História Re: E se...? If - Cultist IF

Ragholna era apenas um soldado comum dentre vários outros soldados, como vários outros. Alguém que não se destacava tanto. Cabelos e olhos verdes, não tão brilhantes, uma pequena barba por fazer, usando um uniforme de soldado não tão bem cuidado quanto de vários outros soldados, já que ele não dava tanta importância para isso como um Cavaleiro daria para seu uniforme branco. Sendo apenas alguém comum.

Mas esse alguém comum se viu em uma situação diferente. Entre as coisas que lhe poderiam acontecer, ser abordado pelo temido Culto das Bruxas não era algo que ele esperava.

O Culto das Bruxas é um grupo maligno bastante conhecido entre todas as pessoas deste, e de todos os outros reinos, uma organização que aparentavam agir de maneira aleatória, aparecendo do nada e causando danos de proporções catastróficas. Eles possuíam os cultistas das bruxas na maior parte e seus lideres são conhecidos como Arcebispos do Pecado, representando os pecados: Preguiça, Ganância, Gula, Ira, Luxúria e Orgulho; Há alguns anos, o Arcebispo do Orgulho foi eliminado, enquanto nenhum jamais ocupou o assento da Inveja, sem ninguém saber o motivo — alguns especulam por ser considerado algo profano dentro das regras do membro do Culto das Bruxas.

E ele, um simples soldado comum, foi abordado por um membro do Culto das Bruxas, mas não um membro qualquer e desconhecido: Shenx, um antigo colega soldado que havia misteriosamente desaparecido meses antes, sem ninguém saber para onde, e ninguém, excerto o próprio Ragholna, se importou por ele não ter nenhum membro familiar vivo. Então encontrá-lo, ainda mais como cultista, foi surpreendente.

Seu primeiro sentimento foi descrença, como também seu primeiro instinto foi querer lutar.

Mas ele... simplesmente parecia diferente do que ele esperava de um cultista. Ele estava bem, saudável, com uma aparência até mais revigorada que antes: Ele era um homem de cabelos roxos longos, geralmente mal-cuidado, como quase sempre com olheiras e parecendo em um estado bêbado no seu rosto magro; mas quando ele viu-o de novo, seu cabelo estava bem cuidado, curto, sem olheiras, o corpo bem cuidado e revigorado, um estado de saúde oposto ao dele como um soldado.

E o que surpreendeu-o foi quando ele convidou-o para entrar no culto. Falando de um homem que agora ocupava o assento do Orgulho dentro do Culto das Bruxas, que estava fazendo bastante diferença dentro do Culto, ao que ele explicou.

Ragholna não importava-se com nada do que ele disse.

Vendo a oportunidade de obter informações relacionadas ao Culto das Bruxas; Talvez alguém considerasse que isso estava alem de sua alçada, mas, quando viu a oportunidade, ele resolveu aproveitar. Mesmo que com o mínimo de informação, se fosse verídica, ele poderia ganhar uma boa promoção e um salário melhor. Então, ele disse “Que se dane!” Fosse continuar vivendo na mesma, ou ganhar uma nova oportunidade: Ele não se importava.

Então ele seguiu Shenx da Capital certa noite, seguindo-o calmamente. Até chegarem em um pequeno conjunto de arvores e uma gruta naquele lugar.

Seu amigo mandou-lhe entrar sozinho, carregando... uma estranha folha de papel que ele entregou-lhe um pouco antes. Algo que já era estranho. Então ele seguiu para dentro dela, sozinho, carregando o papel, esperando o pior... mas encontrou o estranho. Lá dentro tinha sido modificado de uma maneira estranha: Ficando uma área cúbica, onde tinha uma mesa grande, com uma estranha maquina em cima dela e um homem encapuzado sentado em uma cadeira frente à mesa.

Tinha somente uma iluminação de algo estranho no teto da gruta, mas brilhante. Enquanto tinha uma cadeira de couro frente à mesa do cultista.

[Cultista: Olá, boa noite. Seja bem vindo... Sr. Ragholna. Por favor, sente-se.]

[Ragholna: ——.]

[Cultista: O papel, por favor.

Assentindo, como obedecendo ao cultista. Ele andou lentamente até o assento e sentou-se frente ao cultista, entregando o papel.

[Cultista: Você recebeu uma forte recomendação do nosso membro Shenx, ele disse que você era um conhecido muito amigável, como bastante talentoso. Não quero entrar em duvidas das suas habilidades. Mas, como parte de nossa entrevista, vamos começar com: Há quanto tempo você tem servido como um soldado?]

[Ragholna: B-Bom, há um pouco mais de uma década e meia, eu acho. Não penso muito nisso.]

[Cultista: Entendo... Você se sente desvalorizado no seu lugar de trabalho atual?]

[Ragholna: ——? Bom... eu nunca pensei muito nisso, mas... acho que... talvez?]

Pensando mais a respeito sobre esse fato, ele realmente nunca se sentiu particularmente respeito ou bem querido dentro do seu lugar de trabalho como um soldado de Lugunica. Especialmente quando recebia os seus trabalhos. Para comparação, ele não era tão bem tratado como os Cavaleiros eram, mas isso era o padrão de todo soldado ou guarda comum em comparação aos Cavaleiros — filhos e filhas de famílias nobres.

[Cultista: Você poderia se abrir mais sobre isso...? Caso não se sentia confortável, por favor, não se force.]

[Ragholna: ——. Eu acho que não; Mal recebemos direito, não temos boas estruturas no nosso lugar de ação, períodos de trabalho instáveis. Horas extras de trabalhos, semana sim, semana não. Basicamente... Vivemos da forma que nossos chefes querem que vivamos.]

Enquanto ele falava, o soldado via o cultista apertando em várias teclas na maquina estranha que o soldado nunca tinha visto antes.

[Cultista: Muito bem. Shenx deve ter falado de nossos benefícios, certo? Falado sobre o plano de saúde, dentário. Também sobre nosso Recurso Humano e sobre nosso Sindicato, como das nossas pausas para o café, como é chamada, certo?]

[Ragholna: ——? O que?]

[Cultista: Pelo que vejo no seu olhar... nunca ouviu falar de nenhum desses termos. Mas não se preocupe! Como parte de meu trabalho para tal, vou ajudar-lhe explicando tudo o que foi trazido pelo nosso novo Arcebispo. ——. Para começar com algo mais simples: “A Pausa para o Café”, um termo que nosso chefe usa; É um tempo de intervalo determinado dentro de nosso grupo para pararmos, descansarmos, nós alimentarmos e recuperarmos nossas energias durante um trabalho.]

[Ragholna: Isso não seria uma pausa comum...?]

[Cultista: Não, não. Uma pausa comum em uma missão seria algo opcional, caso queiram seguir a missão direto. Mas a Pausa para o Café é algo obrigatório para o descanso de todos. Caso tal coisa não seja feita, ou nossos conterrâneos sejam obrigados por nosso Arcebispos a pular ela, você pode tratar isso no Recursos Humanos e no nosso Sindicato. Este último, especialmente se você se vir em uma situação de abuso por parte de algum Arcebispo. Geralmente... o da Ganância e da Luxúria, na sua maioria.]

Ele explicou calmamente enquanto cruzava os dedos, fechando as mãos.

[Ragholna: ——. O que são Recursos Humanos?]

[Cultista: Recursos Humanos foi um termo trazido pelo nosso novo chefe Arcebispo. É o novo setor responsável por cuidar das pessoas dentro da nossa organização. Como ele disse: “Somos um culto, sim. Mas somos, antes disso, uma comunidade. E toda comunidade precisa garantir que seus membros estejam seguros, respeitados e amparados.” Palavras sábias. ——. RH. Assim a como nos referimos quando falamos dos Recursos Humanos de maneira resumida. ——. O RH lida com a seleção, o acolhimento e o desenvolvimento de novos integrantes, eu até sou membro dele. Também é o departamento que escuta denúncias de conduta imprópria, resolve conflitos internos e assegura que todos tenham condições mínimas de saúde física, mental e emocional para continuar suas atividades. Além disso, é dever do RH garantir que cada pessoa conheça seus direitos, horários de descanso, dias de folga, limites de carga de trabalho e, claro, como citado anteriormente em nosso tópico, a obrigatoriedade da Pausa para o Café.]

[Ragholna: ——?!]

[Cultista: Agora, sobre o Sindicato, outro termo criado por nosso novo Arcebispo. Nosso maravilhoso novo Arcebispo! É uma união de trabalhadores. Um grupo organizado dentro de nosso grupo, e que se reúnem para proteção de todos nossos direitos. ——. Nas palavras de nosso Arcebispo: “Quando uma única voz fala, pode ser ignorada. Mas quando muitas vozes se unem, é impossível não ouvir. O sindicato existe para garantir que ninguém seja explorado, que as condições de trabalho sejam justas e que, se houver abusos, exista uma força coletiva capaz de enfrentá-los.” Quase como um exercito. Mas ao invés de espadas, usamos argumentos. Negociação. União. Eles conversavam diretamente com nossos lideres para negociar melhores condições de: Salários, horários, segurança, pausa justas, respeito e melhores planos de saúde e dentário.]

Os olhos de Ragholna piscaram algumas vezes ao ouvir sobre tal coisa. Nunca antes ele tinha ouvido falar sobre nada disso. Pensando a respeito, não era para ser uma coisa ruim, então, por que parecia que aquele membro do culto estava falando de coisas positivas para os trabalhadores? E os termos que chamaram a atenção dele foi...

Com a boca ligeiramente aberta, com uma expressão boba, ele questionou-o.

[Ragholna Plano de saúde? Plano... dentário?]

[Cultista: Uma outra nova inovação de... adivinha quem? Trata-se de: o cuidado preventivo com a vida. Um plano de saúde é um sistema que garante a você acesso a curandeiros, espíritos de cura, remédios e tratamentos sempre que necessário, sem precisar gastar uma quantidade gigantesca de dinheiro. Quando você está doente, ferido ou precisa de exames, o plano cobre esses custos. No caso: O Culto paga para você se curar. ——. Já o plano dentário é uma parte especifica disso, focado no cuidado com os dentes. Em muitos lugares, quando alguém tem dor de dentes, simplesmente aceita isso como parte da vida. “Mas não deveria ser assim.” Foi o que ele disse: “Todos têm direito a comer, sorrir, falar, sem dor.” O plano dentário cobre nossos especialistas em consultas, limpezas, tratamentos, e até reconstrução dentária, se necessário.]

[Ragholna: Como se... minha saúde importasse?]

[Cultista: Exatamente! Porque importa. Seu corpo , sua mente, sua dignidade. Tudo isso merece proteção. Mesmo que você esteja aqui para servir a uma causa maior... ainda é um ser vivo.]

Tais palavras acertaram profundamente no homem.

Durante mais de uma década ele foi um soldado de Lugunica, servindo incansavelmente seu país. Lutando por todos. Mas nunca antes tinha ouvido nada do tipo ou semelhante ao que este cultistas disse que estava sendo oferecido, que parecia tão maravilhoso quanto um sonho para funcionários desprezados.

Só que sua mente o lembrava constantemente: É o Culto das Bruxas! As pessoas mais perigosas do mundo, pessoas que seriam inimigas naturais dele. Inimigos do Santo da Espada. Eles eram pessoas cruéis; Independente dos benefícios que ele nunca teve, a chance de ter uma vida saudável como seu amigo, que ele agora tinha percebido que tinha dentes extremamente limpo e bem cuidado de maneira que não tinha visto em soldados só em Cavaleiros, como bem alimentado.

Ele tinha que se manter integro a sua missão.

[Cultista: E esse... será seu salário inicial. Caso você faça e demonstre um bom trabalho, seu salário pode aumentar.]

Mostrando o quanto ele iria ganhar na folha de papel, os olhos de Ragholna se arregalaram. Os olhos esbugalhados de maneira que pareciam que explodiria para fora do crânio, de tanta surpresa.

[Ragholna: ——. O-O-O-O-Onde... E—-Eu tenho que assinar alguma coisa para entrar?!]

[Cultista: Sabia que ia te convencer!]

Com um pequeno riso, o cultista se divertiu.

Naquele dia: Um novo integrante se juntou ao Culto das Bruxas. Recebendo um salário que seria melhor do o de um Cavaleiro médio, recebendo tratamentos de saúde melhor do que o oferecido pelo país para os soldados, e direitos trabalhistas que, mais tarde, ele descobriu serem tão bons que faziam o do Reino parecerem uma péssima piada escrita por uma criança sádica.

Ragholna ao entrar no Culto das Bruxas: Melhorou sua saúde, sua alimentação, ficou feliz e nunca mais teve pensamentos negativos em acabar com sua própria vida! Tudo graças ao Arcebispo do Orgulho, o Protetor do Proletariado, o Protetor dos Trabalhadores Abusados: Natsuki Subaru.