ela o trouxesse de volta à margem. 

- achei que já tivesse ido ao jardim- seu rosto transparecia orgulho, ela amava quando elogiavam seu jardim, que mais parecia uma floresta.

Quando comprou esse terreno, o comprou justamente porque nele havia uma grande extensão de diversas flores e plantas e Julieta sempre fora fascinada por todas as cores e aromas que a botânica podia lhe proporcionar. Ela mesma, junto com alguns funcionários, cuidaram, trabalharam e construíram sua pequena floresta, que futuramente batizou de “Jardim Secreto”.

- não tive tempo ainda, mas hoje está um dia lindo e gostaria de conhecer. Será que a Rainha do café me daria essa honra de ser apresentado pela mãos da própria dona?- 

- aceitarei o seu convite, já faz um tempo que não visito meu “pequeno” paraíso- 

-quando disse “pequeno”, estava sendo modesta- Aurélio disse por fim, assim que chegaram ao morro onde ficava uma pequena cabana e de lá de cima podia-se vislumbrar o grande jardim ao todo.

Da fazenda de Julieta até o jardim andava-se bastante, uns 30 minutos de caminhada que valeram super a pena, ele fora ouvindo sua chefe contar entusiasmada como foi cuidar e planejar cada pedacinho desse lugar, e ela estava certa, era um paraíso. A entrada partia-se de uma porta de madeira que ficava em um grande muro, que ela lhe contou ser para a segurança de todo o pomar, ele não era tão alto e já podia ver as grandes árvores e trepadeiras que se grudavam ao muro de pedras.

A porta nunca ficava trancada, qualquer um podia visitar seu jardim, e assim que passaram por ela os olhos de Aurélio pularam e sentiu-se dentro de um conto de fadas. Não era como os jardins comuns, era literalmente uma floresta com a maior diversidade de árvores, plantas e flores e eles seguiram por uma pequena estrada, como uma trilha, o aroma era o melhor que ele já tinha sentido. 

Olhou de canto para Julieta, que continuava animada falando como nunca a tinha visto falar, e observou como sua pele brilhava quando o sol a tocava e aqueles olhos cor de café se tornavam mel na claridade, parecia uma menina, imaginou se o cheiro de sua pele se iguala ao aroma das flores ali presente e desejou poder descobrir. 

Julieta falou de cada flor ali, e contou sobre as rosas vermelhas serem as suas favoritas, até que chegaram onde estavam agora. 

- no começo, eu costumava passar bastante tempo aqui, por isso a cabana, as vezes passava noites, mas foi bem antes, agora não tenho muito tempo- terminou por dizer. Olhou para seu segurança, que nada disse, ele continuava olhando toda a paisagem pela qual passaram até chegar ali.

- Sr. Cavalcante?-  

- Nem parece que percorremos todo esse caminho, olhando aqui de cima parece até que é outro vale. É muito lindo, Srta. Sampaio! Fez um ótimo trabalho-

-obrigada, os jardineiros também me ajudaram, não teria conseguido sem eles- 

Ele a admirou, achava incrível estar naquela posição e permanecer humilde, ela não parecia nenhum pouco a bruxa que todos pintavam ser. 

Por poucos instantes só se ouvira o vento balançando os galhos e as folhas das árvores, junto ao canto dos pássaros que voavam e anunciavam o pôr do sol. E Aurélio sentiu uma necessidade tremenda de poder ter mais intimidade com a dama ao seu lado. 

-Srta. Sampaio?- 

-hmm?- 

-eu poderia pedir autorização para usar sua cabana?- 

- por que usaria ela?-

- eu tenho um hobby que guardo em segredo e essa cabana será ótima para praticar- Julieta o olhou desconfiada -confie em mim, não faria nada que prejudicaria seu jardim, seu trabalho ou a senhorita- 

- eu confio no senhor. Tudo bem, eu deixo, mas eu não gosto de bagunça!- advertiu brincalhona, deixando que um riso frouxo escapasse, um som que Aurélio não pode deixar passar, e ele a observou tão ternamente, pedindo a Deus que esse momento não acabasse. 

-está tudo bem? Porque está me olhando desse jeito?- Julieta não era boba, ela sabia reconhecer o olhar de admiração, mas algo nela a fazia acreditar que não era mais digna desse sentimento

-Hmm? Ah... é que você tem uma risada tão linda... se me permite chamá-la assim- quem poderia dizer que algum dia já viu a rainha do café ruborizar?  -me perdoe se ultrapassei os limites, sei que sou apenas um funcionário... – ela o interrompeu 

-não! Não há problema algum, contanto que nunca me falte com respeito- 

- nunca lhe faltaria com respeito. Sabe, Julieta... eu a admiro muito- 

O seu nome soou tão belo saindo da boca de Aurélio com o tom grave de um tenor, que desejou ouvi-lo sempre a chamando assim.

-o senhor me admira?- novamente aquela sensação, a mesma de quando se viram pela primeira vez e sentiu os olhos dele vagando por ela, aquele frio na espinha e as cócegas das borboletas no estômago, por mais que se condenasse a nunca ser digna de admiração, seu coração se fez quente em saber que alguém nutria esse sentimento por ela, fazia tempo que não se sentia admirada. 

-é claro que admiro! Uma mulher que soube manter esse império sozinha, que entende muito sobre o mundo dos negócios, não só admiro como invejo os seus conhecimentos- 

- nunca ninguém me disse algo assim- alguma coisa em sua mente a alertava, fazendo-a lembrar do que as palavras de um homem podem causar, mas ela ficou tão feliz e queria permanecer assim, sabendo que quando os seus dias de folga acabassem ela voltaria a ser a imbatível Rainha do Café, mas agora ela era apenas Julieta Sampaio.

- com certeza eles tem medo de admitir que uma mulher possa ser tão ou mais poderosa do que eles- 

- Muito obrigada... Aurélio- ela se permitiu corta a linha dos limites e experimentar a sensação que ele teve ao ver o sorriso dela, pois agora era ela quem o viu e era tão lindo quanto o nascer do sol. 

Em um ato impensável, Cavalcante levou sua mão direita a dela a trazendo para perto de sua boca, observando-a prender a respiração mas ansiosa pelo que viria a seguir, ele acomodou um pequeno e casto beijo na palma de sua mão e logo em seguida a sentiu soltar todo ar que prendia. A pele dela era quente e macia e ele comprovou que seu cheiro tinha o aroma de rosas. 

- já está ficando tarde, precisamos voltar- Aurélio disse e a viu apenas confirmar com a cabeça 

Julieta não acreditava no que estava acontecendo, mal ela sabia mas tudo o que começaram a dizer e fazer ali era o início de um cortejo. Seu coração novamente a enganara a deixando-se levar por palavras lindas. Mas ela prometeu a si mesma que faria de tudo para não se envolver mais, só não sabemos se conseguiria. 


Notas Finais


Fiquei muito tempo longe, né? Não prometo que voltarei cedo, mas eu realmente não desistirei dessa história ❤️


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