História Re: E se...? If - Extra 2 - Shrine IF

[Subaru: O que... está acontecendo?]

Uma ventania de gelo poderosa emanava da floresta que há pouco tempo, mesmo que também fria, era um lugar que facilmente as pessoas agasalhadas poderiam entrar sem maiores dificuldades e passar por elas. Mas agora o frio que emanava, mesmo para um Espírito, era poderoso e agressivo, como uma grande tempestade de puro gelo. Um gelo poderoso, vindo de uma poderosa magia.

Enquanto continuava a andar, ele pensava nas figuras que ele tinha que chegar.

Não muito tempo atrás, Subaru e Zarestia tinham vindo parar na Floresta de Elior, uma floresta que antes diziam habitar elfos que foram congelados. Eles ouviram de um homem, chamado Roswaal L. Mathers, sobre uma figura solitária que vivia lá e que no passado houve uma batalha, entre o antigo Espírito do Fogo e o que roubou seu posto. Tendo indicado ao garoto que ela poderia precisar de apoio, Subaru rapidamente se dispôs a isso — mesmo que tivesse de convencer sua mãe com seus famosos olhos de cachorrinho durante um grande tempo.

Quando chegaram, eles conheceram tal figura isolada. Emilia, apenas Emilia, uma meio-elfo de cabelos prateados.

Ela vivia na região da floresta congelada com seu espírito contratado, o atual Grande Espírito do Fogo, Puck, que é uma figura de um pequeno gato mágico flutuante. Ele rapidamente se deu bem com a garota, enquanto Zarestia pareceu não se dar nenhum pouco bem com Puck — desconfiança e cautela — sempre preferindo ficar longe de interações com os dois e deixar Subaru cuidar disso. Subaru facilmente fez amizade com os dois, especialmente com a garota que parecia ter quase uma mentalidade idêntica a dele.

Ambos as duplas então começaram a passar bastante tempo juntos na floresta.

Explorando, conversando, criando laços. Apesar de Zarestia realmente não tentar se dar bem com os dois como Subaru fazia. E ele realmente gostava de se divertir com eles, conversar com eles. Até mesmo estava disposto a tentar ajudá-los com o problema dos elfos congelados, já que, graças a sua conexão com a Família Real, eles poderiam ceder o Sangue do Dragão Divino para ajudar a reviver os elfos.

Emilia parecia feliz e extremamente grata por isso e Puck... parecia neutro aquilo, mas grato pela felicidade que ele estava causando a meio-elfo.

Então Subaru enviou Zarestia para marcar uma reunião entre ela e a família Real.

Pois apesar de Subaru ser mais rápido que Zarestia quando ambos iam na velocidade máxima, ele sabia que sua mãe gostava mais de se movimentar pelo mundo do o próprio garoto que preferia andar e conhecer o mundo mais profundamente do que só correndo sem parar em nenhum ponto. Uma diferença gritante. Pois para ela o lugar que ela está é mais importante que o caminho, enquanto o mais jovem gostava de andar para explorar o caminho e descobrir mais coisas passeando. Então mandá-la seria a melhor escolha, para tratar do assunto rapidamente.

Subaru ficou na floresta. Se divertindo com ela, conversando. Então hoje ele foi em busca de algumas comidas diferentes nas aldeias mais próximas da floresta. Usando algum dinheiro que possuía em uma bolsa dada pela própria família real para que ele guardasse seus bens.

E quando estava voltando, ele se viu no meio dessa tempestade.

Tentando chegar até o centro dela, preocupado.

[Puck: Esse mundo... não merece mais existir.]

Ele ouviu as palavras frias. Palavras extremamente frias, cruéis e ao chegar onde precisava, viu uma figura. Uma figura gigantesca de uma espécie de um grande leão, que ele rapidamente reconheceu como Puck, mesmo em uma forma tão diferente da sua normal pequena e adorável, agora em uma forma gigantesca e poderosa.

[Subaru: Puck-San! O que—?!]

Ele estava se protegendo com o braço na frente do rosto, olhando ao redor.

Até seu olhar pousar no que estava abaixo das grandes patas do ser.

Emilia. Emilia, caída, com manchas de sangue em suas roupas brancas, caída contra o chão nevado e com manchas de sangue espalhados pelo solo. Uma imagem horrível, cruel. Isso fez os olhos do pequeno jovem espírito se arregalar de surpresa pelo que estava presenciando. Pois há poucos minutos atrás, ela estava bem viva.

[Subaru: N-N-Não! O-O que aconteceu...? —— Puck-San! O que aconteceu?!]

[Puck: Minha filha. Minha adorável Lia. Ela foi... morta. E por isso... Irei cumprir meus votos, irei cumprir meu Contrato e destruirei esse mundo desprezível.]

[Subaru: O qu——!]

Subaru pulou para trás quando uma estaca de gelo que tentou perfurá-lo, que tentou empalá-lo tão friamente. Seus olhos se arregalaram, como ficaram marejados.

[Subaru: P-Puck-San... por que?]

[Puck: —— Meu contrato. Minha razão de existir. A razão que todo Espírito, especialmente nós, os Grandes, devemos seguir até o fim. Tudo o que importa é isso. Meu objetivo era cuidar dela, meu objetivo era ajudá-la a crescer, meu objetivo que me foi passado. Minha irmã mais nova, Beatrice, cumpre seus votos de tomar conta da Biblioteca Proibida até “Aquela Pessoa” chegar, ela me entenderia. Pois se nosso propósito não pode ser cumprido... por que esse mundo deveria continuar?]

[Subaru: —— Mas e as pessoas?]

[Puck: Por que elas deveriam viver enquanto minha adorável filha não? —— Para mim, pouco me importam. Homens e mulheres, crianças e idosos, bons e maus. O simples atos de eles continuarem vivendo e ela não... é um crime. Cuja única punição é o cumprimento de meu contrato, a finalização de meu objeto. Destruir esse mundo.]

Tais palavras foram ditas em um tom frio e indiferente a vida de todos aqueles no mundo. Seu tom mostrava isso, mostrando como Puck pouco se importava com os outros seres vivos no mundo. E aquilo machucou o coração do espírito Yang.

[Subaru: Por favor, Puck-San. Sei que sou jovem, um jovem espírito imaturo, ao ponto de não poder ser considerado minhas palavras frente a um ser vivo há quatro séculos como você. Mas não acho que fosse isso que Emilia-San fosse querer... não desejaria destruir o mundo só porque ela morreu. Por favor, em nome de Emilia-San, reconsidere e não cumpra tal ato cruel... não seria uma forma de honrar alguém tão bondosa ao tirar vidas.]

[Puck: ———— Você realmente é um tolo que não sabe de nada daquilo o que fala.]

[Subaru: Por favor, eu não——]

[Puck: Se ela não pode viver neste mundo... então NINGUÉM mais vai.]

Diante dele, na neve — como se fosse um borrão de luz banhado em brancura serena — está Subaru. Seus olhos infantis, doces como os de uma criança que nunca conheceu a maldade, estão agora firmes.

Sem ódio. Sem desejo de matar.

Mas com um foco frio e inabalável. Ele encara Puck com a leveza de uma brisa — e com o poder de um furacão contido.

A floresta ruge quando Puck não espera mais.

Um rugido glacial explode da garganta da Besta do Fim, e milhares de lanças de gelo surgem como serpentes, disparando de todos os lados. A floresta estremece, os céus escurecem, e uma nevasca de pura magia toma conta da área.

Mas não há impacto.

Subaru não está mais ali.

Ele surge acima, flutuando como uma pluma na luz do luar. Seu corpo se desfaz e se rematerializa como luz pura, movendo-se com uma velocidade tão absoluta que o próprio espaço ao redor é forçado a se reajustar.

[Subaru: Desculpa, Senhor Gatinho...]

Subaru aparece bem em frente ao olho direito de Puck e…

CRACK!

Um Punho Leve explode contra a bochecha titânica da Besta, fazendo a cabeça de Puck girar com um impacto que derruba árvores a quilômetros. O chão afunda com a onda de choque.

Antes que Puck possa reagir, Subaru já está no seu flanco esquerdo.

BAM!

Outro soco. O gelo ao redor racha como vidro fino, e a pata colossal de Puck é lançada de lado.

Puck rosna.

Ele recua, mas imediatamente reúne mana — e a floresta mergulha numa escuridão fria e absoluta. Da sua boca, um raio de destruição congelante explode, uma rajada de mana de fogo gelado tão poderosa que poderia obliterar uma cidade inteira. Mas Subaru apenas ergue a mão. Palma Delicada. Um tapinha. Simples. Suave. Mas quando sua palma entra em contato com o raio de energia, ele desvia a rajada completamente, fazendo-a ricochetear no céu e desaparecer entre as nuvens.

A própria mana do ambiente para por um segundo, assustado.

Puck salta. Seu corpo colossal gira no ar com a leveza de um predador, e ele tenta esmagar Subaru com sua cauda gelada, revestida de cristais duros como diamante. Mas Subaru desaparece de novo — surgindo EM CIMA da cauda, caminhando nela como se fosse um chão comum, seus passos suaves, infantis.

[Subaru: Eu não quero machucar você... Por favor, pare...]

Puck urra com mais raiva ainda. A imagem de Emilia morta volta à sua mente.

Sua filha. Sua razão.

A dor aumenta.

Ele libera o seu poder com máximo de Mana que podia naquele momento, não se contendo ao usar seu poder máximo. Tudo ao redor é engolido por um domo de magia gélida que transforma o ar em cristal, os ventos em navalhas, e a mana em caos absoluto. O mundo, ali, começa a congelar até o tempo parecer parar.

Mas mesmo dentro disso...

Subaru ainda está lá.

Intocado.

Ele anda lentamente pelo ar, criançamente calmo, enquanto o tempo se parte em cristais ao seu redor. Cada passo deixa um rastro de luz que desintegra as partículas congeladas.

Subaru fecha os olhos por um momento. Ele não quer fazer isso. Mas precisa.

Ele novamente avança contra Puck.

Uma seqüência de socos e tapas se inicia. Cada ataque é medido, preciso, forte o suficiente para quebrar aço, mas intencionalmente sem letalidade. Subaru acerta a perna traseira de Puck, depois o ombro, depois o torso.

BAM! BAM! BAM!

A fera recua, uiva, se contorce. Ela tenta reagir, tenta morder, tenta congelar tudo com sua raiva. Mas cada tentativa é neutralizada com suavidade violenta. Puck move-se. Um salto, um bater de garras gigantescas que cortam a floresta ao meio.

Mas Subaru desaparece como um raio de luz.

Literalmente.

A luz dourada que surge corta a neve e o ar. Em um segundo, Subaru está acima da cabeça de Puck. Ele gira no ar e desfere um Punho Leve, atingindo o topo do crânio da besta com uma força que dobra o som e faz a terra abaixo deles tremer. Puck é arremessado contra uma montanha de gelo. Fragmentos se espalham por centenas de metros. Mas ele já está em pé no momento seguinte, rugindo e liberando uma tempestade de lanças de gelo mágicas.

Subaru dança entre elas. Seus movimentos são graciosos, como uma criança em um campo florido... só que cada passo é mais rápido que a luz.

[Subaru: Desculpa por isso...]

Sussurrando, ele antes de aparecer em frente ao focinho de Puck e aplicar um Palma Delicada, com poder suficiente para afundar o rosto da besta no chão congelado.

Mesmo assim, Puck não para. Ele urra, convocando uma enorme tempestade de neve e gelo parecendo interminável, misturando sua maestria em magia de fogo para criar uma explosão devastadora.

Subaru não recua.

Ele fecha os olhos. Seu corpo brilha ainda mais forte e então se transforma em luz pura, atravessando a explosão como se ela nem estivesse lá.

Ele reaparece atrás de Puck e ativa sua Multiplicação: agora cinco Subarus surgem ao redor da Besta.

Todos se movem como feixes dourados, socando, girando, saltando e aplicando golpes precisos nos pontos de controle de mana do corpo de Puck, desestabilizando sua forma bestial.

Puck grita. A dor é real, mas Subaru está dosando cada golpe com perfeição: apenas para incapacitar. Jamais para matar.

[Subaru: Você está triste... e com raiva... eu entendo. Mas... isso não te dá o direito de congelar o mundo, senhor Puck. A dor... não te torna juiz dele.]

Subaru disse, pousando suavemente na frente da criatura.

Puck tenta levantar uma última vez. Seu corpo treme. A mana ao seu redor começa a quebrar. O chão de gelo se desfaz como vidro sob seus pés. Subaru respira fundo. Seus olhos brilham com uma compaixão profunda — a compaixão de um ser puro. O pequeno corpo felino do espírito do fogo treme, não apenas pela dor física e pelo cansaço, enquanto ele estava caído na neve.

O espírito Yang estende sua mão para ele, seus olhos brilhando em compaixão.

[Subaru: Vamos acabar com isso... por favor... Você ainda pode——]

[Puck: CALA A BOCA!!! —— Você... você fala como se entendesse! Como se soubesse como é ver tudo ser arrancado de você! SEU PROPOSITO DE EXISTIR! Beatrice ainda pode ter aquela Biblioteca estúpida ou encontrar aquele alguém, mas e eu, hein?!  EU FIZ TUDO DIREITO!!! DROGA! EU CUIDEI DELA, NÃO FOI?! FIZ ATÉ MELHOR DO QUE ME FOI PEDIDO, NÃO É?! EU CUIDEI DELA DA MANEIRA MELHOR QUE VOCÊ ME PEDIU... ECHIDNA!!!!! —— Então... por que...? Não é justo, NÃO É JUSTO!!!]

Gritando com fúria. O corpo dele começou a brilhar de novo, de maneira irregular, instável. Entrando em colapso. Uma tempestade de gelo furiosa continuava a emanar dele, continuava congelando as coisas ao redor, destruindo mais e mais arvores e no solo onde tinha sido jogado.

[Puck: A culpa não é minha...! A CULPA NÃO É MINHA! A CULPA NÃO É MINHA! A CULPA NÃO É MINHA! A CULPA NÃO É MINHA! A CULPA NÃO É MINHA! A CULPA NÃO É MINHA! A CULPA NÃO É MINHA! A CULPA NÃO É MINHA! A CULPA NÃO É MINHA! A CULPA NÃO É MINHA! A CULPA NÃO É MINHA! A CULPA NÃO É MINHA! A CULPA NÃO É MINHA! —— EU CUMPRI MEU PAPEL MELHOR DO QUE ME PEDIRAM!!! E se... E se... Se ela não vai mais sorrir... ENTÃO NINGUÉM MAIS VAI!!!]

Seu desejo continua. Ele quer continuar. Quer destruir o mundo, mesmo sabendo que também vai ser destruído no processo e isso seria algo que Emilia nunca o deixaria fazer. Mesmo sabendo que é inútil fazer algo assim.

Puck salta para o alto. Seu corpo explode em uma última transformação, monstruosa e incompleta, um amontoado instável de mana e gelo. Uma cabeça gigantesca, com olhos flamejantes de dor e loucura, surge entre nuvens de gelo. Enquanto Subaru, até então quieto para deixá-lo extravasar sua dor, esperou, encarando-o com determinação e... dor. Pois naquele momento ele percebeu que seria incapaz de fazê-lo parar. O espírito felino então dispara uma rajada de energia gélida pura — tão poderosa que rasga o céu ao meio, partindo as nuvens.

O chão racha. Enquanto tudo congela.

Mas Subaru não desvia. Uma única lágrima escorre de seu rosto, enquanto ele murmura um último “Sinto muito, Puck-San...”. Preparando-se. O seu punho estava fechado. O ar vibra, enquanto a neve parece derreter. O mundo ao redor treme e não há raiva. Apenas decisão, resolução.

[Subaru: Punho... Pesado.]

O tempo para. Não há som, não há vento. E então; Um único feixe de luz, parecendo tão fino como uma agulha, atravessa a distância entre eles como um cometa no meio de um céu noturno. Subaru com seu punho estendido então acerta a cabeça de Puck, com um único soco e então se vê de costas para Puck que continuava flutuando no ar, mas sem mais se mover ou agir — como se seu próprio corpo ainda não tivesse registrado que tinha sido acertado, mas seus ataques cessaram.

Então não há explosão, como nem grito, nem destruição.

Apenas silêncio.

A cabeça da Besta do Fim se parte como vidro. Um segundo depois, o corpo começa a se desfazer em mana — como neve cintilante. Um enorme BOOOM!!! acontece no ar após isso — o som do movimento e do golpe de Subaru finalmente tendo sido registrado pelo próprio espaço e conceito de existência e som — e com ele, todos os cristais de gelos, todas as estacadas feitas por Puck, foram destruídas.

Puck morreu.

Subaru não sorri, não chora mais. Apenas observa, com os olhos baixos. Entristecido pelo que teve de fazer por aquele ser tão afundado em tristeza. A floresta, embora destruída, começa a recuperar o som — o sussurrar do vento, o bater distante de asas de aves que retornam.

Subaru permanece ali por alguns minutos.

Silencioso.

Sentindo o peso de sua decisão. Ele ergue os olhos para o céu. O mundo segue. Mesmo que com um buraco no seu coração. Então, ele seguiu pelo rastro de destruição até o cadáver de Emilia e com seu sangue, depois, ele a traria de volta e lhe contaria tudo o que aconteceu... uma historia triste.

Mas sem nenhum deles saber, sem nenhum deles notar.

Uma figura tinha presenciado tudo aquilo.

A figura de um homem com maquiagem de palhaço que ao ver as habilidades de Subaru... só pode ficar feliz em ver que nem tudo estava perdido.