——|Subaru|——
[Rem: Você fez algo incrível, Subaru-kun!]
Não, não fiz.
[Wilhelm: Eu não esperava tal estratégia de você, Subaru-Dono.]
Porque não teve nenhuma estratégia...
[Crusch: Sem dúvidas. Apesar de que seria bom um aviso daquilo o que estava planejando, a forma como você efetuou foi precisa e nós permitiu uma vitoria limpa e sem perdas. O que aumenta nossa divida contigo e com o Acampamento de Emilia-Sama.]
Eu realmente... não fiz nada demais...
Mas ninguém acreditaria nisso, mesmo que eu contasse repetidas vezes isso, ninguém jamais acreditava quando eu falava. E isso era mesmo antes de ser jogado para este novo mundo! Eu sempre fui uma pessoa azarada, uma pessoa extremamente azarada, uma tão extrema e intensamente azarada que seria ridículo dizer eu ser azarado.
Como?
Eu acho que isso vem desde a minha infância. Mas mais com problemas que sempre tive em comparação aos outros, como: Minha Sensibilidade. Para mim, todos os estímulos ao meu redor sempre foram diferentes.
Um barulho pequeno para os outros? Parecia um som de trovão para mim.
Uma luz de uma lanterna? Parecia que eu estava olhando diretamente para o Sol.
Um cheiro agradável? Parecia um cheiro tão poderoso que se tornava repulsivo.
Um toque comum e simples? Parecia que estava apertando minha pele e carne contra meus ossos — mesmo que não ficasse uma ferida ou hematoma ou dano permanente, só a sensação.
E sempre tive isso desde que era pequeno, então, acabava não me dando bem com as outras crianças, especialmente porque causa desses problemas que citei. Era difícil brincar com outras crianças quando tinha esses problemas. Sabe o quão difícil era tentar brincar com crianças que quando gritavam faziam parecer que iriam explodir meus tímpanos? Ou sentir o cheiro de tantas pessoas perto de mim sem enlouquecer?
Mas sempre tentei dar o meu melhor pelas pessoas mais importantes para mim, minha mãe e meu pai. Porque eu não queria que se preocupassem por eu ser uma criança excluída. E por isso comecei a tentar controlar minhas emoções, para lidar com esses problemas.
Só que isso foi o inicio do meus problemas.
Eu não sei por que, mas fora as sensibilidades dos meus sentidos, eu também sempre senti extremo medo das coisas. Não só físicas. Por exemplo: Às vezes algumas coisas de aparência simples, pareciam dez vezes mais assustadoras para mim, ao ponto de meu coração acelerar parecendo ao ponto de explodir. Então sempre que eu levava algum susto... eu paralisava. E não sei porque, as pessoas ao meu redor não viam isso. Porque minha paralisia me fazia travar completamente.
O que me deu uma péssima fama.
Por causa dos meus olhos assustadores que herdei da minha mãe, como por causa do meu jeito travado, as pessoas tinham uma idéia errada comigo.
Pensavam que eu era um valentão.
Eu. O cara mais sensível e assustado. Tinha a fama de que era um valentão.
Essa fama vinha porque quando eu paralisava pelo medo, as pessoas diziam que meu olhar ficava mais intenso ao ponto dos meus olhos ficarem mais intimidantes. Assim elas se assustavam pensando que eu faria alguma coisa. E isso gerou uma confusão, quando um grupo de valentões do bairro tentou intimidar eu e outras crianças no parquinho e eu acabei me... intrometendo.
A verdade? É que eu simplesmente fiquei parado, paralisado, esperando levar uma surra do maior deles.
Ele veio na minha direção, tentando me bater, quando tropeçou em uma pedra, e caiu ao meu lado como se eu quem tivesse o derrubado com meu pé. E quando ele veio me atacar novamente? Outro tropeço, outra vez pensaram que fui eu. Parecia que ia ser assim. Até o ponto que uma coisa caiu sobre sua cabeça — uma espécie de uma pedra que era carregada por um pássaro —, o nocauteando, mas ninguém viu isso e pensaram que fui eu. Isso fez aquele valentão, como os outros, irem embora e começaram a espalhar noticias de que eu era o novo valentão.
Isso me deixou até com problemas com meus pais. Por sorte, fiquei somente de castigo. E ficar no meu quarto longe de tudo? Parecia mais um sonho do que um castigo na minha opinião, porque eu não teria que lidar com tantos problemas, especialmente os causados por minha sensibilidade física.
Mas o tempo passou e eu pensei que poderia deixar esses tipos de coisas para trás...
Só que não.
Conforme fui crescendo, parecia que meu azar continuava crescendo exponencialmente na medida em que os anos passavam. Eu só queria uma vida normal. Meu principal objetivo era: NÃO ME DESTACAR! Ficar invisível, passar por tudo o que teria de passar, do inicio ao fim, sem me envolver profundamente com nada relacionado aos outros. Pois desejava apenas viver afastado de todos os problemas desnecessários. Reduzindo parte das minhas interações para o que fosse importante, mas não de maneira que eu ficasse excluído e meus pais se preocupassem que eu estivesse sendo afastado ou me afastando dos outros.
Ser alguém normal, alguém comum.
Mas, como eu disse, não seria algo tão simples
Quando eu tentava fazer algo simples: Como conversa? As pessoas ficavam intimidadas ao ponto de se afastarem ou ficarem paralisadas na minha frente. Ter notas comuns para não chamar atenção? Mesmo quando eu errava de propósito, eu ainda conseguia tirar notas perfeitas, ao ponto dos meus professores terem criado provas diferentes ainda mais difíceis para mim dos outros alunos — me usando como um exemplo de forma que me fazia parecer um exibido pelas minhas notas. Manter-me longe de encrenca? Lembram-se dos tipos de valentões da infância? Passei por situações semelhantes, de novo, de novo e de novo. Ao ponto de me considerarem o líder dos valentões dentro e fora da minha escola, fazendo as pessoas terem medo de mim.
Alguém frio e afastado, extremamente inteligente e o valentão mais forte da cidade inteira. Era assim que todos me viam. Mas se soubessem da verdade, que eu era: Alguém socialmente inapto, com inteligência mediana e tão fraco que levaria uma surra de qualquer outra pessoa naquela escola. Entenderiam que eu sou só um idiota... um idiota azarado.
Alguns poderiam considerar todas essas coisas vitórias, certo?
Ser considerado intimidante e inteligente. Ser considerado o topo entre todos os outros alunos no campo acadêmico. Ser considerado o exemplo que todos querem se tornar de um jeito ou de outro.
Bom... para mim não!
Eu só queria viver uma vida comum, como uma pessoa comum. Mesmo aquilo de ser comparado ao meu pai não era tão ruim, porque agora minha fama parecia maior que a dele e isso era irritante. Porque eu não queria nada mais do que realmente estar na sombra de alguém, não estar no centro de tantos holofotes.
Até pensei que me tornar um Hikikomori me ajudaria.
Só que, advinha? Minhas notas na escola, como em exames extras, em especial aqueles que envolviam competições acadêmicas com outras escolas — as de mais alto nível — já eram tão boas que mesmo que eu faltasse a outra metade do ano letivo, ainda conseguiria passar com louvor e sem problemas. Algo impossível, algo que eu pensava que seria tão ridículo que não aconteceria... e mesmo assim aconteceu. Poderia ser considerado... azar ou sorte nesse meu caso? Vou considerar como sorte, nesse caso.
Então eu pelo menos pude me manter longe de todos os problemas que tinha na escola.
Mas meus problemas não pararam por ali...
Fui levado para outro mundo. Entre todas as coisas que poderiam acontecer, eu fui levado para outro mundo. QUER MAIS AZAR DO QUE ISSO?! Logo que fui invocado, acabei me intrometendo em uma espécie de perseguição contra uma ladra, Felt, contra uma garota chamada Emilia. Acabei me intrometendo e sendo forçado a ajudá-la.
Quando isso aconteceu, fomos para um lugar chamado Casa de Saques.
Queria dizer que foi algo normal, que resolvemos tudo sem problemas. Mas estaria mentindo. Nós acabamos enfrentando uma assassina sanguinária, Elsa, uma assassina que vai atrás de Intestinos. Assustador. E mais assustador foi como ela tentou nos atacar, tentou ME atacar com aquelas laminas dela...
só que não fez.
Ela ficou saltando ao redor de mim, desferindo golpes em tudo que estava ao meu redor, destruindo aquela casa de saques, como se estivesse perseguindo um oponente invisível. Até declarando como eu era rápido e habilidoso... mas eu estava literalmente parado. Parado, sem me mover, com meu coração acelerado, no meio daquela onda de ataques repentinos que ela lançava contra mim e os outros. Só ali, parado. E os outros pareciam estar comprando essa história! Parecia que eles realmente estavam me vendo lutar contra aquela assassina da mesma forma que ela dizia estar acontecendo.
E eu me perguntava:
COMO?! COMO PODERIAM PENSAR QUE EU, UM ADOLESCENTE COMUM, ESTAVA REALMENTE BATALHANDO CONTRA UMA SUPER-ASSASSINA TREINADA E COM TANTA FORÇA QUE PODERIA MATAR ATÉ UM GIGANTE?! SÉRIO?!
Foi quando nossa verdadeira salvação veio na forma de um cara, um cara muito legal. Reinhard van Astrea. Esse sim é o protagonista! Poderoso, bonito, amigável. Definitivamente alguém quem você veria como o protagonista de um Isekai! E ele acabou com ela tão facilmente, de uma maneira tão maneira, que eu nem consegui me mover de tão surpreendido que estava — mesmo quando ele explodiu aquele lugar, eu nem me mexi e por sorte nenhum entulho me acertou naquela vez.
Mas... todos pensaram que fui eu quem tinha salvo a vida de todos.
Me elogiaram por ter enfrentado aquela assassina, conseguido tempo para Reinhard chegar — “Aquela garotinha que vocês ajudaram falou para o pai dela que estavam vindo para as favelas... e resolvi saber se estava tudo bem com Emilia-Sama.” ele explicou o porque estava por perto quando Felt foi buscar ajuda —, que até foi quem salvou Emilia do ataque surpresa de Elsa — o que é meio verdade, já que ele simplesmente só tropeçou e caiu sobre ela, a tirando da frente do golpe —, e todos pensavam que eu era alguém incrível e grande. Parecendo a escola de novo!
Queria dizer que aquele foi meu ponto mais baixo de azar nesse novo mundo...
Então veio a Mansão com aqueles tais Majuuns. Acabei sem querer descobrindo e impedindo uma assassina que tinha a intenção de matar várias pessoas por causa de um contrato de assassinato, chamada Meili. Não só a impedi, como a capturei. Na perspectiva deles! Quando na verdade aquele animal dela tinha tentado me morder, mas acabou a mordendo, amaldiçoando-a no meu lugar de forma que , se ela não tivesse confessado, teria morrido no meu lugar e nos dos outros.
Por sorte não foi algo tão ruim e isso até fez as pessoas de lá e da Mansão Mathers gostarem de mim.
Até meu relacionamento com Rem, que antes particularmente parecia desgostar de mim, começou a se abrir comigo e então formamos um bom laço, com ela começando a me ajudar mais e mais. Mas não só com ela, como com Emilia, Beatrice e Ram. Roswaal parecia... esquisito na minha opinião. Tudo estava correndo bem.
Até ir para Capital.
Lá eu acabei me envolvendo em uma briga por causa do meu nervosismo e falar fora de hora. Uma briga contra um cavaleiro! Um cara chamado Julius, Julius Juukulius, um Cavaleiro Espiritual. Tudo porque parecia que eu tinha insultado os cavaleiros de alguma forma!
SÉRIO?!
POR QUE?!
E queria que tivesse acabado de uma forma positiva para todos os lados. Mas, eu sou uma pessoa azarada. O que aconteceu com aqueles valentões, o que aconteceu com Elsa na Casa de Saque, o que aconteceu com aquela assassina na vila, aconteceu de novo. Ele tentava me atacar? Acontecia algo que o fazia tropeçar ou o fazia perseguir uma ilusão de mim ou o fazia atacar os arredores. Tudo de novo! Enquanto eu estava ali, parado, assustado, pensando em como queria me render, mas todos pareciam estar assistindo a um combate épico! MAS NÃO ESTAVAM!
O que aconteceu depois, o resultado final. Foi outro acidente causado pelo meu azar.
Quando ataquei instintivamente para me defender: Eu acertei ele diretamente no topo da cabeça, em um ponto que o desequilibrou, o fez tropeçar, girar e bater contra uma parede. Semi-Consciente, cansado, sujo. Mas pronto para aparentemente continuar nosso duelo. E ele novamente veio com um tudo contra mim, e eu instintivamente o acertei novamente. Fazendo a mesma coisa que antes! Só que dessa vez ele ficou inconsciente... e eu venci aquele duelo... manchando a honra daquele pobre sujeito.
DESCULPA JULIUS!
Em minha defesa, eu me senti extremamente assustado naquele momento. Literalmente meu coração estava batendo tão forte que eu sentia que iria desmaiar.
O que se seguiu foi mais azar.
Formamos-nos uma aliança com Crusch Karsten e Anastasia Hoshin porque, novamente pelo meu azar, parecia que eu sabia identificar a localização e o horário exato da aparição da grande Baleia Branca. O que, adivinha...? EU DE ALGUMA FORMA DESCOBRI!!! EU LITERALMENTE ACERTEI ISSO DE UMA FORMA TOTALMENTE ALEATÓRIA E GUIEI TODOS PARA UM CAMPO DE BATALHA CONTRA UMA CRIATURA IMENSA! SÉRIO, POR QUÊ?!
E quando tentei ficar longe do combate... e de alguma forma eu só fiz uma coisa extremamente ridícula.
Fiquei parado ao lado da grande arvore Flugel.
Meu plano? Não lutar. O que aconteceu? A Baleia veio diretamente contra mim, veio tentando me devorar ao invés de continuar lutando contra aquele exercito gigantesco que estava atacando-a! E o que aconteceu com ela? O impossível! UM RAIO!
A PORCARIA DO MAIOR RAIO QUE JÁ VI NA MINHA VIDA, CONVENIENTEMENTE, CAIU SOBRE A BALEIA E NA ARVORE GIGANTE!
O raio a deixou atordoada o bastante para quando a arvore caiu sobre ela, a manteve presa por tempo o bastante para aquele homem, Wilhelm van Astrea, acabar com ela com um golpe final poderoso, vingando sua esposa morta por aquele monstro. Tudo porque, na perspectiva deles, eu, um aparentemente guerreiro mago implacável, atraiu a fera para si e com uma poderosa magia de raios a atordoou-a e a prendeu para que o espadachim mais velho pudesse completar seu objetivo. Uma vitoria espalhafatosa e sem nenhuma baixa!
E eles agora estavam reunidos, com todos elogiando-o durante todo aquele tempo.
[Wilhelm: Eu agradeço novamente por sua ajuda, Subaru-Dono. Graças a você pude terminar uma velha batalha contra este ser tão cruel. E por isso, serei eternamente grato ao que fizeram por nós.]
Eu não fiz nada...
[Félix: Apesar de ainda me irritar o que você fez com Julius-Kyun... Não posso deixar de me sentir grato pela sua ajuda com Lady Crusch-Sama. Nya~]
Eu realmente não fiz nada...
[Crusch: Nossa divida com você, Subaru-Sama, se estende a mais do que somente seu Acampamento. Se precisar de qualquer coisa, ofereceremos nossa ajuda.]
Obrigado, mas eu realmente não fiz nada...
Agora no topo de uma pequena colina após aquela batalha.
[Crusch: É aqui que nós nos despediremos, Subaru-Sama. Agradeço novamente pela ajuda em nossa aliança. E espero que possamos ver você e Rem-Sama novamente. —— Seguiremos pela estrada principal para voltarmos a Capital.]
[Subaru: Hm? Ah... um cara chamado Otto em um bar da cidade me deu um caminho para um atalho mais seguro depois que eu o ajudei com uma coisa relacionada a um óleo. Se vocês quiserem, aconselho ir por ele.]
[Crusch: Hum? Normalmente não pensaria em uma coisa tão repentina... mas você demonstrou habilidades bastante precisas até o momento pelo que foi falado por tantos e pelo que pude presenciar. Então... me mostre.]
Bom, pelo menos essa dica eu ainda poderei dar de uma forma honesta.
Até agora o que eu fiz foi simplesmente agir de uma forma trapaceira para conseguir fazer o que as pessoas pensam que fiz...
Arf! Eu só espero que não piore com o tempo.
Já estou cansado desse azar lamentável que me segue. Quando essa pobre alma poderá realizar seu sonho de uma vida tranqüila?
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